INSCRIÇÃO: | 00655 |
CATEGORIA: | PP |
MODALIDADE: | PP13 |
TÍTULO: | Se liga, deliga! |
AUTORES: | Fernanda Caroline Sombrio (Centro Universitário Ritter dos Reis); Mariana Azevedo Saraiva (Centro Universitário Ritter dos Reis); Camila Pereira Morales (Centro Universitário Ritter dos Reis) |
PALAVRAS-CHAVE: | Educação, Intervenção Urbana, Mídia, Mídia Alterntiva, Tecnologia |
RESUMO | |
No nosso trabalho, queríamos estimular que as pessoas a repensarem o uso do celular durante a aula. Para isso, fixamos nas classes da salas de aula da faculdade réplicas em tamanho real de celulares com frases que fizessem referências a internet ou funcionalidades do celular, utilizando uma linguagem próxima ao público que desejávamos alcançar, em sua maioria jovens estudantes heavy users das mídias sociais. Também utilizamos o slogan "Se liga, desliga!" em todas as peças para criar uma unidade na campanha. Esse trabalho fez parte de uma campanha criada na turma de Mídia que utilizava a hashtag #AjudoSim, onde todos os projetos, de alguma forma, geravam um questionamento e provocavam as pessoas a alguma ação. | |
INTRODUÇÃO | |
O surgimento dos smartphones foi além de um simples aprimoramento da tecnologia dos telefones celulares. Este aparelho teve sua função transformada tomando conta do cotidiano de milhões de pessoas e gradativamente deixando de ser apenas um dispositivo para consultar data e hora. A tecnologia dos smartphones por seu caráter interativo, ágil e multimídia se tornou essencial e criou uma necessidade nos seus usuários. Esta necessidade de estar sempre conectado faz parte de um desejo de pertença pois foi idealizada uma vontade de sentir-se parte da rede. O surgimento das redes sociais pode ser considerado diretamente responsável por isso, pois trouxe um novo modelo de relacionamento super interativo no digital. Tudo isso atrelado ao aumento da capacidade da velocidade da internet móvel e sem fio. Em outras palavras, isto é o que gera uma dependência cada vez maior das pessoas com o smartphone. A questão é que gradativamente cresce o número de pessoas super conectadas, as quais desenvolvem uma dependência do celular e das milhares de diferentes interações que ele permite do mundo virtual com o mundo real. Percebe-se que a atenção se voltou muito mais para a tela e há uma dificuldade de voltar esta atenção para fora do digital. Um dos momentos em que este fato se mostra mais evidente é na sala de aula. É muito mais difícil autodisciplinar-se a focar totalmente em um assunto: o smartphone trava uma disputa pela atenção do usuário com o conteúdo e por muitas vezes, o primeiro acaba ganhando. Pensando em resolver esta questão resolvemos, realizar este trabalho de mídia alternativa a fim de provocar os alunos no ambiente da sala de aula a repensar este tema. | |
OBJETIVO | |
O objetivo deste trabalho é atentar alunos de diversos níveis de ensino para o mal que os aparelhos de celular podem causar para a concentração, principalmente na sala de aula. A partir da proposta de trabalho feita pela professora da disciplina de criarmos uma intervenção urbana utilizando de mídia alternativa, visamos tocar em algum tema que fosse real e presente na vida dos estudantes. Acabamos escolhendo este tema também com um viés autocrítico, considerando que, esta dificuldade de concentração afeta propositalmente uma parcela de estudantes que, como nós, foram acostumados desde as bases de sua educação a terem a sua atenção disputada entre a tecnologia e o conteúdo. Assim, tínhamos este interesse de certa forma pessoal em abordar este tema fazendo uma espécie de provocação a nossos colegas discentes. Para tanto, decidimos fazer algo que chamasse atenção por seu viés cômico elaborando frases que fazem alusão à piadas que circulam pela internet e que costumam ser do universo dos alunos de graduação. | |
JUSTIFICATIVA | |
Foi proposto na disciplina de Mídia o desenvolvimento de uma atividade em que a turma criaria um projeto de mídia alternativa que incentivasse a solidariedade e gerasse um questionamento. Esta atividade ganhou como forma de identificação a hashtag #AjudoSim, fazendo com que todos os trabalhos acabassem se ligando como o uso da mesma. Logo, a turma foi dividida em grupos e cada um ficou encarregado de desenvolver seu próprio projeto com total liberdade de assunto, desde que se encaixasse dentro do tema proposto e da hashtag. Surgiu assim o trabalho "Se liga, desliga!", que tem como proposta trazer para os alunos da graduação uma reflexão sobre o uso do celular em sala de aula, pois ao mesmo tempo que podem servir como ótimas ferramentas de pesquisa e complementação da matéria que está sendo ensinada, podem também acabar sendo uma distração para o aluno e um incômodo para o professor. Então, foi pensada para criação destas peças emular modelos de aparelhos celulares e em suas telas aplicar mensagens que ao mesmo tempo que chamassem a atenção do aluno também o conscientizasse sobre a utilização do eletrônico em sala de