ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00022</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT01</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Era Uma Vez Domésticas - Um livro de contos</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Giovanna Pedrosa (Universidade Estadual de Maringá); Lívia Pinheiro Marques (Universidade Estadual de Maringá); Gustavo Luiz Ferreira Santos (Universidade Estadual de Maringá)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Contos, Livro infantil, Representação, Trabalho doméstico, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho tem por finalidade demonstrar o processo de concepção do livro de contos infantil "Era Uma Vez Domésticas", cujo tema é o trabalho doméstico feminino profissional. O livro foi desenvolvido nas disciplinas de Planejamento e Empreendimentos em Comunicação, do curso de Comunicação e Multimeios, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e foi orientado pelo Prof. Me. Gustavo Luiz Ferreira Santos. Através de contos inspirados em histórias e relatos de mulheres que exercem ou já exerceram a função de empregada doméstica, o livro busca contrapor a representação caricata e estereotipada que se tem dessas mulheres na mídia. Além das histórias, o livro conta também com ilustrações que complementam e acrescentam significados à narrativa.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A mulher é preparada desde a infância para desempenhar funções relacionadas aos cuidados do lar (TEIXEIRA, 2014). Essa condição social foi ensinada e reforçada historicamente através dos processos educativos: enquanto as meninas aprendiam a bordar e a rezar, os meninos aprendiam decimais e proporções (BASTOS; GARCIA, 1999). Uma vez que as mulheres estavam condicionadas ao âmbito privado e pertencia aos homens o destaque no espaço público, onde se davam os acontecimentos entendidos como importantes, as mulheres foram omitidas historicamente e, portanto, não representadas. Partindo desse pressuposto e questionando as formas representativas atuais, que retratam a mulher empregada doméstica de maneira rasa, pejorativa e estereotipada, o livro "Era Uma Vez Domésticas" foi idealizado na tentativa de utilizar a comunicação para ampliar a visão atual que se tem da empregada doméstica na sociedade. O produto final conta com cinco contos e trabalha aspectos distintos do cotidiano das personagens Dora, Eloá, Ju, Lola e Sol, que vivem na mesma cidade grande. Buscando atingir o público na faixa etária de 8 a 11 anos, as personagens enfrentam adversidades e as superam no decorrer de cada história, quase como se fossem heroínas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A concepção e o desenvolvimento do produto partiram do objetivo principal de ampliar a representação da figura da mulher empregada doméstica, demonstrando a profundidade do tema através da abordagem de assuntos que não costumam ser relacionados à essas mulheres - como, por exemplo, a habilidade com a escrita e com a matemática. Entendendo que o espaço destinado a representar a figura da empregada doméstica nos veículos de comunicação é utilizado para reforçar estereótipos, o livro tem o objetivo de levantar outros pontos de vista sobre o tema. Para tal, a narrativa se utiliza de situações cotidianas e é construída de forma a valorizar as personagens e suas ações, provocando no leitor os sentimentos de reconhecimento e empatia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Apesar de ser o encargo de 5,9 milhões de brasileiras (IBGE, 2006), o trabalho doméstico profissional ainda é raramente abordado pelos meios de comunicação massivos e, quando isso acontece, o que se vê são representações de tom estereotipado e pejorativo. Especialmente nas telenovelas, a mulher empregada doméstica é retratada como uma personagem barulhenta, espalhafatosa e ingênua, que geralmente não possui domínio da língua portuguesa e tem problemas graves no âmbito familiar. Ao reproduzir um único discurso sobre a empregada doméstica, a mídia produz um argumento de sentido que posteriormente se cristaliza no público e pode refletir diretamente na maneira com que a sociedade compreende essa figura (TEIXEIRA, 2014). Foi através do incômodo gerado por essas representações que o livro "Era Uma Vez Domésticas" surgiu e se justifica como uma alternativa à esse discurso. Para transmitir os argumentos que seriam levantados pelo livro de maneira eficiente, o gênero literário escolhido foi o conto. De forte apelo social e político, o conto consegue transmitir de maneira breve e concisa valores éticos, concepções de mundo e ensinamentos morais que são disseminados e fortalecidos na memória de diferentes gerações (MARIA, 2004). Visto que o livro é destinado ao público infantil, ilustrações sutis acompanham e contribuem para o desenvolvimento da narrativa, uma vez que o uso de ornamentação é fundamental para gerar identificação e afinidade na criança, permitindo um diálogo mais espontâneo entre o leitor e o texto (FITTIPALDI, 2008).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Todo o processo de criação do produto foi realizado nas disciplinas de Planejamento e Empreendimentos em Comunicação, tendo o percurso de produção sido dividido em etapas. A primeira delas foi a definição do tema, processo que foi realizado junto ao professor-orientador e surgiu de uma particularidade das autoras: ambas são filhas de empregadas domésticas e partilhavam do mesmo incômodo com a maneira que a figura da empregada doméstica era até então representada. Com o tema determinado, o próximo passo era a definição do formato e do público-alvo. Havia por parte do grupo a vontade de trabalhar com o material impresso e com o público infantil e, para confirmar a relevância dessas escolhas, deu-se início a pesquisa bibliográfica. Em mãos da pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2015, que constata que o número de leitores no nível Fundamental I (1ª a 4ª série ou 1° a 5° ano) é de 82% e no Fundamental II (5ª a 8ª série ou 6º a 9º ano) esse número é de 84%, pudemos comprovar a legitimidade do material impresso para o público, que ficou definido como sendo o na faixa etária de 8 a 11 anos. A pesquisa do Instituto Pró-Livro também nos auxiliou no processo de escolha do gênero literário quando apontou que os estudantes são os que mais tem interesse pelo conto, sendo que a faixa etária de 11 a 13 anos lidera essa preferência e é logo seguida pela faixa etária de 5 a 10 anos. Definidos o tema, o produto e o público, uma pesquisa qualitativa foi efetuada para esclarecer questões referentes à recepção do público e ao consumo efetivo de livros de contos. Para tal, consultamos a especialista em educação infantil, Simoni Fuzimoto Barranco, e visitamos o Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM (CAP UEM), onde conversamos com a pedagoga do Ensino Fundamental, Márcia Inês. Ainda nessa fase, nos dedicamos a realização da leitura de algumas referências literárias, perpassando nomes como os de Lygia Bojunga e Mário Quintana. Para a composição do livro, fez-se necessário também compreender as questões que envolvem o serviço doméstico e a sua representação na mídia. Os principais conceitos que serviram como base para a teorização do produto foram os conceitos de representação e estereótipo, além do entendimento do serviço doméstico como papel atribuído socialmente à mulher. Com tudo isso no papel, passamos para a fase de realização das entrevistas semi-estruturadas com as mulheres empregadas domésticas. Após algumas semanas, selecionamos as cinco histórias que integrariam o livro. O próximo passo foi o de adaptação dos relatos e construção das personagens, que ganharam nomes e características físicas, emocionais e sociais. Os primeiros esboços das ilustrações também foram feitas nesse momento. A partir daí, deu-se início ao processo de escrita dos contos, que foi concluído em cerca de três meses. Em seguida, utilizou-se do programa Adobe Photoshop para estruturar a composição visual do livro, incluindo a identidade visual, a diagramação das páginas e a digitalização dos desenhos. A impressão do livro foi feita em uma gráfica express e teve apenas uma edição-piloto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O livro "Era Uma Vez Domésticas" foi elaborado por Giovanna Pedrosa e Lívia Pinheiro Marques, acadêmicas do curso de Comunicação e Multimeios da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e teve a orientação do Prof. Me. Gustavo Luiz Ferreira Santos. O produto final mede 21/21 centímetros, tem dezessete páginas e foi impresso em papel couché 115 gramas - miolo - e couché 250 gramas - capa. As famílias tipográficas utilizadas foram a TW Fairy Tales, a Dk Crayon Crumble e a Adobe Garamond Pro Regular. O livro conta com cinco contos: "O Show", "O Ensaio Final", "O Poema", "A Viagem" e "O Quase Acidente", em ordem de aparição. A diagramação das páginas foi pensada para que todos os contos, mesmo com suas particularidades, compartilhassem de uma unidade visual. Para tal, cada texto foi distribuído de forma a estruturar o símbolo de uma bolha de sabão, sendo o mesmo um elemento que remete a limpeza e, portanto, faz referência à ocupação de todas as personagens. Além da profissão, as personagens compartilham de outro ponto em comum: vivem na mesma cidade. Para representar esse aspecto e construir um ponto de encontro, na última página do livro encontra-se uma ilustração que reúne todas as personagens. Representadas em pose heróicas, esse desenho reforça o caráter positivo da função das personagens e busca trazer um elemento de identificação por parte do público. Além disso, cada uma das personagens é apresentada com dois elementos na ilustração final: um que reforça as suas habilidades como doméstica e outro que retoma a sua particularidade já trabalhada no conto. Sendo assim, a tentativa de expandir a figura da empregada doméstica demonstra-se também através dos aspectos visuais do livro.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A concepção do livro "Era Uma Vez Domésticas" demonstrou a possibilidade de produzir um produto de comunicação que desse conta de representar a figura da mulher empregada doméstica de maneira a contrapor o discurso empregado atualmente pela mídia. Através de histórias simples e de temas que perpassavam assuntos do cotidiano, o livro foi capaz de levantar outros pontos de vista sobre a temática, e o fez sem precisar recorrer a estereótipos ou reduzir a mulher empregada doméstica a um personagem coadjuvante. No decorrer dos contos, o livro buscou valorizar cada uma das ações tomadas pelas personagens, na tentativa de valorizar, também, o papel social da mulher empregada doméstica de forma geral. Conhecer e ter a oportunidade de transformar em narrativa as histórias de vida de Adilse, Joana, Maria de Holanda, Silvana e Solange demonstrou que há uma infinitude de possibilidades de representação da mulher empregada doméstica para além do discurso caricato que é empregado pelos meios de comunicação.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BASTOS, Maria Helena; GARCIA, Tania. LEITURAS DE FORMAÇÃO - NOÇÕES DE VIDA DOMÉSTICA (1879): Félix Ferreira traduzindo Madame Hippeau para a educação das mulheres brasileiras. 1999. Disponível em: <http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/1998/Educacao_e_historia/Trabalho/10_11_33_leituras_de_formacao.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017.<br><br>FITTIPALDI, Ciça. O que é uma imagem narrativa? In: OLIVEIRA, Ieda de (org.). O que é qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil: com a palavra o ilustrador. São Paulo: DCL, 2008. <br><br>IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O TRABALHO DA MULHER PRINCIPAL RESPONSÁVEL NO DOMICÍLIO. Brasília: Ibge, 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/trabalho_mulher_responsavel.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2017.<br><br>MARIA, Luzia de. O que é Conto. São Paulo: Coleção Primeiros Passos, 2004.<br><br>PRÓ-LIVRO, Instituto. Retratos da Leitura no Brasil. 4. ed. [s. I]: Abrelivros, 2015. Disponível em: <http://prolivro.org.br/home/images/2016/Pesquisa_Retratos_da_Leitura_no_Brasil_-_2015.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.<br><br>TEIXEIRA, Ribas Borges, N. (2014). Entre o público e o privado: Imprensa e Representação Feminina. Revista Encuentros, Universidad Autónoma del Caribe, 12 (2).<br><br> </td></tr></table></body></html>