ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00782</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO15</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Pedofilia: inocência roubada</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Mayara Maier (Universidade Estadual do Centro-Oeste); Layse Pereira Soares do Nascimento (Universidade Estadual do Centro-Oeste)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;abuso sexual, adolescente, criança, doença mental, pedofilia</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O radiodocumentário Pedofilia: A Inocência Roubada traz informações sobre a pedofilia e o abuso sexual infantil. Com duração de 20 minutos, o trabalho destaca por meio de narração, pesquisas em relação ao tema e entrevistas realizadas com um psicólogo especialista em saúde mental e psicologia jurídica e com uma subtenente da polícia militar do Paraná, única capacitada em pedofilia no Brasil. Direitos, deveres e cuidados da família e da sociedade em geral em relação à proteção da criança, aspectos psicológicos da criança abusada e do abusador e castração química, são alguns dos assuntos abordados no documentário, dividido em três blocos, intercalados com trilhas sonoras.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pedofilia é vista como uma perversão que leva o indivíduo, maior de 16 anos, a se sentir sexualmente atraído por crianças ou praticar atos sexuais com menores de 13 anos, ou seja, crianças e adolescentes que ainda não atingiram a puberdade. A pedofilia é considerada um transtorno mental e comportamental pela Classificação Internacional de Doenças (CID), lista organizada pela Organização Mundial de Saúde. Ela se encontra no item F65.4, Capítulo V da CID-10, que corresponde a transtornos de personalidade e do comportamento adulto. Apesar de ser considerada doença e não crime, a pedofilia pode se enquadrar em violação de direitos, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Código Penal. Conforme o artigo 5º do ECA (Lei nº8.069/13 de julho de 1990), "nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão", nestes casos, será "punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais". Já no Código Penal, a pedofilia pode se enquadrar no artigo 217-A da Lei nº12.015/2009, que pune crimes de estupro de vulnerável, "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos". A lei prevê pena de 8 à 15 anos de reclusão, para esses casos. O abuso sexual, bem como qualquer outra atitude (como carícias indesejadas, estimulação genital, etc) de violência por parte de pedófilos, ou não, podem deixar marcas, tanto físicas quanto mentais, que acompanharão as crianças e adolescentes até a vida adulta. As vítimas podem vir a ter problemas psicológicos e dificuldades de se relacionar ocasionados por esse trauma.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo do radiodocumentário é colocar em prática as técnicas de locução, pauta, entrevista e edição estudadas na disciplina de Radiojornalismo. O trabalho visa também, informar sobre o tema pedofilia, suas formas de prevenção, orientação dos pais, professores e pessoas próximas às crianças e adolescentes. Além de esclarecer maneiras de denunciar, identificar que a criança está sendo abusada, formas de tratamento da vítima e do abusador. Bem como, conscientizar a população acerca do assunto. Entende-se que este é um tema de grande relevância e que deve estar na pauta das grandes discussões nacionais. O rádio é um eficiente meio difusor de ideias, espaço de debates e que pode contribuir tanto para alertar a população quanto para coibir a prática da pedofilia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A escolha do tema pedofilia se deu pela necessidade de discutir este assunto, devido ao grande número de casos denunciados no Brasil. É necessário um debate que chegue até as pessoas e o meio rádio ainda tem muito prestígio nas regiões interioranas e uma grande importância na disseminação de conteúdos, fazendo com que o acesso seja mais democrático. O rádio possui uma linguagem simples, capaz de despertar o interesse do ouvinte e fazê-lo compreender o que está sendo transmitido. Para Cyro César (2005), ele "possui uma característica toda própria para converter, na mente do ouvinte, ideias, palavras e ações em imagens auditivas" e por meio de técnicas desenvolvidas pelo locutor, "podemos criar uma tela na mente da pessoa, levado-a a imaginar o sentido daquilo que queremos criar". A preferência pelo radiocumentário se deu por estarmos estudando-o na disciplina e pela maneira em que o tema pode ser tratado dentro deste formato. Ferraretto o define de maneira concisa: Pouco frequente no Brasil, o documentário radiofônico aborda um determinado tema em profundidade. Baseia-se em uma pesquisa de dados e de arquivos sonoros, reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui, ainda, recursos de sonoplastia, envolvendo montagens e elaboração de um roteiro prévio (FERRARETO, 2001, p.57). A partir daí foi iniciada uma pesquisa no tema, busca por profissionais e trilhas que expressassem os diferentes sentimentos retratados no programa: o de ser abusado, o comportamento do abusador e como esse trauma silencioso, que é o abuso sexual, pode transformar a vida da criança e do adolescente e impactar na fase adulta. O radiodocumentário foi produzido na disciplina de Radiojornalismo, do primeiro ano do curso de Jornalismo da Unicentro, no segundo semestre de 2017, com supervisão da professora, Layse Pereira Soares do Nascimento. É o resultado das discussões teóricas e exercícios práticos laboratoriais, desenvolvidos durante o ano.