ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00696</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;BateristAs: Vozes do Ritmo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;bibiana da silva de paula (universidade federal de pelotas); Wagner da Rosa Pirez (universidade federal de pelotas)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;gênero, documentário audiovisual, estranhamento social, percussão, mídia</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho se trata de um projeto experimental apresentado como trabalho de conclusão de curso de bacharelado em Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas. O mesmo é referente a um documentário audiovisual, que teve como tema mulheres bateristas e percussionistas de algumas cidades do Estado do Rio Grande do Sul. O audiovisual abordou questões de identidade e gênero relacionadas à vivência das percussionistas no exercício de sua profissão, tangenciadas por fatores culturais e históricos. As entrevistas às percussionistas aconteceram em algumas cidades do Rio Grande do Sul tais como: Porto Alegre, Pelotas, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Alvorada e Canoas e contou também com depoimentos de professores pesquisadores do campo da Comunicação (prof. Ana Carolina Escosteguy - PUCRS) e do campo da Musicologia e Percussão (prof. Gilmar Goulart  UFSM). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Alguns estudos da Musicologia vão nos dizer que a figura feminina esteve presente desde as eras mais remotas no mundo da música, sobretudo utilizando-se de percussão. Entretanto, a participação das mulheres nesta antiga trajetória sofreu várias alterações devido a inúmeros fatores históricos-culturais. Este é um dos principais tópicos que nos propusemos discutir no documentário BateristAs: vozes do ritmo. Foram entrevistadas bateristas atuantes no cenário do Rio Grande do Sul, de diferentes gerações e estilos musicais, que relataram suas interações com a sociedade em que vivem, chamando a atenção ao estranhamento social que percebem na sua profissão. O grupo abordado ainda revela suas ações de lutas relacionadas às questões de gênero e tudo o que envolve ser mulher e ser baterista. O documentário contou com o depoimento do professor Gilmar Goulart, coordenador do curso de Percussão da UFSM, que nos situa nas questões históricas, em que, apontam que a música esteve presente na maior parte das civilizações antigas e o instrumento percussivo também. Em muitos povos, a mulher exercia um papel importante nos cultos religiosos na função de sacerdotisa ou intermediária entre os homens e os deuses, pela sua relação com a fertilidade. Era ela quem era responsável pelas cerimônias religiosas onde utilizavam os tambores para evocar seus deuses. Nestes termos alinhamos a relação da percussionista histórica para traçar uma discussão com aspectos relatados pelas percussionistas da nossa sociedade atual. Também, em meio às entrevistas foi detectado que percussionistas de vários lugares geograficamente distantes do país estão propondo ações diversas pra modificar o panorama que se relaciona ao estranhamento social aqui abordado. Portanto, para fundamentação de questões comunicacionais, identitárias e de gênero, considerando o viés dos Estudos Culturais, contamos com depoimento da professora Ana Carolina Escosteguy (Pucrs). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">- Analisar um determinado grupo de bateristas e percussionistas atuantes nas cenas musicais de Porto Alegre e da região metropolitana, de diferentes idades e distintos gêneros musicais, as contradições e os conflitos expressos sobre a relação entre a figura feminina e a prática de instrumentos percussivos. - Observar as ações promovidas pelo grupo abordado, atentando às relações e oposições que emergem nos shows e outros eventos que estas participem nas cenas musicais. - Investigar as possíveis causas do estranhamento social percebido pelas bateristas. Neste ponto, procuramos apoiar-nos nas pesquisas histórico-musicológicas, buscando marcos que tratem especificamente sobre a relação entre a figura feminina e a percussão na música, a partir do referencial aqui considerado. - Contemplar, considerando os Estudos Culturais, alguns tópicos do movimento feminista no Brasil e como a mídia cobriu tal evento, bem como, sua possível influência na sociedade, desta forma traçando um paralelo que tocam as questões de representações identitárias do grupo observado. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Por meio da pesquisa teórica e da pesquisa empírica, pretendemos investigar as representações identitárias de um grupo selecionado de mulheres bateristas atuantes nos circuitos musicais de Porto Alegre e região. O viés dos Estudos Culturais, no que atenta às subculturas, nos auxiliará nestas discussões. Como tópico paralelo que pensamos para contribuir com o tema central, consideramos alguns estudos da musicologia sobre a relação entre mulher e instrumentos percussivos. Com esta orientação também aspiramos realizar uma observação mais precisa sobre o estranhamento social relatado pelo grupo abordado, no que toca este viés. Para tanto, trazemos o referencial de Layne Redmond: When the drummers were women: a spiritual history of rhythm (2000)², o qual nos fala que a música sempre esteve presente na maior parte das civilizações desde a antiguidade e o instrumento percussivo estava inserido igualmente neste âmbito. Como relata Redmond "A sacerdotisa percussionista era o intermediário entre reinos divinos e humanos. Alinhando-se com ritmos sagrados, ela agiu como convocadora e transformadora, invocando a energia divina e transmiti-la para a comunidade." (REDMOND, 2000) . Porém, esta íntima ligação da mulher com a música, bem como outros papéis sociais que esta executava na sociedade antiga, foi se modificando ao longo dos tempos. Aqui nos interessam os acontecimentos vinculados à esfera musical que possivelmente refletiram na esfera social, em que, aproximadamente no século V a Igreja Católica condenou todos os instrumentos de percussão dos cultos religiosos por serem considerados instrumentos pagãos e também a participação das mulheres na música, nas cerimônias religiosas. Segundo Redmond: Com a ascensão do cristianismo, o grande templo de Cibele em Roma foi destruído, o Vaticano foi construído no local e o novo sacerdócio proibiu as sacerdotisas, os instrumentos e a música associada com seus ritos. Não só foi o tambor proibido de rituais religiosos cristãos, a sua utilização em contextos seculares também foi desaprovada pela Igreja, em particular o seu uso por mulheres. O sínodo católico de 576 (Mandamentos dos Padres, Superiores e Mestres) decretou: "Os cristãos não estão autorizados a ensinar suas filhas a cantar, a tocar instrumentos ou coisas semelhantes, porque, de acordo com sua religião, não é bom e nem tornar-se-á. (REDMOND,2000) A Igreja Católica exerceu influência em grande parte do ocidente, sobretudo na sua expansão a partir da citada época, por todas as Américas e parte da Europa, então é possível que a participação minoritária das mulheres no exercício da percussão nos dias de hoje possa ter sofrido parte do influxo deste recorte histórico. Consideramos estes tópicos importantes ao nosso trabalho para traçarmos assim paralelos com nossa pesquisa empírica, dialogando assim com o envolvimento que as bateristas têm com os ambientes musicais descritos por elas como um universo masculinizado e que, portanto, experimentam o que identificam como um estranhamento social. Vale relatar que possuímos um contato pessoal prévio com o universo das bateristas, em que temos igualmente essa relação com a música e colaboramos com uma mídia digital estabelecida no ano de 2012, a Hi-Hat Girls Magazine, até os dias de hoje. Esta mídia se trata da única iniciativa do gênero, na América Latina que trata sobre mulheres bateristas, e a mesma é uma realização colaborativa de um grupo de mulheres bateristas de diversos Estados brasileiros. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como método principal para este trabalho, julgamos ser o mais adequado inserir-nos no universo proposto através da Observação Participante e, concomitantemente, unir as técnicas da História Oral de Vida, para auxiliar-nos nos procedimentos de entrevistas. A Observação Participante nos permitirá uma maior aproximação do objeto de pesquisa em seu universo de atuação, para assim melhor atentar às suas materialidades, afetos, ideologias e outras descobertas que nós como pesquisadores teremos acesso através deste método, bem como observar de que forma este objeto interage e é percebido neste âmbito. Entretanto, por meio do referencial de Isabel Travancas, Fazendo etnografia no mundo da comunicação (2006) percebemos os mecanismos do método da Observação Participante, os quais o pesquisador deve e pode participar do meio abordado, mas de forma que sua presença não interfira nos acontecimentos, ocupando uma posição neutra, pois, é sabido pelos participantes observados que há uma presença externa ao grupo usual. Travancas também discorre sobre a importância de ganharmos confiança no meio abordado, para que possamos nos inserir de forma satisfatória no universo pretendido e assim obtermos uma visão mais ampla dos seus interesses. Para melhor utilização deste método tornou-se necessário nos valermos de alguns recursos, tais como: câmera fotográfica, gravador de áudio, notebook e o uso de um diário de campo, o qual serviu para anotar todas as informações obtidas durante a prática da Observação Participante, para coleta de dados, antes mesmo das primeiras gravações oficiais para o documentário. Como método utilizado para auxiliar no processo de entrevistas, pretendemos empregar técnicas da História Oral de Vida, que se trata de uma área multidisciplinar que transita entre diversas áreas das ciências humanas. Afinal, a História Oral de Vida é um recurso utilizado para coletar relatos orais através de depoimentos gravados nos mais variados formatos. Segundo o livro Historia oral: como fazer, como pensar (MEIHY e HOLANDA, 2007), este método é muito utilizado especialmente no que diz respeito a relatos de vida e memórias de tradições. Constroem-se as narrativas a partir dos relatos das pessoas que vivenciaram fatos interessantes para a pesquisa. Para os primeiros passos teórico-prático, nos valemos do referencial On Câmera: O curso de produção de filme e vídeo da BBC, (1990), de Harris Watts, o qual nos auxiliou desde a etapa inicial até o final da produção audiovisual, em razão deste livro servir como um guia de produção de programas para tv e reportagens audiovisuais, desde os primeiros passos envolvendo os processos de pré-produção, até o processo de pós-produção. A pesquisa relacionada à temática do gênero na mídia, teve como principal referencial que nos auxiliou na criação de pauta para as entrevistas, o livro Comunicação e Gênero: a aventura da pesquisa (2008), de Ana Carolina Escosteguy, com seus numerosos artigos e estudos de diferentes autores, permitiu lançar mão de vários olhares sobre as mais diversas discussões envolvendo questões identitárias, dentro dos estudos de gênero na comunicação. Foi possível observar o método do principal documentarista utilizado como referencial, através do referencial O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo (2004), de Consuelo Lins, Para nós foi preciso muita pesquisa extra voltada às práticas com equipamentos de filmagem e captação de áudio, bem como aprender sobre as práticas de edição. Este aprendizado incluiu as práticas de filmagem com a câmera e o uso de refletores, bem como a adaptação ao uso de gravador profissional e microfones direcionais e suas técnicas específicas. Incluiu-se o livro Introdução ao Documentário (2005), de Bill Nichols, que norteou também a questão do gênero de documentário a ser seguido, o que fez pensar sobre os principais conceitos introdutórios que compõem os documentários. Iniciamos a etapa de pré-produção com os primeiros planejamentos do trabalho prático, dos eventos a serem filmados, assim como a busca e pesquisa sobre os entrevistados, elaboração de pauta das entrevistas, marcação das entrevistas, montagem do pré-roteiro, ou argumento geral, que foi posto em prática durante as filmagens Seguimos sempre com o processo de leituras do referencial: História oral de vida, como fazer, como pensar (2007), de Meihy e Holanda, que auxiliou-nos na preparação da metodologia para as entrevistas, juntamente com o livro O manual do roteiro (1995), de Syd Filed, além da observação de filmes referenciais, como os documentários de Eduardo Coutinho e de Samuel Dunn. Avançamos assim para a nova etapa: produção de campo que é referente à realização de todo o planejamento da etapa anterior. Iniciaram-se as gravações das entrevistas e dos eventos. Após termos concluído a fase da produção de campo, passamos à pós-produção. Nesta etapa inicialmente começamos a decupar todo o material, momento este em que se destina a organizar os áudios e vídeos de cada filmagem, assistir todo o material captado e iniciar o esboço de um roteiro, montando assim o quebra-cabeça, com base nas pautas e no argumento geral. Anotam-se os começos e os finais das falas, os minutos e milésimos e a ligação entre as personagens e seus depoimentos. Na sequência começamos a edição mais propriamente dita. O software utilizado para a montagem e recorte dos blocos do material captado foi o Adobe Premiere CS6. Nele também foi realizada a sincronização dos áudios com as imagens. Fizemos o primeiro corte do filme, ou primeira amostra, quando foi possível observar já um primeiro resultado, a partir do qual foram avaliadas possibilidades de novos cortes. Durante este processo, foi possível definir um roteiro. No software Adobe Premiere também foi possível seguir a edição, trabalho igualmente detalhado, onde foram efetuados os efeitos de vídeo, tratamento de imagem e as transições, tais como: fades, fusão de imagem, sobreposição, inserção de imagens de apoio, cortes, etc. Ao final desta etapa, houve a finalização, através de correções de cor, efeitos visuais, mixagem para organizar os níveis de áudio, além da inserção dos créditos iniciais e Finais, utilizando essencialmente o software Adobe After Efects. Por fim, foi gravada a abertura do documentário, editada e posteriormente criada uma trilha sonora inédita pelo estudante do curso de Música: Eduardo Luersen, que igualmente fez a mixagem da mesma. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Enunciamos que o presente projeto trata-se de um produto audiovisual ao qual visamos unir aportes da comunicação, como algumas pesquisas do campo dos Estudos Culturais, da grande reportagem, da fotografia, e das práticas cinematográficas do formato documentário. Nos referimos a um estudo prático e teórico de jornalismo e cinema concomitantemente, valendo-nos também dos recursos multidisciplinares da História Oral de Vida, bem como, da Observação Participante. O documentário BateristAs: vozes do ritmo, é um produto audiovisual em cor, captado em formato digital e contou com 20 horas de gravação ao total, chegando ao resultado do produto final de 32:54 minutos desde sua abertura até os créditos finais. O processo todo teve duração de sete meses, desde as orientações e as etapas de pré-produção à pós-produção. Atuamos direta e unicamente em todas as etapas de produção, como: direção, produção, montagem, edição, com exeção da sincronização de áudio por Eduardo Harry e Jacob Mattos, ambos alunos da Ufpel, bem como a trilha original criada por Eduardo Harry. O presente audiovisual aborda o universo das bateristas e percussionistas de algumas cidades do Rio Grande do Sul, através do qual objetivamos retratar, por meio da grande reportagem, as vivências deste grupo. Além dos depoimentos das percussionistas, da exposição das suas ações e dos fatores sócio-históricos pretendidos no roteiro, incluímos outra discussão pertinente à temática. Como sabíamos que o meio abordado indica a um universo restrito, foi que, por esta razão consideramos igualmente interessante e apropriado, por se tratar de um trabalho acadêmico da área do jornalismo, optarmos por incluir investigações que relacionassem seu espaço na mídia e as formas de representações identitárias de gênero nos meios de comunicação de massa. Visamos desta forma que este viés possa vir a somar aos estudos de comunicação igualmente, já que a temática permitiu este tópico. Sobretudo, a inclusão desta abordagem permitiu-nos lançar um olhar inspirado em alguns segmentos dos Estudos Culturais, que nos oportunizou observar subgrupos, grupos populares, no que se refere à cultura comum. Foram fortes referências para este