aula. Para isso, foram pensadas frases que misturassem humor, lembrassem memes (informações, frases, ideias, fotos, vídeos, GIFs entre outros que se espalham entre usuários rapidamente) que fossem familiares com a internet e assuntos relevantes para o ambiente acadêmico, como provas e a matéria que de fato estaria sendo passada pelo professor. O celular pode sim ser um grande aliado no aprendizado e no desenvolvimento do conteúdo proposto em aula, porém a crítica que foi proposta nas peças criadas foi a utilização do mesmo como única e exclusivamente forma de distração e responsável por um mau aprendizado pelo aluno. Este é o ponto que torna este trabalho relevante, pois ele trata de um problema atual e crescente que ainda não é visto como tal pela maior parte dos alunos. | |
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS | |
Para o desenvolvimento deste trabalho, já estavam estabelecidos o tema geral para a turma e que precisaria ser um projeto de mídia alternativa. Logo, iniciou-se uma pesquisa para entender mais a fundo o que diferenciava a mídia tradicional, pois como entre a mídia tradicional e a mídia alternativa, há mais fatores que as distanciam do que apenas os meios utilizados. Entre elas, muda a linguagem utilizada, os conteúdos, para o que e como elas são utilizadas. Na mídia alternativa, o suporte que a mensagem está utilizando faz toda a diferença. (DORDOR, 2007) Para Luís (2013), "a principal característica de uma mídia alternativa é a inovação e, na maioria das vezes, criatividade das peças, além do oportunismo", ou seja, além da inovação e criatividade já exigidas na mídia tradicional, a mídia alternativa precisa ir além. Porém, primeiro era necessário definir o que gostaríamos de comunicar em nossas peças, algo que pudesse gerar de fato um questionamento e uma discussão em torno daqui. A partir daí, foi preciso voltar o olhar para si mesmo e perguntar: "Observando as minhas atitudes, o que julgo poder ser mudado?", logo, foi fácil perceber o assunto que precisávamos abordar: o uso excessivo e inoportuno do celular em sala de aula. A geração de pessoas que se encontram na faculdade atualmente já podem ser considerados leitores imersos, que estão acostumados com a grande quantidade de informação a sua volta, entretanto, ele perdeu a capacidade de contemplação (ou concentração), precisando de muito mais estímulos para se manter interessado naquilo que está a sua volta. Por ser tão acostumado com o bombardeamento de informações, um texto simples, feito apenas de palavras o entedia. (SANTAELLA, 2004). Logo, este aluno terá muito menos capacidade de atenção para um aula do que para os milhares de estímulos por segundos da internet, como diz Morales (2011) "ser ouvido, com exclusividade de atenção, hoje se tornou tarefa difícil não só para a publicidade como para qualquer forma de comunicação." A partir disto, era necessária a escolha de onde os materiais a serem produzidos seriam aplicados. A importância da escolha do espaço é muito grande, quando falamos de mídia alternativa. Para a autora, "É necessário que, na escolha do espaço, haja criatividade e consideração da relevância. Intromissões inteligentes acontecem quando as características da 'superfície' ou do lugar são vistas pelo público como parte integrante da mensagem. Todos os lugares podem expressar alguma coisa, por sua função, como é utilizado pelas pessoas; pelo que aparenta, sua forma ou volume; pelo que conecta, estilo ou imagem que o público tem de determinado lugar; ou, ainda, por sua capacidade de chamar a atenção, a forma como as pessoas se envolvem com esse lugar ou superfície. Todas essas características podem ser exploradas pela mensagem." Houve, então, para uma busca pelo campus de onde seria o suporte para nosso projeto de mídia alternativa, porém o suporte em que a nossa criação estaria estava intrinsecamente ligado com criação em si. Então, percebemos que ambos estavam literalmente diante de nossos olhos o tempo inteiro: o celular em cima da mesa. Esta cena é algo comum em qualquer sala de aula atual, logo, se torna muito relevante para o trabalho a ser desenvolvido, pois quando é utilizado um meio que possui uma alta conexão com que está sendo comunicado, esta interação é feita com muito mais eficácia (MORALES, 2011). Assim, foi decidido que seriam impressas imagens que emulasse um celular real, com frases impactantes dentro de suas telas e os mesmo seriam colados em mesas das salas de aula da faculdade, para que, fossem vistos durante a aula e gerassem tanto a curiosidade quanto a conscientização. As frases utilizadas juntaram tanto uma referência do mundo virtual quanto do universo acadêmico, trazendo o humor como uma maneira de falar de um assunto que, por vezes, pode ser desconfortável, já que muitas vezes o utilizamos como uma válvula de escape, um alívio (FREUD, 1909). Uma das exigências para a atividade foi que houvesse uma ligação nos trabalhos de cada grupo com o projeto da turma como um todo, com a utilização