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para a produção desse radiodocumentáro foi realizada, primeiramente, a pesquisa do tema proposto e a discussão em sala do mesmo. Em seguida, começou a busca por profissionais da área para debater o assunto. Depois de definí-los, trilhas musicais foram escolhidas criteriosamente para reafirmar a problemática do documentário. Um roteiro foi organizado para auxiliar o locutor nas gravações que ocorreram no estúdio de rádio do curso de jornalismo da Universidade Estadual do Centro-Oeste, que fica no campus Santa Cruz, em Guarapuava. As gravações das entrevistas e da locução ocorreram dentro de, aproximadamente 2 horas, em dias distintos. E a edição em 5, totalizando 7 horas de produção até obter o produto final. Isso sem contar com o tempo de pesquisa, que durou cerca de um mês. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O nome do programa foi escolhido após a finalização do trabalho. A análise do documentário fez perceber que quando uma criança ou adolescente é abusado, algo é roubado deles, nada é como antes. As brincadeiras, antes inofensivas, dão espaço à desconfiança e ao medo, e a ingenuidade dá espaço para a agressão, a malícia, ou comportamentos sexualizados. Sua inocência foi roubada. O projeto, discutido em sala, pesquisado, elaborado e roteirizado resultou no radiodocumentário Pedofilia: A Inocência Roubada, com duração de 20 minutos, dividido em 3 blocos. Ao longo do documentário foram inseridas 6 trilhas, sendo 5 canções e uma música instrumental, com o objetivo de enfatizar o tema, dar ritmo a narração e harmonização ao programa. O primeiro bloco inicia com um trecho da música da campanha  Faça Bonito . As frases iniciais são:  Filha, o papai tem um assunto muito importante para conversar com você. Ahram, sobre o que papai? . Essa campanha foi divulgada em 2015 pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes e é um projeto de prevenção e combate ao abuso e exploração sexual infanto-juvenil. Um trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como seu objetivo, é narrado logo em seguida. Uma guinada no documentário traz a música  Pedofilia da banda Titãs, que relata um caso de abuso sexual infantil. A pesquisa proporcionou reunir dados estatísticos relevantes que demonstram a urgência e a necessidade de se debater tal questão. Só em 2015 e 2016, 37 mil casos de violência sexual de menores foram denunciados pelo disque 100 e pelo aplicativo Proteja Brasil, a maior parte das denúncias é referente aos crimes de abuso sexual e exploração sexual. É necessário ressalvar que muitos casos ainda não são denunciados, pois muitas crianças têm medo de pedir ajuda, possuem familiares negligentes ou que são coniventes com os abusos. O radiodocumentário contou com duas entrevistas que mostram perspectivas diferentes a respeito do tema. Uma delas foi com a subtenente Tania Guerreiro, da Polícia Militar do Paraná, única policial no Brasil especializada em pedofilia. Ela já na atua nessa área há 30 anos com palestras de capacitação para prevenção e combate ao abuso sexual infantil. A subtenente enfatizou que sempre existiu pedofilia, mas que antigamente essa temática era pouco discutida por vergonha e que mesmo com a modernização da sociedade, essa dificuldade ainda está presente. Ela destaca que falta atenção por parte dos responsáveis por essas crianças, que as deixam sem os cuidados devidos, principalmente em relação à internet. Optou-se por uma fala sequencial da entrevistada durante todo o primeiro bloco, sem interrupções, para que houvesse uma melhor compreensão do assunto. Tania falou ainda sobre como os pais, professores e familiares podem identificar que uma criança está sendo abusada, quais cuidados devem ser tomados e como agir quando o abuso é identificado. Quais são as preferências de um pedófilo, o que ele busca em uma criança e a maneira de combater a pedofilia, são informações também apresentadas por ela. O segundo bloco inicia com a música  Trancado no quarto da cantora brasileira de músicas cristãs, Bruna Karla. A música narra um caso de abuso sexual infantil. A composição é realmente um apelo de uma criança que gostaria de crescer só com as boas lembranças de sua infância, mas após ser abusada, pede socorro.  