ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00980</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Coração Viajante</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Daniel Paulus (Universidade Comunitária da Região de Chapecó); Vanessa Cristiane Presotto (Universidade Comunitária da Região de Chapecó); Ilka Goldschmidt (Universidade Comunitária da Região de Chapecó)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;caminhoneira, documentário, preconceito, viagem, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário "Coração Viajante" é resultado do Projeto Experimental II (PEX) do curso de jornalismo da Unochapecó e tem o intuito de apresentar a história de quem passa parte da vida nas estradas. Para isso, o audiovisual traz um recorte desta realidade, ao mostrar a vida da caminhoneira Duda Nervis. O filme apresenta o dia-a- dia da personagem no trabalho e também retratar o que está por trás da "caminhoneira", desde os fatos que a fizeram chegar até tal posição, como também as dificuldades que enfrenta diariamente. Tudo é contado pela caminhoneira, seus amigos e familiares. Muito mais que apresentar uma história de vida que faz refletir, o documentário levanta o debate sobre o preconceito, uma vez que para chegar onde está, Duda teve que enfrentar e ainda enfrenta uma série de dificuldades, pelo fato de desempenhar uma profissão tipicamente masculina.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário Coração Viajante, com cerca de 35 minutos apresenta a realidade da vida de Duda Nervis, caminhoneira que, há mais de dez anos, resolveu pegar a estrada e se aventurar como caminhoneira. O audiovisual, que levou aproximadamente oito meses para a conclusão, desde o seu planejamento, processo de gravação, edição e divulgação, seguiu o seu planejamento inicial, feito no 1° semestre de 2016 durante a disciplina de Projeto Experimental I, porém, tiveram algumas interferências que alteraram as etapas planejadas, mas não prejudicaram o resultado final. Muito mais do que representar o cotidiano de Duda Nervis, conta uma história ímpar, única e com diversos momentos que provocam reflexão sobre a profissão. Acima de tudo, o documentário desmistifica questões relacionadas à capacidade da mulher para atuar em profissões tradicionalmente desempenhadas por homens através de relatos e cenas do cotidiano da caminhoneira, em casa, com a família e na estrada. O processo de gravação levou cerca de dois meses, desde a primeira entrevista até o último momento de captação de imagens, que foi a viagem de caminhão que acompanhamos. Um momento onde pudemos vivenciar um fragmento do cotidiano de Duda quando está na estrada. Para esta gravação, passamos mais de 24 horas com a caminhoneira, desde o momento da carga, na BRF Chapecó, até o momento da descarga, na BRF Concórdia. Inclusive, pernoitamos no pátio de um posto de combustíveis, prática habitual para Duda. No relatório apresentamos as principais etapas do processo de produção que nos fez percorrer cerca de 810 km. Falamos sobre os êxitos e mudanças necessárias com a apresentação de uma visão de estudantes que, acima de tudo, aprenderam muito com a produção do documentário. Trata-se de um relato verdadeiro de como o documentário foi concebido em seus diversos momentos de planejamento, gravação e também a sua edição que causou diversas incertezas em função da grande quantidade de material coletado.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo do trabalho foi retratar a vida da caminhoneira Duda Nervis para, a partir de um recorte, contribuir na desmistificação da existência de uma segmentação de sexos em determinadas ocupações de postos de trabalho. A intenção foi retratar de forma mais fiel possível a rotina diária da caminhoneira, para mostrar todos os desafios enfrentados cotidianamente. Neste aspecto é importante a forma de retratação audiovisual já que o documentário propõe trazer histórias sobre o mundo real, que ao contrário da ficção, é uma fantasia ou criação de algo. As narrativas são bem diferentes, mas elas podem acabar se misturando, para Ramos (2008, p.25) "o documentário caracteriza-se pela presença de procedimentos que o singularizam com relação ao campo ficcional". Lucena (2012) afirma que