INSCRIÇÃO: 00611
 
CATEGORIA: JO
 
MODALIDADE: JO13
 
TÍTULO: A menina de Ravensburg
 
AUTORES: Paulinne Giffhorn (Universidade Positivo); Ana Paula Mira (Universidade Positivo)
 
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo Literário, Perfil, Biografia, Imigração,
 
RESUMO
Projeto acadêmico que conta a trajetória de uma imigrante da cidade alemã de Ravensburg até sua chegada ao Brasil, durante o período da Segunda Guerra Mundial. O material busca relatar as singularidades e opiniões de modo humanizado, distinto da mídia tradicional, seguindo o estilo do Jornalismo Literário. Para isso, foi escrito um perfil com características de uma biografia de curta duração, com informações captadas por meio de entrevistas-diálogo.
 
INTRODUÇÃO
Para construir uma narrativa jornalística é preciso estar atento a diversos detalhes - a métrica, a objetividade, a imparcialidade e outras premissas que fazem parte dos estudos jornalísticos. Porém, ao juntar o jornalismo com a literatura, existem algumas mudanças na construção dos relatos. Manuel Ángel Vázquez Medel, aponta que as relações entre jornalismo e literatura podem ser "extraordinariamente variadas (...)" (CASTRO; GALENO, 2002). Na construção de um perfil, crônica ou livro-reportagem, podem ser operadas diferentes características das quais são aplicadas no jornalismo diário, chamado de hard news. Felipe Pena, ao tentar definir o Jornalismo Literário, afirma que a prática vai ainda mais além disso: "Não se trata apenas de fugir das amarras da redação ou de exercitar a veia literária em um livro-reportagem. O conceito é muito mais amplo. Significa potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lide (...)". Um dos gêneros do Jornalismo Literário é o perfil que, segundo a definição de Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, tem como objetivo focalizar o protagonista de uma história. "É uma narrativa curta tanto na extenção quanto no tempo de validade de algumas informações e interpretações do repórter" (VILAS BOAS, 2003). A partir desses significados, articulou-se a trajetória de Rosemarie Ketschkesch que, após ter passado um período da infância em Ravensburg, na Alemenha, viajou com a família para o Brasil em busca de abrigo durante a Segunda Guerra Mundial.
 
OBJETIVO
O perfil foi produzido como trabalho da grade curricular da disciplina Narrativas Criativas, ministrada pela professora Ana Paula Mira. A proposta era que os alunos do curso produzissem uma reportagem em profundidade ou perfil, dentro da bibliografia e metodologia do curso, com liberdade na escolha do tema a ser seguido. Com a prática, o pretendido era explorar e praticar o Jornalismo Literário e as diversas formas de escrita que fazem parte do universo jornalístico. Dentre as possibilidades de tema, decidiu-se que seria produzido o perfil de Rosemarie Ketschkesch. Com o principal propósito de contar um fragmento da vida da imigrante que, por ter passado por diversas situações interessantes em sua trajetória ao Brasil, poderia ser um bom elemento para construir uma narrativa humanizada. Durante o processo de produção, a estudante baseou-se nos fatos mais simbólicos ocorridos nas conversas, para tentar transmitir aos leitores a atmosfera caótica que pode ser passar por uma guerra e reconstruir a vida em um país com uma cultura diferente da habitual. O produto foi veiculado na revista laboratório da Universidade Positivo, Entrelinha, e teve como público-alvo a população acadêmica geral, de estudantes a servidores e interessados no assunto.
 