da hashtag #AjudoSim que estaria presente de alguma maneira em todas as peças produzidas pela turma. A utilização da hashtag se faz diretamente relevante com "efeito amplificador" da mídia alternativa, ou seja, "quando uma mensagem é muito interessante para o público, ele voluntariamente a reproduz, através do já conhecido boca a boca, ou, então, em suas versões mais tecnológicas, ele fotografa, grava e comenta, em redes sociais fechadas ou abertas, a mensagem que presenciou." (MORALES, 2011). O nome escolhido foi "Se liga, desliga!" por resumir exatamente o que o trabalho desejava comunicar: chamar a atenção para o uso de aparelhos celulares no momento de aula. Ao mesmo tempo que ele vai direto ao ponto, possui também uma espécie de eufonia pela rima das palavras e uma contradição com as mesmas, pelo uso do "liga" e do "desliga". Após produzidos, os falsos celulares foram espalhados por diversas classes através das salas de aulas do campus da faculdade e assim, como toda peça de mídia alternativa, sai de nossos controles, pois como define Morales (2011),"As publicidades alternativas atingem sucesso exatamente em um ponto que era evitado pelos formatos tradicionais: a perda de controle sobre a reprodução da mensagem." | |
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO | |
Para a realização do trabalho "Se liga, desliga" elaboramos frases com apelo humorístico impressas em modelos de celulares e colamos nas mesas das salas de algumas salas de aula o prédio da comunicação da Faculdade. O nome do trabalho foi escolhido como "Se liga, desliga!" com a intenção de combinar com o apelo cômico e descontraído das peças criadas. Através deste trocadilho curto, simples e de fácil memorização a mensagem final do projeto ficou bem identificada. Além de ser o título do trabalho, pelo fato dele ter aparecido abaixo das frases de efeito, ele encerrou com a ideia em si. As frases elaboradas foram: "GIF de gatinho não vai te ajudar no Grau B." que faz referências aos GIFs de gatos que obtiveram uma popularidade muito grande dentro da web; "O que o professor tá falando agora não vai se repetir amanhã." traz a ideia de que nada que está na internet some, tudo é possível ver novamente; "Sua nota ruim vai virar meme." refere-se aos memes, que são frases, vídeo e imagens que, por algum motivo, possuem graça e se difundem rapidamente dentro da rede; "A selfie que você tá tirando agora, não vai cair na prova." que conversa com a obsessão crescente com as selfies, fotos que as pessoas tiram de si mesmas para postar nas redes sociais. Estas frases foram criadas pensando no público-alvo que receberia esta mensagem: alunos de comunicação de faixa etária 18 a 24 anos por isso foi utilizado de apelo humorístico. Assim como o trocadilho "Se liga, desliga", utilizado como título do trabalho, foi pensado justamente para conversar com o caráter descontraído da abordagem das peças. Os celulares foram feitos a partir de imagens dos modelos que foram encontradas da internet e manipuladas em programas de edição de imagem para a inserção das frases em suas telas. Então, as imagens foram impressas em um papel couche 300g, para assim manter a qualidade e a verossimilhança com os aparelhos reais e aplicadas sobre as classes de algumas salas do Campus FAPA da UniRitter. | |
CONSIDERAÇÕES | |
Ao realizarmos este trabalhos concluímos que o uso exagerado de smartphones no ambiente da sala de aula deve ser colocado em discussão no meio acadêmico tanto para alunos como para educadores. A democratização das tecnologias trouxe uma série de mudanças na forma de relação entre as pessoas. Algumas positivas, principalmente no que concerne a rapidez da troca de informações e as diversas opções de interatividade que ela permitiu como também desafios que precisamos nos atentar a superar. Por mais que os smartphones possam se mostrar prejudicial ao rendimento dos alunos ele não deve ser visto com um vilão pelos professores. É muito mais uma questão de saber utilizá-lo da melhor forma possível; adaptá-lo à sala de aula. É característico do surgimento de uma nova tecnologia que no início as pessoas ainda não tenham controle e entendimento de qual é a melhor maneira de utilizá-la. No entanto, é essencial lembrar-se que somos nós que adaptamos a tecnologia para a melhor forma que pudermos desfrutar de suas ferramentas. | |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS | |
LUÍS, Diego. Falando sobre mídia: mídia alternativa. Plugcitarios, 2013. Disponivel em: MORALES, Camila Pereira. Transgressões à publicidade clássica : novos suportes e formatos da publicidade contemporânea. 2011. 363 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. FREUD, Sigmund. Os chistes e sua relação com o inconsciente. Obras psicológicas completas, Vol. III. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1977. SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil do leitor imersivo. São Paulo:倀愀甀氀氀甀猀Ⰰ ㈀ 㐀⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀 |