ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00323</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Roteiro: A Cor do Toque</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Beatriz Carrocini Colnago (Universidade Estadual de Maringá); Felipe Collar Berni (Universidade Estadual de Maringá); Giulliana Dias Pereira (Universidade Estadual de Maringá); Heloisa Lima Fonseca (Universidade Estadual de Maringá); Pedro Ferreira da Conceição (Universidade Estadual de Maringá); Tiago Lenartovicz (Universidade Estadual de Maringá)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Roteiro, TOC, Audiovisual, Ficção, Master Scenes</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esse trabalho tem como objetivo descrever as etapas da construção de "A Cor do Toque", roteiro de ficção em formato Master Scenes para curta-metragem. Visto aqui como um meio ativo que possui códigos próprios de produção e transmissão de mensagens, aborda em seu tema central os transtornos obsessivos compulsivos vividos pela protagonista Cecília de uma ponto de vista sensível e intimista, de maneira a aproximar os leitores e espectadores ao processo experienciado pela personagem a fim de causar uma reflexão do que se é proposto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"A Cor do Toque" é um roteiro em formato Master Scenes elaborado para um curta-metragem durante a disciplina de Técnicas e Tecnologias em Criação Audiovisual no curso de Comunicação e Multimeios da Universidade Estadual de Maringá. Ao compartilhar da ideia de conflito entre o ser humano e o seu psíquico em Doc Comparato (2000), sua estrutura narrativa linear nos apresenta à protagonista Cecília, uma bibliotecária obsessiva compulsiva que tenta se distanciar dos seus transtornos enquanto executa tarefas do cotidiano. A partir das propostas expostas em aula pelo professor orientador, Me. Tiago Lenartovicz, estudamos e realizamos todas as etapas da produção de um roteiro discutidas por Robert McKee (2006) e Syd Field (2001), desde a concepção de uma ideia até a construção do roteiro final. Iremos discorrer como se deu o processo criativo da pré-produção ficcional do gênero drama, que traz em seu tema central um transtorno mental que atinge mais de 2% da população mundial.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como objetivo geral, tem-se a realização de um roteiro ficcional de curta-metragem para a disciplina de Técnicas e Tecnologias em Criação Audiovisual do curso de Comunicação e Multimeios, UEM. Para que ele se concretize, é necessário desenvolver todas as etapas da criação do roteiro propostas por Field (2001): a) sugerir uma ideia, relacionada à um acontecimento, ou não, que servirá de base para orientar o início do roteiro; b) decidir um tema, assim como elaborar uma pesquisa aprofundada acerca do que se quer falar; c) estabelecer o conflito matriz, que conversa com a ideia e define as ações das personagens; d) escrever o storyline, a partir do conflito matriz, por meio de palavras; e) desenvolver as personagens, estabelecer o caráter de cada uma delas e localizá-las na questão espaço-temporal; f) criar uma sinopse a partir da relação estabelecida entre as personagens e o conflito matriz; g) escolher a formatação da ação dramática, ou seja, a forma estrutural do roteiro por meio das cenas, ainda sem os diálogos pré-estabelecidos; h) delimitar o tempo dramático, inserir os diálogos e estabelecer as intensidades das cargas emocionais a serem inseridas; i) terminar o primeiro roteiro em formato Master Scenes e iniciar as gravações das unidades dramáticas. Por fim, apoiado no produto final, pretende-se levar o espectador à uma reflexão proporcionada pelo conflito e pelo modo com que trabalhamos esse dentro do subgênero de drama psicológico.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir da perspectiva de que o roteiro é a forma escrita de qualquer projeto audiovisual (COMPARATO, 2000, p. 19), foi proposto aos alunos do 3° ano do curso de Comunicação e Multimeios para que desenvolvessem um projeto de roteiro em formato Master Scenes. Além de colocar em prática as teorias estudadas durante a disciplina ministrada pelo professor Me. Tiago Lenartovicz, também iria permitir com que o produto final extrapolasse a parte escrita: era necessário executar as ideias finalizadas pelo roteiro através da gravação de um curta-metragem, estilo esse, de acordo com Alcântara (2014), caracterizado pela história do cinema por ter uma função reflexiva, influenciadora e marginal. Visto que o roteiro é "um meio para se comunicar através da escrita criativa que traz consigo informações elaboradas em códigos próprios" (COMPARATO, 2000, p. 19), fazemos um paralelo com a tese de McLuhan (1969) ao estabelecer que o meio é a mensagem. No caso trabalhado, como já colocado anteriormente, o roteiro seria