ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00882</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO16</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Depois do Sinal</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Patrícia de Morais Della Justina (Bom Jesus/Ielusc); Cláudia de Moura de Mattos (Bom Jesus/Ielusc); Beatriz Cavenaghi (Bom Jesus/Ielusc)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Sistema Educacional, Reforma do Ensino Médio, Rede Pública, Rede Privada, Lei nº 13.415/2017</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário  Depois do Sinal aborda as mudanças e impactos da Reforma do Ensino Médio, implementada pelo Governo Brasileiro em 2017, a partir da visão de estudantes de terceiro ano das redes de ensino pública e privada. Seu principal objetivo é gerar reflexão sobre tal sistema ao comparar diferentes realidades e questionar a eficiência de uma única diretriz na prática. Para isso, foram coletados depoimentos exclusivamente de estudantes, em uma narrativa conduzida por duas personagens principais. Para gerar mais aproximação, foram utilizados recursos e linguagens visuais adequados ao público jovem. O documentário  Depois do Sinal pretende, portanto, dar aos estudantes o espaço não encontrado em veículos tradicionais.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário  Depois do Sinal , realizado no primeiro semestre de 2017, traz como assunto principal a Reforma do Ensino Médio, implementada pelo Governo Brasileiro no mesmo ano, e que pretendia mudar a estrutura do sistema de educação ao propor algumas alterações na grade curricular, de escolha em relação à área de conhecimento, entre outras modificações discutidas ao longo deste trabalho.  Depois do Sinal tem como objetivo principal provocar o debate e reflexão, tanto entre os adolescentes, quanto os estudiosos da área e a população de forma geral. O trabalho mostra isso a partir do olhar dos estudantes sobre o assunto; o que pensam, sentem, esperam e o que viveram até então, sem julgamentos de valor, sem apontar o certo ou o errado, nem trazer ideologias políticas ou realizar campanhas de governo. Por meio de uma análise em publicações jornalísticas, as autoras perceberam que o jornalismo e as matérias veiculadas, de maneira em geral, não estavam cumprindo uma de suas principais premissas: a busca pelo contraponto em relação às opiniões e realidades  o que, neste caso, refere-se a dos estudantes. Eles merecem, sim, espaço para debater e opinar sobre o tema, já que serão diretamente afetados pelas mudanças e os que mais sofrerão com as consequências da Reforma, sejam elas positivas ou negativas, de acordo com cada realidade. Para isso, também foi necessário mostrar as verdades vivenciadas por esses adolescentes para além da escola, trazendo suas diferenças e semelhanças de modo a questionar a eficiência da Reforma em duas distintas realidades: o público e o privado. Como isso funcionaria e o que pensam a respeito? As perguntas que precisam ser respondidas são inúmeras. Neste trabalho, não pretendemos trazer todas as respostas, mas, sim, provocar mais questões que levem cada pessoa à sua própria conclusão e, desse modo, possibilitar a formação de opinião sobre o tema, de maneira subjetiva. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Gerar reflexão sobre o sistema de Ensino Médio brasileiro, a partir de depoimentos de jovens que refletem sobre as mudanças propostas para eles e de acordo com cada realidade, tanto dentro quanto fora da escola. 3.1 Objetivos Específicos &#9679; Comparar a realidade entre alunos de escolas públicas e privadas. &#9679; Questionar a eficiência de um único sistema educacional. &#9679; Experimentar recursos e linguagens adequados ao público jovem. &#9679; Coletar opiniões exclusivamente de estudantes sobre a Reforma do Ensino Médio. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A qualidade da educação no Brasil sempre foi um tema de discussão e análise, mas ganhou ainda mais visibilidade com a Medida Provisória nº746, de 2016, que pede sua Reforma. A medida tornou-se assunto dos jornais, dos programas de televisão, das conversas informais. Opiniões dos especialistas da área foram requisitadas para que fosse possível entender o que é a Reforma e as mudanças geradas. Em fevereiro do último ano a votação passou pelo Senado Federal e a medida foi aprovada[1]. Porém, os veículos jornalísticos abordaram as perspectivas do governo e de especialistas, não dando espaço suficiente aos adolescentes. Conforme explica Alsina (2009, p.46),  o processo de construção da realidade social, depende completamente da prática produtiva do jornalismo . Ou seja, o jornalismo deve ser usado como objeto para proporcionar a transformação social, por meio da compilação de dados e levantamentos para construção da notícia. É na forma de definir o que é notícia, que Lage (1979) pontua os principais critérios de relevância, que são: proximidade, atualidade, identificação social, intensidade, ineditismo e identificação humana. Tais critérios se encaixam com a relevância social e de interesse público do debate sobre o sistema de educação. Portanto, mostrar para a população o que a Reforma do Ensino Médio pretende é uma das tarefas do jornalismo e dos jornalistas e, assim, fomentar o debate embasado sobre o tema, trazendo todos os pontos e contrapontos necessários. Deve-se considerar também a disparidade entre as realidades do ensino público e privado, além da questão familiar econômica. Em muitos casos, jovens de escola pública acabam se inserindo no mercado de trabalho logo que entram no ensino médio, deixando de dedicar seu tempo, exclusivamente, aos estudos e, até mesmo, optando por não dar continuidade nas etapas seguintes, como a graduação. Por esse motivo, o presente trabalho busca dar voz a ambos os públicos, trazendo a opinião dos estudantes, que são os personagens principais e os mais afetados pelas mudanças. 1.1 Por que um documentário? Conforme explica Bernard (2008, p. 02) os documentários trabalham com fatos, não possuem liberdade de inventar pontos de trama ou arcos de personagem, e sim encontrá-los no material bruto da vida real. Nesse sentido, a tarefa dos jornalistas é a mesma que de um documentarista. Buscar, no cotidiano, na realidade, fatos que possuam relevância para serem noticiados. Conforme explica Alsina (2009, p. 74) de uma perspectiva semiótica, pode-se dizer que o jornal, da mesma forma que o restante da mídia, é um gerador de realidade. Trata-se também de um formato atrativo para o público e que  mais do que um passatempo para o espectador, deve demandar seu engajamento ativo, desafiá-lo a pensar sobre o que sabe, como sabe e sobre o que mais pode querer saber , explica Bernard (2008, p. 04). Por estes aspectos optamos por trabalhar o tema da Reforma do Ensino Médio em formato de documentário. Em jornais diários, o espaço dedicado a jovens que estão no Ensino Médio, quando mostrado, é muito pequeno e pouco plural. Em sua maioria, aparecem apenas em propagandas publicitárias do governo[2] que argumentam a favor da Reforma. Observando isso e levando em conta a liberdade de fontes que o documentário permite, decidimos entrevistar apenas estudantes e não especialistas, ouvir o outro lado que, na verdade, serão os principais afetados com as mudanças e não são os mais procurados pelos veículos em matérias produzidas sobre o assunto. A escolha de todos os entrevistados estarem cursando o Terceiro Ano do Ensino Médio se deu por ser justamente nesse momento que a maioria dos adolescentes define para qual curso vai prestar vestibular, além de já terem passado por todo o período do Ensino Médio. [1] Vídeo da aprovação: https://www.youtube.com/watch?v=MJ7jnEFvLcE [2] https://www.youtube.com/watch?v=RuF0GYgmrJQ https://www.youtube.com/watch?v=4pb1nasqUtQ </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A elaboração do documentário começou no fim do ano de 2016, quando o tema nos instigou e surgiu então a ideia inicial do trabalho. Foi a partir do início do semestre de 2017 que começamos, de fato, a construí-lo. O primeiro passo foi pesquisar e estudar a fundo todas as mudanças previstas na Reforma do Ensino Médio. Na sequência, estruturamos a parte técnica do produto, como a linguagem que seria usada, a