JUSTIFICATIVA
A Segunda Guerra Mundial, conflito militar global, durou de 1939 a 1945. Na época, viver em determinados países era complicado – transformando a vida das populações em fugas constantes e buscas para abrigos. Rosemarie Ketschkesch nasceu em 1942, tendo a Guerra como a principal referência de sua infância. "Em meio às suas brincadeiras, nem sempre correr era sinônimo de se divertir. Às vezes era preciso correr para se proteger, para escapar do mal que estava presente em sua cidade e também em todo o mundo." (GIFFHORN, 2016). Refugiada primeiramente na cidade de Ravensburg, na Alemanha, ela e sua família perderam suas casas e todos os seus bens. A angulação do perfil foi a vida de Rosemarie, hoje estabelecida na cidade de Curitiba, capital do Paraná, de modo a narrar seu momento presente, com digressões à sua infância e o itinerário da Alemanha até o Brasil, em 1949. O gênero jornalístico literário utilizado para redigir o perfil faz com que os leitores se aproximem da realidade de Rosemarie, humanizando o texto que poderia ser somente noticioso e abrange as possibilidades da narrativa jornalística, capacitando os leitores a entrar em contato com uma realidade cultural diferente da que estão habituados. Ao sugerir que os perfis devem gerar empatias, Sergio Vilas Boas (2003) elucida que esse papel dos perfis gera uma "tendência a tentar sentir o que sentiria se estivesse nas mesmas situações e circunstâncias experimentadas pelo personagem". Isso significa que, ao ler a narrativa, o leitor "compartilha as alegrias e tristezas de seu semelhante, imagina situações do ponto de vista do interlocutor" (VILAS BOAS, 2003), conectando-se ao universo da menina de Ravensburg. Os encontros possibilitaram que Rosemarie pudesse contar sua história, realizando entrevistas em profundidade, que tem como objetivo "a figura do entrevistado, a representação do mundo que ele constrói" (LAGE, 2001), aliados aos processos multidimensionais que fazem parte dos perfis, fazendo o uso da memória, conhecimento, imaginação e sentimento do entrevistado. Ao acompanhar a perfilada, a estudante pode notar características que divergem do senso comum, como o amor de Rosemarie pelo Brasil – mesmo com as divergências culturais e problemas com a adaptação ao idioma. Durante as entrevistas, ela afirmou se considerar brasileira atualmente. "Eu amo o Brasil, amo o povo brasileiro. Minha verdadeira razão de viver está aqui", declarou em um dos encontros.
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
A escolha do tema foi feita a partir de uma reflexão sobre os assuntos potencialmente interessantes que faziam parte do cotidiano da estudante. De acordo com Nilson Lage (2001, p. 45), "muitas reportagens resultam da observação de fatos que geralmente passam despercebidos", assim a estudante recordou da história da imigrante alemã, firmada na cidade de Curitiba, capital do Paraná. Ao eleger Rosemarie Ketshkesch como fonte, foram colhidos dados e depoimentos para a construção do material, situado no contexto de sua infância e processado segundo as técnicas jornalísticas destinadas ao jornalismo literário. Como Lage afirma em seu livro "A reportagem", de 2001, Rosemarie pode ser considerada uma fonte testemunha, por ter presenciado a Segunda Guerra Mundial e viajado para o Brasil, fato esse que colore o processo com emotividade e também é modificado pela perspectiva por ela vivida. Para a coleta de depoimentos, foram realizados dois encontros na casa da entrevistada, nos quais aconteceram entrevistas de profundidade, na qual o objetivo "não é um tema particular ou específico, mas a figura do entrevistado, a representação do mundo que ele constrói, uma atividade que desenvolve, (...), geralmente relacionada com outros aspectos de sua vida" (LAGE, 2001, p. 75), de aproximadamente 30 minutos. Durante esse período, algumas perguntas previstas na pauta foram feitas, além de outras que surgiram de acordo com o fluxo da conversa – trazendo um ar mais natural às informações coletadas. Além disso, foram realizadas pesquisas para a coleta de dados adicional presente no material, como datas precisas, etc. Segundo Lage (2001), na sociedade moderna, a informação torna-se a matéria-prima fundamental do jornalismo e o jornalista o tradutor de discursos – "já que cada especialidade tem jargão próprio e desenvolve seu próprio esquema de pensamento". Partindo desse pressuposto, o fragmento da história de Rosemarie se transforma na matéria-prima que a estudante traduz e articula de forma acessível ao público, sem deixar de lado sua personalidade. Como elemento de construção da narrativa, foi escolhido o Jornalismo Literário, potencializando os recursos do jornalismo e proporcionando visões mais amplas da realidade da perfilada (PENA, 2006). Na construção do perfil, Rosemarie protagoniza sua história, compartilhando suas memórias, sentimentos e impressões de determinada parte de sua vida – no caso, sua infância e chegada ao Brasil.
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
A experiência de conversar com a imigrante Rosemarie Ketschkesch resultou em um perfil, que, a princípio, era o trabalho final do terceiro bimestre da disciplina de Narrativas Criativas, do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, localizada em Curitiba (PR). Alguns desses trabalhos foram selecionados para fazer parte da revista laboratório do curso, Entrelinha, publicada em 26 de agosto de 2016 – “A menina de Ravensburg” é um deles. ਀ O perfil foi redigido no período de uma tarde, após dois encontros com a perfilada, em sua casa. Todas as conversas foram gravadas e os detalhes mais importantes – como sentimentos e expressões que não poderiam ser captadas por áudio – foram anotados para complementar a sensorialidade do material. A narrativa resume a trajetória de Rosemarie, uma menina alemã que brincava entre as bombas que, anos depois, adotou uma nova nacionalidade. ਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 挀氀愀猀猀㴀∀焀甀愀琀爀漀∀㸀㰀戀㸀䌀伀一匀䤀䐀䔀刀䄀윀픀䔀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀ऀ㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀ᰀ䄠 洀攀渀椀渀愀 搀攀 刀愀瘀攀渀猀戀甀爀最ᴀ†攀渀愀氀琀攀挀攀 漀 愀猀瀀攀挀琀漀 搀愀 栀甀洀愀渀椀稀愀漀 搀攀渀琀爀漀 搀漀 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 䰀椀琀攀爀爀椀漀⸀ 䄀漀 挀漀渀琀愀爀 愀 琀爀愀樀攀琀爀椀愀 搀攀 刀漀猀攀洀愀爀椀攀Ⰰ 漀 瀀切戀氀椀挀漀 琀攀洀 愀 瀀漀猀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀 搀攀 攀渀琀爀愀爀 攀洀 挀漀渀琀愀琀漀 挀漀洀 愀 爀攀愀氀椀搀愀搀攀 搀愀 瘀椀搀愀 瀀猀ⴀ最甀攀爀爀愀 攀 搀愀猀 搀椀昀椀挀甀氀搀愀搀攀猀 搀攀 甀洀 爀攀挀漀洀攀漀⸀ 䔀洀 甀洀愀 戀椀漀最爀愀昀椀愀 搀攀 挀甀爀琀愀 搀甀爀愀漀Ⰰ  瀀漀猀猀瘀攀氀 猀攀 琀爀愀渀猀瀀漀爀琀愀爀 瀀愀爀愀 漀 洀漀洀攀渀琀漀 攀 椀洀愀最椀渀愀爀 漀猀 漀戀猀琀挀甀氀漀猀 挀漀渀琀愀搀漀猀 瀀漀爀 刀漀猀攀洀愀爀椀攀⸀ ਀䐀攀 甀洀愀 昀漀爀洀愀 猀甀挀椀渀琀愀Ⰰ 漀 瀀攀爀昀椀氀 挀甀洀瀀爀攀 猀攀甀 瀀愀瀀攀氀Ⰰ 昀愀稀攀渀搀漀 挀漀洀 焀甀攀 漀 氀攀椀琀漀爀 瀀漀猀猀愀 ᰀ猠攀渀琀椀爀 漀 焀甀攀 猀攀渀琀椀爀椀愀 猀攀 攀猀琀椀瘀攀猀猀攀 渀愀猀 洀攀猀洀愀猀 挀椀爀挀甀渀猀琀渀挀椀愀猀 攀砀瀀攀爀椀洀攀渀琀愀搀愀猀 瀀攀氀漀 瀀攀爀猀漀渀愀最攀洀ᴀ†⠀嘀䤀䰀䄀匀 䈀伀䄀匀Ⰰ ㈀  ㌀⤀⸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 挀氀愀猀猀㴀∀焀甀愀琀爀漀∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀 䰀䄀䜀䔀Ⰰ 一椀氀猀漀渀⸀ 䄀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀㨀 琀攀漀爀椀愀 攀 琀挀渀椀挀愀 搀攀 攀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀 攀 瀀攀猀焀甀椀猀愀 樀漀爀渀愀氀椀猀琀椀挀愀⸀ 㐀⸀ 攀搀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 섀琀椀挀愀Ⰰ ㈀  ㄀⸀ ㄀㠀㤀 瀀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䈀伀䄀匀Ⰰ 匀攀爀最椀漀 嘀椀氀愀猀⸀ 倀攀爀昀椀猀 攀 挀漀洀漀 攀猀挀爀攀瘀ⴀ氀漀猀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 匀甀洀洀甀猀 䔀搀椀琀漀爀椀愀氀Ⰰ ㈀  ㌀⸀ ㄀㘀㈀ 瀀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䌀䄀匀吀刀伀Ⰰ 䜀甀猀琀愀瘀漀 搀攀㬀 䜀䄀䰀䔀一伀Ⰰ 䄀氀攀砀 ⠀伀爀最⸀⤀⸀ 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 攀 氀椀琀攀爀愀琀甀爀愀㨀 䄀 猀攀搀甀漀 搀愀 瀀愀氀愀瘀爀愀⸀ ㈀⸀ 攀搀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䔀猀挀爀椀琀甀爀愀猀Ⰰ ㈀  ㈀⸀ ㄀㠀  瀀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀匀伀䐀刀준Ⰰ 䴀甀渀椀稀㬀 䘀䔀刀刀䄀刀䤀Ⰰ 䴀愀爀椀愀 䠀攀氀攀渀愀⸀ 吀挀渀椀挀愀 搀攀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀㨀 渀漀琀愀猀 猀漀戀爀攀 愀 渀愀爀爀愀琀椀瘀愀 樀漀爀渀愀氀猀琀椀挀愀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 匀甀洀洀甀猀 䔀搀椀琀漀爀椀愀氀Ⰰ ㄀㤀㠀㘀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀倀䔀一䄀Ⰰ 䘀攀氀椀瀀攀⸀ 伀 樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 氀椀琀攀爀爀椀漀 挀漀洀漀 最渀攀爀漀 攀 挀漀渀挀攀椀琀漀⸀ ㈀  㘀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 栀琀琀瀀㨀⼀⼀戀椀琀⸀氀礀⼀㈀瀀瘀瘀䬀稀搀⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䜀䤀䘀䘀䠀伀刀一Ⰰ 倀愀甀氀椀渀渀攀⸀ 䄀 洀攀渀椀渀愀 搀攀 刀愀瘀攀渀猀戀甀爀最⸀ ㈀ ㄀㘀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 栀琀琀瀀㨀⼀⼀戀椀琀⸀氀礀⼀㈀瀀猀䠀倀䤀栀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