ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00902</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Mistérios: light painting e som ambiente na construção de uma narrativa de terror.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Giulia Luciani Gaio (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); Anuschka Reichmann Lemos (Universidade Tecnológica Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Fotografia em movimento, Lightpainting, Narrativa, Terror, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esse artigo apresenta os processos de idealização e realização do produto audiovisual "Mistérios", oriundo de um ensaio fotográfico realizado por meio da técnica de Light Painting. Além dessa técnica, o jogo de luz e sombra também colaborou com a concepção das imagens. O tratamento das fotos se restringiu ao ajuste de cores e a produção do vídeo foi feita pela edição das fotos com a adição de efeitos sonoros como elemento de ambientação com o objetivo de potencializar a percepção das imagens estáticas e a construção da narrativa por parte do espectador. Para tanto, fundamenta a utilização do áudio agregado às imagens nos estudos de Livio Tragtenberg sobre a importância da trilha sonora e a fragmentação do produto audiovisual sem uma estrutura narrativa definida, como forma de permitir ao espectador autonomia na construção narrativa da obra nas proposições de Jacques Rancière.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A percepção da imagem por parte do espectador não está sob o domínio do artista e nem sempre os elementos por ele pensados são compreendidos por aquele que aprecia a obra. Este fator implica em que o seu entendimento sobre a obra possa ser fruto do produto final e que, por isso, não seja necessário que o autor forneça todos os elementos para a interpretação, possibilitando, assim, que o espectador tenha sua própria experiência e identificação com a imagem. Este artigo relata a realizac&#807;a&#771;o de um ensaio fotogra&#769;fico de terror, ciente de se tratar de um gênero que geralmente busca por uma narrativa e cujo espectador almeja entender o mistério que há por trás dos seus elementos visuais. Com o objetivo de criar o efeito de suspense e amedrontamento desejado, o ensaio fotográfico foi complementado com recursos audiovisuais na transformação das imagens estáticas em um vídeo (GAIO, 2018), potencializando a experiência do espectador ao instigar sua imaginação pelo uso do estímulo auditivo aliado à percepção visual das imagem, acabando por ressignificar a relação sensorial do observador com a fotografia, cuja pesquisa revelou a preocupação com a percepção no processo de recepção das imagens. O resultado final do trabalho audiovisual, publicado na plataforma YouTube, pode ser visualizado em https://youtu.be/tS_WUDNEZ5k. O tema escolhido para o ensaio fotográfico foi o ge&#770;nero de terror e foram idealizadas imagens relacionadas a cenas de crimes e mortes, cujas refere&#770;ncias tiveram inspirac&#807;a&#771;o principalmente no cinema com refere&#770;ncia este&#769;tica fortemente inspirada no Expressionismo Alema&#771;o, no ge&#770;nero Trash Movies, na angulac&#807;a&#771;o de ca&#770;mera usada no filme "Bruxas de Blair", nas refere&#770;ncias visuais dos filmes "Nervo Craniano Zero" e "A Bruxa" e, principalmente, no trabalho dos foto&#769;grafos: Alison Scarpulla e George Brassai&#776;.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O ensaio foi realizado para atender a&#768; proposta da disciplina de Fotografia do Curso de Comunicac&#807;a&#771;o Organizacional da UTFPR, ministrada pela professora Anuschka Lemos, e buscou explorar o ge&#770;nero do terror atrave&#769;s de uma produc&#807;a&#771;o que envolveu criac&#807;a&#771;o, caracterizac&#807;a&#771;o, ambientac&#807;a&#771;o e produc&#807;a&#771;o te&#769;cnica, ale&#769;m de explorar as capacidades expressivas do Light Painting que permitiram, por meio dessa te&#769;cnica, a obtenc&#807;a&#771;o de resultados visuais (movimento na foto que parecem vultos e duplicac&#807;a&#771;o de elementos dentro da mesma imagem, sem edic&#807;a&#771;o) extremamente adequados a&#768; tema&#769;tica e proposic&#807;a&#771;o do trabalho. A apresentac&#807;a&#771;o das fotos atrave&#769;s de uma montagem em vi&#769;deo das imagens esta&#769;ticas com a inserc&#807;a&#771;o de som foi idealizada com o objetivo de potencializar a percepc&#807;a&#771;o do espectador, causando o amedrontamento e a inquietac&#807;a&#771;o desejados. Ale&#769;m disso, visava tambe&#769;m oferecer a este observador da obra um recurso a mais para sua imersa&#771;o na proposta e para instigar sua imaginac&#807;a&#771;o na elaborac&#807;a&#771;o de uma possi&#769;vel narrativa para as imagens oferecidas a&#768; contemplac&#807;a&#771;o.