INSCRIÇÃO: 00879
 
CATEGORIA: CA
 
MODALIDADE: CA04
 
TÍTULO: Flores de Miriam
 
AUTORES: vanessa barbosa bononi (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Celina do Rocio Paz Alvetti (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Vanessa Gavilan Mikos (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Maria Cecília Terres Zelazowski (Pontifícia Universidade Católica do Paraná)
 
PALAVRAS-CHAVE: Audiovisual, Cinema, Experimental, Flores de Miriam, Videoclipe
 
RESUMO
O presente trabalho é um videoclipe desenvolvido por quatro estudantes do quinto período do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O vídeo conta a história de duas mulheres que se entreolham em um café e se sentem mutuamente atraídas, esse evento desencadeia uma sequência de cenas confusas e desconexas que são a representação dos sentimentos e pensamentos de uma das personagens. A produção foi inspirada na vanguarda underground e no cinema experimental, estilos que comportam diversas variações e que podem ser representados pela fuga da comodidade, a livre criação, os traços catastróficos, as técnicas criativas e as ironias ao cinema clássico hollywoodiano. Explorando novas formas de abordagem e recursos estéticos, Flores de Miriam tem a explícita intenção de mostrar-se aberto à interpretação do espectador.
 
INTRODUÇÃO
Flores de Miriam é um videoclipe realizado por quatro estudantes do quinto período do curso de jornalismo da PUCPR. O trabalho foi produzido para a disciplina de "Cinema Mundial e Brasileiro" e orientado pela professora Celina do Rocio Paz Alvetti. O videoclipe é uma forma contemporânea de narrar histórias, na qual, não necessariamente há uma narrativa clássica. Frequentemente há elementos como fragmentação, antirrealismo e transgressão às regras. Muitas vezes o videoclipe é definido como um amontoado de imagens sem sentido, voltado somente ao apelo sensorial. "O videoclipe é visto por muitos como uma forma de expressão artística, capaz de dar continuidade ou novas consequências a atitudes experimentais tomadas anteriormente no cinema de vanguarda dos anos 20, o cinema experimental dos anos 50 e 60, e a vídeo-arte dos anos 60 e 70." (MACHADO, 2000; p.173). A sinopse, previamente estabelecida em sala de aula, retrata a história de duas pessoas que se entreolham em um café e se sentem mutuamente atraídas. A produção foi baseada na vanguarda underground e no cinema experimental. "Há um sentido de detalhe que transparece em cada cena, trabalhada no limite do caricato e ao mesmo tempo do profundamente humano. Um filme belíssimo sobre a história como farsa e como visão, como um conjunto de relações de poder, como fábula, simulacro, ilusão. Os ciclos da guerra, da vida e dos começos são embalados por um ritmo permanente, por uma musicalidade que contamina tudo e todos, própria do movimento do mundo." (MASCARELLO, 2006; p. 403). As estudantes tinham a intenção de desenvolver a história sob um olhar criativo e ousado, explorando recursos estéticos. O objetivo era contar a sinopse sob uma perspectiva diferente, explorar a vanguarda underground e o cinema experimental e produzir um vídeo que, além de uma boa qualidade estética, causasse impacto no espectador.
 
OBJETIVO
O objetivo dessa produção é a experimentação. A equipe queria explorar as possibilidades que a oportunidade de trabalhar com vanguarda underground e o cinema experimental oferecem. Seguindo algumas dessas premissas, a proposta era construir uma narrativa não-linear, utilizando abordagens impressionistas e variados recursos estéticos nas filmagens e na edição. Ainda seguindo alguns princípios do cinema experimental, a ideia era produzir um produto com baixo orçamento e equipe reduzida. O intuito é colocar o espectador em uma relação mais ativa e reflexiva com o filme, uma vez que o objetivo é impactar quem está assistindo, se opondo ao que é comumente visto nos produtos audiovisuais. A música, em estilo psicodélico, foi escolhida com o propósito de incomodar o espectador, considerando-se que não há diálogo entre os personagens. O figurino da protagonista é uma referência ao padrão hollywoodiano, em que a intenção é ironizar o estilo clássico romântico, assim como no cinema underground. A junção da escolha do cenário, dos elementos que o compõem, e da edição final objetiva contrastar o clássico com o moderno. Afinal, apesar de este produto ter seguido um estilo livre que não exige um sentido linear e uma sequência óbvia de cenas, as estudantes queriam que os espectadores conseguissem se identificar de alguma forma com o filme, afim de envolvê-los no vídeo. Flores de Miriam tem a explícita intenção de mostrar-se aberto à interpretação do espectador, fato que o conduz a perceber que as cenas representam o que se passa na mente de uma das personagens. A equipe visou produzir um vídeo que, além de uma boa qualidade estética, se assimilasse à vanguarda que lhe foi proposta para este trabalho e que, por fim, causasse impacto no espectador.
 