narrativa, sondagem das principais fontes e elaboração do pré-roteiro. Determinamos, neste momento, que todas as gravações seriam feitas com, pelo menos, duas câmeras (Canon T5i) e, em alguns momentos, utilizaríamos uma GoPro Hero; tudo para que os enquadramentos fossem devidamente explorados e nosso produto final oferecesse maior dinamicidade. Além disso, adquirimos um microfone de lapela para melhor captação do áudio das entrevistas. Após tomar essas decisões, criamos uma conta no Gmail específica para o documentário em que pudéssemos trabalhar com o Google Drive e armazenarmos os arquivos mais leves em nuvem, além de padronizar o meio de comunicação com as fontes e nos organizarmos quanto às futuras demandas - as ferramentas oferecidas pelo Google possibilitam o compartilhamento de materiais, o que nos ajudou muito em termos de administração. Partimos, então, para a organização de um cronograma, dividido por metas semanais e com um follow-up de atividades. No cronograma pudemos determinar o tempo que teríamos para encontrar e contatar as fontes, até as datas de captação das imagens, o processo de edição e todas as etapas necessárias para a construção total do documentário. Uma das questões determinantes para a elaboração foi a escolha do formato da narrativa e como conduzi-la. Não bastava simplesmente gravar o depoimento de diversos estudantes. Por isso, optamos por conduzir todo o vídeo com duas personagens principais. Assim, seria possível entrar um pouco mais dentro da realidade de quem vive o Ensino Médio, dos seus dilemas na hora de escolher um curso, na sua realidade social, no tempo em que se dedicam exclusivamente aos estudos e se realmente conseguem se dedicar apenas a ele. Trabalhamos com estudantes de terceiro ano da rede pública e da rede privada de ensino com o objetivo de retratar as diferenças das realidades sociais de cada um e trazer uma pluralidade de conteúdo nas falas. Esse é mais um motivo para a escolha de trabalhar com personagens, assim, essas diferenças puderam ser melhor ilustradas. Apesar de todas as distinções, procuramos uma ligação entre esses personagens; algo que possuíam em comum. A semelhança escolhida foi a não definição de que curso seguir durante a graduação. A escolha remete ao tema da Reforma, pois toca no ponto a respeito do momento da escolha da área profissional. De acordo com a Reforma, essa escolha deve ser realizada antecipadamente comparada ao modelo anterior de Ensino Médio, ou seja, será logo após o primeiro ano. Apesar de se tratar de um documentário, estamos falando de uma produção inserida no contexto de um curso de Jornalismo e que, por esse motivo, deve seguir padrões éticos e profissionais. Dessa maneira, tomamos o cuidado redobrado para que em nenhum momento nosso posicionamento fosse levado em consideração, mas, sim, que as ideias e pensamentos dos jovens, a respeito do assunto, fossem devidamente expressados de acordo com suas respectivas opiniões. Esse cuidado foi tomado tanto durante o processo de entrevista e captação de imagens, quanto no processo de edição do trabalho, o qual julgamos ser a parte mais delicada, já que é necessário fazer a montagem do conteúdo e a seleção das falas. Fazer essa montagem, sem influenciar no que o entrevistado pretendia falar e em sua linha de pensamento foi a nossa maior preocupação. Além das questões relacionadas à escolha de fontes, foi necessário, também, pensar nas questões de recursos visuais, linguagens, trilhas sonoras, recursos mais associados ao processo de edição e montagem do documentário. Os programas utilizados para edição foram o Adobe Premiere e Adobe After Effects. Como estávamos falando de adolescentes e de retratar o que eles pensam e sentem, buscamos referências jovens. Todos nós já fomos adolescentes e sabemos o quanto a mente nessa idade é acelerada. Por isso, resolvemos usar recursos de edição que representassem essa velocidade, como as divisões de tela e sobreposições. Uma das principais referências analisadas foi a novela da Rede Globo - Malhação. Há 23 anos sendo exibida na emissora, a novela tem como foco o público teen e a temporada de 2017 (Viva a