ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01032</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Júlia N  o ícone de uma geração</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;João Vitor Pereira Depine (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); Anuschka Reichmann Lemos (Universidade Tecnológica Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;cinema, ficcção, indústria cultural, música, roteiro</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Júlia Na  O Ícone de Uma Geração é um roteiro de ficção de comédia produzido por um aluno do curso de Comunicação Organizacional da UTFPR, campus Curitiba. A narrativa, em formato de falso-documentário, acompanha um dia da cantora excêntrica Júlia Na. Pretende-se discutir questões sobre movimentos de contracultura, indústria cultural e do entretenimento. O roteiro poderá, posteriormente, ser utilizado na produção de um curta metragem de audiovisual.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Júlia Na - O Ícone de Uma Geração é um roteiro original de um curta metragem do gênero de falso-documentário de comédia. Foi desenvolvido, individualmente, como uma atividade para a disciplina semestral de Audiovisual do 6º período do curso de Comunicação Organizacional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. Durante a disciplina foram realizados projetos audiovisuais que entre os produtos produzidos, foi elaborado o roteiro original aqui apresentado. Tais projetos contribuíram para o desenvolvimento de técnicas de fotografia, montagem, edição e roteiro, foram produzidos quatro videoclipes com propostas completamente distintas entre si, cada um com foco em uma técnica diferente. Após essas experiências, foi desenvolvido a história e o roteiro deste projeto. A história gira em torno de Júlia Na, uma cantora excêntrica e reclusa, que permite que uma equipe de gravação acompanhe o dia de gravação da última música do seu primeiro álbum e o seu processo criativo. Através de depoimentos de críticos, familiares, fãs e amigos, conhecemos mais sobre a trajetória da cantora, a sua importância no meio musical e o seu impacto na cultura. A personagem principal lida com a sua carreira de uma maneira peculiar e pouco convencional, faz de tudo para se manter fora da mídia e da internet. Ela é uma representação cômica e exagerada de um grupo social conhecido como hipsters. A artista tem uma  antissocial mídia , que é responsável por retirar da internet qualquer vídeo, áudio ou imagem dela e de suas músicas. Para o desenvolvimento do roteiro foram utilizadas referências teóricas, como Syd Field, Theodor Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin, e referências cinematográficas, como os filmes This is Spinal Tap (1984), What We Do in the Shadows (2014), Hunt for the Wilderpeople (2016) e séries como The Office (2001 - 2003). O roteiro foi escrito após o estudo e análise dessas referências.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A linguagem de documentário utilizado no roteiro tem como objetivo auxiliar na construção do humor. Uma vez que essa linguagem tem o compromisso com a realidade, ela ajuda a evidenciar certos absurdos da realidade e ridicularizar alguns comportamentos de grupos sociais nas cenas e situações criadas. A narrativa pretende ser mais do que uma simples paródia de documentários ou de um estilo de vida, pretende-se abordar questionamentos sobre movimentos de contracultura e dos conceitos de indústria cultural e do entretenimento propostas por Adorno e Horkheimer. Cada personagem tem um aspecto das questões que pretendem ser abordadas. As personagens criadas servem como exemplos e personificações de certos movimentos e sistemas culturais. Através da paródia e da sátira, tem como objetivo explicitar certos comportamentos, como a busca em manter uma aura artística e de encontrar formas autênticas de consumo de produtos culturais. Por ser um roteiro de curta-metragem, as questões levantadas não poderão ser aprofundadas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto em si é uma sátira da chamada cultura hipster, que é definida por Zeynep Arsel , em uma entrevista à Revista Superinteressante em 2011, como sendo um grupo social que busca experiências autênticas e tem aversão a cultura comercial dominante. São um grupo conhecido por consumir aquilo que não foi massificado, o que é desconhecido pelo grande público.  