JUSTIFICATIVA
Flores de Miriam se enquadra na categoria videoclipe por possuir características inerentes à essa modalidade de produto audiovisual, sendo elas: quebra dos padrões tradicionais de narrativa; falta de preocupação com relações de causa e efeito ou tempo e espaço; personagens; mistura de realidade com fantasia; edição sincronizada com o ritmo da música. Apesar de possuir uma sinopse obrigatória, pelo fato de ter sido um trabalho de sala de aula, a equipe era livre para desenvolver a história como quisesse. Optou-se por construir uma protagonista que tivesse delírios e sentimentos despertados pela depressão, por acreditar que estes se assimilariam com as possibilidades que a estética da vanguarda underground oferece e com os cenários escolhidos. Ou seja, pelo fato de haver uma sinopse e uma vanguarda a serem seguidas, a equipe acredita que a história construída com a personagem Miriam e seus desdobramentos foi a que mais se enquadrou para cumprir tais exigências. O grupo formado para realizar tal trabalho é composto por estudantes que têm, em média, a idade da protagonista. É presente, portanto, a preocupação com as questões relacionadas aos conflitos que os jovens vivem atualmente, uma vez que Miriam demonstra sensações de atração, paixão, tristeza, angústia (...), uma mistura de sentimentos vivenciada por grande parte das pessoas e que, no caso da personagem, a fazem sofrer. Os cenários, o café e a casa da jovem, apesar de descontruídos esteticamente e seguirem as referências das vanguardas, pelo fato de terem uma estética moderna remetem a situações mais parecidas com o cotidiano do espectador. Reforçando, dessa forma, a identificação do público com a história vivida por Miriam. As estudantes julgam que a experimentação e a junção da vanguarda underground com a história desenvolvida pela equipe, conseguiu refletir da melhor forma os sentimentos e percepções da protagonista, além de cumprir os objetivos deste trabalho.
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
O videoclipe Flores de Miriam foi produzido para a disciplina "Cinema Mundial e Brasileiro", ministrada pela professora Celina do Rocio Paz Alvetti. No momento da realização deste trabalho, os acadêmicos estavam estudando sobre as vanguardas do cinema e se dividiram em grupos para produzir seus materiais. A professora, juntamente com a turma, definiu a sinopse e, a partir disso, foi sorteada uma vanguarda para cada grupo que tinha como missão produzir um vídeo utilizando tal sinopse e as características da vanguarda sorteada. A equipe deste trabalho ficou com a vanguarda underground, ciente disso, revisaram os conceitos já abordados em sala de aula e pesquisaram referências sobre o movimento. Depois de coletarem informações e formarem um repertório sobre a vanguarda, as estudantes se reuniram para trocar ideias e montar um roteiro para o vídeo. Seguindo a sinopse obrigatória, criaram as personagens e desenvolveram sua história. Por critério de identificação, se dividiram nas seguintes funções: roteirista e diretora; atrizes; câmera; editora. No momento da gravação, realizada durante um dia inteiro, todas as integrantes colaboraram com a construção do vídeo que teve sua história moldada, inclusive, nas gravações. Essa organização se dá ao fato da produção seguir as influências da vanguarda underground, ou seja, ser experimental e não ter como intenção fazer sentido para o telespectador. As estudantes acreditam que, ao construir o filme no momento da gravação, a criatividade é estimulada e surgem novas ideias, uma vez que a equipe está inserida no cenário e visualiza os elementos que o compõem de uma maneira diferente do imaginado ao escrever o roteiro. A escolha de as próprias integrantes da equipe atuarem no vídeo se dá ao fato do baixo orçamento e de um maior envolvimento da equipe no quesito experimentação. O primeiro cenário foi um café, localizado no centro da cidade de Curitiba, que possui uma decoração moderna que orna com a intenção da equipe de mesclar o clássico com o atual. A segunda parte da gravação aconteceu em um prédio, que funcionou como a casa da protagonista, e nas ruas dos bairros entorno ao café a "casa de Miriam". Em relação as técnicas utilizadas, não há movimento de câmera, a mesma se encontra estabilizada, os enquadramentos variam do plano geral ao primeiro plano e em algumas cenas há close nas personagens. O corte é seco e há ausência de diálogos, o vídeo possui uma música no estilo eletrônico e não segue uma ordem cronológica, já que a ideia é mostrar os delírios que Miriam estava vivenciando. As cenas não têm, necessariamente, uma conexão direta. Algumas são mais longas e outras mais curtas, para que não haja tenha um ritmo padrão. Houve experimento de adulteração de imagens no momento da edição, como preto e branco para reforçar a ideia de lembranças, efeitos de saturação para dar relevância à certa cena, distorção de imagens para evidenciar os delírios de Miriam, etc. A iluminação, os objetos e o filtro utilizado na cor das imagens, visa dar a impressão de um "tom" vintage, ou seja, remetendo ao antigo, clássico e feminino para contrastar com os cenários que tinham uma estética mais moderna. A música escolhida para este videoclipe foi "Full Floyd Rig" do dj Shadow Fx pelo fato de ser uma música com um tom psicodélico, reforçando, assim, o estranhamento ao público. Essa escolha aconteceu por meio de uma pesquisa na internet, em que a equipe já havia decidido que gostaria de uma música no ritmo eletrônico e, ao encontrar a "Full Floyd Rig", constatou que ela causaria o impacto desejado no público e que a edição das imagens conseguiria ser sincronizada com o ritmo da música. A edição do vídeo foi realizada em dois dias com suporte de toda a equipe.
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Flores de Miriam é um videoclipe de três minutos e dezenove segundos de duração. O vídeo conta a história de duas mulheres que se entreolham em um café e se sentem mutuamente atraídas, esse evento desencadeia uma sequência de cenas confusas e desconexas que são a representação dos sentimentos e pensamentos de uma das personagens. Flores de Miriam tem a explícita intenção de mostrar-se aberto à interpretação do espectador. A produção teve influências da vanguarda underground e do cinema experimental. O objetivo era contar a sinopse sob uma perspectiva diferente, explorar a vanguarda underground e o cinema experimental e produzir um vídeo que, além de uma boa qualidade estética, causasse impacto no espectador. Por critério de identificação, a equipe se dividiu nas seguintes funções: roteirista e diretora; atrizes; câmera; editora. No momento da filmagem, realizada durante um dia inteiro, todas as integrantes colaboraram com a construção do vídeo que teve sua história moldada, inclusive, nas gravações. Os cenários utilizados foram um café, um prédio e ruas aos arredores desses locais. As cenas foram gravadas em um dia, tendo como características predominantes a câmera estabilizada, ausência de diálogos e utilização de recursos estéticos na edição. A música escolhida para este videoclipe foi "Full Floyd Rig" do dj Shadow Fx, pelo fato de ser uma música eletrônica com um tom psicodélico, reforçando, assim, o estranhamento ao público. A edição do vídeo foi realizada em dois dias com suporte de toda a equipe.
 