Diferença) aproveitou de artifícios que representam os adolescentes. Durante as propagandas de pré-estreia da novela, foram usados letterings que surgem na tela de forma diferente e que nos inspirou para composição dos letterings que seriam usados no documentário. Fora isso, a abertura nos trouxe referência para edição do material nas passagens de assuntos do documentário. Referências disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=XpzUXm01It0&index=47&list=PLCG86DHec6YEq2m6woihIPUqwZQg67g8O e https://www.youtube.com/watch?v=0sDJSCVHqlo. As escolhas de trilhas sonoras também foram feitas baseadas no que os adolescentes costumam escutar e gostar. Optamos também por trilhas com batidas mais fortes em que fosse possível trabalhar com as marcações de tempos e sincronia de imagens. Por fim, a escolha do nome foi, sem dúvida, um dos processos mais difíceis do trabalho. Pensar em um nome que representasse todo o trabalho e todos os sentidos que ele traz, foi um desafio e uma das últimas coisas que fizemos. A escolha por  Depois do sinal surgiu depois de um insight que trouxe  Quando toca o sino . Ao pesquisar, percebemos que o nome era de uma série adolescente nacional produzida pela Disney há alguns anos. Começamos a trabalhar em cima disso e utilizar referências do nome. Foi quando pensamos em  Depois do sinal . O nome remete ao que acontece depois que bate o sinal da escola, tanto em relação ao fim da aula, à vida pessoal dos alunos - que não se resume em apenas estudar - quanto ao que vivem dentro da escola e depois dela, em relação às escolhas profissionais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para iniciar o processo de execução, partimos pela procura das duas  personagens principais que conduziriam a narrativa da história. Para isso, seria necessário acompanhar a rotina deles na escola, trabalho, em casa, em atividades extras, entre outros. Os requisitos que estabelecemos para as personagens acabaram limitando o número de pessoas acessíveis e que se dispunham a gravar - eles precisavam estar no terceiro ano do Ensino Médio, não terem definido o que cursar na graduação e serem tanto de escola privada, quanto de pública. Além disso, eram menores de idade, o que demandava de nós a elaboração da autorização dos responsáveis para o uso de imagem dos entrevistados. Descobrimos que os alunos do Terceiro Ano do Bom Jesus Ielusc (escola privada) teriam uma aula justamente sobre a Reforma do Ensino Médio nas próximas semanas. Imediatamente, fizemos contato com a coordenação da escola e com o professor. Aproveitamos esse momento para captação de imagens de apoio, das falas dos jovens sobre o assunto e também para realizar entrevistas individuais com os alunos que percebemos que possuíam mais desenvoltura e interesse pelo tema, já que, além dos personagens, precisávamos de muitos outros estudantes de terceiro ano para responder às perguntas pontuais sobre o tema e compor a narrativa do documentário. Foi com a indicação de uma estudante do Bom Jesus Ielusc que encontramos uma de nossas personagens. Carolina gostou da ideia e concordou em participar, com o consentimento de sua mãe. Foram quatro dias, em diferentes períodos, utilizados com a personagem. No primeiro dia produzimos imagens de Carolina saindo da escola, indo para casa e um pouco da sua rotina lá. Aproveitamos também para entrevistá-la. No segundo dia, gravamos com ela na aula de voleibol e sua rotina de estudos extras na escola. No terceiro dia, fizemos imagens de Carolina na sala de aula e interagindo com os amigos. Por fim, a última gravação foi para captar as imagens da rotina da adolescente em casa que não tinham sido possíveis no primeiro dia por falta de tempo. Em contrapartida, não tivemos a mesma facilidade, comparado à escola privada, para encontrar estudantes de públicas que se dispusessem a participar. Em Joinville, são as escolas Estaduais que possuem Ensino Médio. Fizemos contato com três delas e esbarramos em algumas dificuldades, como a comunicação com os responsáveis. A primeira escola que entramos em contato foi no bairro Paranaguamirim. Fomos até a escola três vezes até conseguirmos