ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00582</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Zero Jornal - Jornal laboratório impresso da UFSC</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Tamy da Silva Dassoler (Universidade Federal de Santa Catarina); Ana Carolina Inácio dos Passos (Universidade Federal de Santa Catarina); Ana Carolina Prieto Nogueira (Universidade Federal de Santa Catarina); Camila Melícia Valgas (Universidade Federal de Santa Catarina); Carlos Henrique Costa (Universidade Federal de Santa Catarina); Daniel Silva Santos (Universidade Federal de Santa Catarina); Fernanda Jaqueline Mueller (Universidade Federal de Santa Catarina); Giulia Oliveira Gaia (Universidade Federal de Santa Catarina); Gustavo Lacerda Falluh (Universidade Federal de Santa Catarina); Michel da Silva Gomes (Universidade Federal de Santa Catarina); Monique Heloísa de Souza (Universidade Federal de Santa Catarina); Pedro Henrique Jacoby Cureau (Universidade Federal de Santa Catarina); Janara Nicoletti (Universidade Federal de Santa Catarina); Frederico Santos Marques de Carvalho (Universidade Federal de Santa Catarina)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;impresso, jornalismo, jornal-laboratório, transmídia, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornal-laboratório Zero foi criado em 1982 como uma disciplina optativa do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sendo, mais tarde, implementado como disciplina obrigatória aos alunos da sexta fase. Em seus 35 anos de história, ofereceu aos estudantes não apenas a oportunidade de aprender, mas também de experimentar e de entender as rotinas jornalísticas de uma maneira que a prática acadêmica tradicional não propicia. Este trabalho se propõe a apresentar as edições de 2016, assim como as pautas relevantes abordadas durante esse período e todo o processo produtivo para a criação das edições. Nesse período, foram experimentadas narrativas transmidiáticas, que ofereceram ao leitor um conteúdo adicional na internet e maior contato com o jornal, que também buscou ampliar a produção de conteúdo com maior apelo visual e gráfico.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Zero foi criado em 1982 e passou por diversas fases. Seu formato standard se transformou em tabloide; a periodicidade, que já foi semanal e quinzenal, hoje é mensal; começou sendo impresso em preto e branco e atualmente é colorido. O projeto gráfico, bem como sua linha editorial, sofreu alterações a cada semestre, quando uma nova turma assumia a função de produção do jornal. No entanto, a importância dada a reportagens aprofundadas sobre questões universitárias e de interesse nacional persiste desde sua criação. Em 2016, as duas turmas que assumiram o Zero deram continuidade a herança de abordar pautas de interesse público e propuseram inovações, como mudanças gráficas e a implantação de narrativas transmidiáticas. Por se tratar de um jornal-laboratório, os estudantes tiveram liberdade para escolher as pautas, já que não estavam vinculados a nenhum patrocinador nem possuíam qualquer obrigatoriedade de conteúdo (SPENTHOF, 1998). Os jornais-laboratórios tiveram início em 1949, com o surgimento do veículo A Imprensa, do Curso de Jornalismo do Brasil da Faculdade da Fundação Cásper Líbero. Luiz Beltrão foi o criador do jornal. Seu método consistia em pedir os originais das redações do Jornal do Commercio e do Diário de Pernambuco e, a partir deles, os alunos reescreviam as matérias, corrigindo-as de acordo com as teorias estudadas em aulas (DUTRA, 2003). Com o tempo, os métodos utilizados nos jornais-laboratórios foram mudando e, hoje, são produzidos materiais próprios, desde fotografias até textos, como no caso do Zero.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Por se tratar de um jornal feito por estudantes que se dedicam à produção sem um comprometimento financeiro e estão em um ambiente de formação e experimentação da prática jornalística, pode-se afirmar que a finalidade do Zero é abordar temas além do que convencionalmente é exposto pela grande mídia. Desta forma, nossa intenção era fazer com que assuntos que não estavam sendo discutidos com pluralidade de vozes pela imprensa tradicional pudessem integrar o agendamento midiático, por meio de um veículo alternativo. Conforme Hohlfeldt (1997, p. 44), "dependendo dos assuntos que venham a ser abordados  agendados  pela mídia, o público termina, a médio e longo