cineastas que vêm da área da ficção para o documentário contemporâneo, adotam um tratamento criativo da realidade nas produções e: Adotam uma linguagem documental mais subjetiva em seus filmes, recriando situações para complementar a ideia que pretendem apresentar, como no caso da representação ficcional que abre Serras da desordem (2006), de Andrea Tonacci, com objetivo de mostrar o massacre dos índios e representar o protagonista; da encenação teatral dos adolescentes diante da violência em Puberdade III (1997), de Aloysio Raulino; da encenação realista do mundo da favela em Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, filme de ficção que deve parte de seu sucesso à expressiva carga documental utilizada para reproduzir o ambiente de modo de vida da comunidade (LUCENA, 2012, p.12).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Inicialmente, é importante destacarmos que para o desenvolvimento deste trabalho, tivemos que, antes de qualquer escolha, optar pelo companheirismo e parceria. Optamos por desenvolver o trabalho em dupla, uma possibilidade oferecida para a produção do Projeto Experimental do curso de jornalismo da Unochapecó. Desde o primeiro semestre do curso, mesmo estudando em períodos distintos, nos tornamos muito amigos e esta amizade perdurou e cresceu a medida que o tempo passou. Desde o começo escolhemos pela produção de um documentário, que, segundo Ramos, "é uma narrativa com imagens-câmera que estabelece asserções sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa narrativa como asserção sobre o mundo" (RAMOS, 2008, p. 22). O documentário não é caracterizado como uma reprodução da realidade, caso fosse, definiriamos como cópia de algo que já existe. Por isso Nichols afirma que "documentário é uma reprodução da realidade, é uma representação do mundo em que vivemos [...] uma visão com a qual talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os aspectos do mundo nela representados nos sejam familiares" (NICHOLS, 2007, p.47). O tema para a produção ainda era desconhecido, sabíamos para qual mídia produzir, porém, desconhecíamos sobre o que falar. Foram inúmeras as ideias concebidas, para, finalmente chegarmos a uma decisão: contar a história de vida de Dilce Nervis, a Duda. O primeiro contato com a história da personagem foi feito pela Vanessa, durante o seu trabalho como produtora na RIC TV Chapecó, precisava de mulheres que desempenhassem funções tradicionalmente masculinas para uma reportagem em alusão ao "dia da mulher". Através de uma postagem no facebook, solicitava indicação de personagens, chegou até Duda Nervis. Isso, em março de 2016. Duda foi entrevistada e apresentou um pequeno recorte sobre a sua vida, para uma reportagem de televisão. Outras mulheres também foram entrevistadas e contaram a sua história, uma mestre de obras e uma árbitra completaram a reportagem. A história de Duda chamou bastante a atenção, e em complemento a sua auto-estima com a profissão também foi um ponto de destaque para o olhar da Vanessa. Enquanto estávamos em dúvida sobre o que abordar em nosso documentário, Camila Milani, que foi quem editou a matéria sobre a Duda, sugeriu que contássemos a história da caminhoneira. Logo, assistimos à reportagem juntos e dali veio a ideia: "vamos conversar com a Duda, conhecer melhor a vida dela e saber se ela topa ser nossa personagem". A partir daí, havia surgido a ideia do documentário. Bernard, diz que "É preciso encontrar um tema, entender suas histórias e ter certeza de que se está apresentando um ponto de vista equilibrado e preciso". (BERNARD, 2008, p. 115). Para dar forma à ideia é necessário que se faça uma imersão no tema, uma pesquisa aprofundada sobre o objeto que se pretende mostrar através do audiovisual. A pesquisa trata-se de uma busca detalhada sobre os personagens e o tema a ser abordado. Inicialmente, esta etapa ocorre, principalmente, através de buscas na internet, mas não pode se ater somente a isto. É preciso ir a campo e manter contato com os personagens, conhecer a sua realidade e o contexto no qual estão inseridos. Por isso, marcamos um café no Shopping Pátio Chapecó em um sábado do mês de abril. Neste momento, sentimos a vontade da Duda em ser personagem, em ter sua história contada, o que o documentarista Eduardo Coutinho chamava de "desejo criativo". Foi um momento de aproximação com a personagem, ouvimos-na e extraímos o máximo de informações sobre a sua vida, bem como os nomes das pessoas que fazem parte da história dela. Agora "futura personagem", Duda foi informada de que a execução do documentário aconteceria a partir do segundo semestre de 2016. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O documentário usa o modo expositivo e o modo observativo. O expositivo é talvez o mais popularizado até o momento. Isto se deve ao fato de ele ser usado frequentemente em noticiários de TV, que alcançam um grande público e fazem com que este reconheça com maior facilidade as características do expositivo. As principal característica é a voz over que narra e argumenta sobre o conjunto de imagens que aparecem no documentário, segundo Nichols, 2007,  O documentário expositivo é o modo ideal para transmitir informação ou mobilizar apoio dentro de uma estrutura preexistente. Este modo agrupa fragmentos do mundo histórico numa estrutura mais retórica ou argumentativa do que estética ou poética. O modo expositivo dirige-se ao expectador diretamente, com legendas ou vozes que propõesm uma perspectiva, expões, um argumento ou recontam a hitória. Os filmes desse modo adotam o comentário com voz de Deus, o orador é ouvido, mas jamais visto (...) (NICHOLS, 2007, p. 142). Já no modo observativo, a impressão que se tem ao assistir um documentário observativo é de que quem está por trás da câmera, pegou uma câmera na mão e saiu filmando, sem interferir nos acontecimentos. Ou seja, é uma captação de cenas cotidianos, como um mero espectador, sem interferir nas cenas e sem que haja uma narração. As imagens em si só, criam a narrativa. O modo observativo propõem uma série de considerações éticas que incluem o ato de observar os outros ocupando-se de seus afazeres. É esse ato voyeurístico em si mesmo ou vouyer de si mesmo? Ele coloca o espectador numa posição menos confortável do que no filme de ficção? Na ficção as cenas são arquitetadas para que vejamos e ouçamos tudo, ao passo que as cenas do documentário representam a experiência de pessoas reais que, por acaso, testemunhamos. Essa posição de ficar olhando  pelo buraco da fechadura pode ser desconfortável, se o prazer de olhar tiver prioridade sobre a oportunidade de reconhecer aquele que é visto e de interagir com ele (NICHOLS, 2007, p. 148). Exploramos o recurso da voz over pelo fato de termos registrado muitas situações, o que já estava previsto desde o desenvolvimento do projeto. Também, consideramos que usar este recurso para a narrativa, representaria de uma maneira mais fiel a realidade de vida da Duda, pois as falas seriam ilustradas. Lucena (2012) defende que no documentário  o ritmo é ditado pela fala, a câmera se localiza em um tempo/ espaço específico . (LUCENA, 2012, p. 14). O documentário propõe trazer histórias sobre o mundo real, que ao contrário da ficção, é uma fantasia ou criação de algo. As narrativas são bem diferentes, mas elas podem acabar se misturando, para Ramos (2008, p.25)  o documentário caracteriza-se pela presença de procedimentos que o singularizam com relação ao campo ficcional . Lucena (2012) afirma que cineastas que vêm da área da ficção para o documentário contemporâneo, adotam um tratamento criativo da realidade nas produções e: Adotam uma linguagem documental mais subjetiva em seus filmes, recriando situações para complementar a ideia que pretendem apresentar, como no caso da representação ficcional que abre Serras da desordem (2006), de Andrea Tonacci, com objetivo de mostrar o massacre dos índios e representar o protagonista; da encenação teatral dos adolescentes diante da violência em Puberdade III (1997), de Aloysio Raulino; da encenação realista do mundo da favela em Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, filme de ficção que deve parte de seu sucesso à expressiva carga documental utilizada para reproduzir o ambiente de modo de vida da comunidade (LUCENA, 2012, p.12). Sendo assim, todas as cenas que possuíamos para a montagem, tratavam-se de representações fiéis da rotina da caminhoneira, sem que houvesse nenhum elemento ficcional ou indução de algum ato. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A primeira entrevista aconteceu na tarde do dia 07 de setembro de 2016, com o melhor amigo de Duda, Anderson Massi, que já viveu diversos momentos com a caminhoneira e tem por ela um carinho de irmãos, retribuído por Duda, que o chama de  maninho . A segunda entrevista ocorreu na manhã do dia 10 de setembro, na casa da Viviane, melhor amiga de Duda, que mora em Chapecó, próximo à casa da caminhoneira. No mesmo dia, acompanhamos Duda em viagem de carro até a cidade de Aratiba-RS, onde reside sua mãe, que foi entrevistada. Na manhã do dia 24 de setembro, gravamos com a Jakelini, outra grande amiga de Duda, que também foi entrevistada em sua casa. O entrevistado seguinte foi o atual chefe de Duda, sr. Ivanor Momoli. Para esta entrevista, deslocamos-nos até a cidade de Xaxim-SC, no final da tarde do dia 26 de setembro. Durante todo o período de gravação estivemos alertas para o cronograma de viagens da Duda, pois, conforme o planejamento inicial, acompanharíamos uma viagem até Videira-SC e a programação de carga sai, geralmente, um dia antes da data de carga, ou seja, a qualquer momento poderíamos ser comunicados de que no dia seguinte ela viajaria. Da mesma forma, ficamos no aguardo para gravar a fala da Duda. A entrevista gravada com a caminhoneira, ocorreu no dia 01 de outubro. Já na semana iniciada em 02 de outubro, tínhamos a necessidade de acompanhar a viagem para encerrar as gravações e iniciar a edição. Mesmo com nosso pedido à empresa Momoli, para que agendassem uma viagem para Videira, não estávamos seguros de que ela aconteceria. Na segunda-feira, dia 03, Duda ficou sem viajar, porém recebeu a programação para o dia seguinte: iria para Concórdia. Nesse momento surgiu um grande impasse sobre irmos ou não nesta viagem, pois fugia de todo um planejamento que vinha desde o semestre anterior. Conversamos com nossa orientadora Ilka que sugeriu que aguardássemos. Entramos em discordância entre nós mesmos. Verificamos todas as possibilidade, pois poderia ser que na quarta ou na quinta-feira, a viagem para Videira acontecesse. Olhamos a previsão do tempo e indicava chuva. Resolvemos que iríamos para Concórdia, um trecho muito menor do que o planejado inicialmente, porém refletimos que aquilo não comprometeria o nosso documentário, pois de qualquer forma registraríamos uma viagem que faz parte da rotina da caminhoneira. Nosso único medo era que ela retornasse à Chapecó no mesmo dia sem pernoitar no caminhão. Desde o início do planejamento a ideia era passar uma noite fora para registrar e mostrar com maior fidelidade a rotina da Duda, já que ela dorme mais noites no caminhão do que em casa. A agenda do dia 04 de outubro era acordar cedo e acompanhar a Duda desde a sua saída de casa. A caminhoneira se antecipou e não conseguimos chegar a tempo em sua casa. Fomos então até a BRF Chapecó, onde ela pegaria o caminhão. A partir desse momento, por volta de 07h00, passamos a acompanhar o dia da Duda. Pós-Produção Iniciamos a construção do roteiro no dia 14 e finalizamos no dia 15 de outubro. No dia 18, iniciamos a edição. Segundo Puccini, o tratamento deve levar em consideração:  Quais as cenas que irão informar o conteúdo da história? Em que ordem elas aparecerão? [...] Além de auxiliar a montagem da estrutura [..] permite o roteirista uma visão mais distanciada de seu roteiro. É seu esqueleto de sustentação (PUCINNI, 2011, p.36) O roteiro de documentário apresenta uma cronologia da disposição de cenas e tomadas e de todo o composto audiovisual, idealizando no papel como será o resultado final. Conforme Lucena, 2012, p.39  Trata-se de uma história contada em imagens e traduzida em palavras . O roteiro não é definitivo e, conforme a evolução das gravações e amadurecimento da ideia do que se almeja, o  roteiros de documentário tendem a evoluir no curso da produção (BERNARD, 2008, p. 164). Lucena exemplifica uma forma eficaz de estruturar um roteiro: No começo do roteiro você deve expor o tema, fazendo com que uma expectativa seja criada. Definir um bom começo, com uma cena que indique muito bem o tema a ser tratado, é um ótimo caminho [...]