entrar em contato com os alunos. Infelizmente, a maior parte deles não demonstrou interesse em participar do projeto, e os que demonstraram, não conseguiram autorização dos pais. Partindo para o  plano B , conversamos com uma conhecida que estuda em uma escola no bairro Vila Nova, durante o período noturno. A recepção da escola Maestro Francisco Manoel da Silva foi excelente. Assim que terminamos de explicar nosso trabalho e o que precisávamos, prontamente a direção nos disponibilizou uma sala de aula, além de conversarem e selecionarem um bom número de alunos. Conseguimos entrevistar nove deles naquela noite, o que foi fundamental para o andamento do nosso trabalho, já que o cronograma havia atrasado após semanas de tentativas de contato com outras escolas, todas sem sucesso. Com a indicação de uma colega de curso chegamos também a mais um entrevistado, dessa vez na Escola Estadual Germano Timm, na área mais central da cidade. Todos esses dez jovens da rede pública aceitaram participar como fontes. Ainda assim, precisávamos encontrar alguém de rede pública que não tivesse definido o curso de graduação e que aceitasse acompanharmos sua rotina. Depois de várias tentativas falhas, recebemos, por meio de um contato pessoal, a indicação de uma garota que estudava em uma escola no bairro Jardim Sofia. Fizemos contato e, para o nosso alívio, ela se encaixava no que procurávamos, além de ser muito comunicativa e possuir ótima desenvoltura. Explicamos toda a ideia do documentário e prontamente Letícia aceitou participar. No primeiro dia de gravação, a ideia era registrá-la durante o intervalo de aula, no caminho de casa, em seu horário de almoço e, depois, em seu trabalho. Ao chegarmos na escola, fomos surpreendidas com a negativa da diretora que não permitiu, de forma alguma, a realização das gravações. Explicamos que nosso intuito não era identificar a escola, tampouco os estudantes, e tomaríamos todo o cuidado para isso - inclusive com recursos de edição, se fosse necessário. Entregamos uma declaração, além de uma justificativa escrita do Projeto, ambas assinadas pelo coordenador do curso de Jornalismo e por nossa orientadora. Mesmo assim, a diretora persistiu com o posicionamento. Conseguimos captar, sem nenhuma dificuldade, as imagens da Letícia em casa e deslocando-se ao trabalho. Ela é menor aprendiz em uma unidade da Caixa Econômica Federal, então já imaginamos que seria mais complexo produzir imagens lá dentro. De qualquer forma, optamos por ir ao banco e conversar pessoalmente com o responsável. Explicamos a proposta e quais imagens precisávamos gravar internamente. No dia não foi possível captar nada, pois o gerente precisava da autorização da direção superior, pela qual ele ficou responsável em providenciar. O segundo dia em que gravamos com a Letícia foi exclusivamente para entrevista, na qual ela conta um pouco mais da sua rotina, fala sobre a reforma em si, dá suas opiniões e pontos de vista. Depois desses dois dias, optamos por começar a editar as imagens enquanto tentávamos conseguir a autorização para as gravações na escola e no trabalho da personagem. A direção do banco logo nos retornou autorizando as imagens, já a escola, mesmo depois de muita insistência, inclusive em contato com a Gerência de Educação do Estado, manteve sua opinião proibindo a execução de qualquer imagem lá dentro. Já sem opções, o que nos restou foi levar Letícia até outra escola da rede estadual e gravar as imagens dela dentro de uma sala de aula lá. Por isso, entramos em contato novamente com a Escola Maestro, que havia nos oferecido todo o suporte que precisávamos com as gravações anteriores, e explicamos a situação. Eles aceitaram ajudar e permitiram que levássemos Letícia até lá para filmar. Então, no terceiro dia de gravações, filmamos durante seu expediente e depois a levamos até a escola do bairro Vila Nova para produzirmos imagens de apoio com a turma sugerida pela direção. Infelizmente foi a única opção que tivemos para evitarmos um  furo em nosso trabalho. Por mais que não tenha sido a forma ideal, foi uma maneira que encontramos de retratar como são as salas de aula e contexto de