ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00508</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO16</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Vitoriosas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Marina Silvano Krapf (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Vinicios Sparremberger (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Ângela Ravazzolo (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Câncer de mama, documentário, Caminhada das Vitoriosas, Outubro Rosa, jornalismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Produzido por três alunos de jornalismo da ESPM-Sul, o documentário "Vitoriosas" destaca a luta de mulheres que enfrentam ou já enfrentaram o tratamento de câncer de mama. Com 25 minutos de duração, a narrativa busca valorizar as histórias de força e superação dessas mulheres, conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce da doença e lembrar como a autoestima possui um papel fundamental durante esse período. Para isso, utiliza como plano de fundo a Caminhada das Vitoriosas, um dos principais eventos dessa luta no Rio Grande do Sul. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">De acordo com o filósofo australiano Krznaric (2015), a empatia pode gerar revoluções. Não daquelas baseadas em leis, instituições ou governos, mas uma revolução nas relações humanas. Essa capacidade de compreender o outro, segundo o autor, é um ideal que tem poder de promover mudanças sociais. O jornalismo, da mesma forma, tem o poder de gerar empatia por causas muitas vezes esquecidas dentro da sociedade. De acordo com Hacket e Carroll (2008), a profissão tem em sua gênese a responsabilidade de proporcionar a compreensão dos fatos que acontecem em diferentes esferas sociais e o dever de dar voz às minorias e às questões distanciadas pela mídia hegemônica. Por isso, pensando em alinhar o papel do jornalista de retratar histórias e ao mesmo tempo gerar empatia no público em torno de uma causa social, alunos do oitavo semestre de jornalismo da ESPM-Sul juntaram-se para produzir o documentário Vitoriosas. O projeto documental tem como embrião a Caminhada das Vitoriosas, evento nacional que reúne mulheres e simpatizantes em prol da conscientização do diagnóstico precoce de câncer de mama. Com o objetivo de valorizar a luta de milhares de famílias e registrar a 14ª edição do evento em Porto Alegre, três estudantes se reuniram para construir um documentário que valorizasse essas histórias de força e superação. Para isso, Vitoriosas abraça três personagens e suas experiências para ilustrar a batalha contra o câncer de mama. Duas delas, são mulheres que estão em tratamento e ainda sentem na pele os efeitos da doença. A terceira história, por sua vez, recorda as angústias, os medos e a esperança de quem já superou essa etapa e que, ao decidir compartilhar sua experiência inspirou milhares de outras mulheres. Elas falam sobre o diagnóstico, o poder da autoestima durante o todo o processo, o papel da família, as principais angústias e outros temas, mas principalmente como fizeram da doença um instrumento de luta.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário Vitoriosas teve como objetivo levar os discentes a conhecer o universo e as especificidades do formato audiovisual, permitindo que eles compreendam e exercitem os diferentes atributos do jornalismo aplicado a esse meio  sugestão de pauta, elaboração de roteiros, produção e entrevistas até a captação das imagens e edição do material  , além de aprofundar a vivência do formato documental. O trabalho teve o propósito de fazer com que os alunos contassem histórias de grande relevância para sociedade e, assim, gerar empatia no telespectador sobre determinado tema. Desta forma, os estudantes do oitavo semestre de jornalismo da ESPM-Sul, na disciplina de Projeto de Graduação de Jornalismo, tiveram a ideia de unirem-se à luta contra o câncer de mama e produzir um material que fosse mais do que um simples informativo sobre a doença, mas uma oportunidade de contar histórias sobre a realidade de quem convive com o câncer e dar força e esperança às mulheres e familiares que se encontram na mesma situação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres do Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença responde por cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Estatísticas indicam que há um aumento na incidência tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Ainda de acordo com o Instituto, é relativamente raro o aparecimento da doença em pessoas antes dos 35 anos. Após esta idade, a incidência cresce progressivamente, principalmente após os 50 anos. Nesse cenário, o Rio Grande do Sul é o terceiro estado brasileiro com o maior índice