ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00834</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Amores líquidos: o efêmero na era da superficialidade</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Gabriel Abreu Costa (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); Anuschka Reichmann Lemos (Universidade Tecnológica Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Amores líquidos, Efêmero, Fotografia, Fluidez, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Amores Líquidos é uma fotografia artística que expressa a conexão entre duas mulheres envolvidas em um relacionamento homoafetivo, a imagem faz parte de um ensaio de mesmo nome desenvolvido para disciplina de Fotografia, do curso de Comunicação Organizacional na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). O objetivo do presente artigo é analisar o processo de produção e pós edição relacionados com conceitos de interpretação da imagem. A inconstância e superficialidade dos relacionamentos modernos é um conceito de Zygmunt Bauman, Amor Líquido (2003), obra em que foi inspirada a produção fotográfica.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia Amores líquidos realizada na disciplina de Fotografia do curso de Comunicação Organizacional, com a orientação e apoio da professora Anuschka Lemos - expressa a fragilidade e a superficialidade das relações humanas e tem o objetivo de demonstrar como a modernidade nos relacionamentos são carregadas de inseguranças, liberdade e intensidade.  A modernidade líquida em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos  um amor líquido. A insegurança inspirada por essa condição estimula desejos conflitantes de estreitar esses laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos. (BAUMAN, p.4, 2003). Esta superficialidade nos relacionamentos modernos acompanha uma geração que descarta o que não é suficiente  ou melhor, que acredita não ser bom o bastante.  Na era líquido moderna, as relações humanas tendem também a se tornar voláteis, descartáveis, substituíveis como um tênis comprado há poucos meses e que perde lugar para um modelo mais novo, mesmo estando ainda em condições de uso." (MAIA, 2007). Outra questão a ser analisada é o texto que acompanha a imagem fotográfica, a maneira que ocorre a interpretação de cada indivíduo motivado por expectativas e sentimentos ligados a uma imagem nunca antes vista. A dualidade na interpretação é expressada na dúvida sobre a percepção a ser guiada pelo olhar do fotógrafo no processo de produção.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo do ensaio foi criar um projeto artístico que representa as ideias sobre relacionamentos propostas por Bauman, ou melhor, em Amor Líquido, (2003), as relações humanas são cada vez mais fragilizada, flexíveis e carregadas por insegurança, com isso os relacionamento constroem na mesma velocidade que se desmancham de maneira quase que instantânea. Busca também uma composição, técnica e simbólica, de contrastes. Esta proposta se dá no uso do preto e branco e tem a intenção de demonstrar as abstrações da vida cotidiana. A fotografia analisada busca trazer um novo olhar para a superficialidade nos relacionamentos contemporâneos, transmitindo o medo, a insegurança e o desapego. A imagem fotográfica não é um corte nem uma captura nem o registro direto, automático e analógico de um real preexistente.  Ao contrário, ela é a produção de um novo real (fotográfico), no decorrer de um processo conjunto de registro e de transformação, de alguma coisa do real; mas de modo algum assimilável ao real  (ROUILLÉ, p.77, 2009). Além do mais, há a ideia do amor e o desamor, ou seja  os relacionamentos atuais são reflexo de uma sociedade moderna que transforma indivíduos em mercadoria - o aplicativo Tinder, por exemplo, é utilizado como uma vitrine para escolha de parceiros. Outro ponto que é viável citar é a presença e o vazio dos indivíduos dentro de uma relação e a negação do padrão normativo de relação aceita pela sociedade de relacionamento.