trabalho os filmes do documentarista Eduardo Coutinho (Edifício Master, 2002; Jogo de cena, 2007; As canções, 2011) e seu método de abordagem livre. A leitura do livro O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo (2004), no qual a autora Consuelo Lins fez análises de todos os filmes produzidos por Coutinho, facilitou a compreensão das linguagens cinematográficas utilizadas, mostrando assim as possibilidades de realizar documentários com enfoques sociais. Outros documentários que influenciaram principalmente no que diz respeito ao tema e ao uso da antropologia no meio musical, foram os filmes de Samuel Dunn (Metal: a headbanger s journey, 2005; Global metal, 2007), através dos quais o realizador, roqueiro e antropólogo, explora várias questões antropológicas que envolvem os grupos do heavy metal em vários países do mundo. No que diz respeito à  pensar documentários nos auxiliou o autor Bill Nichols, com seu livro Introdução ao documentário (2005), o autor nos diz que  O documentário é um filme, e o filme é um meio visual que dramatiza um enredo (NICHOLS, 2005, p. 45). No caso dos documentários, através de ângulos e perspectivas, pretendemos apontar uma parte social e histórica sobre um ponto de vista de uma pessoa ou grupo. É possível que compreendamos que o documentário não é uma linguagem ou gênero de filme que simplesmente se define por ter um caráter documental de  reprodução da realidade . Este não é somente uma cópia ou um recorte de algo que já existe ou já foi feito, mas  representa uma determinada visão do mundo, uma visão com a qual talvez nunca tenhamos nos deparado antes, mesmo que os aspectos do mundo nela representados nos sejam familiares (NICHOLS, 2005, p. 47). Ainda referenciando este olhar atento do documentarista, Lipovetsky nos diz que: Um documentário se torna um olho acrescentado à câmera, uma escolha de ângulo e de enquadramento, uma ciência do corte e da montagem que representa o mundo interrogando-o, mostrando o que está por baixo, às vezes demasiado visível e que um olho comum não percebe. (...) E é bem possível que através da reafirmação atual do documentário se busque uma nova síntese do objetivo e do subjetivo (LIPOVETSKY, 2009, p.150). Bill Nichols também explana sobre a voz do documentário. Dentre alguns modelos destas vozes, procuramos nos identificar com algum, para aderir à nossa produção. Esta voz faz alusão à forma de discurso que o documentarista toma através do documentário. Mas isto não se dá apenas pelo uso da narração off, ou mesmo narração ativa do documentarista, embora estes sejam recursos bem utilizados. Para Nichols,  (...) o estilo da ficção transmite um mundo imaginário e distinto, ao passo que o estilo ou a voz do documentário revelam uma forma distinta de envolvimento no mundo histórico (2005, p.74). Isto posto, nos auxiliou assim, no posicionamento como diretor desta espécie de produção audiovisual. É possível observarmos as comparações entre o documentário e a grande reportagem jornalística. Ambos permitem uma proposta de investigação dos temas abordados com profundidade, assim como o uso de imagens, possibilidade do uso da narração, uso de depoimentos e imagens de apoio. No entanto, é a voz do documentário que vai fazer distinção entre estes dois formatos, quando necessário. Jean-Jacques Jespers, em seu livro Jornalismo televisivo (1998), explica que o documentário  fala na primeira pessoa, confessa a sua subjetividade, enquanto a grande-reportagem ou o inquérito escondem esta subjetividade sob uma pretensão à universalidade (JESPERS, 1998, p.175). O modelo de roteiro que adotamos foi o modelo clássico de Syd Field, mais propriamente o Paradigma de Field I. Field descreve no livro O manual do roteiro (1995) o que se transformou em uma  receita de bolo no que se refere à fórmula de um roteiro. O autor nos afirma que, de alguma forma, todos os roteiros correspondem a este paradigma,  O roteiro é uma história contada em imagens (1995, p.2). Bill Nichols identifica seis modos de representação nos filmes documentários que funcionam como subgêneros, tais como: poético, expositivo, participativo, observativo, reflexivo e performático. Não significa que estes