CONSIDERAÇÕES
Flores de Miriam conta sua história de uma forma inusitada e provocativa, seguindo a influência da vanguarda underground. A construção das cenas, os efeitos estéticos e a música causam a sensação de estranhamento, ansiedade e inquietude em quem assiste ao vídeo. A equipe acredita que a junção da música com a vanguarda underground, a história construída acerca da personagem Miriam e a ousadia na experimentação cinematográfica, conseguiram refletir os sentimentos e percepções da protagonista e alcançar uma boa qualidade no resultado estético do produto. Além disso, conseguiu cumprir com o objetivo de seguir as premissas da vanguarda e impactar o espectador. Este trabalho acadêmico possibilitou que as integrantes dessa equipe pudessem conhecer e explorar novas formas de trabalhar com produtos audiovisuais, além de proporcionar a oportunidade de construir sua própria narrativa cinematográfica. Este vídeo foi importante para as estudantes estimularem suas capacidades na execução de vídeos, uma vez que foi uma produção livre e colaborativa. Apesar de cada integrante ter assumido uma função, todas participaram de todas as etapas de construção do Flores de Miriam. O resultado foi muito satisfatório para as estudantes. Este videoclipe incentivou a equipe a produzir um curta-metragem, também se embasando na experimentação cinematográfica e com influências da vanguarda underground, principalmente no quesito estético.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS
ARAÚJO. Inácio. O mundo em movimento. 1ª Edição. São Paulo: Editora Scipione, 1995.਀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䴀䄀䌀䠀䄀䐀伀Ⰰ 䄀爀氀椀渀搀漀⸀ 䄀 愀爀琀攀 搀漀 瘀搀攀漀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀 㨀 䔀搀椀琀漀爀愀 䈀爀愀猀椀氀椀攀渀猀攀Ⰰ ㄀㤀㠀㠀⸀ ㈀㈀㔀瀀⸀

MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. 4ª edição. São Paulo: ENAC, 2005. 244p.਀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䴀䄀䌀䠀䄀䐀伀Ⰰ 䄀爀氀椀渀搀漀⸀ 䴀愀焀甀椀渀愀 攀 椀洀愀最椀渀爀椀漀㨀 漀 搀攀猀愀昀椀漀 搀愀猀 瀀漀琀椀挀愀猀 琀攀挀渀漀氀最椀挀愀猀⸀ ㈀ꨀ 攀搀椀漀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䔀搀椀琀漀爀愀 搀愀 唀渀椀瘀攀爀猀椀搀愀搀攀 搀攀 匀漀 倀愀甀氀漀Ⰰ㄀㤀㤀㘀⸀ ㌀㄀㌀瀀⸀

MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. São Paulo: Campinas, 2006. 403p. ਀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