escola em que Letícia estuda. Da escola real da adolescente temos apenas as imagens externas dela saindo da aula. A maior parte dos nossos entrevistados são menores de idade, por isso, a preocupação com autorização para uso de imagem deles foi redobrada. Fizemos quatro modelos de autorizações: para as duas personagens, para os estudantes que nos deram entrevistas fora do horário de aula, aos alunos que participaram da aula sobre a Reforma e, a última, para os alunos da Escola Maestro Francisco Manoel da Silva. Todos os adolescentes que apareceram no documentário entregaram as autorizações devidamente assinadas pelos responsáveis. Durante as gravações, o fato de estarmos sempre em duas pessoas nos permitiu fazer um volume maior e explorar mais as imagens e ângulos. Deixamos sempre uma câmera no tripé, uma em movimento para imagens de detalhes, a GoPro posicionada em algum ponto estratégico que pegasse o ambiente e o backstage da gravação, enquanto uma de nós ficava responsável por conduzir a entrevista com as fontes. Necessitamos de algumas imagens como da presidência falando sobre a Reforma, e uma imagem da cidade de Joinville do alto. Como não era possível que nós mesmas captássemos, utilizamos imagens de arquivo com seus devidos créditos ao final do documentário. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">As lições que aprendemos durante a produção do documentário nos fizeram enxergar o mundo por um ângulo diferente, pelos olhos dos adolescentes. Até mesmo nós nos surpreendemos com o quanto eles têm para acrescentar nesse debate que é considerado de  gente grande . Entendemos um pouco mais de seus conflitos e dilemas vividos no Terceiro Ano do Ensino Médio. Convivemos com jovens de várias classes sociais, de diversos bairros, com realidades diferentes, famílias diferentes, cada um com as suas particularidades. Nossa meta foi que esse documentário, de alguma maneira, tivesse a  cara desses adolescentes. Que se sentissem representados e que sentissem que podem e devem sempre expressar suas opiniões e participar de grandes debates. Esperamos que todos que assistam possam sentir o mesmo que sentimos e perceber que somos nós que temos que dar esse espaço para os estudantes. Nosso cuidado e preocupação em trazer à tela toda uma construção jovem é para tentar aproximar nossos espectadores dos estudantes, assim como nós tivemos a oportunidade. Pretendemos que esse documentário circule e alcance o maior número de pessoas possível. Não traçamos estratégias de marketing para divulgação do material, mas divulgaremos nas redes sociais, além de levarmos para dentro das escolas que nos ajudaram durante o processo. Também consideramos a tentativa de levar para dentro do setor de educação, para participação em mostras, e toda oportunidade que surgir. A construção de um documentário em poucos meses é algo que assusta, mas ver seu produto tomando forma é fantástico. Saber que está produzindo um trabalho com um conteúdo tão relevante e tão necessário de ser falado, nesse momento, como a Reforma do Ensino Médio, é gratificante. Que todos que assistam nosso documentário reflitam sobre o tema e consigam uma opinião concreta sobre a Reforma, tendo agora, em mãos, o lado da história que ainda restava ser escutado. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALSINA, Miguel Rodrigo. A Construção da Notícia. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. <br><br>BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto impacto. Ed. 2. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2008. <br><br>DOMINGUES, José Juiz; TOSCHI, Nirza Seabra; OLIVEIRA, João Ferreira. A reforma do Ensino Médio: a nova formulação curricular e a realidade da escola pública. Nº 70. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v21n70/a05v2170>. Acesso em: 19 de junho de 2017. <br><br>LAGE, Nilson. Ideologia e Técnica da Notícia. Ed. 1. Petrópolis: Editora Vozes, 1979.<br><br>SANTOS, Rulian Rocha dos. Breve Histórico do Ensino Médio no Brasil. Disponível em: <http://www.uesc.br/eventos/culturaepolitica/anais/rulianrocha.pdf>. Acesso em: 18 junho 2017. <br><br> </td></tr></table></body></html>