. Tendemos a ser muito didáticos nas aberturas dos filmes, [...] não é necessário explicar tudo de uma vez, como nos filmes de ficção, deixe que a história vá se completando [...] O documentário deve fluir, com as informações aparecendo no momento adequado (LUCENA, 2012, p. 40-41). Certamente o processo de edição requer uma grande atenção e é um fator determinante para a qualidade do documentário. Acompanhamos todas as etapas da edição, que em diversos momentos nos deixou em dúvida, devido à quantidade de imagens que possuíamos. Durante o processo de edição, quando um de nós não podia estar presente, o outro dava as orientações de edição sozinho. Dessa forma conseguimos concluir a edição no dia 27 de outubro de 2016, um dia antes da entrega final para avaliação. A etapa de montagem e edição do documentário é o momento em que o autor alcança o controle do espaço de representação do filme. Puccini diz que  aqui já não importa o estilo do documentário, toda a montagem implica um trabalho de roteirização que orienta a ordenação das sequências, define o texto do filme, dando forma final ao seu discurso (PUCCINI, 2001, p.93) . O roteiro é marcado pelas escolhas do documentarista, o qual define as imagens e as falas que serão usadas. Na edição que a estrutura e a história se reúnem e começam a andar juntas, para Bernard  diversas versões do filme podem ser cortadas antes de ser identificado o melhor ponto de ataque; você pode estar cortando tendo em vista um fim até perceber que, na verdade, o filme termina em um registro anterior e mais forte (BERNARD, 2008, p.199). Durante o processo de gravação já visualizamos que, de alguma forma teríamos dificuldade na hora da montagem do documentário, devido à abundância de material gravado, que passou de 20 horas de gravação. Desde o começo havíamos planejado que a viagem de caminhão seria o fio condutor de todo o documentário e por isso, toda a narrativa foi construída a partir da viagem. Há, portanto, uma multiplicidade de vozes, que formam a narrativa do documentário. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Todo o processo de produção deste documentário nos fez ver a complexidade que envolve uma produção audiovisual deste porte. Sabíamos desde o começo que não seria fácil, e apenas comprovamos o que já esperávamos. Apesar disso, ver o resultado é gratificante. No total, foram 8 meses de trabalho, para finalmente concluirmos o documentário. Durante esse período, algumas vezes nos vimos em verdadeiros apuros, sem saber como prosseguir, porém, jamais pensamos em desistir. Nos envolvemos e criamos uma verdadeira paixão pela história da Duda. Cada novidade que surgia durante o processo de produção, nos dava novo ânimo e nos empolgava cada vez mais. Talvez tenha sido esse amor que fez com que não medíssemos esforços para a conclusão do documentário. A viagem de caminhão, na qual sentimos na pele um fragmento do dia-a-dia da Duda, foi de grande valia e importantíssimo, inclusive para nossa formação ética, pois nos mostrou uma realidade adversa da que vivemos, onde estamos acostumados a passar a noite em nossas casas, nossas camas, ter a nossa privacidade. Certamente o documentário  Coração Viajante apresenta um panorama do dia-a-dia de uma caminhoneira. Tentamos, enquanto diretores, por vivenciar todas as situações retratadas no documentário, apresentar da forma mais fiel possível a realidade, porém, sabemos que essa vivência na qual fomos introduzidos, nos deu suporte e um olhar que foi determinante no processo de edição. Enfim, conseguimos compreender a complexidade envolvida por trás da produção de um documentário e faríamos tudo novamente, pois nada vale mais do que ter uma história em potencial para contar. Nós tínhamos uma grande história e a contamos no documentário  Coração Viajante . </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BERNARD, Sheila Curran. Documentário: Técnicas para uma produção de alto impacto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. <br><br>LUCENA, Luiz Carlos. Como fazer documentários: Conceito, linguagem e prática de produção. São Paulo: Summus, 2012.<br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2005. <br><br>PUCCINI, Sérgio. Roteiro de documentário: Da pré-produção à pós produção. Campinas  SP: Papirus, 2009. <br><br> </td></tr></table></body></html>