ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00856</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Marcas da Violência</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Manoella Lauer Moutinho (Escola Superior de Propaganda e Marketing)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;violência; , mulher;, sociedade; , conscientização;, fotografia;</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O trabalho denominado  Marcas da Violência trata-se de uma fotografia publicitária que aborda a questão da violência contra a mulher na sociedade. Por meio de métodos e técnicas aprendidos no decorrer da disciplina Fotografia II, buscou-se alertar que um ato de violência, seja ele físico, psicológico, ou moral, pode deixar marcas profundas na vida de uma mulher. O objetivo do trabalho é incentivar o debate sobre um tema atual e que precisa de uma solução, para que todas as mulheres tenham o direito de ir e vir sem medo, e com plena liberdade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Vive-se em uma sociedade que a cada dia mais faz vítimas da violência contra a mulher, sendo que no Brasil, em 2016, uma em cada três mulheres relatou ter sofrido algum tipo de violência, segundo o Datafolha. Apenas se tratando de agressões físicas, o número chega a 503 vítimas a cada hora. É importante notar também, que existem outros tipos de violência além da física, e que suas sequelas e consequências podem ser tão ou mais graves. A Lei Maria da Penha, criada em 2006, prevê o combate a violência doméstica e familiar contra a mulher, e define como formas de violência aquelas de natureza física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Os danos dessas práticas podem afetar desde a integridade moral e mental da vítima, até a corporal, por vezes chegando a configurar feminicídio, um crime de ódio caracterizado pelo assassinato de uma mulher resumido a condição de ela ser do sexo feminino. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, no ano de 2016, tramitaram em média, um processo de violência doméstica para cada 100 mulheres brasileiras, sendo mais de um milhão de processos em sua totalidade. Desses, pelo menos 13,5 mil são casos de feminicídio, e o que mais alarma é que na maioria das vezes o criminoso é algum familiar ou parceiro da vítima. Segundo o Datafolha, 43% dos casos de violência grave contra a mulher ocorrem dentro de sua própria casa. Essa é uma manifestação cultural e histórica de uma sociedade na qual as relações de poder sempre foram dominadas pelos homens em oposição às mulheres. Esse processo fez com a discriminação criasse raízes profundas e se disseminasse em todas as esferas da sociedade. Muito caminho foi percorrido e muitos direitos conquistados, mas ainda falta muito para garantir-se a igualdade total de direitos para homens e mulheres, bem como acabar com qualquer forma de violência contra a mulher. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No cenário brasileiro atual, ainda depara-se com dados alarmantes de violência contra a mulher. Em pesquisa realizada pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, chegou-se a conclusão de que o número de casos de violência doméstica nos últimos anos aumentou drasticamente. Entre 2015 a 2017 a porcentagem de mulheres que admitiu ter sofrido violência passou de 18% para 29%. A percepção da população vem de encontro a estes dados. Segundo o instituto de pesquisa Datafolha, a maior parte dos brasileiros (73%) e das mulheres (76%) sente que a violência contra a mulher só vem aumentando no decorrer da última década. Por mais chocantes que sejam os dados revelados nessas pesquisas, eles também mostram que as mulheres estão passando a denunciar mais os abusos sofridos. Muitas não o fazem por medo de não serem amparadas pela justiça e assim sofrerem ainda mais, ou por não possuírem informações sobre como realizar uma denúncia. Tendo isso em vista, o presente projeto de fotografia publicitária surge com o intuito de expor as consequências da violência contra a mulher e promover a conscientização, primeiramente para evitar que ela aconteça, mas tendo acontecido, para promover suporte às vítimas. É de suma importância que cada vez mais este assunto seja abordado, assim como vem acontecido com as diversas denúncias de assédio sendo expostas dentro da indústria cinematográfica em Hollywood. Quanto mais mulheres ganharem voz, e mais agressores forem punidos, mais alerta todos ficarão em relação ao tema, e a partir de um debate aberto se torna possível não só encorajar mais denúncias, mas também mostrar que existem caminhos para o combate à esse tipo de violência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Por mais espantosa que seja a quantidade de casos expostos e registrados relacionados a violência contra a mulher, eles ainda assim não representam a dimensão real do problema. