ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00205</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT01</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Palavras, muitas palavras: o alfabeto como experiência de imersão cultural.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Juliana Carneiro Virgolino (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); Nicollie Vargas Santos (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); Leticia Silverio Teodoro Cordeiro (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); Anuschka Reichmann Lemos (Universidade Tecnológica Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Editoração, Remix Digital, Livro Infantil, Alfabetização, Direção de Arte</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho apresenta o processo de elaboração de uma nova proposta editorial para o livro Palavras Muitas Palavras, de Ruth Rocha, produzida por graduandas do 4º período do Bacharelado em Comunicação Organizacional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Neste relatório, o processo de produção é detalhado, desde a discussão conceitual até a formulação do projeto e desenvolvimento, tomando como base o conceito de "remix digital" defendido por Olimpio e de Campos, adaptado para um modelo de alfabetização mais dinâmico. Além disso, a transição editorial do produto original para o reeditado e a concepção da disposição das imagens, tipografias e cores que compõem o produto final são detalhadas a luz das teorias Dondis, Freire e Portilho. Este paper pretende esclarecer também como esses aspectos foram utilizados para reforçar a relevância cultural da publicação.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com a consolidação dos instrumentos tecnológicos e com o desenvolvimento de novos canais de comunicação, os meios de produzir, disseminar e consumir informações passam por constantes transformações. Dessa maneira, a utilização de novas abordagens em produtos literários e materiais didáticos impressos se faz necessária para proporcionar aos leitores experiências diversificadas e que atendam suas expectativas frente aos fenômenos comunicacionais modernos. Dondis (2000, p. 5) afirma que a experiência visual humana se torna um aspecto fundamental no aprendizado, pois influencia nossa compreensão e relacionamento com o meio e com a informação visual. No que se refere ao público infantil é válido lembrar que esses aspectos se tornam ainda mais importantes, pois assim como também defende Dondis, a experiência inicial de uma criança em um processo de aprendizagem ocorre por meio da consciência tátil e os sentidos que envolvem sua capacidade de ver, reconhecer e compreender, são rapidamente intensificados e superados pelo plano icônico. Pensando nessas questões foi desenvolvido para disciplina de editoração, no segundo semestre do ano de 2017, um projeto que mescla tendências do design digital e analógico para cativar dois públicos de leitores: o infantil, por meio da descoberta, e o adulto, por meio da nostalgia. Além do mais, pretende-se utilizar esse trabalho para contribuir com as práticas educacionais pautadas por uma perspectiva social e cultural. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No decorrer da disciplina de editoração muitas propostas foram levantadas para o desenvolvimento desse projeto, porém a abordagem que será descrita a seguir foi a utilizada para o desenvolvimento do produto final. Segundo Dondis (2000), para que se possa deter o controle máximo das respostas, na busca de qualquer objetivo se faz escolhas através das quais se pretende reforçar e intensificar as intenções expressivas. A escolha dessa abordagem é oriunda de algumas inquietações no que se refere às publicações tradicionais desenvolvidas para o público infantil, visto que alguns dos materiais comercializados utilizam uma abordagem exageradamente infantilizada. Sendo assim, o objetivo foi desenvolver um material que apresentasse outras camadas de leitura cultural, tanto por sua contribuição no processo de aprendizagem e de alfabetização, quanto em relação à construção do repertório do indivíduo em formação e, ainda, incentivar a participação da família no processo de aprendizagem das crianças. Ademais, o intuito era reeditar o livro de forma que ele pudesse ser consumido pelo público infantil em idade de alfabetização (entre 05 e 07 anos de idade) e por adultos motivados pela curiosidade e sentimento nostálgico. Outrossim, a proposta foi desenvolver um livro que fosse consumido mutuamente entre crianças e adultos, uma vez que a compreensão do texto imagético utilizado para ilustra-lo está atrelado ao repertório do leitor. Dentro desse contexto, o produto visa proporcionar aos leitores uma imersão cultural, de maneira que as crianças e os pais dediquem parte do seu tempo diário à apreciação da leitura apesar da correria do dia-a-dia. Além de que, o produto também visa respeitar o tempo do espectador (AUMONT, 1995), já que em algumas páginas, o leitor pode levar algum tempo para compreender todas as referências. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A proposta desse projeto foi inspirada no método Paulo Freire de alfabetização que propõe a inserção do aluno iletrado no seu contexto social e político. Assim sendo, o método é composto por três etapas: na primeira ocorre a investigação dos temas a serem estudados, por exemplo, na reedição do livro Palavras, Muitas Palavras isso ocorreu na busca de referências históricas e culturais que compõem o livro; a segunda etapa é a tematização, a qual a pessoa relaciona a referência com o mundo; e, por fim, a terceira etapa acontece quando pessoa é instigada a criar uma visão crítica sobre o assunto. Logo, destaca-se que a segunda e a terceira etapa em questão ocorrem no livro reeditado, no momento em que a família desenvolve o referencial cultural e social da criança por meio da elucidação do significado das referências. Destarte, tomando como fundamento os objetivos descritos anteriormente podemos concluir que o desenvolvimento desse produto tem um potencial extremamente relevante para realizar contribuições tanto no âmbito cultural quanto no âmbito social. Por outro lado, Neta e Silva (2014), defendem a importância do papel familiar durante o processo de alfabetização da criança como agente de socialização do indivíduo. A autora afirma que o processo de aprendizagem do indivíduo também acontece por meio do contato com a realidade, com o meio e com outras pessoas que o rodeiam, situações que fazem com que o indivíduo possa assimilar informações para o seu desenvolvimento. É válido destacar que a utilização de elementos visuais que extrapolam o nível da narrativa tende a contribuir com o entendimento do leitor, já que a inteligência visual aumenta a compreensão dos significados assumidos pelas formas visuais. "As decisões visuais dominam grande parte das coisas que examinamos e identificamos, inclusive na leitura." (Dondis, 2000, p.90). Além disso, a atenção é um fator de estrema relevância quando o público é de crianças em idade de alfabetização. Nesse sentido, Portilho (2011) destaca o papel da motivação durante o processo atentivo e, ressalta a necessidade da participação ativa e reflexiva da criança nos momentos de aprendizagem. Como defendido também por Neta e Silva (2014), a interação social em diversas situações é uma estratégia importante durante a aprendizagem. Isso porque, conforme recomendado pelo MEC (BRASIL, 1998, v.1), propiciar ocasiões nas quais as crianças possam comunicar-se e expressar-se, comprovando seus jeitos de agir, pensar e sentir, em um ambiente que seja acolhedor e que lhes proporcione confiança e autoestima tende a tornar a aprendizagem mais prazerosa e interessante, fazendo com que as crianças sejam mais ativas e participativas, apropriando-se assim, dos conhecimentos. (NETA e SILVA, 2014) Para Dondis (2000), os elementos visuais são manipulados com ênfase cambiável pelas técnicas de comunicação visual, numa resposta ao que está sendo concebido e ao objetivo da mensagem. Neste sentido, a escolha e composição das imagens utilizadas para ilustrar o livro contribuem não só para a assimilação da mensagem quanto para manutenção da atenção durante a leitura.  O enfoque educacional deve equilibrar o desenvolvimento da percepção visual com as demais áreas do desenvolvimento infantil, e o livro, como ferramenta essencial para o pensamento, deve se configurar, em seu aspecto textual, informativo e imagético, em um objeto cultural e intelectual de qualidade.  (Coutinho, 2011) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Por se tratar de um produto editorial que mescla fotografias e ilustrações foi necessária a utilização da tríade de softwares gráficos da adobe. Para tanto, o Adobe Photoshop foi utilizado para tratar, manipular e recortar as imagens bitmap. O Adobe Illustrator para montar as ilustrações, criar os efeitos, padrões e elementos vetoriais. Já para diagramar as páginas e montar o livro, o software utilizado foi o Adobe InDesign. As imagens utilizadas são fotografias e ilustrações oriundas de bancos de imagem de licença Creative Commons com dedicação ao domínio público e capturas de tela dos filmes e seriados. As licenças Creative Commons CCO são públicas e permitem a distribuição, cópia, modificação, e execução do trabalho, mesmo para fins comerciais, sem autorização prévia. A definição da tipografia se deu pelo objetivo de realizar a composição do livro com objetos que tivessem maior familiaridade para a criança. Nesse sentido, tanto