da doença. Segundo o Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), a cada 100 mil mulheres no estado, 90 casos são identificados. O Imama foi criado em 1993 pela médica Maira Caleffi, reconhecida nacionalmente como uma das maiores mastologistas do Brasil, devido à carência de cuidados aos pacientes gaúchos. A missão do Instituto é promover, manter e restabelecer a saúde da mama de mulheres e homens do estado do Rio Grande do Sul. Um dos eventos organizados pelo órgão é a Caminhada das Vitoriosas, ação alusiva ao Outubro Rosa, mês oficial da luta contra o câncer de mama. O evento reúne mulheres vítimas da doença e simpatizantes da causa para caminharem pela cidade de Porto Alegre em busca da conscientização da sociedade gaúcha acerca da importância dos cuidados com a saúde da mama. Uma das principais lutas é enfatizar a necessidade de detectar precocemente a doença a fim de garantir maiores chances de recuperação, visto que 95% dos casos têm cura se detectados na fase inicial. Com guarda-chuvas, balões e camisetas na cor rosa da campanha, os participantes vão às ruas para pedir acesso a diagnóstico e tratamento ágil e adequado. No ano de 2016, cerca de cinco mil pessoas participaram do evento na capital gaúcha. Com isso, tem-se a dimensão de como a doença afeta o cotidiano, não somente das gaúchas, mas de mulheres do mundo inteiro. Assim, os alunos de jornalismo da ESPM-Sul foram até a caminhada para encontrar histórias de lutas e superações que servissem de incentivo para que outras pessoas se unam em prol da causa e abracem os que lidam com a doença. O nome do documentário, Vitoriosas, nasce justamente dessa caminhada que é o encontro de mulheres fortes e vencedoras, que juntas visam a um futuro melhor para aquelas que futuramente possam ser diagnosticadas com o câncer de mama. Porém, ao contrário de documentários que têm como objetivo principal explicar a doença e levantar dados, os discentes concluíram que a mensagem poderia ser muito mais efetiva se, em vez de usar termos técnicos, as pessoas pudessem aprender sobre o câncer com quem o enfrenta. Por isso, os alunos de jornalismo construíram um produto que dá ênfase a histórias de vida. São depoimentos de dor e, ao mesmo tempo, de superação. O documentário tem o intuito de mostrar às mulheres vítimas da doença de que há esperança e existem maneiras de passar por esta etapa de forma positiva. O trabalho convida também o espectador a se engajar com a causa, se colocar no lugar do outro, gerar empatia e, assim, lidar com mais consciência com esse tipo de caso.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Entre reuniões de equipe, pesquisas, contato com os entrevistados, gravações e edição foram cerca de quatro meses dedicados ao projeto. As atividades realizadas nesse período, bem como os métodos e as técnicas utilizados, podem ser descritos a partir de três etapas - pré-produção, filmagens e pós-produção - conforme consta a seguir: O trabalho de pré-produção começou com um amplo diagnóstico acerca do câncer de mama, aspectos técnicos da doença, principais nomes envolvidos nessa luta, bem como a busca por depoimentos de mulheres e suas histórias. Como destaca Souza (2001), a pré-produção envolve desde as pesquisas necessárias para a construção do vídeo e o levantamento de informações sobre o tema até imagens de arquivo e visitas a campo. O autor explica que ao recolher os resultados dessas investigações, os alunos conseguem organizar as ideias, determinando um formato para o documentário. Foi assim que surgiu a proposta de construir uma narrativa a partir do evento Caminhada das Vitoriosas, promovido pelo Instituto da Mama no Rio Grande do Sul (Imama). O primeiro passo foi apresentar o projeto para a instituição, em busca de autorização e suporte para a realização do documentário. A primeira reunião ocorreu no início de agosto de 2016 com a gestora de marketing do instituto, Samsara Nyaya Nunes. Esse contato foi fundamental para conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pelo Imama e ficar por dentro da organização da 14º edição da Caminhada. Também foi a partir desse encontro que a equipe conseguiu agendar uma entrevista com a médica mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária do Imama e uma das precursoras da luta contra a doença no Brasil. Com a autorização do Instituto para desenvolver o projeto a partir de uma perspectiva que envolvesse a Caminhada das Vitoriosas, a equipe estipulou metas e prazos para finalizá-lo em tempo hábil. Programado para acontecer no dia 23 de outubro, o evento foi posto no cronograma como a data final para encerrar as gravações. No período anterior, foi preciso, então, identificar as histórias que iriam compor o documentário, contatar as entrevistadas