Eles veem a cultura mainstream como algo homogeneizante e comercial demais e, portanto, querem fugir dela para buscar experiências mais  autênticas  [Arsel, 2011]. Na narrativa, a cantora Júlia Na se esforça para manter as suas músicas autênticas e não populares, chegando ao ponto de não gravar uma composição para não perder a sua essência e a contratar uma especialista que a mantém de fora da mídia. Os fãs da cantora têm acesso a poucas informações sobre ela, isso faz com que se interessem ainda mais pelo seu trabalho, pois a Júlia Na não faz parte da cultura mainstream e representa os ideais desse grupo. Segundo Arsel [2011],  ter interesses mais esotéricos se torna uma salvação cultural para eles [os hipsters], bem como uma fonte de diferenciação simbólica desta corrente comercial . A Júlia Na seria essa salvação da cultura mainstream. Entretanto, a personagem contradiz o seu próprio discurso ao permitir que seja feito um documentário sobre ela e ao ser contratada por uma grande gravadora passa a fazer parte da cultura mainstream. Essa contradição da personagem está presente no movimento hipster, que acabou incorporado pela cultura de massa,  como uma categoria cultural, porém, os hipsters perderam sua precisão, porque a mitologia que a alimenta foi excessivamente usada e contaminada [Arsel, 2011]. A Júlia Na acredita na existência de uma aura artística e de que ela se perde quando gravada ou reproduzida em massa. A sua visão de arte é uma versão exagerada e parodiada de conceitos levantados por Walter Benjamin em seu ensaio  A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica . A aura  é uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja [Benjamin, 1955, p. 3]. Júlia acredita nesse conceito, de que a arte possui essa singularidade no tempo e espaço, é algo único. A reprodução técnica da arte faz com que a aura seja perdida, ela é desprendida de sua singularidade,  mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra [Benjamin, 1955, p. 2], a Júlia, ao não querer gravar uma composição própria, tenta evitar com que essa aura se perca. Entretanto, ela acaba sendo absorvida pela indústria musical ao assinar um contrato com uma gravadora, passa a ser parte da indústria cultural. A indústria cultural é um termo cunhado Max Horkheimer e Theodor Adorno, designado para se referir a forma com que as produções culturais são produzidas e consumidas, que é a partir de uma lógica de produção capitalista com finalidade do lucro. A empresária de Júlia e o representante da gravadora, querem lucrar com a sua música, fazem o papel da tal indústria cultural. Júlia teme que isso faça com que a aura do seu trabalho seja perdida. A empresária tenta tornar as músicas mais acessíveis ao público, fazendo o movimento da indústria cultural de padronizar as produções, na indústria cultural  tudo o que surge é submetido a um estigma tão profundo que, por fim, nada aparece que já não traga antecipadamente as marcas do jargão sabido, e não se demonstre, à primeira vista, aprovado e reconhecido.  [Adorno, 2002, p. 11].</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para o desenvolvimento do roteiro, foram usadas as estruturas apresentadas por Syd Field em  Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico , que é uma das principais obras do gênero publicadas no Brasil. A obra possui uma linguagem de fácil compreensão, boa didática e que utiliza diversos exemplos de produções cinematográficas. O roteiro é, segundo Syd Field [2001, p. 11-12],  uma história contada em imagens, diálogos e descrições, localizada no contexto da estrutura dramática . É um guia que deve ser seguido durante a produção cinematográfica, nele estão contidos o enredo, as personagens, suas ações, os atos da história, etc.  