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2016, revela que entre as vítimas de violência, 52% se calaram, e apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher. Vive-se em uma cultura de medo, a qual faz muitas calarem-se. Em vista de tantas estatísticas preocupantes, vê-se necessário colocar este assunto na mesa e provocar mudanças significativas. Apesar de ser um problema antigo, a violência contra a mulher ainda está longe de acabar. O presente trabalho, denominado  Marcas da Violência possui o intuito de impactar a sociedade, e expor as consequências causadas pela violência a mulher, seja ela física, psicológica ou de qualquer outra natureza. Para passar a mensagem esperada, fez-se um estudo baseado nos conceitos de studium e punctum, pela definição do autor Roland Barthes (1996). O studium abrange tudo aquilo que foi intencional e planejado em uma fotografia, e que provoca no espectador uma leitura racional dos elementos, baseada em seu contexto cultural. Já o punctum se refere ao âmbito emocional e aos aspectos subjetivos que uma fotografia pode revelar para cada indivíduo. Para construir o studium, foi utilizada uma modelo mulher jovem, mas sem ressaltar muitas características que pudessem revelar classe econômica ou pertencimento a determinados grupos, a fim de mostrar que não existe um padrão para a mulher que sofre violência, uma vez que esta pode atingir a todas. A nudez parcial da modelo tem o objetivo de mostrar vulnerabilidade, e a impossibilidade de proteção por parte da vítima. A posição recolhida em que ela se encontra e seu olhar apreensivo servem para representar insegurança, medo e impotência. O corpo sem roupas da modelo é marcado por diversas mãos, as quais só podemos ver as sombras. Com estes signos objetiva-se representar que a violência contra a mulher vai muito além do ato, e independente de sua natureza deixa rastros, que na maioria dos casos vão além da superfície. Essas marcas podem ser físicas, psicológicas e morais, capazes de provocar traumas e sequelas permanentes nas vidas das vítimas. A campanha é assinada com a frase  A violência deixa marcas , que resume de forma sucinta todo o conceito da foto. A entidade que representa o anúncio é a ONU Mulheres, um dos segmentos da Organização das Nações Unidas destinado a promoção do empoderamento da mulher e da conquista da igualdade de género. Segundo os  17 objetivos para transformar o mundo definidos pela ONU junto a seus estados-membros em 2015, uma das metas é  Eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas , item que está englobado no  Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5  Igualdade de Gênero . Essas discussões foram apresentadas na Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, um plano de ações para tornar o mundo mais justo e sustentável. A visibilidade de uma entidade tão importante como a ONU permite com que seus posicionamentos sejam compartilhados com um imenso número de pessoas. A publicidade portanto, deve utilizar-se dessa oportunidade para transmitir mensagens transformadoras. Segundo Toscani (1984), a publicidade não deve servir apenas para vender, mas sim para explorar espaços e servir a causas importantes, bem como provocar questionamentos, e não apenas dar respostas. A campanha  Marcas da Violência utiliza-se de seu caráter publicitário para abranger e gerar reflexão no maior número possível de pessoas, e de seu caráter fotográfico para transmitir uma mensagem através do studium e gerar impacto pelo punctum. O intuito final é impactar a sociedade para gerar o combate da violência contra a mulher, para que um dia ela deixe de existir. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para atingir o efeito desejado na fotografia em questão, buscou-se o suporte de determinados métodos e técnicas. Com o intuito de destacar as sombras das mãos projetadas no corpo da modelo, e mantê-las congeladas na fotografia, utilizou-se uma velocidade de obturador 1/160 em combinação de uma fonte de luz dura. Além disso, deu-se prioridade para as altas luzes e o alto contraste. Por meio do uso do diafragma em f7.1 buscou-se a alta profundidade de campo, para que assim todos elementos ficassem em primeiro plano. Utilizando a distância focal de 70mm foi possível enquadrar todos os elementos, a partir de uma perspectiva de retrato. Foi utilizada a câmera Nikon D3, e os disparos aconteceram com ela firmada em um tripé. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para o trabalho final da disciplina de Fotografia II foi realizada a produção de uma fotografia publicitária. O resultado deveria dar-se a partir do uso das técnicas utilizadas no estúdio fotográfico, com a permissão de pequenos ajustes em software, mas sem a possibilidade de passar por processos de manipulação e montagem. A primeira etapa do trabalho deu-se a partir de um brainstorm, no qual cada aluno pode desenvolver ideias e conceitos de foto, os quais passaram pela análise do professor. Com algumas ideias em mãos foram formadas duplas e então selecionada uma das propostas para ser colocada em prática. Em cima disso, desenvolveu-se um estudo, que foi apresentado por cada dupla para a turma, com o suporte de imagens de referência e dos conteúdos vistos anteriormente em sala de