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia justifica-se pela representação dos relacionamentos contemporâneos, ou seja, fluídos, frágeis e inconstantes. Há bases bastante sólidas para se ver o amor, e em particular a condição de  apaixonado como  quase que por sua própria natureza  uma condição recorrente, passível de repetição, que inclusive nos convida a seguidas tentativas. (BAUMAN, p.10 2003). Amores Líquidos traz a tona a superficialidade da vida cotidiana: O encontro e o desencontro; a chegada e partida; o amor e o desamor e o medo do apego, que leva o indivíduo a se relacionar com várias pessoas, pela tentativa  muitas vezes falha  de se proteger de possíveis decepções. Justifica-se também na importância desta fotografia sua linguagem subjetiva pois o espectador, com sua visão de mundo, pode ter sua própria interpretação, passível de influências externas. Além disso, segundo Kossoy, (1999, p.43) a representação fotográfica é uma recriação do mundo físico ou imaginado, ou seja, o assunto registrado é o produto do processo de criação de autor. Dessa maneira, a fotografia Amores Líquidos tem em sua essência o olhar do autor, mas a visão dos espectadores sobre ela. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Amores Líquidos apresenta duas mulheres, ambas na figura central da imagem, uma está abraçando a outra por trás. Ou seja, como se não quisesse deixá-la partir - este gesto tem um significado simbólico de retorno - a edição da imagem foi feita em preto e branco e há a inserção de elementos visuais para dar a impressão de chuva e o borramento para dar a sensação de movimento. A imagem foi produzida por uma câmera Canon T5i com uma lente fixa 50mm, além de tripé para garantir a estabilidade da câmera e alcançar o resultado esperado. O ângulo aberto foi escolhido para valorizar o local da imagem. Além disso, a fotografia foi feita em modo manual, com as configurações em: Abertura do diafragma F/1.8, baixa velocidade 1/15 e iso 800  não foram utilizadas luzes artificiais, pois o ambiente era externo e amplo. Ademais, para a manipulação da imagem foram utilizados os seguintes programas: Adobe Photoshop CS6 e Adobe Lightroom 5.6, o primeiro para a inclusão de elementos a inserção de elementos que representam  chuva e o uso da ferramenta Smudge Tool (borrar) para dar a sensação de movimento  o segundo para a edição das tonalidades para o preto e branco, ajuste de contrastes.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> A fotografia apresenta duas mulheres  ambas de aparência jovem e com olhos fechados - a da esquerda abraça a da direita, este gesto tem significado duplo, pois o borrão pode representar a aproximação e a partida. De acordo, com Bauman (2004), os relacionamentos oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro. Para esta fotografia foi escolhido o uso do preto e branco para dar a sensação de dramaticidade e destacar as modelos. De acordo com Joly (2006), a interpretação de cores é antropológica e cultural, nesse sentido, justifica-se o uso do P&B para que interpretações pessoais dos observadores não sejam tiradas a partir das cores originais. A metodologia desta imagem se deu em três etapas, como demonstrado na imagem acima: a) escolha do cenário e das modelos; b) tentativa e erro para conseguir a imagem desejada; c) pós-edição. A primeira imagem é a fotografia original, a segunda e a terceira fazem parte parte do processo de pós edição. A primeira imagem foi tirada com uma canon DSLR T5i, um tripé e uma lente 50 mm, abertura, baixa velocidade 1/15 e iso 800; a segunda foi editada pelo programa Adobe Lightroom 5.6, a cor e contraste foram modificados; a terceira foi feita no programa Adobe Photoshop CS6, na qual foi usada a função smudge (borrar) para dar forma a primeira personagem e a inclusão de pequenas bolinhas (textura) por meio de mesclagem de camadas para dar a sensação de chuva. A iluminação desta imagem é direta, a luz natural cria sombras dando tridimensionalidade. Essa tridimensionalidade é representada por meio da criação de texturas. A textura da vestimenta da personagem a esquerda é lisa e traz a sensação de tranquilidade. Enquanto a textura da vestimenta da segunda personagem é áspera, ou seja, representa calor e aconchego, essa contraposição de texturas traz a ideia de hostilidade (divergência), e reitera a separação representada pelo borrão. A falta de moldura leva o observador a construir em sua imaginação o que não há no campo visual da representação e estimula a construção visual complementar. O jogo fotográfico campo/contra campo marca a sensação de que uma história está sendo contada através da produção fotográfica. Sontag (2004), cita a instantaneidade de participar da história apresentada, o observador é inserido em um contexto e tem a possibilidade de viver uma história em que o tempo foi congelado, ele olhe para as imagens como se fossem janelas da realidade e não fotografias.  