prazos, por incluí-los igualmente em suas preocupações". O jornalismo tem a função social de atender demandas de cidadania e democratização da informação para um maior e melhor esclarecimento da sociedade (PENA, 2005). Pensando nisso, a equipe do Zero optou por desenvolver uma linguagem acessível nas reportagens publicadas em cada edição, permitindo ao público, majoritariamente universitário, o acesso à informação de forma clara. Além disso, também foi possível a ampliação da leitura por meio de conteúdo exclusivo na internet, que era acessado pelos QR Codes e pelas redes sociais. Em 2016, assim como em toda sua história, o Zero serviu como um espaço de debate sobre questões relevantes e que nem sempre são pautadas pelos veículos tradicionais ou, quando abordadas, trazem angulações parecidas. Ou seja, os repórteres e editores do Zero buscavam exercer um papel social e ativo do jornalista para transformação da realidade e discussões políticas através de reportagens mais aprofundadas e contextualizadas. Afinal, "só a cegueira provocada pela ideologia jornalística pode explicar que alguns jornalistas insistam em pretender que o seu trabalho se limite à identificação dos fatos e à simples recolha e transmissão de relatos" (TRAQUINA, 2005, p. 46).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os projetos de jornal-laboratório surgiram a partir da regulamentação da profissão de jornalista, para equilibrar teoria e prática nos cursos de jornalismo, preparando os estudantes para o mercado de trabalho, mas sem deixar de lado a responsabilidade e o compromisso com o público (OLIVEIRA; RODELLI, 2007). Esse foi o caso do Zero, que surgiu como uma disciplina optativa da grade curricular em 1982, quatro anos antes da fundação do jornal com maior circulação no estado  o Diário Catarinense, criado em 1986. Isso demonstra a tradição e a importância social do veículo para a cidade e localidades próximas. Em 1997, o Zero se tornou uma disciplina obrigatória para que todos os estudantes tivessem a experiência produtiva de um veículo impresso enquanto ainda estivessem na graduação. Desde então, 40 turmas já passaram pelo jornal-laboratório, produzindo edições mensais com tiragem entre 4 mil e 5 mil exemplares. Assim, o Zero se tornou um importante espaço de formação e aprendizado para os estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante sua produção, os acadêmicos passam por todo o processo de construção de um produto jornalístico  no caso, o jornal  , desde pensar nas pautas e no visual gráfico, passando pela apuração e produção das notícias e reportagens, como também pela diagramação e fotografia. Todo o trabalho é feito pelos alunos, orientados por professores responsáveis. Essa autonomia e engajamento em todas as etapas são de importância essencial para a vida acadêmica dos estudantes, pois dinamizam o ensino e permitem a aplicação da teoria em algo que se estende além das salas de aula, dos departamentos de jornalismo, mesmo além das universidades. O jornal laboratório tem como principal objetivo romper a barreira de um organismo acadêmico, já que o aluno deve enxergá-lo como uma ferramenta para a prática das tarefas diárias do fazer jornalístico. [...] O jornal laboratório permite que os estudantes treinem e, desse modo, errem e entendam a extensão e a gravidade de seus erros, o que, consequentemente, os torna mais conscientes da profissão. (VILAÇA, 2010, p. 26). Diversos questionamentos são trazidos à tona durante a disciplina do jornal-laboratório: o papel do professor, o papel do aluno, as relações do jornalista com a fonte, o compromisso ético, o uso da tecnologia, os modos de produção, o fazer jornalístico, a função social do jornalismo e critérios de noticiabilidade. Esses são alguns dos inúmeros conhecimentos adquiridos  com o passar dos semestres  , que precisam ser combinados à tarefa de articular um trabalho coletivo com pessoas que possuem diferentes habilidades. Por conta disso, o jornal-laboratório possibilita aos estudantes aplicar o conhecimento de diversas disciplinas do currículo durante o semestre de produção do jornal, o que evidencia a importância desse instrumento pedagógico para os estudantes de graduação em jornalismo. Na prática do Zero, aspectos como integração de mídias, participação do público e outros pertinentes à dinâmica comunicacional da internet estão presentes diariamente e levam professores e estudantes a buscarem novas formas narrativas e de disseminação de conteúdo.  