ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00688</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Roteiro para episódio piloto da série de TV Surreal</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Matheus Felipe Agostinho (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Carlos Alberto Debiasi (Pontifícia Universidade Católica do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Episódio Piloto, Ficção científica, Roteiro, Série de TV, Surreal</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O presente produto procura descrever as bases para a criação de uma série de TV ou plataformas digitais de streaming chamada Surreal. Ela tem como temática a ficção científica voltada para crianças e adolescentes somado a referenciais de ação e aventura. Este produto encontra bastante aceitação junto ao público-alvo na atualidade, com vários exemplos de sucesso. O produto apresenta um episódio piloto, intitulado Memórias Eternas como fundamentação para os demais, ainda em fase de escrita e desenvolvimento.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> As séries de ficção televisivas são um formato muito popular de entretenimento. Presentes na grade de programação a partir dos anos 60, elas conheceram vários tipos de desenvolvimento em décadas posteriores como a variação de formato (com quinze, trinta ou cinquenta minutos de duração em cada episódio) e de temática (faroeste, comédia, policial, drama, mistério, entre outros). Bastante ligada à popularidade de determinados temas em épocas específicas, são produtos com valor de produção elevados se comparados a outros formatos como os talk shows ou programas de auditório. Pela qualidade estética e de narrativa, trazem vários pontos de audiência aos canais, que rentabilizam comercialmente através da inserção de publicidade nos intervalos ou mesmo durante o desenrolar da trama. Uma série traz como característica uma narrativa contínua ao redor de um enredo formado, de maneira geral, com vários personagens e núcleos específicos semelhantes a uma novela mas com duração menor em número de episódios. As séries também podem ter como estrutura narrativa comum uma temática, presente em produções como  Além da Imaginação (Twilight Zone) já utilizava o formato antológico no começo da década de 60 e esse método se mantém relevante até hoje em séries como True Detective, American Horror Story, Fargo e Black Mirror. Atualmente, as séries já extrapolaram as telas da TV e chegaram a serviços de streaming como Netflix, Amazon, Hulu, entre outros. Esses serviços têm como característica oferecer conteúdo sob demanda a seus assinantes e, dessa maneira, alterar a lógica da grade de programação fazendo com que os espectadores muitas vezes assistam aos episódios de maneira sequenciada (Binge Watch). Sendo assim, é muito importante trabalhar na formação de novas propostas devido à grande procura destas por parte das produtoras de conteúdo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Como reflexo do cenário acima exposto, a proposta do presente trabalho procura criar o conceito de uma série televisiva chamada  Surreal , que conta com doze episódios que versam sobre a temática de ficção científica e terror com linguagem voltada para crianças, adolescentes e jovens adultos. A ideia da série foi desenvolvida a partir de um episódio piloto, intitulado Memórias Eternas, cujo roteiro integra esse produto. Como objetivo secundário, o desafio da criação de um roteiro audiovisual de longa duração extrapola as barreiras dos conteúdos geralmente tratados em sala de aula e que pelas questões de carga horária, não permitem o desenvolvimento de um produto dessa maneira. Dessa forma, é possível proporcionar um aprofundamento maior de pesquisa e desenvolvimento nessa área do conhecimento. Outro objetivo é a formatação de um produto que pode ser realizado no futuro, fora do ambiente acadêmico. Porém, desenvolvido e pensado usando o ambiente estratégico da Universidade que é um lugar de discussão e desenvolvimento de novas ideias. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> A formatação da série em 12 episódios antológicos e autônomos (a exemplo de Black Mirror), colabora com a abrangência do público-alvo ao tratar de diversos assuntos dentro de um tema em comum. Nos últimos anos, séries sobre ficção científica têm ganhado mais espaço entre os adolescentes e jovens-adultos nas plataformas de streaming e na Tv por assinatura. Stranger Things, Westworld, Doctor Who e a produção nacional 3% são alguns dos exemplos de sucesso dentro do gênero que impactaram um grande número de pessoas neste grupo. Westworld, em sua primeira temporada, atingiu 2,2 milhões de espectadores no episódio final exibido na HBO, enquanto que 3% se mantém como a série de língua não-inglesa mais assistida nos Estados Unidos. Vale ressaltar que a segunda temporada de Stranger Things atraiu o interesse de 15,8 milhões de assinantes na Netflix. Cada episódio demandará uma nova história e diferentes personagens, o que exigirá um roteiro versátil e criativo. Esse é um método que dará mais liberdade ao roteirista, abrindo possibilidades para inovar e reinventar a história, capítulo por capítulo. Esse projeto, quando formatado, pode ser uma ótima oportunidade para participar de concursos de roteiros (como o Concurso Nacional de Roteiros e o Scriptapalooza) e alcançar uma produtora televisiva ou de serviço de streaming.