ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00264</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;+ representatividade - preconceito</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Mirelle Bellani Laurentino (Universidade do Oeste de Santa Catarina); Júlia Kappel (Universidade do Oeste de Santa Catarina); Renata Kleber Schenato (Universidade do Oeste de Santa Catarina); Samuel Marques Pedroso (Universidade do Oeste de Santa Catarina); Tarcila Borges (Universidade do Oeste de Santa Catarina); Marlon Sandro Lesnieski (Universidade do Oeste de Santa Catarina)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;LGBT, Preconceito, Representatividade, Transexualidade, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este artigo trata do desenvolvimento de um documentário elaborado na disciplina de Cultura Brasileira e Realidade Regional, do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda na Unoesc no segundo semestre de 2017. O objetivo é informar e conscientizar, sobre os alarmantes números de assassinatos e suicídios de transexuais no país e, através de entrevistas, mostrar que essas pessoas possuem uma vida normal e também relatar os problemas que a comunidade LGBT enfrenta em decorrência do preconceito e as limitações impostas pelo mercado de trabalho. O documentário aborda o tema da inclusão dessas pessoas nos meios de comunicação de massa pela visão das mesmas, bem como ocorre o processo de descoberta e aceitação de sua sexualidade. A troca de informações com quem vive essa realidade e a midiatização desse processo são essenciais para que se obtenha mais conhecimento sobre esse assunto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário  + Representatividade  Preconceito foi produzido pelos alunos da 4ª fase do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade do Oeste de Santa Catarina na disciplina de Cultura Brasileira e Realidade Regional e orientado pelo professor Marlon Sandro Lesnieski. A ideia proposta para o trabalho era desenvolver um documentário que abordasse temas referentes à questão de gênero, nosso grupo optou por falar sobre a transfobia. O tema foi escolhido devida importância de dar visibilidade a esse assunto, já que o Brasil é o país que mais matam transexuais e travestis no mundo. Utilizar um documentário para abordar esse assunto foi assertivo, pois segundo Labaki (2005, p. 13-14) o documentário é o cinema de verdade, é o front mais agressivo do audiovisual. É exatamente o impacto necessário para tratar esse tema, que é ignorado pela sociedade. Para o autor, o documentário tem o poder de democratizar a informação, popularizar o saber, espalhar o conhecimento, sendo o instrumento mais lúdico, eficiente e radical contra a ignorância. (LABAKI, 2005, p. 291). Na introdução do documentário, utilizaram-se manchetes de jornais que constatavam diversas atrocidades cometidas contra os transexuais em diversos estados do país. Enquanto isso, ao fundo pode-se ouvir um discurso de ódio sendo proferido por um pastor. Logo em seguida, são apresentados nossos convidados, contando como foi à experiência deles com o preconceito enfrentado, como foi se descobrir nesse meio e como se sentem com a representatividade que lhes é atribuída pela mídia. Há uma grande necessidade do povo brasileiro em conhecer essa realidade e entender que não é uma doença, são apenas pessoas que querem ter seu espaço no mundo e viver sem ter medo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo principal do documentário é enfatizar, informar e conscientizar sobre um dado alarmante: o Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Pensando nisso, em tamanha violência e preconceito, o documentário foi elaborado e produzido visando ser uma conversa simples com os entrevistados para mostrar o dia a dia de transexuais que vivem em cidades pequenas e em realidades comuns, que trabalham, estudam, tem relacionamentos, tem sentimentos, mostrar que são pessoas e que merecem respeito e não julgamento, mas sim, uma vida digna e livre de preconceito, uma vida normal. Através dos testemunhos dos entrevistados expor a visão de mundo de cada um, como se sentem em relação a eles mesmos e aos outros, as dificuldades que enfrentam, as barreiras que a sociedade impõem, mas também a alegria de ser quem realmente são.