O roteiro é como um substantivo  é sobre uma pessoa, ou pessoas, num lugar, ou lugares, vivendo sua  coisa  [Field, 2001, p. 12]. O roteiro aqui apresentado é sobre uma pessoa, a cantora Júlia Na, vivendo um dia do seu cotidiano. O autor apresenta uma estrutura dramática do roteiro, que  [sic] pode ser definida como uma organização linear de incidentes, episódios ou eventos interrelacionados que conduzem a uma resolução dramática [Field, 2001, p. 17]. Para ele, o roteiro pode ser dividido em três grandes partes, ou atos. Por ser um curta-metragem, a duração destes atos foi reduzida. O Ato I é o início,  é uma unidade de ação dramática com aproximadamente trinta páginas e é mantido coeso dentro do contexto dramático conhecido como apresentação [Field, 2001, p. 13]. No Ato I são apresentadas as personagens principais e suas motivações, os conceitos e a premissa da história. É onde a Júlia Na é apresentada e conhecemos, através dos depoimentos do crítico e dos familiares, quem ela é, o que faz e quais são as suas motivações. No Ato II há a confrontação, segundo o autor, é onde o personagem principal do roteiro enfrenta os diversos obstáculos que o impedem de alcançar seu objetivo, são os conflitos que o personagem deve ultrapassar. É quando Júlia Na tem que gravar a última música e também convencer a empresária e a gravadora de que ela pode ser usada no álbum. No Ato III é onde há a resolução do conflito e a história é resolvida, não o seu encerramento, é o processo que leva ao fim. É a reunião de Júlia com a gravadora e o seu primeiro show da turnê. O roteiro, como foi dito anteriormente, é sobre uma pessoa, um personagem. Conhecer o personagem  é o fundamento essencial de seu roteiro. E o coração, alma e sistema nervoso de sua história [Field, 2001, p. 27]. Devido ao tamanho do projeto e do período em que foi desenvolvido, as personagens não foram muito aprofundadas como é proposto por Field, para suprir essa falta de profundidade, elas foram baseadas em personagens de outros filmes e séries. A Júlia Na teve duas principais inspirações, o cantor Teco Martins e o personagem Jeff Lebowski (Jeff Bridges) do filme The Big Lebowski (1998), dos irmãos Joel e Ethan Coen. Jeff Lebowski é uma pessoa desapegada que se deixa levar pela vida, é preguiçoso e passa o dia em casa fumando maconha e usando ácido. A criação da Júlia foi inspirada no conceito de jovens da Geração X, ou a Slacker Generation, que são aqueles que nasceram nos Estados Unidos entre a década de 60 e 80, são marcados por uma falta de identidade, são anti-materialistas, despretensiosas, apáticas e que não tentavam se encaixar em padrões de beleza. Essa expressão ficou conhecida por ser usada para definir os jovens da década de 90. A Júlia sempre usa roupas brancas, geralmente são vestidos longos, costuma usar muitos adereços, como colares e pulseiras, todos artesanais. Fala com calma e pausadamente, tem um olhar tranquilo e sereno, é desapegada de bens materiais e está sempre tranquila, independentemente da situação. A  antissocial mídia da Júlia Na, a Margot Assunção, é uma jovem introvertida que não gosta de contato físico, fica paralisada quando é abraçada, se sente incomodada com a equipe de filmagem e tenta não olhar para a câmera, não sabe se deve olhar para a câmera ou para a Júlia. É irônica e sarcástica, suas falas têm um tom de deboche. A sua personalidade foi inspirada na personagem April Ludgate (Aubrey Plaza) de Parks and Recreation (2009 - 2015), ela é apática, quase não se mexe quando está em cena e é irônica o tempo todo, é difícil saber quando a personagem está sendo irônica e quando não está. A empresária, Victória Cristina, é a que mais destoa do perfil das personagens da narrativa, é séria e não faz piadas. Aparenta ser esnobe e fala com a Júlia como se ela fosse uma criança, sempre usando algum apelido carinhoso e falando pausadamente. Não faz muito contato visual com as pessoas e geralmente mexe no celular enquanto está conversando. Foi inspirada na personagem Miranda Priestly (Meryl Streep) de The Devil Wears Prada (2006), dirigido por David Frankel, que tem uma atitude esnobe e não aparenta prestar atenção nas pessoas a sua volta. Foi escolhido a estrutura de falso-documentário como uma aliada ao estilo de humor das personagens da história. O humor das cenas vem da estranheza com a realidade, ela é apresentada com um tom de exagero e absurdo. Segundo Jane Roscoe e Craig Hight [2001, p. 6],  O documentário mantém uma posição privilegiada dentro da sociedade, uma posição mantida por uma alegação documental de que ela pode apresentar a mais precisa e verdadeira representação do mundo sócio histórico e o falso documentário  procura zombar dos