e realizar as filmagens. A ideia sempre foi encontrar três histórias que ilustrassem a luta contra a doença e trouxessem experiências distintas de força e superação. Inicialmente, foram programadas seis saídas, o que incluía a primeira reunião com o Imama, uma data para cada entrevistada e o dia da caminhada. Contudo, foi preciso ir além desse cronograma para poder acompanhar uma das pacientes durante o tratamento de quimioterapia, exigindo uma sétima saída. O período dedicado às gravações teve início no dia 14 de setembro de 2016, quando nos encontramos com a médica Maira Caleffi. Durante 45 minutos, foram exploradas as variáveis envolvendo diagnóstico e o tratamento do câncer de mama, sua relação com as pacientes, envolvimento com a causa e outros assuntos. Para evidenciar maior naturalidade no momento dos relatos, tanto a mastologista quanto com as demais entrevistadas foram posicionadas em direção ao entrevistador, pois, como destacada Puccini (2002) o direcionamento do olhar do entrevistado é um dos elementos fundamentais do formato, proporcionando ao espectador uma ideia de maior intimidade com o depoimento dos agentes sociais. No decorrer do período, as histórias começaram a ser identificadas e, consequentemente, foram iniciadas as gravações. A primeira delas foi uma indicação do Imama, ainda durante a primeira reunião. Foi lá que a equipe conheceu o projeto  Força Gurias e a história de suas idealizadoras. Após entrar em contato via página do projeto no Facebook, quem respondeu e aceitou participar do projeto foi a blogueira Ana Ávila. Entre uma tentativa e outra, em virtude do tratamento, a entrevista foi realizada no dia 15 de setembro. Dessa primeira conversa, surgiu o nome de uma segunda história, a auxiliar financeira Melissa Machado da Silva. Desde o início, a ideia era acompanhar também a rotina de tratamento de uma paciente que estivesse sendo assistida pelo Sistema Único de Saúde. Para isso, além da autorização da paciente, foi preciso pedir autorização do hospital onde o tratamento estava sendo realizado. Depois de algumas trocas de e-mail com o setor de comunicação do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre, a entrevista nas dependências do hospital foi autorizada e as gravações ocorreram nos dia 6 e 7 de outubro. No primeiro dia, conversamos com a paciente durante 30 minutos sobre a descoberta da doença, os medos e os efeitos do tratamento. Já no segundo dia, a equipe registrou todos os passos de Melissa, desde a chegada ao hospital, a espera pela quimioterapia e a aplicação da medicação. Nesse intervalo de tempo, outra entrevista também foi realizada, fechando o círculo de três histórias do documentário. Trata-se do depoimento da jornalista Rosane Marchetti, que em 2011 descobriu a doença e teve o tratamento acompanhado por milhares de gaúchos, visto que na época ela trabalhava como repórter de uma TV local. Rosane recebeu a equipe em seu apartamento, na Capital, e durante 50 minutos recordou o período em que enfrentou o câncer de mama e como sua vida mudou após a cura. A entrevista ocorreu no dia 27 de setembro, após algumas semanas de tentativas de contato e agendamento da entrevista com a jornalista. Por tratar-se de um produto audiovisual, o projeto foi pensado e desenvolvido a partir de técnicas que valorizam a imagem, tais como movimentação de câmera, estrutura e manipulação de tempo. Além da preocupação em trabalhar com diversos enquadramentos  plano aberto, médio, close e detalhe  também foi realizada a gravação de um amplo material de apoio a fim de dar movimento às cenas. As entrevistas foram captadas com microfones lapela, junto com o auxílio do microfone da própria câmera. Ao longo do processo de gravação, foram utilizadas duas câmeras profissionais (Sony Nx5 e Nikon D3200) para cada entrevista, possibilitando a troca de enquadramentos. Já no dia da Caminhada, foram utilizadas quatro câmeras Nikon (três do modelo D3200 e uma D7200), registrando a movimentação de todos os ângulos do evento. Entre entrevistas e imagens de apoio, o material bruto - coletado durante os dois meses de gravações - somou pouco mais de oito horas. Ele foi minuciosamente revisitado a fim de garantir a qualidade na narrativa e a riqueza de imagens, principalmente no que se refere àquelas coletadas no dia da caminhada. A partir desse mapeamento, a equipe iniciou o processo de edição na plataforma Adobe Premierè CS6. O programa possibilitou a montagem do documentário e a inserção de elementos gráficos, caracteres e trilha sonora. Todo o processo de montagem do roteiro final e edição foi realizado em duas semanas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com 25 minutos de duração, o documentário Vitoriosas destaca a luta de mulheres que enfrentam