aula. Figura 1 - Croqui "Marcas da Violência". Cada dupla foi responsável por dirigir sua fotografia e desempenhar diferentes papéis na produção dos demais colegas. Outra dupla era definida para executar a foto, e por isso recebia uma cópia da pasta com todas as informações da produção, incluindo um croqui do set de fotografia. Além dessas atividades, outras funções foram designadas aos alunos, como listagem de equipamentos utilizados no set e fotografia de making of das produções. Figura 2 - Making of "Marcas da Violência". Para colocar em prática o planejamento da fotografia  Marcas da Violência , fez-se necessária a presença não só da modelo principal, bem como dois modelos de mãos para a projeção de sombras. Diversas tentativas de enquadramento, iluminação e disposição de elementos foram feitas até se chegar no resultado esperado. Figura 3 - Fotografia escolhida e não-finalizada. As fotos originalmente foram feitas em cor, mas na pós-produção optou-se por deixá-las em preto e branco. Essa decisão foi feita a partir de alguns testes. Foi percebido que o efeito enfatizava as expressões faciais e corporais da modelo, uma vez que as cores não eram um ponto chave para transmitir a mensagem, e sim os altos contrastes, realçados pelo preto e branco. Após a seleção de uma das fotografias para o anúncio, foram realizados os tratamentos finais e aplicação da frase  A violência deixa marcas , que assina a campanha junto ao logo da entidade ONU Mulheres. A tipografia utilizada para o anúncio foi uma fonte clássica, com serifa, que traz seriedade para a mensagem, ao mesmo tempo que possui leitura fácil e comunica-se com diversos públicos. Figura 3 - Anúncio versão final. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Ao longo de todo o processo de realização do presente trabalho, diversos questionamentos e desafios surgiram, não só referentes a produção da foto, mas também em relação ao tema. Existe uma grande responsabilidade ao se abordar um tema tão sério como a violência contra a mulher, pois ele atinge um número enorme de pessoas, e por isso o estudo sobre seu histórico se fez imprescindível para compreender a realidade e entender de que formas comunicar tal questão para impactar positivamente na sociedade. A partir de tentativas e acertos chegou-se em um resultado muito satisfatório, o qual obteve reações muito positivas, como o reconhecimento acadêmico do prêmio  Fotografia Publicitária na categoria Ouro na 12ª Noite de Prêmios da ESPM-Sul. O aprendizado obtido nessa caminhada foi muito rico, tanto no aspecto pessoal como no acadêmico e profissional. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BANDEIRA, Regina. CNJ divulga dados do Judiciário sobre violência contra a mulher. Conselho Nacional de Justiça [Publicação Virtual], 25 out. 2017. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85640-cnj-publica-dados-sobre-violencia-contra-a-mulher-no-judiciario>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br>BARTHES, Roland; JÚLIO CASTAÑON GUIMARÃES (Trad.). A câmera clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 185 p. <br><br>DataSenado aponta aumento no percentual de mulheres vítimas de violência. Senado Notícias [Publicação Virtual], 08 jun. 2017. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/06/08/datasenado-aponta-aumento-no-percentual-de-mulheres-vitimas-de-violencia>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br>Feminicídio: O que é. Agência Patrícia Galvão. Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/feminicidio/#feminici%c2%addio-o-que-e>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br>Fim da violência contra as mulheres. ONU Mulheres Brasil. Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/areas-tematicas/fim-da-violencia-contra-as-mulheres/>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br>Hollywod e o assédio sexual: cresce a lista de acusados. Istoé [Publicação Virutal], 03 nov. 2017. Disponível em: <https://istoe.com.br/hollywood-e-o-assedio-sexual-cresce-a-lista-de-acusados/>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br>Lei Maria da Penha. Supremo Tribunal Federal, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm#art46>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br>Momento de ação global para as pessoas e o planeta. ONU Brasil. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/>. Acesso em: 21 fev. 2018<br><br>Paridade de Gênero. ONU Mulheres Brasil. Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/planeta5050-2030/paridade/>. Acesso em: 21 fev. 2018.<br><br> SANTOS, Bárbara Ferreira. Os números da violência contra mulheres no Brasil. Exame [Publicação Virtual], 8 mar. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/os-numeros-da-violencia-contra-mulheres-no-brasil/>. Acesso em: 21 fev. 2018. <br><br>TOSCANI, Oliviero. A publicidade é um cadáver que nos sorri. São Paulo: Ediouro, 1996. <br><br>Violência contra a Mulher (Lei Maria da Penha). Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha>. Acesso em: 21 fev. 2018<br><br> </td></tr></table></body></html>