princípios centrais do documentário clássico; em particular, das crenças na ciência (e dos peritos científicos) e da integridade essencial da imagem referencial [Roscoe e Hight, 2001, p. 8]. O falso-documentário usa a estrutura documental para apresentar uma versão ficcional da realidade, se utiliza do seu suposto comprometimento com a verdade para desafiar a noção de realidade do espectador. Para Luís Nogueira[2010], a comédia tende a ressaltar as fragilidades dos seres humanos e pode  ir da cumplicidade à iconoclastia, da ridicularização ao embaraço, uma pretensão existe sempre: a interpelação do espectador, invertendo as suas convicções, as suas expectativas e as suas crenças [Nogueira, 2010, p. 22]. A estrutura documental apresenta a narrativa como sendo real, um recorte da realidade, e as ações dos personagens desafiam essa realidade, gerando assim humor. A narrativa é uma paródia de comportamentos e de documentários musicais, segundo Nogueira[2010, p. 21],  [a paródia] consiste em tomar uma situação ou personagem para desvelar as suas contradições a partir das próprias premissas , a narrativa desenvolvida parte da premissa de ser um documentário mas acaba não sendo um reflexo da realidade, quebra com o que é esperado de um documentário tradicional. Em termos de discursivos, Nogueira[2010] identifica vários recursos que são utilizados em narrativas de humor. Em uma narrativa podem ser usadas mais de uma estratégia. São eles: o exagero, o equívoco, o absurdo, o insólito, o escatológico, o anacrónico, o agravamento, o recrudescimento, a descontextualização e o imprevisto. Para o roteiro foram utilizados os recursos do exagero e do absurdo. O exagero é na qual a  lógica da hipérbole e tende a despertar no espectador uma sensação de incredulidade [Nogueira, 2010, p. 20], é quando o personagem faz algo que desafia a lógica do senso comum, com o que estamos acostumados a ver no mundo real. O absurdo é o humor nonsense,  o qual tende a acentuar a vulnerabilidade da lógica causal dos acontecimentos [Nogueira, 2010, p. 20].</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ideia inicial surgiu após uma experiência pessoal durante um show do cantor Teco Martins. Esse cantor costuma fazer uma turnê de shows gratuitos em parques na região sul do Brasil, os custos são pagos com contribuições voluntárias de fãs e da venda de cds e materiais da banda em que era líder, a Rancore. Este show, em específico, aconteceu na praça próxima ao Museu do Olho em Curitiba. Não conhecia o artista, fui a convite de amigos que eram fãs, não sabia o que esperar. Um pouco antes de iniciar o show, o Teco sentou próximo de onde eu estava e começou a bater com um pedaço de madeira pequena em uma tigela de ferro, isso produzia um som, ele e algumas pessoas a sua volta fecharam os olhos e passaram a balançar a cabeça devagar. Em um primeiro momento isso gerou uma certa estranheza, mas percebi que aquele som era agradável e transmitia uma sensação de calma. O show foi feito sem ajuda de amplificadores, apenas voz e violão, o que, segundo o músico, aproximava o público das músicas e aprimorava as sensações. As pessoas estavam ali não somente pela música, mas sim pela sensação, pela aura do artista. Do show e da experiência veio a ideia de uma cantora que não cantasse, que transmitisse sensações através dos instrumentos musicais, esse foi o início da construção da Júlia Na. Para o desenvolvimento da história e personagens foram utilizadas diversas referências de filmes e séries, de diferentes gêneros. As principais referências foram de séries e filmes que usam a estrutura de falso-documentário. A inspiração mais direta é o falso-documentário This is Spinal Tap (1984), do diretor Rob Reiner. O filme acompanha uma banda britânica fictícia de heavy metal, chamada Spinal Tap, durante uma turnê nos Estados Unidos e é uma sátira dos documentários de bandas de rock e da indústria musical. This is Spinal Tap é um dos filmes mais importantes do gênero e em 2002 foi selecionado para ser preservado no Registro Nacional de Filmes dos Estados Unidos, por ser considerado culturalmente, historicamente e esteticamente significante. O filme  brinca com a atitude reverente de documentários de rock como Let it Be (1970) e A última valsa (1978) e chama a atenção para as