Aqui quem canta é uma criança, é que eu não sei me defender. Respeitem minha inocência, só assim o mundo poderá crescer , diz um trecho da música. Na sequência, o psicólogo Altair Rafael dos Santos, especialista em saúde mental e psicologia jurídica traz informações a respeito do aspecto psicológico do abusador e da vítima. Dados de perfis de crianças abusadas, são apresentados. E em seguida, Altair fala sobre o perfil do pedófilo. O terceiro e último bloco inicia com a música  Pedofilia , do cantor D-Negro que é uma música inspirada no trabalho da sindicalista e política, Erika Jucá Kokay, militante dos direitos humanos e das parcelas mais vulnerabilizadas e minorizadas da população brasileira. Em sua atuação, se destacou como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em todo o Brasil, em 2012 e 2014. Na segunda parte da entrevista com o psicólogo Altair, o assunto foi a castração química. Ele falou da eficácia desse tratamento e como ele está sendo tratado na atualidade. Para complementar as argumentações, a subtenente Tania Guerreiro exemplificou como fazer as denúncias e a importância de que todas as pessoas estejam atentas aos casos de abuso sexual e pedofilia. O radiodocumentário encerra-se com um trecho da música  Camila, Camila da banda de rock brasileira, Nenhum de Nós. A composição conta a experiência de uma amiga de colegial dos integrantes da banda, que, com apenas 17 anos, vivia um relacionamento abusivo, onde ela era violentada e agredida. Buscando uma forma de denunciar, compuseram a música que se tornou um sucesso e desde os anos 80 traz um alerta sobre a violência sexual contra crianças, adolescentes, jovens e principalmente mulheres, já que em 68% dos casos de abuso e exploração sexuais, as vítimas são meninas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A realização deste trabalho exigiu uma abordagem profunda do tema pedofilia, pesquisas longas e uma grande dedicação para sua produção. Durante esse processo encontram-se dificuldades e angústias. Muitas vezes pela falta de um material de qualidade para captação das entrevistas. Ao observar o cenário atual, percebe-se que as discussões deste tema são superficiais, poucos procuram uma abordagem mais profunda que vise encontrar a raiz do problema. Quem são esses pedófilos e abusadores? Adultos com traumas de infância não superados? Crianças abusadas são propensas a se tornarem, quando adultas, reprodutoras dos maus tratos que sofreram quando pequenas? A pesquisadora Christiane Sanches, em seu artigo  o atendimento psicoterapêutico em situação de violência sexual contra crianças , presente no livro  A violação de direitos de crianças e adolescentes , explica como fica o aspecto psicológico da criança abusada e como ela entende que o que aconteceu com ela é algo normal ou uma demonstração de carinho: O abuso é considerado uma ruptura no desenvolvimento esperado de uma criança, causado em geral por um familiar próximo e de confiança. Uma criança que teve o seu corpo invadido entende que sua busca por atenção e carinho confunde-se com o ato sexual e sabe que suas informações são as únicas provas para a condenação desse familiar.(SANCHES,2014,p.77) É necessário discutir políticas públicas que realmente irão dar um fim, ou ao menos diminuir esses casos e é dever da mídia informar a população, não só com leads e manchetes noticiando apenas mais casos. É indispensável que se tenha um debate que esclareça que pedofilia é uma doença que ainda não tem cura e que não é considerada crime. Falar sobre o assunto é a melhor maneira de prevenção. Ao ver o trabalho concluído a satisfação é enorme, pois sabemos que de alguma maneira estamos contribuindo para o esclarecimento de dúvidas da população. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CAMPANHA FAÇA BONITO: Proteja nossas crianças e adolescentes. Disponível em: <https://www.facabonito.org.br/>. Acesso em: 10 abr. 2018.<br><br>CHILDHOOD BRASIL: Desde os anos 80, música  Camila, Camila  alerta sobre a violência sexual. Disponível em: <http://www.childhood.org.br/desde-os-anos-80-musicacamila-camila-alerta-sobre-a-violencia-sexual>. Acesso em: 10 abr. 2018.<br><br>CÉSAR, Cyro. Rádio: a mídia da emoção. São Paulo: Summus Editorial, 2005.<br><br>DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da Criança e do adolescente: anotado e interpretado. Curitiba: SEDS, 2013.<br><br>ERIKA KOKAY: Biografia. Disponível em: <http://erikakokay.com.br/biografia>. Acesso em: 10 abr. 2018.<br><br>FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto, 2001.<br><br>FERRARI, Dalka Chaves de Almeida; MIYAHARA, Rosemary Peres; SANCHES, Christiane. A violação de direitos de crianças e adolescentes: Perspectivas de enfrentamento. São Paulo: Summus, 2014.<br><br>GOVERNO DO BRASIL: Dia Nacional Contra Abuso Sexual de Crianças e Jovens é celebrado nesta quinta. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/05/dia-nacional-contra-abuso-sexual-de-criancas-e-jovens-e-celebrado-nesta-quinta-18>. Acesso em: 10 abr. 2018.<br><br>PAULA, Verônica Magalhães de. Pedofilia: crime ou doença? 2013. Disponível em: <https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937989/pedofilia-crime-ou-doenca>. Acesso em: 9 abr. 2018.<br><br>RODRIGUES, William Thiago de Souza. A pedofilia como tipo específico na legislação penal brasileira. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5071>. Acesso em: 9 abr. 2018.<br><br> </td></tr></table></body></html>