ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01581</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Conscientização de jovens quanto a relacionamentos abusivos e igualdade de gênero</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luiza Budke Franken (Universidade Federal de Santa Maria); Laisy Borges Rocha (Universidade Federal de Santa Maria); Letícia de Mello Padoin (Universidade Federal de Santa Maria); Natália Corrêa Ferreira (Universidade Federal de Santa Maria); Juliana Petermann (Universidade Federal de Santa Maria)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;relacionamento abusivo, igualdade de gênero, adolescência, comunicação, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A realização desse projeto consistiu em envolver adolescentes, de idade entre 14 a 18 anos, da cidade de Santa Maria  RS, em atividades que trataram sobre relacionamentos no geral, dando foco ao abuso autoritário que pode surgir dessas relações, assunto que é de extrema importância ser debatido nessa faixa etária já que compreende os primeiros contatos com relacionamentos afetivos por parte dos jovens. O propósito dessas atividades foi apresentar a temática de forma clara e descontraída, apontando determinados tópicos como "O que é relacionamento abusivo? Como se dá? Quais as consequências? Como lidar?", prezando sempre a harmonia na realização das atividades previstas e o conforto dos alunos ao participarem e expressarem-se nas mesmas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ideia do projeto surgiu da noção de que a problemática de abuso nos relacionamentos é um aspecto naturalizado pela sociedade e, por consequência, pela mídia. Agressões físicas e verbais são justificadas por ciúmes descontrolado e perseguições são sustentadas pela ideia de "amor demais". Nós, como estudantes de Comunicação Social, mais especificamente de Publicidade e Propaganda, sabemos a capacidade que a mídia tem de formar opinião e influenciar o imaginário social. Tendo esse contexto, o objetivo desse projeto foi instigar nos jovens a reflexão sobre os reais motivos - não romantizados - que existem por trás dos abusos em relacionamentos e os danos que essas atitudes podem causar, para assim auxiliar esses jovens a encarar de forma saudável suas relações sociais.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Determinamos como principal objetivo do projeto a compreensão de comunidades adolescentes sobre relacionamentos abusivos, por meio de atividades didáticas e de cunho informativo, com prioridade para o empoderamento de meninas e a conscientização de meninos. Para tanto, definimos o diálogo e a informação como formas centrais para promover a comoção e a conscientização, a fim de apoiar o desenvolvimento de percepção e empatia sobre relacionamentos com abusos verbais, físicos, emocionais ou psicológicos. Por fim, entendemos que somente a exposição das causas e efeitos do abuso no relacionamento não daria conta da minimização da problemática. Sendo assim, foi de extrema importância para a efetivação do projeto o apontamento de soluções para as possíveis vítimas de relacionamentos abusivos e convicção para os possíveis abusadores.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A presente proposta busca informar adolescentes sobre a diferenciação entre relacionamentos saudáveis e não saudáveis, pois, ao conscientizá-los, estaremos promovendo a empatia e a emancipação de jovens vítimas desses relacionamentos, melhorando sua qualidade de vida quanto às relações afetivas e evitando os efeitos de uma relação autoritária. Mesmo que saibamos que a problemática de sofrer abuso no relacionamento seja mais presente na experiência feminina, entendemos ser importante trabalhar a temática de relacionamento abusivo tanto com meninas como com meninos. Assim, nos é útil o conceito de gênero: O termo "gênero", além de um substituto para o termo mulheres, é também utilizado para sugerir que qualquer informação sobre as mulheres é necessariamente informação sobre os homens, que um implica o estudo do outro. Essa utilização enfatiza que o mundo das mulheres faz parte do mundo dos homens, que ele