pretensões e os absurdos dos shows de rock apresentados em estádios[...] [Kemp, 2011, p 404]. O falso-documentário é composto por várias entrevistas com a banda, fãs e críticos, além de imagens dos bastidores dos shows, o primeiro ato do filme usa esses recursos para confundir a audiência, que acreditava que a banda era real. Como o desenrolar da narrativa, as situações passam a ser cada vez mais cômicas e menos pautadas na realidade. Apesar de o projeto ser próxima da proposta de This is Spinal Tap, a principal referência usada na hora da elaboração do roteiro foi os trabalhos do diretor, roteirista e ator Taika Waititi. Foram usadas três produções dele como referência, os falsos-documentários What We Do in the Shadows (2014) e Team Thor (2016-2017) e o filme Hunt for the Wilderpeople (2016). Essas produções do Taika Waititi têm em comum o uso do humor exagerado e nonsense com personagens caricatos dentro de um ambiente sério. O filme What We Do in the Shadows, que é co-escrito e co-dirigido por Jemaine Clement, é um falso-documentário de comédia e horror. Nele acompanhamos quatro vampiros que dividem uma casa em uma pequena cidade da Nova Zelândia nos tempos atuais, cada um deles é um arquétipo diferente de vampiro. O humor do filme vem da excentricidade e das idiossincrasias dos vampiros contrastada com a seriedade das situações e do mundo em sua volta. O filme foi baseado em um curta de mesmo nome e temática que os diretores produziram em 2009, o curta, de aproximadamente 30 minutos, acompanha o dia de três vampiros que dividem uma casa, os personagens foram aproveitados no filme de 2014. Em Hunt for Wilderpeople, Waititi usa o seu característico humor de exagero e absurdo nas situações em que os personagens se envolvem. No filme, uma criança e seu tio adotivo passam um breve período isolados na floresta, são dados como desaparecidos e ao tentar explicar o que aconteceu para um grupo de pessoas acabam sendo considerados fugitivos. Um mal-entendido gera uma caçada aos dois liderada por uma assistente social. O que começou como um pequeno passeio termina com uma perseguição de carros, envolvendo o exército, em uma pradaria deserta. O diretor revisitou o estilo de falso-documentário nos vídeos de Team Thor, que são parte da campanha de divulgação do filme Thor: Ragnarok (2017), que é dirigido por Waititi. Os vídeos acompanham o personagem Thor, um deus nórdico, durante um período de férias na Austrália em que divide uma casa com um mortal. O diretor explora a mesma forma de humor usado em What We Do in the Shadows, onde um personagem excêntrico convive com um ambiente e pessoas sérias. O formato de falso-documentário é usado também em séries de televisão, um dos popularizadores do formato na televisão e referência para o roteiro é a série inglesa The Office (2001-2003), criada por Ricky Gervais e Stephen Merchant. A série acompanha o dia a dia de um escritório de uma fábrica de papel em uma pequena cidade da Inglaterra e a relação entre os funcionários. O chefe do escritório, David Brent (Ricky Gervais), é extremamente egocêntrico, se considera uma pessoa muito engraçada e constantemente tenta se intrometer na vida pessoal dos funcionários com conselhos questionáveis. A série é conhecida pelo humor nonsense e sarcástico, em vários momentos os personagens mais sérios se sentem desconfortáveis e constrangidos com as piadas, comentários e ações dos mais excêntricos e caricatos. Em vários momentos os personagens olham para a câmera constrangidos com a situação. A série teve apenas duas temporadas e ganhou uma refilmagem nos Estados Unidos que foi ao ar de 2005 até 2013. Ela influenciou outras séries de sucesso, no mesmo modelo de falso-documentário. Essas referências serviram como base para o humor e estrutura do roteiro, ajudou a definir o tom da história. Após definido a estrutura e humor, foram criadas as três personagens principais, para isso foi necessária uma outra busca por referência, desta vez uma referência de personagem. Esse processo foi descrito anteriormente no tópico  Métodos e Técnicas utilizadas .