As fotos oferecem histórias instantâneas, sociologia instantânea e participação instantânea. (SONTAG, 2004, p.90) Além de destacar o enquadramento aberto para dar ênfase na distância da imagem. O enquadramento foi escolhido para valorizar as modelos, ou seja, elas no centro da imagem para que os olhos dos telespectadores se voltem nelas. O enquadramento traz uma sensação de tranquilidade. A escolha do ângulo é determinante, uma vez que reforça ou contradiz a impressão de realidade que está ligada ao suporte fotográfico. (JOLY, 2006) O ângulo normal, na altura das personagens da fotografia, tem o objetivo de dar a impressão de naturalidade, por isso foi utilizado uma lente 50mm - na câmera utilizada, a lente se assemelha a uma 80 mm, no entanto continua próxima da visão humana - para que a ter uma distância focal longa, gerando uma representação mais expressiva e com foco no primeiro plano da fotografia. Além dos pontos explorados anteriormente, pode-se dizer que por trás de toda técnica tem um filtro cultural, a criação de sentido na imagem, dá-se a partir da vivência do fotógrafo em relação ao assunto. Kossoy (1941) chama de entrelaçamento ideal do conjunto fotógrafo  câmera  assunto.  A preocupação na organização visual dos detalhes que compõem o assunto, bem como a exploração dos recursos oferecidos pela tecnologia: todos são fatores que influenciarão decisivamente no resultado final . (KOSSOY, 1941). O fragmento congelado da cena não é apenas o retrato da realidade, torna-se uma nova realidade construída com intuito de criar um significado baseado nas experiências do fotógrafo. A imagem analisada carrega inúmeros elementos visuais que dão um tom de mágica, Sontag (2004) comenta sobre as fotos serem pseudo presença e prova de ausência:  Como o fogo da lareira num quarto, as fotos - sobretudo as de pessoas, de paisagens distantes e de cidades remotas, do passado desaparecido - são estímulos para o sonho. Além disso, é importante ressaltar que esta magia é fundamental para interpretar a mensagem transmitida, ou seja, é um importante recurso no processo de compreensão e no imaginário do observador. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"> Com a finalização do projeto, pode-se dizer que meu objetivo foi cumprido, tanto pela recepção positiva do público em relação ao uso adequado dos equipamentos e das técnicas utilizadas para o obtenção do resultado quanto pelo significado simbólico da fotografia explicados acima.  Amores Líquidos faz parte de um ensaio maior, que explorou o tema de diferentes formas. Ou seja, com reflexões que consegui aplicar ao meu estilo de vida. Trouxe além de satisfação pessoal, valor ao portfólio, paixão pela fotografia e o desejo em uma carreira profissional nesta área - o que eu sou hoje, faz parte de uma coletânea de fragmentos desse ensaio, eu pude expressar minhas emocionais a partir desse projeto. Algo que não posso deixar de salientar, foi o apoio que recebi dos professores quando pensei em desistir e as amizades construídas ao longa desta jornada. Neste seguimento, posso dizer que tenho um caminho a ser seguido, pois encontrei na fotografia uma maneira de expressar o que as palavras não dão conta, esse pra mim, é o verdadeiro prêmio. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Zahar, 2004. <br><br>FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.<br><br>JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Papirus editora, 2006.<br><br>KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 1999. <br><br>MAIA, Aline Silva Correa. Telenovela Projeção, identidade e identificação na modernidade líquida. Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, 2007.<br><br>ROUILLÉ, André. Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009.<br><br>SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Editora Companhia das Letras, 2004. <br><br> </td></tr></table></body></html>