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">De acordo com o relatório realizado no ano de 2016 pelo Grupo Gay da Bahia  GGB, em uma análise de assassinatos de pessoas LGBT no Brasil, 343 lésbicas, gays, bissexuais e transexuais foram assassinados no país, tornando-o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais, onde um LGBT é morto a cada 25 horas. (2016, p.1). Tais números alarmantes são apenas a ponta de um iceberg muito maior, já que estes números vêm aumentando significativamente, "de 130 homicídios em 2000, saltou para 260 em 2010 e para 343 em 2016. Durante o governo FHC mataram-se em média 127 LGBT por ano; no governo Lula 163 e no governo Dilma/Temer, 325." (GRUPO GAY DA BAHIA, 2016). Em 2017, a média de assassinatos de LGBT registrados pelo GGB estava em 1,05 por dia. Tal aumento na média de crimes relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero contra a população é resultado de uma série de fatores, tanto de ordem institucional/governamental como de ordem cultural, sendo esta última objeto de análise de estudo do presente trabalho. Se vive em uma sociedade extremamente preconceituosa, onde modelos irreais de comportamento foram construídos culturalmente na cabeça de cada indivíduo, parte dos preceitos em torno de uma pessoa LGBT advém da falta de informação, pois infelizmente, pessoas doeste meio não se encaixam nos modelos conservadores construídos culturalmente que advém de uma lógica social binária, como aponta Butler: (...) um discurso restritivo sobre gênero que insista no binarismo homem e mulher como a maneira exclusiva de entender o campo do gênero atua no sentido de efetuar uma operação reguladora de poder que naturaliza a instância hegemônica e exclui a possibilidade de pensar sua disrupção. (2003, p.25). Contudo, as atuais gerações possuem mentes mais abertas para o assunto o que faz com que aos poucos entendam o mundo de forma diferente, muitos acreditam que o ser humano não nasce com sexualidade definida, como explica Louro: [...] elas e eles costumam concordar que não é o momento do nascimento e da nomeação de um corpo como macho ou como fêmea que faz deste um sujeito masculino ou feminino. A construção do gênero e da sexualidade dá-se ao longo de toda a vida, continuamente, infindavelmente" (LOURO, 2008). A humanidade foi criada em torno da heterossexualidade, de acordo com Preciado (2014), o homem e a mulher são construções de um sistema de produção e reprodução da sociedade, onde a mulher é vista apenas como meio de reprodução. A autora destaca também que  essa exploração é estrutural, e os benefícios sexuais que os homens e as mulheres heterossexuais extraem dela, obrigam a reduzir a superfície erótica aos órgãos sexuais reprodutivos e a privilegiar o pênis como o único centro mecânico de produção de impulso sexual . (PRECIADO, 2014, p.43). Diante do fato que pessoas LGBT são desconsideradas e inferiorizadas por grande parte da população só por apresentarem orientação sexual ou identidade de gênero que desvia do padrão conservador, e sabendo que, muito desses preconceitos advém da falta de informação sobre o diferente, surge a ideia central do documentário "+ Representatividade, - Preconceito". O documentário foi produzido junto ao componente curricular de Cultura Brasileira e Realidade Regional, no curso Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade do Oeste do Estado de Santa Catarina e tem por finalidade dar visibilidade à temática LGBT e promover as discussões em relação ao preconceito e às diferenças dentro do universo acadêmico. Vê-se diante das estatísticas a necessidade de ações afirmativas que combatam as atrocidades que veem sendo praticadas a esta parcela da população, deve-se repensar as crenças e valores baseados em preconceitos que vitimaram a população LGBT, pessoas estão sendo mortas todos os dias simplesmente por serem o que são e essa discussão precisa ser levada a todos os espaços possíveis, pois a visibilidade a causa contribui em muito na luta contra o preconceito.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para compor o documentário foram utilizados áudios de um discurso de ódio que está contido na música da cantora Mc Linn da Quebrada  Bixa Preta, reproduzido juntamente com manchetes de jornais, revistas e sites sobre a violência contra transexuais, travestis e pessoas do meio LGBT, áudio da música Indestrutível da cantora e drag queen Pabllo Vittar reproduzido com vídeos de agressões e notícias sobre violência. Em seguida contamos com depoimentos de três mulheres e um homem trans, na sequência Jheny Almeida de 18 anos, Lu Böck de 23 anos, Julia Daição de 28 anos e Juan Danielli de 25 anos. Eles contam histórias sobre violência, preconceito, aceitação própria e da família, como foi à descoberta e conhecimento desse termo transexual ou transgênero, o processo de transição, e de como desde a infância se identificam com um gênero diferente do que lhe foi designado no nascimento. A gravação foi feita de modo amador com dois smartphones. Os aparelhos usados foram um iPhone 7 plus com câmera de 12 MP, abertura ’/1.8 e um Motorola Moto Z Play com câmera de 16 MP, abertura ’/2, foram usados também tripés próprios para os mesmos, microfones de lapela e LEDs de celular. A edição do vídeo foi feita no programa Adobe Premiere Pro CC 2017.