é criado nesse e por esse mundo masculino. Esse uso rejeita a validade interpretativa da ideia de esferas separadas e sustenta que estudar as mulheres de maneira isolada perpetua o mito de que uma esfera, a experiência de um sexo, tenha muito pouco ou nada a ver com o outro sexo (SCOTT, 1995, p. 75). Pesquisas realizadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano mostram que, aproximadamente, 1,5 milhão de estudantes nos Estados Unidos já sofreram abuso físico de seus parceiros, também, um entre dez estudantes de Ensino Médio já foram propositalmente agredidos por seu namorado ou namorada (CDCP, 2006). A partir desses dados, é de veemente relevância introduzir essa temática no cotidiano dos jovens, visto que o comportamento agressivo geralmente tem início entre as idades de 12 a 18 anos, segundo Rosado (2000). As consequências dessas ações na adolescência podem colocar as vítimas em alto risco de abuso de substâncias inapropriadas, transtornos alimentares, e, também, podem prejudicar o comportamento sexual e gerar violência doméstica. Através de uma pesquisa realizada pela Corporação Liz Claiborne (2005), sabe-se que apenas 33% dos jovens que estiveram nessas situações contaram a alguém sobre o abuso, isso porque muitos deles não sabem dizer se a situação pode ser considerada um problema ou não. Desse modo, consideramos a realização de um projeto dessa natureza imprescindível, pois, além do contexto já apresentado, também trata de questões muito atuais como o empoderamento feminino e o crescimento dos debates sobre questões sociais através do acesso cada vez mais democratizado à informação por meio da internet.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esse projeto tem como fundamentação teórica os princípios da Educomunicação, a partir de autores como Cicilia Peruzzo (1998), Geneviève Jacquinot (1998) e Ismar de Oliveira Soares (1999). Nós, como estudantes de Comunicação Social, visamos à educação baseada em informação, idealizando uma a sociedade formada por cidadãos informados e conscientes. Portanto, coube a nós, realizadoras, levar o conteúdo da temática do projeto aos alunos de escolas periféricas que, muitas vezes, não possuem a referência necessária para obterem conhecimentos sobre determinadas áreas. O assunto foi tratado dentro da escola, instituição responsável não só pela educação, mas pelo âmbito social e político (JACQUINOT, 1998). Dado isso é que trabalhamos a nossa metodologia para formar participantes críticos, colocando em questão uma temática que desafia atitudes naturalizadas em nossa sociedade. Colocamos isso em relevância, pois atitudes abusivas estão presentes em filmes, novelas e demais produtos midiáticos que estão representando essas ações como naturais, mascarando-as como ciúmes e/ou amor demais. Esse tipo de representação não é novidade, tanto é que crescemos tendo essas atitudes como "normais", sem nem as questionar. Soares (2000, p. 8) expõe esse contexto quando o relacionamos com os alunos: [...] Não há escolha, e queiramos ou não, os alunos hoje aprendem coisas dos meios, mesmo que seja de uma forma que escapa de pedagogos e pais. A casa não é mais o "lar", não é mais o lugar que permite conservar as crianças ao abrigo do mundo exterior mais do que a sala de aula. [...] A escola e os meios têm pontos em comum e o que se aprende na escola pode ajudar a compreender os meios e vice-versa. Também, tendo em vista que nos portaríamos como fornecedoras de informação e que coordenaríamos as atividades, nos guiamos pelos conceitos de "educomunicador" de Jacquinot (1998, p.1), em que colocamos uma situação de aprendizado bilateral, realizada como uma construção de significado, nos direcionando para uma interação orgânica, em que todos pudessem sentir-se encaixados no assunto em questão e contribuíssem na troca de informação, que era prioridade para o desenvolvimento do projeto. Além de nos basearmos em autores que pudessem auxiliar em nossa metodologia, também procuramos quem nos guiasse quanto ao conteúdo do projeto. Encontramos todas as informações necessárias no site da Organização "loveisrespect"9, que conta com o apoio e artigos de diversos profissionais das áreas de psicologia, direito, entre outras. Exemplo de conteúdo que nos auxiliou foram os do relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDCP, 2006), que diz que Violência no namoro é definida como a violência física, sexual e psicológica. Em um estudo sobre opressão dentro de relacionamentos abusivos com estudantes do oitavo ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, entre 1994 e 1995, mostrou, a partir do décimo oitavo mês, um predomínio desses estudantes em opressões físicas e psicológicas de 12% e 20%, respectivamente. Tudo isso corrobora para o fato de que além do risco de agressão, e até morte, as vítimas de relacionamentos abusivos têm mais tendência a agir sexualmente de forma arriscada, a apresentar transtornos alimentares, usar drogas e ter pensamentos ou tentativas suicidas. Sofrer abuso durante a adolescência pode resultar no sofrimento de violência durante os relacionamentos da vida adulta, o que afeta comumente mulheres. A partir dessa carga teórica formada por pesquisas de autores influentes no assunto é que iniciamos o projeto. Organizado em três encontros, todos possuíam a finalidade de criar um ambiente harmônico, em que os alunos se sentissem à vontade para participar e tirar dúvidas, e que, dessa forma, o assunto em questão fluísse bem, tendo uma continuidade clara e aberta à críticas. &#61623; Primeiro dia: Foi realizada uma brincadeira denominada "Quem nunca?", em que selecionamos determinadas frases que apresentam comportamentos tidos como "normais" nos relacionamentos atuais, tais como "Quem nunca passou um tempão stalkeando o crush?", "Quem nunca pediu a senha das redes sociais?", etc. Aos alunos, foram entregues plaquinhas que estavam escrito frente e verso "Eu nunca" e "Eu já", como forma de eles responderem à brincadeira. Sentamos em círculo, e nós, realizadoras do projeto, também nos envolvemos na brincadeira, levantando as placas, com a intenção de que os alunos nos enxergassem como iguais, participantes e aprendizes do projeto. A linguagem utilizada nesse encontro foi bastante coloquial e jovial, utilizando diversas gírias atuais. O objetivo, portanto, foi introduzir "relacionamentos" em seu contexto geral e ter uma noção de como estava o conhecimento e a vivência dos alunos com relação à temática. &#61623; Segundo dia: Esse encontro foi focado em conteúdo. Esclarecemos que as perguntas da brincadeira do dia anterior eram, de certa forma, tendenciosas, e que caracterizavam atitudes presentes em relacionamentos abusivos, tocando no assunto "abusivo" pela primeira vez. Os alunos ficaram surpresos, se mostraram um pouco mais receosos em participar e levantar questões, mas prestaram bastante atenção no que foi dito. Apresentamos então as características e os tipos de abuso, mesclando com frases de motivação e apoio. Também foi apresentado um vídeo da youtuber "Jout Jout", em que trata o tema com descontração, facilitando o entendimento dos participantes sobre. O objetivo dessa conversa era que os alunos pudessem identificar o que é um relacionamento abusivo através de suas características e consequências. &#61623; Terceiro dia: Dando continuidade aos encontros anteriores, nesse dia indicamos formas de como sair dessa situação abusiva e/ou como ajudar alguém que está passando por isso. Logo após levantarmos a questão, distribuímos papéis em branco e pedimos para que eles escrevessem suas experiências, tanto as próprias quanto as de alguém conhecido, ou que relatassem o que os chamou a atenção nesses três dias. O retorno foi muito positivo, visto que a maioria compartilhou diversas histórias que foram pontos essenciais na realização do nosso produto final.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo final desse projeto era informar os estudantes participantes do programa sobre a temática de forma clara e descontraída, e, com a ajuda deles, propagar esse conhecimento para outros adolescentes das demais escolas da cidade de Santa Maria - RS. Para isso, criamos uma cartilha informativa sobre relacionamentos abusivos, e nela, mesclamos dados concretos com as experiências compartilhadas pelos alunos no terceiro encontro. A ordem de informações do produto seguiu a mesma linha dos encontros. Na primeira página, colocamos uma contextualização sobre relacionamentos na sociedade em geral e como diversas atitudes não saudáveis existentes nessas relações estão naturalizadas na mídia e, consequentemente, aprofundadas no corpo social. Para aproximarmos a temática do público de forma intrigante, colocamos em questão o ditado popular que expressa essa visão naturalizada sobre abusos autoritários - "Em briga de marido e mulher não se mete a colher"  revertendo para "Em briga de marido e mulher se mete a colher", e assim, dando início ao tema "abusivo", suas características e consequências. Quanto à elaboração gráfica, utilizamos noções de estética, direção de arte e produção de discurso. Posicionamos os elementos (texto, ícones e caixas de texto) de modo que houvesse uma hierarquia entre títulos e textos, nos certificando de destacar as questões marcantes do tema. Empregamos uma estética acessível, tanto nas cores quanto na tipografia, nos ícones e na distribuição de elementos, para que a leitura fluísse de modo leve e relativamente informal, pois chegamos à conclusão de que era o melhor modo para falarmos com o público jovem. Quanto às cores, escolhemos as cores rosa e roxo para retratar as cores tidas como sendo do amor e da paixão. Já na linguagem, recorremos a uma mescla entre informalidade e seriedade, com o intuito de tornar a comunicação acessível aos jovens ao mesmo tempo em que tratamos o assunto com a maturidade e importância devidas. Ordem de informações na cartilha: a) Contextualização sobre relacionamentos abusivos e sua visão naturalizada na mídia; b) Como identificar um relacionamento abusivo; c) Por que pessoas permanecem em relacionamentos abusivos; d) Tipos de abuso: verbal/emocional, físico, stalker e digital; e) Como procurar ajuda; f) Como ajudar; g) Formas de denúncia; h) Esclarecimentos: de onde as informações foram retiradas; quem participou da produção da cartilha. Ao longo da leitura estão os depoimentos dos alunos participantes, exemplificando cada assunto colocado em questão e enfatizando a sua participação no projeto. Devido à falta de verba, a cartilha não foi distribuída no colégio onde fizemos os encontros, ela foi apenas impressa em exemplares o suficiente para distribuir entre os integrantes da banca que avaliaram o trabalho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Os resultados finais desse projeto foram extremamente surpreendentes e gratificantes. Temíamos que, além da possível timidez dos alunos, o tema, por tratar-se de um assunto relativamente pesado e que desafia atitudes comuns, criaria uma barreira entre nós e os alunos. Porém, o acolhimento e a atenção dada ao projeto por parte dos alunos nos mostrou que a temática faz parte de seus cotidianos e que é de suma importância o seu reconhecimento na vida desses jovens. O aprendizado deles se mostra visível em depoimentos que recebemos que contêm relatos como "Hoje aprendi a me conhecer e me amar mais", "Percebi que posso estar tendo atitudes abusivas", e demais. Essas pequenas demonstrações de conscientização foram motivos para nos sentirmos realizadas em saber que concluímos uma grande parte do objetivo do projeto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">JACQUINOT, Gènevive. O que é um educomunicador? Disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/11.pdf <br><br>Centers for Disease Control and Prevention. Physical Dating Violence Among High School Students. Morbidity and Mortality Weekly Report. United States, v. 55, n. 19, may, 2006.<br><br>SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, jul/dez, 1995, p. 71-99.<br><br>SOARES, Ismar. Uma educomunicação para a cidadania. Disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/6.pdf. <br><br>Rosado, Lourdes, The Pathways to Youth Violence; How Child Maltreatment and Other Risk Factors Lead Children to Chronically Aggressive Behavior. 2000. American Bar Association Juvenile Justice Center.<br><br>Liz Claiborne Inc., conducted by Teenage Research Unlimited, (February 2005)<br><br> </td></tr></table></body></html>