É certo que, embora partam do suporte impresso  ao qual estão historicamente vinculados  , os jornais-laboratório já se colocam no contexto da convergência, explorando as potencialidades dos cibermeios em seus processos de produção (ANUNCIAÇÃO, 2013, p. 123). As equipes do Zero tiverem esse pressuposto como ponto central na produção editorial em 2016. Em cada reunião de pauta, buscava-se entender como seria possível ampliar o conteúdo apresentado no jornal além do impresso, para aumentar o tempo de contato do público com o Zero e também oferecer maior variedade de informação em diferentes mídias. Da mesma forma, esse exercício também contribuiu para o aprendizado da rotina de produção de um jornal impresso em um cenário de convergência midiática.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No ano de 2016, foram produzidas sete edições do jornal-laboratório Zero, com circulação mensal e distribuição nacional. Em cada semestre, uma nova turma assume a responsabilidade de produzir o jornal, se incumbindo de todas as etapas do processo produtivo: desde a concepção de melhorias no projeto gráfico até a distribuição, bem como as estratégias de produção de conteúdos transmídia. Os estudantes se dividiram em quatro grupos com diferentes funções: reportagem, edição, diagramação e redes sociais. Essas equipes eram alteradas a cada edição, de modo a tornar a experiência de vivenciar a rotina de um jornal impresso também uma maneira didática de aprender diversas etapas do processo produtivo. Além disso, os estudantes tinham o auxílio de dois monitores e a orientação de dois professores. No início da produção da edição de cada mês, era realizada uma reunião de pauta na qual cada um dos estudantes trazia um tema pré-apurado que gostaria de abordar no jornal. As pautas eram discutidas e escolhidas através de votação. Nessa mesma reunião, os estudantes se dividiam em equipes. As de reportagem eram constituídas normalmente por dois repórteres, que faziam o texto e as fotos da matéria  com câmeras fotográficas fornecidas pelo laboratório de fotografia do Departamento de Jornalismo. As escolhas de pauta e a elaboração das mesmas pelos repórteres seguiam critérios de noticiabilidade, como relevância pública e outros conceitos defendidos por Lage (2001): Programa-se geralmente a pauta de reportagem (a reportagem aborda um assunto em visão jornalística) a partir de fatos geradores de interesse, encarados de certa perspectiva editorial. Não se trata apenas de acompanhar o desdobramento (ou fazer a suíte) de um evento, mas de explorar suas implicações, levantar antecedentes  em suma, investigar e interpretar (LAGE, 2001, p.39). A quantidade de editores variava entre três e quatro, dependendo da demanda da edição. A eles cabia o acompanhamento de todas as reportagens, ou seja, estar em contato constante com repórteres para saber o andamento da apuração, agendamento de entrevistas, entre outros. Também eram responsáveis pela finalização do jornal: últimas revisões de texto; produção de títulos, linhas finhas e demais elementos gráficos; e supervisão do fechamento do Zero. A equipe de diagramação era composta por quatro pessoas, que começavam a preparar os bonecos das páginas na primeira semana de produção da edição, enquanto os repórteres apuravam. A parte gráfica foi uma das grandes preocupações durante as edições do Zero, já que a equipe estava empenhada em criar um design que fosse atrativo para os leitores. Damasceno e Gruszynski (2014) ressaltam que os jornais começaram a se preocupar em se  tornar mais atrativos visualmente com a crise do setor. Desse modo, queriam fidelizar os leitores para aumentar as vendas e assinatura. No caso do Zero, o objetivo era atingir melhor o público-alvo do veículo e tornar públicas as reportagens que tratam de temas de grande relevância, uma vez que o jornal é feito de modo voluntário e não possui nenhuma finalidade financeira. Para viabilizar o processo de diagramação, os repórteres produziam as fotos e enviavam para os diagramadores  que eram responsáveis pelo tratamento das imagens e também pela produção de infográficos a partir de informações que lhes eram enviadas. Quando a apuração estava sendo finalizada, os editores decidiam quantas páginas cada reportagem teria e os diagramadores conseguiam fechar o boneco da edição e determinar quantos caracteres os repórteres precisavam escrever. Já a equipe de redes sociais divulgava o jornal no