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> No processo de escrita do roteiro, foram utilizadas como referência os livros  Manual do Roteiro , de Syd Field,  Da Criação ao Roteiro , de Doc Comparato, e  Story , de Robert McKee. A estrutura narrativa da história é embasada no conceito dos três atos de Syd Field, dividida entre apresentação, desenvolvimento e conclusão da trama. Os pontos de virada foram aplicados nas transições do primeiro para o segundo ato e, do segundo para o terceiro ato. Os personagens da história foram concebidos conforme as técnicas demonstradas em  Manual do Roteiro e  Da Criação ao Roteiro , isto é, atribuir motivações externas (mostradas ao longo da trama) e internas (pano de fundo da história) a cada personagem. Tendo como base a afirmação de Field:  personagem é ação , foi definido que a protagonista seria muda, utilizando gestos e ações para se comunicar. Ela é guiada por um objetivo interno e misterioso que se faz presente durante dois atos da história, sendo modificado na parte final devido a um ponto de virada, enriquecendo seu arco dramático enquanto a trama avança. Os coadjuvantes, por outro lado, têm seus objetivos definidos logo em sua apresentação, assim como existe um forte pano de fundo que os conecta e auxilia no entendimento de sua personalidade. O programa celtx foi utilizado para o desenvolvimento do roteiro, que durou três a quatro semanas para ser finalizado. As maiores inspirações de formatos e temas para a criação da série "Surreal" vieram de Black Mirror, Twilight Zone e Stranger Things, devido à ficção científica e os toques de terror/ suspense presente em todos. Em relação ao primeiro episódio, o desenvolvimento e ambientação da história faz referência a Logan (2017), de James Mangold, e a Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977), de Steven Spielberg. Há uma cena de perseguição no segundo ato do roteiro que também faz referência a outro clássico de Spielberg: Encurralado (1971). Foram utilizados elementos simbólicos no roteiro: o rádio antigo, que dá voz a uma das personagens e é conveniente para a utilização da trilha sonora no episódio; o código de barras serve como artifício que auxilia na caracterização do personagem Lucas, indicando sua presença no clímax da história, assim como conecta seu passado à Máquina e aos experimentos de seu pai; a Máquina, que é uma influência da ficção científica clássica (vide Perdidos no Espaço, De Volta para o Futuro, Tron, Matrix e 2001 - Uma Odisseia no Espaço); e o "Homem de Terno", frequentemente associado ao vilão da história no imaginário televisivo e cinematográfico. Todas essas figuras simbólicas estão aqui para criar identificação e simpatia com o público.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Inicialmente, o roteiro foi idealizado como um curta-metragem independente e único de, no máximo, 20 páginas. Porém, no decorrer do processo foi percebido que o produto se encaixaria melhor como piloto de uma série antológica, com cada episódio tendo de 20 a 30 minutos. O primeiro passo foi a pesquisa a respeito da temática da obra. Optou-se por se trabalhar com a temática de ficção científica e suspense por ser algo que o autor tinha interesse e também pelo forte apelo dessa temática junto ao público-alvo pretendido. Depois partiu-se para o desenvolvimento do storyline, que é um pequeno resumo da história com começo, meio e fim. O storyline acabou sendo o seguinte: Doutor desenvolve tecnologia que realiza a transmutação de mentes para outros objetos. A invenção tem um caráter progressista, mas a Organização vê fins malignos para ela. Doutor promete ceder invenção para Organização mas, para fugir, acaba transportando a sua mente para dentro de um rádio velho antes que o matem. Sua filha, muda, acaba com o rádio em mãos e precisa avisar o amigo do doutor que a Organização está atrás da invenção. Amigo reluta, mas acaba ajudando garota muda. Juntos, eles vencem a Organização. Após isso, em discussão com o orientador, foi desenvolvido um pouco mais a ideia original e também realizada a escaleta que é a criação inicial das unidades de ação e os acontecimentos em cada uma delas, aprofundando ainda mais a história a ser contada. A primeira escaleta apresentava 7 cenas enquanto o primeiro tratamento do roteiro desdobrou-se em 16 cenas. Também foram discutidos os perfis básicos dos personagens: se optou por dar protagonismo à personagem Bia tanto pelo fato de criar identificação com o público-alvo quanto também pela possibilidade criativa de se fazer um roteiro com uma personagem sem voz, pautada puramente na ação e na interação com os outros personagens. Também foram desenvolvidas outras relações entre personagens e acabou-se criando o filho do amigo do Doutor que é uma espécie de espectro e tem papel fundamental no desfecho da narrativa. Esse personagem pode ser associado ao Gato Risonho, de Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll, 1865), pois se trata de aparições pontuais que trazem uma espécie de conforto à protagonista. Em sua primeira versão, o roteiro alcançou 26 páginas. Ele apresentava vários detalhes técnicos como enquadramentos, ângulos e movimentos de câmera descritos no produto. Porém nesse momento foi considerado necessário cortar essas especificações - que dizem mais respeito à etapa de produção que ao roteiro propriamente dito - e criar uma segunda versão, que acabou com duas páginas a menos. Ainda não era o suficiente. A história precisava ser revisada para que fosse possível "cortar as sobras". Sendo assim, foi concebida a terceira versão do roteiro, com 22 páginas e poucos detalhes a mais que faltavam resolver. A conclusão da história (cenas 14 e 15) gerou muita discussão sobre a localização e acesso à Máquina. Na quarta e última versão do roteiro, todos os detalhes restantes foram consertados, tornando a história mais concisa. Isso fez com que o resultado final do produto agradasse a todos os envolvidos. A história é contada do ponto de vista de uma garota muda, Bia. É ela quem leva a consciência de seu pai, preservada em um rádio velho, ao encontro do rabugento e sombrio Dr. César, na esperança de que, com sua ajuda, eles possam impedir a Organização de encontrar os projetos da Máquina de preservação mental. No primeiro ato, somos apresentados a Bia fugindo do representante da Organização, o Homem de Terno. Logo descobrimos que a garota é muda e não possui conhecimento da linguagem de sinais, impossibilitando sua comunicação direta. Dr. César e Nico, o pai de Bia, possuem um pano de fundo que colabora com sua apresentação e desenvolvimento. O segundo ato se inicia quando o Homem de Terno persegue o carro de Dr. César. Essa parte da história é dedicada a aprofundar a história que envolve a Máquina de preservação mental e desenvolver a relação de Bia com Dr. César. Enquanto a garota aprende mais sobre como se expressar através de sinais, o doutor começa a encontrar novamente sentimentos há muito esquecidos. Após Bia encontrar a localização da Máquina de preservação mental e explicar seu plano para Dr. César, o terceiro ato é iniciado. Há um confronto entre Dr. César e o Homem de Terno que define o clímax da história e a encaminha para a conclusão. O conceito da série "Surreal" é apresentar histórias de ficção científica e terror, buscando o equilíbrio entre a realidade e a irrealidade. O título "Surreal" vem da confusão causada pelo choque do mundo dos sonhos com o nosso mundo, assim como abre novos horizontes para a exploração de diversas outras realidades. Ao todo, a série terá 12 episódios na primeira temporada. Cada novo capítulo trará novos personagens e situações envolvendo ficção científica ou terror. Há uma ideia para a história do próximo capítulo, que envolveria um garoto percebendo que alguém está modificando sua linha temporal e roubando acontecimentos importantes de sua vida. Esse garoto iria atrás de quem está fazendo isso e descobriria uma nova mitologia: os Deuses do Tempo. Em outro episódio, seria explorado o conceito de "mansão mal-assombrada", que envolveria um grupo de jovens presos em uma casa maligna, onde a única saída seria resolvendo as charadas escondidas no porão. Por fim, existe a possibilidade de utilizar mais objetos para compor a história, como uma câmera fotográfica que paralisa o tempo a cada clique, ou um lápis que têm a capacidade de apagar o presente e reescrever o passado. As possibilidades são proporcionais à criatividade. O logotipo da série se baseia na tipografia de Twilight Zone, trazendo de volta a atmosfera da série britânica que também serviu de inspiração para o nosso conceito. O fundo da imagem é uma referência a Black Mirror e ao próprio movimento surrealista, combinando distorções e tecnologia. Essa logo seria utilizada na abertura da série, acompanhada da música "Surreal" da banda brasileira Scalene, que além do tom melancólico e atmosférico, traz consigo uma aura de originalidade e identificação ao público brasileiro. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"> Black Mirror e Twilight Zone apresentam episódios independentes e não necessariamente sequenciais. Uma formatação que, apesar de apresentar excelentes exemplos na história desse formato, é relativamente pouco explorada na programação audiovisual. Além disso, o direcionamento para o público infanto-juvenil aproxima a ideia da realidade. Seria possível afirmar que é um produto que interessa a executivos de canais pagos como Gloob, Nickelodeon ou Cartoon Network. Portanto, a ideia, se for bem desenvolvida, poderia render altos níveis de audiência em um serviço de streaming ou na tv por assinatura. Acredito que o trabalho superou as expectativas que haviam no início do processo. O curta-metragem tornou-se piloto de uma série muito promissora - e que possibilita a criação de mais projetos nesse formato. Com a conclusão dos roteiros que componham uma temporada completa, existe a ideia de apresentá-la a executivos e produtores de Tv ou streaming, visando a execução e produção da série "Surreal". De qualquer maneira, o desafio de projetar um formato audiovisual de fôlego já é um grande passo para futuros desenvolvimentos nesta área.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no país das maravilhas; através do espelho e o que Alice encontrou lá e outros textos. São Paulo: Summus, 1980.<br><br>COMPARATO, Doc. Da criação ao roteiro: edição revista e atualizada, com exercícios práticos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. <br><br>FIELD, Syd. Manual de roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. Rio de Janiero: Objetiva, 2001<br><br>MCKEE, Robert. Story: substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiros. Curitiba: Arte & Letra, 2006. <br><br> </td></tr></table></body></html>