a família tipográfica principal (Amatic), quanto a secundária (Pacífico) se assemelham aos traços manuais. É válido destacar que ambas as fontes fazem parte do pacote da Google, fator importante para possíveis utilizações digitais e/ou comerciais deste produto. Isso porque todo o catálogo da Google é composto por fontes de licenciamento livre (open source), tornando-as acessíveis para qualquer projeto, visto que esse modelo promove o uso para o design ou esquematização de um produto, e a redistribuição universal, dando a possibilidade de consultar, examinar ou modificar o produto. Segundo Samara (2012), os elementos tipográficos devem formar relações visuais unificadas com materiais não tipográficos ao seu redor. As imagens e a tipografia presentes no livro tecem essa expressão unificada. Associar esses dois elementos estabelece uma harmonia entre eles, otimiza a leitura do texto, tornando-a assim algo mais dinâmico. A escolha de mesclar ilustrações com fotografias tem como intenção estabelecer uma relação mais próxima com o leitor, provocando assim uma sensação nostálgica mais intensa, tornando o momento de aprendizagem algo mais prazeroso e produtivo. Logo que o grupo começou a conceber a estrutura dessas ilustrações, ficou definido que as imagens fotográficas seriam utilizadas em preto e branco, pensando em explorar a sensação nostálgica dos pais e ao mesmo tempo ativar a criatividade da criança por meio das ilustrações em cores. Após a definição do referencial foi elaborado um boneco do livro e por meio do desenvolvimento desse escopo, foi possível definir a disposição das letras e das ilustrações, o tamanho do livro, as cores e a disposição dos elementos. Ao longo da editoração, a disposição dos elementos pensada no boneco foi adaptada de forma que construísse uma composição harmônica em todas as páginas. Para tanto, a principal técnica empregada foi o  remix digital , que segundo Olímpio e de Campos (2016), é uma forma de colagem potencializada que diferente de sua antecessora feita manualmente ou mecanicamente é feita por meio de softwares, permeando grande parte das composições imagéticas atuais, podendo potencializar as diferenças entre as diversas junções e recortes de empréstimos das mais distintas procedências. O  remix digital foi pensado para colocar o consumidor em um papel de protagonista da narrativa, visto que essa técnica favorece o surgimento de interpretações que desafiam o imaginário do receptor da mensagem. A forma digital passa por mutações variadas e independe da captação da imagem do mundo real; pode-se primeiramente trabalhar um conceito no próprio imaginário e posteriormente dar corpo a essas imagens, que podem referir-se a segmentos figurativos lúdicos, oníricos ou até mesmo pragmáticos. A manipulação das imagens sintéticas tem o papel protagonizador de gerar os mais variados tipos de mensagens com êxito. (Olímpio e de Campos, 2016, p. 4423) O livro foi diagramado em formato quadrado, no tamanho 20x20 cm. O formato foi pensado de forma que favorecesse uma composição harmônica dos elementos nas páginas, além de contribuir para com o manuseio do objeto pelas crianças. Dondis (2000), defende que o processo de composição é o mais crucial na solução dos problemas visuais, pois determina o objetivo e o significado da manifestação visual e têm fortes implicações com relação ao que é recebido pelo espectador. O tamanho do livro foi um aspecto pensado em virtude da experiência do público infantil, com o intuito de possibilitar uma imersão do indivíduo no livro. A seleção das cores também foi pensada em virtude da experiência do usuário, dado que o amarelo e o vermelho são cores atribuídas ao estímulo e energia. Já o verde, foi utilizado para tornar a composição mais harmônica, uma vez que se contrapõe às demais cores vibrantes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto foi desenvolvido ao longo da disciplina de editoração do bacharelado em comunicação organizacional da UTFPR, que no curso faz parte de um eixo específico de linguagens. A disciplina aborda princípios do design da informação, diagramação e ergonomia visual nos meios impressos e digitais, fundamentos do design editorial, tipografia, uso da cor na comunicação, produção de publicações e tratamento da imagem. O projeto desenvolvido para a disciplina refere-se a uma reedição de livro infantil, cuja proposta é mesclar técnicas de design para propor uma abordagem diferente da obra original, inspirado no trabalho de algum designer. Para o desenvolvimento deste trabalho foi determinado um conjunto de escritores ganhadores do prêmio Jabuti, dentre os quais deveria ser escolhida a obra a ser reeditada e uma lista de designers brasileiros que serviriam como referência visual para o trabalho. A primeira etapa realizada, antes mesmo da definição do escopo e da escolha das referências, foi pesquisar as obras publicadas pelos autores indicados, analisando as diferentes linguagens e abordagens utilizadas. A partir de então, o grupo se deparou com uma insatisfação causada pela obrigatoriedade de que o livro reeditado fosse infantil, visto que nas obras pesquisadas verificou-se a utilização de linguagens e estratégias comuns. Foi por intermédio dessa inquietação que surgiu a ideia de produzir algo que não fosse apenas um produto literário, mas que também pudesse ser consumido como um produto de design. Na primeira concepção o objeto teria uma abordagem trash, cujas referencias fariam alusão principalmente a momentos históricos marcadamente negativos, como guerras e ataques. Entretanto, no decorrer do trabalho, ao verificar um potencial didático na obra, essa ideia foi descartada dando lugar para a utilização de elementos mais lúdicos. A partir da proposta da disciplina, o livro escolhido para a reedição foi o Palavras, Muitas Palavras, da autora Ruth Rocha. A edição original é formada por um conjunto de 47 páginas, sendo que, a cada duas páginas destinadas por letras, uma é dividida entre texto e ilustração e, a outra, possui somente ilustrações. Dentre essas 47 páginas é possível notar a presença de cores suaves, e uma predominância da cor branca. As ilustrações de Cláudio Martins possuem traços simplificados, ademais, o ilustrador também faz uso de uma textura que simula o traço infantil de lápis de colorir. Para a reedição foram eleitos alguns aspectos do livro original que permaneceriam na nova versão, como o formato da obra e a repetição de alguns elementos que servem como apoio ao texto. A escolha do livro se deu por duas razões principais. Ao mesmo tempo que pudemos observar a simplicidade da obra, que não tem uma história concreta e se desenvolve apenas descrevendo as letras do alfabeto, relacionando palavras e suas iniciais, também pode-se verificar um grande potencial imagético a ser explorado. Outrossim, levou-se também em consideração a possibilidade de contribuir com as práticas educacionais, já que pode ser utilizado tanto para fins acadêmicos quanto literários. Por meio dessa concepção buscou-se elaborar um produto que não atingisse somente o público infantil, mas proporcionasse interação entre diferentes gerações. Ou seja, que incentivasse a leitura no âmbito familiar, a qual permite que a se crie uma narrativa única durante a leitura de cada uma das letras do alfabeto por meio das referências nostálgicas com peso histórico e cultural. Possibilitando assim, o ensino não só do alfabeto, mas criando também uma bagagem de referências desde o início da vida educacional do indivíduo. Para Morace (2009), a criação de histórias ligadas ao produto, pode ser um grande sucesso se for capaz de transmitir conteúdos simples, porém, originais. As referências iniciais escolhidas pelo grupo incluíam designers como Oswaldo Miranda, designer gráfico paranaense, o diretor de arte soteropolitano, Giba Mendes, e, principalmente, a designer e diretora de arte Bea Feitler, a qual utilizava a linguagem que parecia ser a mais interessante para o desenvolvimento desse trabalho. O propósito para esse produto era mesclar grandes personalidades históricas e da mídia que tivessem relevância cultural para o aprendizado da criança, incluindo elementos clássicos e contemporâneos para que por meio da assimilação das referências, a criança também desenvolvesse conhecimentos gerais. Para a escolha das personalidades que ilustram as páginas, alguns critérios foram levados em consideração, sendo eles: popularidade, já que o intuito era que a maioria fosse familiar aos pais das crianças; relevância cultural, social ou política; e brasilidade, pois boa parte dos personagens selecionados são do Brasil. Dessa forma a obra reeditada também contribua para o fortalecimento da cultura nacional. Para reunir o material que ilustra o livro uma outra etapa importante foi a da pesquisa. Essa precisou ser dividida em: bibliográfica, que se refere à busca pelas personalidades e elementos relevantes; e de acervo, que se trata da busca pelas imagens e ilustrações que tivessem qualidade suficiente para impressão. Os processos de trabalho também precisaram ser divididos em etapas que foram cruciais para a unicidade do material. São elas: tratamento e manipulação das imagens, montagem e composição das ilustrações, diagramação e finalização. O livro reeditado é composto por um conjunto de 14 páginas, sendo que 12 são parte da narrativa composta exclusivamente pelo texto original da obra. Essas páginas foram concebidas por um trio de cores vibrantes intercaladas. As 2 últimas páginas fazem parte de um material extra desenvolvido para complementar esse