</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O roteiro já foi finalizado e preparado para ser filmado, o próximo passo do projeto é iniciar a produção do curta-metragem. A experiência adquirida na produção de videoclipes e vídeos institucionais, assim como um roteiro bem estruturado, garantem a sua viabilidade. O roteiro desenvolvido pode, posteriormente, ser expandido para um roteiro de longa-metragem, pois foi escrito como sendo um primeiro ato e uma história fechada em si. As personagens criadas têm profundidade necessária para serem usadas em uma narrativa maior. A narrativa pode seguir diferentes caminhos após fim apresentado neste roteiro, Júlia pode sucumbir a indústria cultural e se tornar uma artista mainstream ou entrar em uma espiral autodestrutiva de culpa por se sentir vendida para o mercado fonográfico. As possibilidades são muitas e variadas. Assim como em This is Spinal Tap, a narrativa pode passar a acompanhar a turnê de divulgação do álbum de Júlia e os conflitos com Margot e Victória. A cantora pode, assim como fez o cantor Belchior, sumir em meio a turnê e viver isolado, a narrativa se tornaria a busca por ela. O sucesso pode fazer com que ela perca a sanidade, assim como aconteceu com Frank (Michael Fassbender) em Frank (2014), dirigido por Lenny Abrahamson, que ao descobrir que era famoso, passou a ter seus problemas psicológicos agravados, chegando ao ponto de fugir de suas responsabilidades e abandonar a carreira musical por um tempo. A empresária de Júlia pode se tornar uma antagonista de fato ao tentar transformá-la em uma artista popular e mainstream, cumprindo o papel da indústria cultural e descaracterizando a essência da arte de Júlia. O referencial teórico, cinematográfico, visual e de personagens utilizados no desenvolvimento do roteiro, fornecem embasamento suficiente para a continuar com a narrativa e aprofundar as motivações e personalidade dos personagens.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ROSCOE, Jane; HIGHT, Craig. Faking it mock-documentary and the subversion of factuality. Manchester, Inglaterra: Manchester University Press, 2001.<br><br>ARSEL, Zey. O que querem os hipsters? (CONTEÚDO EXTRA). Revista Superinteressante. 2011. Entrevista concedida para a redação. Disponível em <http://super.abril.com.br/cultura/o-que-querem-os-hipsters-conteudo-extra/> Acesso em: 17/04/2017<br><br>FIELD, Syd. Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. 14 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.<br><br>NOGUEIRA, Luís. Manuais de cinema II: géneros cinematográficos. Covilhã, Portugal: LabCom Books, 2010.<br><br>BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. 1955. Disponível em <http://www.mariosantiago.net/textos%20em%20pdf/a%20obra%20de%20arte%20na%20era%20da%20sua%20reprodutibilidade%20t%C3%A9cnica.pdf> Acessado em: 17/04/2017.<br><br>ADORNO, Theodor. Indústria cultura e sociedade. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.<br><br>KEMP, Philip. Tudo sobre cinema. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.<br><br>This is spinal tap. Direção: Rob Reiner, Produção: Karen Murphy. EUA: Embassy Pictures. 1984.<br><br>What we do in the shadows. Direção: Jemaine Clement e Taika Waititi, Produção: Taika Waititi, Chelsea Winstanley e Emanuel Michael. Richmond, Nova Zelândia: Madman Entertainment. 2014.<br><br>Hunt for the Wilderpeople. Direção: Taika Waititi, Produção: Carthew Neal Matt Noonan Leanne Saunders Taika Waititi. Nova Zelândia: Defender Films, Piki Films e Curious. 2016.<br><br>Frank. Direção: Lenny Abrahamson. Produção: David Barron, Ed Guiney e Stevie Lee. EUA: Film4, Irish Film Board, Element Pictures e Runaway Fridge Films. 2014.<br><br>Thor: Ragnarok. Direção: Taika Waititi. Produção: Kevin Feige. EUA: Marvel Studios, 2017.<br><br>Team Thor. Direção: Taika Waititi. Produção: Kevin Feige. EUA: Marvel Studios, 2016-2017.<br><br>The Office. Criação: Ricky Gervais e Stephen Merchant. Produção: Ash Atalla. Inglaterra: Capital United Nations Entertainment e The Identity Company. 2001-2003.<br><br>Parks and Recreation. Criação: Greg Daniels e Michael Schur. Produção: Morgan Sackett e Amy Poehler. EUA: Deedle-Dee Productions, Fremulon, Schur Films, Polka Dot Pictures, 3 Arts Entertainment, Universal Media Studios, Universal Television e Open 4 Business Productions. 2009-2015.<br><br>The Devil Wears Prada. Direção: David Frankel. Produção: Wendy Finerman. EUA: Fox 2000 Pictures. 2006.<br><br> </td></tr></table></body></html>