destinado para um curta-metragem, e portanto, era preciso criar uma estrutura que carregasse mais do que uma mera informação, e sim, se utilizar das técnicas e códigos disponibilizadas por suas qualidades para propiciar uma mensagem que trouxesse uma reflexão aos espectadores. É através dessas ideias que chegamos à nossa justificativa maior, relacionada com a escolha do gênero e o conflito da obra. Para McKee (2006), gêneros são sistemas criados para organizar as estórias de acordo com seus elementos comuns, classificando-as. Apesar da grande discordância ainda quanto essa forma de organizá-los por parte de alguns teóricos e pesquisadores do cinema, é criada toda uma expectativa, tanto por parte do público quanto dos próprios roteiristas sobre o que se esperar de cada gênero. Ao pensar nisso, optamos por trabalhar com o drama - mais especificamente com o subgênero drama psicológico ou psicodrama. Esse, aborda mazelas da sociedade, sejam elas vividas de maneira coletiva ou individual, e causa uma reflexão sobre o que se é proposto a partir do desenvolvimento de personagem. Com a escolha do nosso tema e conflito central o drama passou a ser uma escolha permissiva para uma abordagem diferenciada. Segundo dados da Associação Solidária do TOC e Síndrome de Tourette (2016), o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) se trata de um distúrbio cerebral causado por ansiedade extrema e é caracterizado por quadros em que uma obsessão provoca compulsões repetidamente cumpridas pelo indivíduo, como por exemplo, medos extremos de contaminação, checar se a porta de casa está trancada, se o gás está vazando ou não passar por determinados locais. Ainda de acordo com a Associação, uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH  National Institute of Mental Health) revelou que o distúrbio atinge cerca de 2% da população mundial e possui dois tipos de tratamento, no qual um se baseia em usos de remédios tarja preta e o outro em Terapia Cognitiva Comportamental. A ideia proposta é de retratar o transtorno através de uma maneira não estereotipada e expressionista sobre o que se é construído em cima de pessoas que possuem transtornos obsessivos compulsivos, como, por exemplo, se faz através do ator Jack Nicholson no filme "As Good As It Gets" (1997), de James L. Brooks, ou Jim Parsons em "The Big Bang Theory" (2007- presente), de Chuck Lorre e Bill Prady. Uma ideologia distribuída por um emissor, seja ele roteirista ou diretor, acaba muitas vezes por criar uma verdade, uma expectativa ao redor de uma situação, transformando-a em uma caracterização necessária e concreta. Acreditamos que "A Cor do Toque" caminha num sentido reverso, pois o roteiro desenvolvido foi pensado e escrito para transmitir emoções de maneira sensível e simples a partir da relação da protagonista Cecília consigo mesma, e dela com o seu exterior, e como isso se modifica ao decorrer dos Atos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A primeira etapa foi aprimorar a ideia inicial juntamente com o storyline e a sinopse. Após definidos, iniciamos um trabalho de pesquisa bibliográfica para obtermos mais informações sobre transtornos obsessivos-compulsivos, os comportamentos dos diagnosticados e as formas de tratamento, assim como o êxito ou não dessas. Logo em seguida, desenvolvemos as quatro personagens: a protagonista Cecília, e os coadjuvantes Adriana, Carlos e Diogo. Juntamente com a criação das personagens foi possível definir os ambientes a serem construídos, como, por exemplo, a casa de Cecília, que era completamente organizada e livre de qualquer perigo exposto à personagem, demonstrando de maneira sutil algumas características do TOC por meio das descrições que, mais além, seriam utilizadas pela direção de arte. O roteiro foi escrito em formato Master Scenes, ou seja, em uma estrutura que aborda ângulos, diálogos, planos, narração e até mesmo as partes sonoras (FIELD, 2001), portanto, nos preocupamos com a construção do tempo dramático para a estória. A proposta desenvolvida busca demonstrar ao máximo as emoções vividas pela protagonista em seus íntimos - na sua casa, na biblioteca, no seu ateliê. Priorizar ações a diálogos, ambientações a falas ou explicações. As mudanças de planos e os cortes foram descritos de maneira a expressar o momento de vida da protagonista: instáveis e passíveis de interrupções a qualquer instante. Todas essas características estilísticas foram abordadas de uma maneira destacada em "A Cor do Toque" para que se pudesse criar por meio dos códigos e da linguagem do roteiro uma atmosfera de sensibilidade introvertida, tímida e amedrontada.