projeto, que se trata de um glossário e uma página de crédito das imagens. O glossário traz uma breve descrição de cada uma das personalidades presentes na história organizada em ordem alfabética. Ele foi pensado para complementar a história, visto que algumas das personalidades podem não ser de conhecimento nem dos pais, nem das crianças. Todo o livro foi impresso em papel couchê brilho, 170 gramas e a capa em 300 gramas, com encadernação brochura. A escolha do papel também foi feita visando a experiência do leitor, já que sua consistência facilita a manipulação e aumenta a durabilidade do produto. A capa foi idealizada para promover uma quebra de expectativa no consumidor, visto que sua composição minimalista se contrapõe ao restante das páginas. Nesse sentido, a intenção era despertar a curiosidade dos possíveis compradores do livro, dado que usualmente as sessões infantis das livrarias são tomadas por capas chamativas, e, portanto, essa abordagem ganharia destaque nas prateleiras por sua singularidade. Além disso, a eliminação das vogais na palavra é uma tendência do design que traria familiaridade tanto ao público adulto pela alusão com grandes marcas, quanto pelo público iletrado por meio da identificação isolada das letras. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">É válido destacar que essa obra se refere a um projeto embrionário e, para verificação da efetividade dessa proposta, seria necessário realizar um estudo de recepção por meio deste produto, para que assim ajustes necessários pudessem ser feitos em caso de uma publicação comercial. Conforme defendido por Olímpio e de Campos (2016), a técnica do  remix digital utilizada nesse projeto, favorece o aparecimento de soluções imprevisíveis que desafiam o imaginário do designer e do receptor, além de estimular a liberdade de criar configurações inéditas conforme cada proposta específica as quais não se concentram unicamente na informação. Outrossim, por se tratar de um trabalho acadêmico o objeto em questão passa a ter um prazo extremamente rígido, o que pode impactar diretamente no desenvolvimento do projeto. Assim sendo, existem vários aspectos que poderiam ser lapidados em espaço de tempo maior. Dentre eles estão: iluminação, sombreamento, linhas de respiro e de corte, sangria e conversão de cores. O refinamento de todos esses aspectos proporcionaria um acabamento mais refinado para o produto final. Também é válido trazer à memória as pesquisas de Morace (2009), que concluiu que os pais não só transmitem aos filhos seus valores, como também criam a oportunidade de formar alianças em termos de consumo. Além disso, o analfabetismo é historicamente uma problemática secular no Brasil que permanece nos dias atuais (DIAS PAINI, 2005), e, sabendo que o desinteresse é um fator que interfere no processo de aprendizagem, torna-se válido investir na eficácia e na eficiência dos sistemas informacionais. Desta forma, é notável que a reedição de Palavras, Muitas Palavras cumpriu seu papel como produto experimental de ressignificar a alfabetização por meio de uma imersão cultural que oferece aos leitores um referencial capaz de agregar no momento de aprendizagem conforme defendido neste trabalho. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AUMONT, Jacques  A Imagem. 6.ª ed. São Paulo: Papirus, 2001.<br><br>BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação e do Desporto, Secretaria da Educação. Brasília: MEC/SEF, 1998.<br><br>COUTINHO, Solange Galvão; LOPES, Maria Teresa. Design para educação: uma possível contribuição para o ensino fundamental brasileiro. O Papel social do design gráfico: história, conceitos & atuação profissional. São Paulo: Editora SENAC, p. 137-162, 2011.<br><br>DIAS PAINI, Leonor et al. Retrato do analfabetismo: algumas considerações sobre a educação no Brasil. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, v. 27, n. 2, 2005.<br><br>DONDIS, Donis A.; CAMARGO, Jefferson Luiz. Sintaxe da linguagem visual. Martins fontes, 2000.<br><br>MORACE, Francesco. Consumo autoral: as gerações como empresas criativas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.<br><br>NETA, Emília Santana Vieira; SILVA, Débora Regina Machado. IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA. CONSELHO EDITORIAL, p. 51, 2014<br><br>OLIMPIO, Ricardo José Barbosa; DE CAMPOS, Gisela Belluzzo. REMIX DIGITAL E COMPOSIÇÃO VISUAL NO DESIGN GRÁFICO CONTEMPORÂNEO. Blucher Design Proceedings, v. 2, n. 9, p. 4419-4428, 2016.<br><br>PORTILHO, Evelise Maria Labatut. Alfabetização: aprendizagem e conhecimento na formação docente. Curitiba: Champagnat, 2011.<br><br>SAMARA, Thimothy. Guia de Tipografia: Manual prático para o uso de tipos no design gráfico. Porto Alegre: Bookman, 2011.<br><br> </td></tr></table></body></html>