ou já enfrentaram o tratamento de câncer de mama. As angústias, os medos, a esperança, o papel da família e dos amigos após o diagnóstico são alguns dos assuntos que permeiam as histórias. A narrativa busca, antes de mais nada, valorizar essas histórias, conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce da doença e lembrar como a autoestima exerce um papel fundamental durante esse período. Para isso, utiliza como plano de fundo o registro de um dos principais eventos dessa luta no Rio Grande do Sul, a Caminhada das Vitoriosas. Promovida pelo Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (IMAMA), a caminhada ocorre anualmente e faz parte da programação do movimento Outubro Rosa. Em 2016, cerca de cinco mil pessoas coloriram as ruas de Porto Alegre com a cor tema da campanha em um trajeto que percorreu pouco mais de dois quilômetros. O evento, que teve largada no Parque Moinhos de Ventos e seguiu até o Parque Farroupilha (Redenção), é o ponto de partida desse documentário. As imagens e os depoimentos coletados no dia 23 de outubro, durante sua realização, convidam o espectador a caminhar junto com cada entrevistada, embarcando em histórias de luta, força e superação. Ao mesmo tempo que se dedica à Caminhada das Vitoriosas, o documentário também abraça três histórias: da blogueira Ana Ávila, da auxiliar financeira Melissa Machado da Silva e da jornalista Rosane Marchetti. São mulheres com perfis e oportunidades distintas, mas que decidiram enfrentar a doença de cabeça erguida, com a certeza de que a vitória era a única saída. Elas falam sobre a descoberta da doença, o poder da autoestima durante o tratamento, o papel da família, os principais medos, angústias e outros temas, mas principalmente como fizeram da doença um instrumento de luta. Exemplo disso é a história da blogueira Ana Ávila. Natural da cidade gaúcha de Venâncio Aires, ela descobriu o câncer de mama em janeiro de 2016, aos 35 anos. Desde então, mudou-se temporariamente com o marido para Porto Alegre para realizar o tratamento. Junto com outra paciente, Ana criou um projeto chamado  Força Gurias . Trata-se de uma plataforma de empoderamento feminino durante o tratamento da doença. Com site, página no Facebook, Instagram e um canal do Youtube, elas dão dicas sobre moda, saúde e comportamento de uma forma leve e descontraída.  Nós não estamos ajudando só as outras mulheres, a gente está se ajudando. É um processo de autodescobrimento, tu está te reinventando. Tem um lado divertido, a gente precisa encontrar pra viver. Tanto eu, quanto a Dani, a gente acredita no poder do bom humor , explicou Ana. Durante as gravações do documentário, a paciente havia recém terminado as sessões de quimioterapia e iniciado o tratamento de radioterapia. A segunda história também tem como protagonista uma paciente que ainda sentia os efeitos da luta contra o câncer de mama. É o caso da auxiliar financeira Melissa Machado da Silva, de 41 anos. Moradora de Torres, no litoral norte do Estado, ela viaja cerca de duas horas toda vez que precisa cumprir um nova etapa do tratamento. Melissa procurou ajuda médica ainda no início de 2016, após sentir um caroço na mama esquerda.  Primeiro eu neguei, eu achava que não era um câncer. Na minha cabeça, até eu fazer a cirurgia era como se eu fosse tirar um sinal do meu corpo. Só foi cair a ficha do câncer, da proporção dele na vida da gente, quando eu ouvi a palavra quimioterapia , lembrou Melissa. Foi justamente enquanto ela passava por essa fase que o depoimento foi coletado para esse documentário. Melissa estava na quarta sessão de quimioterapia quando o grupo de estudantes acompanhou sua rotina no Hospital Santa Rita, no Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. Com o tratamento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ela destaca que a principal dificuldade foi o tempo de espera.  Demorou em torno de 45 dias para me chamarem para a primeira consulta. Primeiro eu fui encaminhada para a ginecologista e depois, com os resultados, fui transferida para a oncologia, o que demorou mais uns 30 ou 40 dias , frisou. Apesar da angústia do tempo de espera ter sido difícil, ela reforça que o atendimento da equipe médica e de enfermagem é impecável.  