gêneros remetam à fórmulas prontas para serem copiadas e que um gênero não possa conter também elementos de outros gêneros inseridos no mesmo trabalho. Como mensionamos anteriormente, cada voz de documentário é única. No entanto, estes gêneros são identificados inclusive pela época na qual o documentário foi desenvolvido, suas condições de equipamentos, tecnologias, tendências estéticas da época do desenvolvimento do trabalho, entre outros fatores que influenciam na produção do mesmo. Entretanto, o gênero que mais achamos adequado para esta produção foi o gênero de documentário reflexivo, que se trata de um modo que permite que o espectador seja estimulado a buscar em suas experiências um pensamento mais reflexivo, e relacioná-lo com a natureza do conteúdo que está sendo exposto no filme. A maneira como conduzimos o documentário foi pensado para que permita esta observação. Segundo Nichols: "alcançar uma forma mais elevada de consciência envolve uma mudança nos graus de percepção. O documentário reflexivo tenta reajustar as suposições e expectativas de seu público" (p.166). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Nossos estudos e esforços para a realização deste trabalho justificam-se pela oportunidade de aprendizado proporcionada pela Instituição de Ensino, através do Centro de Letras e Comunicação, bem como, do Centro de Artes e Cinema, ambos da Ufpel. Durante o percurso deste trabalho, foi possível valer-nos deste e de vários outros conhecimentos alcançados em toda trajetória do curso, através da intersemiose incorporada entre Artes e Comunicação, Cinema e Jornalismo, adequando teorias e práticas destas áreas. Aprendizados estes, que, contribuem para uma maior autonomia no que diz respeito à produção de documentários. BateristAs: vozes do ritmo foi o primeiro documentário audiovisual realizado no Curso de Jornalismo desta Instituição. A nossa escolha por um projeto experimental, ao invés de uma monografia, se deu pelo fato de que ambicionamos pelo aprendizado e a autonomia, pois fizemos questão em produzir todas as etapas desta natureza de produção, que normalmente é realizada em equipe. Com isto, também teve a importância da experimentação audiovisual para o aprimoramento da vivência acadêmico-científica de um estudante de jornalismo, podendo servir, por esta razão, de estímulo para outros estudantes às práticas de um trabalho experimental desta natureza, bem como, aos acadêmicos que se interessarem em investigar universos menos usuais, como foi o caso da temática que escolhemos para este trabalho. Ainda em relação ao tema abordado pelo documentário, também pensamos ser interessante que este trabalho pudesse ser útil para ampliar a visibilidade do meio pesquisado, no âmbito das mídias, considerando que este tópico - da falta de espaço deste subgrupo neste ambiente - é identificado neste estudo como deficiente. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Comunicação e gênero: a aventura da pesquisa. Porto Alegre: Edipucrs, 2008. <br><br>ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Os Estudos culturais. In: FAMECOS, Disponível em: <http://www.pucrs.br/famecos/pos/cartografias/artigos/estudos_culturais_ana.pdf>Acesso em: 15 jun. 2015.<br><br>FIELD, Syd. Manual do roteiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.<br><br>HALL, Stuart. Quem precisa de identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. <br><br>JESPERS, Jean-Jacques. Jornalismo televisivo. Coimbra: Minerva, 1998.<br><br>LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.<br><br>MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007.<br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005.<br><br>REDMOND, LAYNE. When Drummers Were women. Three Rivers Press: Nova York, 1997.<br><br>REDMOND, LAYNE. When the drummers were women. DRUM! Magazine s. Dec. 2000. Disponível em: <http://www.drummagazine.com/features/post/when-the-drummers-were-women/>. Acesso em: 01 jun. 2015.<br><br>TRAVANCAS, Isabel. Fazendo etnografia no mundo da comunicação. In: DUARTE, Jorge.<br><br>WATTS, Harris. On camera: o curso de produção de filme e vídeo da BBC. Londres: Summus, 1990.<br><br> </td></tr></table></body></html>