Facebook e Instagram, bem como atuava em conjunto com as equipes de reportagem na produção de conteúdo complementar e de divulgação da próxima edição. No início da produção, esse grupo de alunos se dedicava a informar quais matérias seriam veiculadas no próximo jornal. Para isso, produziam teasers sobre as reportagens, a partir de vídeos que os repórteres faziam durante a apuração. Também publicavam trechos de textos e fotografias. Além disso, a equipe produzia conteúdo exclusivo para a internet com linguagem específica para esse meio. O Facebook era utilizado para cobertura de pautas mais factuais, como as ocupações dos Centros de Ensino da UFSC durante o ENEM, em outubro de 2016. Na finalização da edição, a equipe de redes sociais produzia QR Codes para o impresso, nas matérias que teriam conteúdo extra online. Também publicavam todas as reportagens na plataforma Medium, que eram divulgadas enquanto a edição impressa circulava. Desse modo, o Zero conseguia atingir diferentes públicos: desde a pessoa que estava em um centro comercial de Florianópolis e pegava o jornal impresso, até o estudante que encontrava uma reportagem do Zero no feed do Facebook. Todas essas funções já vinham sendo desenvolvidas ao longo do curso, em disciplinas sobre redação  como Técnica de Reportagem, Entrevista e Pesquisa, Redação II a IV  , diagramação  como Editoração Eletrônica e Planejamento Gráfico  e outras habilidades  como Fotojornalismo I e Edição. Com a prática do jornal-laboratório, foi possível aplicar os conhecimentos apreendidos ao longo dos semestres anteriores e aperfeiçoar as habilidades jornalísticas de cada integrante da equipe, bem como se familiarizar com as rotinas de uma profissão que vem se tornando mais interdisciplinar. No deadline, os textos eram colocados em arquivo salvo em dispositivo de nuvem e, no dia seguinte, eram revisados pelos estudantes. Cada reportagem passava por duas revisões feitas pelos repórteres. Em seguida, os textos iam para os editores que poderiam fazer mais modificações e revisões. Por fim, as páginas eram impressas e revisadas mais uma vez por todos os integrantes da equipe. Com o jornal finalizado, o arquivo era mandado para a gráfica e, em alguns dias, chegava na redação. Nessa etapa, a equipe se dividia para distribuir todos os exemplares. Os estudantes deixavam os jornais em pontos estratégicos da universidade, além de se organizar para distribuir de mão em mão em locais de maior circulação, como a saída do restaurante universitário. Os exemplares também eram disponibilizados em outros locais da cidade, como shoppings, comércios locais, farmácias e outras universidades. Alguns estudantes moravam em outras cidades do estado e conseguiam levar o Zero até esse locais, aumentando a circulação do veículo. Por fim, alguns exemplares eram enviados por correio para outros cursos de comunicação de todo o país.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornal-laboratório Zero é um produto impresso mensal com 16 páginas, que não possui editorias fixas. Os temas variam em cada edição, conforme as pautas apresentadas pelos repórteres e até mesmo de acordo com o perfil de cada turma que assume o jornal. Na primeira página dos jornais de 2016, estabeleceu-se o padrão de publicar o editorial, a coluna do ombudsman e uma crônica. O editorial era produzido pelos editores-chefes de cada edição e trazia o posicionamento do jornal, bem como uma sinopse das principais pautas. A coluna do ombudsman era um espaço destinado a crítica do jornal-laboratório, que também contribuía para o aprendizado dos alunos envolvidos. Uma personalidade do jornalismo era escolhida a cada semestre para assinar a coluna e fazer avaliações das edições  desde a qualidade das pautas e apuração até as escolhas gráficas. As colunas eram publicadas na edição seguinte do jornal. Já a crônica era escrita pelos estudantes que produziam o Zero. A escolha do escritor era feita por votação na reunião de pauta, conforme a disponibilidade de pessoas para assumir a função. No primeiro semestre de 2016, o destaque das edições foram as pautas fotográficas. Alguns estudantes da disciplina tinham habilidades fotográficas e lideraram a produção de pautas mais imagéticas. É o caso da edição de junho, em que a capa e contracapa se complementam para formar a imagem da personalidade que aparece na matéria principal. A fotografia, que mostra a mulher em seu ofício de pescadora, evidencia a reportagem sobre a invisibilidade dessas profissionais em regiões como o litoral catarinense. Na capa de julho, usou-se o impacto das imagens em preto e branco para trazer o tema dos engenhos de produção artesanal de farinha movidos a boi, que estão sendo extintos em Florianópolis. 