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário intitulado  + Representatividade  Preconceito foi desenvolvido pelos alunos da quarta fase do curso de publicidade e propaganda. Após a divisão da turma em grupos, foi decidido que o tema a ser trabalhado pelos grupos seria minorias e/ou minorizados. O grupo optou pelo assunto sobre representatividade de transexuais na mídia, com a ajuda de pessoas que passaram ou estão passando pela transição sexual. Para a realização do projeto, o grupo se dividiu entre as pesquisas sobre violência contra pessoas LGBT, notícias da mídia, vídeos que circularam na internet e a procura por pessoas transexuais que aceitassem participar do documentário contando sua história e como se sentem quanto à representatividade nos meios de comunicação de massa. As gravações foram feitas em duas cidades e contaram com a participação de três mulheres e um homem transexual que contaram como foi quando descobriram serem transexuais, como família e amigos reagiram, como se sentem atualmente diante disso e se sentem-se representados pela mídia. O documentário foi desenvolvido na época em que chegava à reta final a novela  A Força do Querer da emissora Rede Globo que possuía na trama uma mulher que não se sentia bem com seu corpo e, no entanto, não sabia por que se sentia tão mal por ter nascido daquela forma, o que fez os integrantes do grupo notar que, assim como a protagonista, muitas pessoas desconhecem ou não entendem sobre a transexualidade. No decorrer da história ela conhece pessoas transexuais e travestis e passa a entender melhor esse mundo o que faz com que entenda melhor o porquê de se sentir assim e se assumir como homem trans. Da mesma forma que maioria do grupo LGBT, ele não é bem aceito pela mãe, mas ela acaba entendendo e aceitando o filho. A emissora responsável pela trama sofreu represálias de pessoas que estavam dispostas a boicota-la pelo fato de não aceitarem que pessoas desse grupo sejam  apresentadas como normais para a sociedade que por sua vez acredita que isso é algo que irá influenciar o público mais jovem a tornar-se aquilo que vê e não aceitam ou não querem entender que essas pessoas existem e estão vivendo na mesma sociedade. Devido a essa perseguição que existe, muitos são torturados e mortos pois, quem comete o ato leva em conta a própria crença, o ambiente em que cresceu ou até mesmo os falsos boatos que são espalhados sobre essas pessoas. Esses ataques que acontecem sem que a pessoa esteja preparada e impedem de que essa reaja em legítima defesa, faz com que a média de idade de uma pessoa LGBT seja, atualmente, de 26 (vinte e seis) anos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Ao realizar a coleta de informações e dados na internet para o documentário, foram encontrados casos de violência cruéis e desumanos, por vezes até difíceis de acreditar. Ao final, ficou perceptível que é complicado entender o que o ódio, o preconceito e falta de empatia podem fazer com as pessoas. É incontestável que transexuais merecem respeito e compreensão, que a sexualidade de cada pessoa não pode definir como ela é tratada pela sociedade. Ninguém tem o direito de julgar o outro segundo seus próprios parâmetros de certo ou errado. Porém é exatamente isso que acontece, há tanta discriminação, pois as pessoas julgam baseadas em suas crenças e valores. Nesse sentido, após as entrevistas dos convidados e estudos realizados, ficou claro que a luta pela igualdade ainda está só começando. Que é papel de cada um conscientizar-se que as pessoas são livres para serem quem elas quiserem, é preciso desconstruir o conceito cultural tradicional de gênero. A mídia tem papel importante nessa luta, em retirar os transexuais da invisibilidade e representá-los, ampliando e expondo o tema para a massa, promovendo a aceitação.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.<br><br>GRUPO GAY DA BAHIA  GGB. Assassinato do LGBT'S no Brasil: Relatório de 2016. Bahia, 2016. Disponível em: <https://grupogaydabahia.com.br/2017/01/24/ relatorio-de-2016/>. Acesso em: 20 nov. 2017.<br><br>LABAKI, Amir. É tudo verdade: Reflexões sobre a cultura do documentário. 1ª Edição. São Paulo: Francis, 2005.<br><br>LATTMAN-WELTMAN, Fernando. Mídia e democracia: Indeterminação e representatividade da representação. Disponível em: <http://compolitica.org/revista/index.php/revista/article/view/144/105>.<br><br>LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-posições, [S.L.], v. 19, n. 2, ago. 20. Disponível em: <file:///c:/users/adm-pc/desktop/p&p/intercom/gênero%20e%20sexualidade%20-%20pedagogias%20contemporâneas.pdf>.Acesso em: 31 mar. 2018.<br><br>NETO, O. Mário. VIEIRA, F. Maressa. Transexualidade e preconceito: As implicações do psicólogo. 2013, Butucatu/SP. Disponível em: <http://www.fatecbt.edu.br/ocs/index.php/IIJTC/IIJTC/paper/viewFile/552/424>.<br><br>PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual: Práticas subversivas de identidade sexual. 1 ed. São Paulo: N-1 Edições, 2014. 26 p.<br><br> </td></tr></table></body></html>