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"A Cor do Toque" é um roteiro de curta-metragem do subgênero drama psicológico. Em um formato Master Scenes com 15 páginas e 14 cenas filmadas, sendo 1 excluída, somos convidados a conhecer a rotina de Cecília, uma bibliotecária que sofre de transtornos obsessivos-compulsivos (TOC). No período retratado pelo roteiro, fazemos um recorte na vida da protagonista: aqui não dialogamos com o distúrbio em si, mas sim, com o momento vivido por Cecília, no qual ela tenta se afastar de suas perturbações para conseguir ter uma convivência normal com aqueles que a cercam e consigo mesma, ao mesmo tempo em que ainda se vê tomada pelos seus ímpetos. Ao passar da estória, percebemos que a personagem principal se desenvolve juntamente com a trama e vice-versa: o roteiro se modifica junto com a personagem, por meio de inserções de diálogos, por exemplo, e a personagem se modifica com o roteiro por meio dos plots entre seus Atos, esses descritos por Comparato (2000) e Field (2006) como as partes de um roteiro e de um filme linear ou não linear, nas quais geralmente ocorrem, de maneira consecutiva: a apresentação das personagens no primeiro Ato, a ocorrência de um ponto de virada- ou plot, no qual irá causar uma mudança na estória-, o desenvolver do conflito no segundo Ato, outro plot que ajudará nos momentos finais e nas decisões das personagens, e, por fim, um desfecho coerente no terceiro Ato. A estória é contada de maneira linear, e traz em seu primeiro Ato o cotidiano da protagonista: Cecília acorda todos os dias, vai até o ateliê em sua casa e pinta um mesmo formato de quadro em linhas horizontais buscando a perfeição das formas; toma banho, se troca em frente ao espelho e depois se dirige ao seu trabalho na biblioteca. É em casa que a protagonista consegue vencer suas maiores barreira, pois é onde pode se "sujar". O primeiro plot do roteiro, marcando o início do segundo Ato, é determinado quando Cecília recebe a visita de Carlos, seu pai. Esse, insiste com que ela não tome mais medicamentos para controlar a ansiedade e os transtornos, pois esses possuem efeitos colaterais de mudança de comportamento. Cecília abomina a ideia pois acredita não ser apta a se livrar de sua doença por conta própria e essa conversa com o seu pai a deixa mais ansiosa e frágil. O segundo Ato traz o começo das interações da protagonista com Adriana, uma colega de trabalho com quem pouco tem contato até então, e Diogo, um ex companheiro com quem vivia um relacionamento tortuoso e abusivo. Essa interação também demarca o plot final, pois Cecília interpreta que seus problemas jamais irão se resolver, podendo machucar a ela e aos outros com quem convivia, o que a levaria a viver em uma eterna angústia e caos interno. É assim que a protagonista se modifica, de otimista e persistente à pessimista e culpabilizada. Como desfecho, Cecília deixa-se "sujar" em sua própria bagunça, representada pela tinta vermelha que escorre em seu corpo e se alastra pelas águas límpidas de sua banheira. Escolhemos esse final como uma alusão de falsa superação, pois Cecília já não teme mais suas compulsões ao entrar em contato com a tinta, essa que a consome quando ela decide se afundar completamente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Descrevemos aqui as etapas da criação de "A Cor do Toque", roteiro para curta-metragem do subgênero psicodrama elaborado como atividade complementar da disciplina de Técnicas e Tecnologias em Criação Audiovisual do curso de Comunicação e Multimeio, UEM. Além de proporcionar o desenvolvimento prático dos códigos específicos estudados sobre escrita no cinema, como a criação de storyline, de desenvolvimento das personagens e conflitos nos Atos dramáticos, o trabalho também retrata a importância de se considerar o roteiro como um meio transmissor de mensagens ao abordar uma temática reflexiva ainda marginalizada no pensamento coletivo: os transtornos psíquicos e a saúde mental.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALCANTARA, Jean Carlos Dourado de. Curta-metragem: gênero discursivo propiciador de práticas Multiletradas. Cuiabá: UFMT, 2014. Disponível em: < http://www.ufmt.br/ufmt/unidade/userfiles/publicacoes/ec4c7c583edff3064bcee740132a9df4.pdf >. Acesso em 10 fev. 2018. <br><br>ASSOCIAÇÃO SOLIDÁRIA DO TOC E SÍNDROME DE TOURETTE. O que é TOC?. São Paulo, 2016. Disponível em: < http://www.astocst.com.br/transtorno-obsessivo-compulsivo/ >. Acesso em 25 out. 2017.<br><br>COMPARATO, Doc. Da Criação ao Roteiro. 5 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. <br><br>FIELD, Syd. Manual do Roteiro: Os fundamentos do texto cinematográfico. 14 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. <br><br>MCKEE, Robert. Story: Substância, Estrutura, Estilo e os Princípios da Escrita de Rot. São Paulo:Editora Arte e Letra, 2006<br><br>MCLUHAN, Marshall, O meio é a Mensagem. In: Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem, São Paulo: Cultrix, 1969  pp. 21-37. <br><br> </td></tr></table></body></html>