Pelo menos pra mim, eu não posso reclamar , ponderou. A terceira história, por sua vez, resgata a luta da jornalista Rosane Marchetti, profissional conhecida pelo público gaúcho por seu trabalho como âncora e repórter da RBS TV. Em 2011, aos 51 anos, ela foi surpreendida pelo câncer de mama e precisou se afastar das telas para cuidar da saúde. Foram oito meses de um tratamento que incluiu cirurgia, medicação, quimioterapia e radioterapia. Nesse período, o público pôde acompanhar a sua luta contra a doença. Com o intuito de auxiliar as outras mulheres que estavam na mesma situação e, eventualmente, viam nela uma fonte de esperança, Rosane optou por compartilhar as suas descobertas, os medos e as vitórias durante o tratamento. Ela lembra que esse papel é o mesmo realizado pelas mulheres do projeto Força Gurias:  É levar adiante não só uma mensagem que ajude a te vestir, mas levar adiante uma mensagem, assim: sim eu estou doente, mas eu estou aqui lutando, eu continuo vivendo. Essa é a minha vida agora. Eu não vou me trancar dentro de casa, ficar fechada em mim e não fazer mais nada por mim , destacou. No documentário, os depoimentos da Ana, Melissa e Rosane ainda se entrelaçam com a fala de um dos principais nomes da luta contra o câncer de mama no Brasil, a médica mastologista Maira Caleffi. Desde 1993, ela é presidente voluntária do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul e, atualmente, também preside a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama - FEMAMA.  Todo esse envolvimento que eu tenho com a causa, ele vem de eu passar por isso toda vez que eu dou um diagnóstico. Cada história de câncer de mama que eu diagnóstico, opero e trato passa a ser uma história minha também , destacou. De modo geral, o documentário Vitoriosas, apesar de narrar a história de três mulheres, funciona como um retrato de uma realidade, representando a luta de milhares de outras mulheres. Em seu depoimento final, Melissa retrata muito bem a mensagem desse projeto:  Câncer tem cura. Mulheres, previnam-se, auto apalpem-se, por favor. [...] Família é essencial, amigos são essenciais. Gente do bem a tua volta é essencial. Pessoas que te deem força pra tu ir em frente. Te arruma, coloca tua melhor roupa, tu está indo pra guerra todos os dias. [...] É barra? É, não vou mentir pra vocês. Tem dias que eu deito e choro, tem madrugadas que eu acordo e choro. Mas cada dia que eu acordo eu digo: graças a Deus hoje eu estou ganhando mais um dia de vida e a luta vai ser ganha e eu vou vencer no final .</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Assim como destaca Oliveira (2013), o laboratório é um espaço de experimentação. Nesse sentido, o ambiente acadêmico permite que o aluno possa aprender sobre as especificidades do jornalismo e explorar as técnicas da profissão. O documentário Vitoriosas foi um projeto que proporcionou aos discentes crescer não somente como futuros profissionais, mas como cidadãos que possuem compromisso com a população. O papel do jornalista é mais do que noticiar. É comover, provocar e gerar mudanças, buscando uma sociedade mais justa, unida e que dá voz à todos. Portanto, mais do que um documentário que enaltece histórias de força e superação contra o câncer de mama,  Vitoriosas é um convite para o espectador se juntar nessa corrente em prol de melhores condições de tratamento da doença. A luta liderada pela médica Maira Caleffi, com a criação do Instituto da Mama do RS, e que clama por acesso à informação, diagnóstico rápido e um tratamento adequado, também é uma responsabilidade da sociedade.  Você sempre pensa assim: câncer só acontece com os outros, comigo não. Naquele momento, eu me senti: eu sou os outros . O depoimento da jornalista Rosane Marchetti, junto com os demais, conduzem o espectador a se colocar no lugar do outro, assim como fez com os três estudantes de jornalismo durante todo o processo de produção desse documentário.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CARROLL, Weilliam K.; HACKETT; Robert A. Democratic media activism through the lens of social movement theory. Media, Culture & Society. 2006, p. 83-104. <br><br>IMAMA, Instituto da Mama no Rio Grande do Sul. Cartilha sobre as ações desenvolvidas pelo Instituto da Mama no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2016. <br><br>IMAMA, Instituto da Mama no Rio Grande do Sul. O Imama. Disponível em: http://imama.org.br/index.php/imama>=. Acesso em: 01 abril 2017. <br><br>KRZNARIC, Roman. O poder da empatia: a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo; tradução Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Ed Zahar, 2015.<br><br>OLIVEIRA, Fabrício Marques. A revista em sala de aula: edição e práticas laboratoriais em contexto de convergência. In TAVARES, Frederico de Mello B. ; SCHWAAB, Reges. (orgs.) A revista e seu jornalismo. Porto Alegre: Ed. Penso, 2013.<br><br>SOUZA, Hélio Augusto Godoy de. Documentário, realidade e semiose: os sistemas audiovisuais como fontes de conhecimento. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2001.<br><br>INCA, Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer: mama. Disponivel em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home+/mama/cancer_mama. Acesso em: 01 abril 2017. <br><br> </td></tr></table></body></html>