5.1. Edição de junho de 2016 A terceira edição do Zero em 2016 trouxe, como matéria principal, a representatividade feminina na pesca de Florianópolis. A reportagem aborda problemas diários que as pescadoras enfrentam, causados principalmente pelo machismo presente na profissão. O debate de igualdade de gênero se expandiu para outras matérias da edição, com a discussão dos direitos LGBTs e a cultura do estupro. Temas que são globais, mas nas reportagens tiveram um olhar direcionado a Santa Catarina. Problemas de Florianópolis  como obras paradas, duplicação de uma avenida e riscos ao meio ambiente  foram pautas levantadas. Sempre com uma visão ampla do assunto e mostrando a perspectiva da população, as matérias deram voz aos que são prejudicados de alguma forma por tais situações. Essa publicação, além trazer assuntos de grande importância jornalística, marcou a história do Zero. Em junho de 2016, 180 edições do jornal foram digitalizadas e entraram para o acervo da Biblioteca Pública de Santa Catarina. As 2.700 páginas representam 30 anos de trabalho dos estudantes e professores. 5.2. Edição de julho de 2016 Florianópolis é conhecida por suas belezas naturais e por sua cultura. O Zero não deixou isso de lado. Por isso, o meio ambiente e a cultura local foram pautas na última edição do primeiro semestre de 2016. Já na capa, a manchete principal levanta a preocupação da perda de um costume dos antigos moradores da ilha: os engenhos de cangalha. O método usa a força animal e trabalho manual humano para a produção de farinha, mas, com a evolução das máquinas, essa tradição vem sendo ameaçada. A equipe acompanhou esses pequenos produtores, que falaram de maneira emocionada sobre a profissão. A matéria rendeu um bom acervo fotográfico para o jornal e ilustrou, além da capa, uma galeria virtual. Fora da cultura local, a equipe de reportagem abordou temas como astrologia. Os repórteres levantaram questões sobre a profissionalização dos astrólogos, que gera muita discussão. O debate de gênero, que está presente em todas as edições do jornal de 2016, inovou nessa edição: um dos estudantes produziu uma história em quadrinhos que ilustrou a reportagem sobre as festas que cobram um valor menor para as mulheres. Os desenhos e textos são autorais e inspirados em fatos reais. 5.3. Edição de outubro de 2016 A capa da edição de outubro apresentava uma reportagem sobre os malefícios do lixo no mar para a saúde pública. O tema de poluição marítima vinha sendo muito discutido pela mídia de Florianópolis principalmente pelo viés econômico, já que várias praias da cidade foram consideradas impróprias para banho, o que afetava o turismo do local. O Zero decidiu focar no problema para a saúde e na história de voluntários que tentavam combater a poluição do mar. Acreditando no fator social do jornalismo e na afirmação de Pena (2005) de que o  jornalismo é um serviço público , também fizemos uma reportagem sobre o trabalho escravo. Nessa matéria, um de nossos repórteres passou quinze dias sem utilizar produtos que tivessem denúncias de uso de trabalho escravo e relatou como é difícil, atualmente, ter clareza de quais marcas usam ou não esse tipo de mão de obra ilegal. Acreditando no potencial do Zero como um veículo local, a equipe decidiu fazer duas pautas sobre a cultura catarinense. Uma delas retratava o cenário do cinema catarinense e a dificuldade que os artistas locais têm para divulgar seus trabalhos. A outra reportagem foi a respeito de músicos do estado que buscavam o YouTube para lançar suas carreiras. 5.4. Edição de novembro de 2016 No mesmo mês em que o Supremo Tribunal Federal julgou um caso envolvendo duas pessoas que foram denunciadas pelo Ministério Público por suposta prática de aborto, o Zero trouxe a matéria de capa sobre o tema. Além de ouvir mulheres que passaram por essa experiência, as repórteres tentaram comprar medicamentos abortivos para averiguar a facilidade de aquisição do medicamento Em outubro, a sala quilombola, que era utilizada por alunos negros da UFSC para atividades culturais, foi pichada com ameaças racistas, homofóbicas e nazistas. Por isso, o Zero trouxe uma discussão sobre as atitudes da universidade a respeito do caso. Além disso, outro destaque da edição foi uma reportagem sobre malware que roubava dados na internet e pedia dinheiro em troca da liberação das informações. Com o intuito de fazer um jornalismo de interesse público, o jornal-laboratório trouxe uma entrevista com um especialista sobre medidas que devem ser tomadas para proteger dados na internet.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O jornal-laboratório é um espaço privilegiado dentro da graduação de jornalismo, porque possibilita a aplicação de conhecimentos técnicos e teóricos aprendidos durante o curso. Desse modo, os alunos têm uma experiência muito próxima do que seria o cotidiano de um jornal impresso. Além disso, passam por todo o processo de produção  desde a criação de pautas até a finalização da edição  , desenvolvendo e aperfeiçoando diferentes habilidades que serão importantes durante suas futuras atuações no jornalismo. Nos seus 35 anos, o Zero trouxe temas de interesse público, tanto nacionais quanto locais, para cumprir com sua função social. Assim, os alunos aprendem ainda dentro da universidade os princípios do jornalismo e sua importância real no dia a dia do público-alvo. Esse ambiente de experimentação e aprendizado é de extrema importância e precisa ser mantido, porque é onde há espaço para refletir sobre o fazer jornalístico e pensar novos modelos para a profissão que sejam pautados pela relevância pública. No ano de 2016, com a ampliação de conteúdos para a internet e abordagens que buscavam maior integração de mídias, os estudantes se desafiaram a pensar a narrativa das reportagens produzidas de forma transmidiática. Além de oferecer as reportagens em outra plataforma, as equipes buscaram produzir conteúdos complementares para a internet com o objetivo de tornar o tempo de contato com o Zero maior e, especialmente, permitir ao leitor/usuário uma ampliação do conhecimento sobre os diferentes temas pautados. Esse exercício contribuiu para pensar o papel do jornalismo em um ambiente multimidiático e disseminar informação de interesse público por meio de diferentes plataformas e formatos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ANUNCIAÇÃO, Cristiano Pinto. Jornal-laboratório no contexto da convergência: um estudo empírico sobre ensino de jornalismo. 2013. 254 f. Dissertação (Mestrado em Jornalismo) - Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.<br><br>DAMASCENO, Patrícia Lopes; GRUSZYNSKI, Ana. Design de jornais  processos, rotinas e produto: um estudo do Segundo Caderno, suplemento cultural de Zero Hora. Brazilian Journalism Research, Brasília, v. 10, n. 1, p.108-127, 2014. Quadrimestral. Disponível em: <https://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/viewFile/551/530>. Acesso em: 16 abr. 2017.<br><br>DUTRA, Manuel. Assim se aprendia a fazer jornalismo antes do computador e das redes virtuais. Disponível em <http://blogmanueldutra.blogspot.com.br/2013/07/assim-se-aprendia-fazer-jornalismo.html>. Acesso em: 15 abr. 2017.<br><br>HOHLFELDT, Antonio. Os estudos sobre a hipótese de agendamento. Famecos, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p.42-51, nov. 1997. Semestral. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/2983/2265>. Acesso em: 04 abr. 2017.<br><br>LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001.<br><br>OLIVEIRA, Dennis de; RODELLI, Patrícia. Jornal-laboratório: prática extensionista articulada com a dimensão ética do jornalismo. Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo. Brasília, v.1, n.1, p.106-125, abr./jul. 2007. Disponível em: <http://www.fnpj.org.br/rebej/ojs/index.php/rebej/article/view/110/66>. Acesso em: 06 abr. 2017.<br><br>PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São Paulo. Editora Contexto: 2005.<br><br>SPENTHOF, Edson Luiz. A importância das rádios e TVs universitárias como laboratórios. Comunicação & Informação, Goiânia, v.1, n. 1, p. 153-166, jan./jun. 1998.<br><br>TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no século XX. 3. ed. São Leopoldo: Editora da UNISINOS, 2005.<br><br>VILAÇA, Gabriela Tinoco. Jornal laboratório: uma análise da aplicação prática de critérios e conceitos jornalísticos no jornal Impressão. 2010. 76 f. TCC (Graduação) - Curso de Comunicação Social, Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, 2010. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/vilaca-gabriela-jornal-laboratorio-a-analise.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>