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A escolha do gênero do ensaio surgiu da paixão pelo Terror e da vontade de realizar um trabalho com inspiração no cinema, além do desejo de realizar uma produção com aspectos teatrais. Tanto a escolha do tema quanto o roteiro pre&#769; definido demandaram uma produc&#807;a&#771;o específica destes ge&#770;neros, como a confecc&#807;a&#771;o de maquiagem de terror e de sangue ce&#770;nico. Com o objetivo de obter melhores resultados na produc&#807;a&#771;o, foram estabelecidos alguns para&#770;metros na conduc&#807;a&#771;o do ensaio: sobre a locac&#807;a&#771;o, foi definido que todas as fotos seriam feitas no mesmo local, criando um padra&#771;o e uma conexa&#771;o entre elas; em seguida, foram definidos os agrupamentos tema&#769;ticos das fotos e o roteiro pre&#769;vio com definic&#807;a&#771;o de figurino, maquiagem e acesso&#769;rios de cada grupo de imagens; por fim, foi resolvida a definic&#807;a&#771;o do equipamento fotogra&#769;fico e das fontes luminosas. A produção de um vi&#769;deo como produto final surgiu da necessidade de inserc&#807;a&#771;o do a&#769;udio a&#768; apresentac&#807;a&#771;o sequencial das imagens, considerando que, segundo Li&#769;vio Tragtenberg (2008), a percepc&#807;a&#771;o auditiva e&#769; complementar a&#768; visual e a trilha sonora representa "um tipo de concepc&#807;a&#771;o que direciona fortemente o impulso criativo do compositor no sentido de uma ponte entre um reperto&#769;rio [...] e a cena ou imagem (TRAGTENBERG, 2008. p. 14). Ele ainda acrescenta que é possível atuar ativamente fornecendo o pro&#769;prio ponto de vista em relac&#807;a&#771;o a&#768; determinada cena ou seque&#770;ncia com a proposic&#807;a&#771;o de elementos novos com diferentes possibilidades, soluc&#807;o&#771;es e texturas. O uso do som colabora com a imersa&#771;o do espectador, cujo imagina&#769;rio e&#769; instigado a construir uma narrativa com base nos elementos que lhes sa&#771;o fornecidos e em sua pro&#769;pria percepc&#807;a&#771;o e experie&#770;ncia sensorial. O elemento sonoro nesta produc&#807;a&#771;o colabora, assim, para que a percepc&#807;a&#771;o e entendimento sejam parte do resultado final e na&#771;o de sua elaborac&#807;a&#771;o. E&#769; o espectador quem ira&#769; agregar, a&#768;s imagens contextualizadas e ambientadas pelo som, sua pro&#769;pria percepc&#807;a&#771;o e experie&#770;ncia, atingindo uma histo&#769;ria individual e particular de cada grupo de imagens. Desta forma, o produto final é um conjunto de imagens sem uma narrativa pronta, mas cujos elementos sugerem possi&#769;veis situac&#807;o&#771;es drama&#769;ticas que se justificam no ti&#769;tulo do trabalho: Miste&#769;rios. Na falta de uma narrativa expli&#769;cita aliada a&#768;s cenas desconti&#769;nuas do Light Painting retratadas e ao som ambiente, e&#769; gerado um resultado repleto de miste&#769;rios a serem desvendados pelo imagina&#769;rio de quem observa. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A técnica utilizada para a realização do ensaio foi o Light Painting (FERREIRA, 2013), que consiste na captação da imagem em longa exposição, num ambiente escuro e no qual são captados apenas os elementos iluminados por uma fonte luminosa ou o rastro da mesma, criando desenhos de luz. A utilização dessa técnica permitiu captar uma modelo duas vezes na mesma fotografia, pois ela se posicionou e foi iluminada de diferentes formas durante a mesma exposição (na captação de uma mesma fotografia), no cenário escuro. E foi possível, também, criar uma sensação de movimento nas fotos ao iluminar as modelos se movendo durante a mesma exposição. Essa técnica foi essencial para o tema do ensaio, pois os elementos como fantasmas, aparições e cenas como a de uma alma deixando o corpo da personagem só foram possíveis de retratar devido às suas possibilidades técnicas. Além do Light Painting, o jogo entre luz e sombra também foi importante para a realização das imagens que trabalham com a ideia de silhuetas ou que expõem elementos selecionados em contraste com a escuridão proposital do cenário. A câmera utilizada foi uma Nikon D7000, com uma lente 50mm e outra 18-105 mm. Para a realização do Light Painting foi necessário o uso do tripé, devido à longa exposição das fotos. Como as fotos foram realizadas ao ar livre, pois a proposta era que fossem feitas na mata, foi necessário fotografar durante a noite e as fontes luminosas utilizadas foram: naturais (fogueira), elétricas (pequenos refletores PAR36) e portáteis (lanternas de LED de celular). Para o tratamento das fotos foi utilizado o software Photoshop e para a montagem do vídeo, o programa Movie Maker. O tema pensado inicialmente para este ensaio foi o suspense, cuja principal referência eram as obras da autora Agatha Christie e a ideia era realizar fotografias em preto e branco. Porém, com o decorrer das aulas da disciplina de fotografia e durante o processo de elaboração e escrita das imagens do ensaio, foram surgindo novas ideias e a vontade de explorar mais profundamente a técnica do Light Painting, o que levou à decisão de migrar do suspense para o terror, emergindo também a inspiração no cinema. As principais referências visuais passaram a ser, então, o trabalho do diretor e cineasta curitibano Paulo Biscaia Filho (2012), mais especificamente o filme "Nervo Craniano Zero", da Companhia Vigor Mortis e o filme "A Bruxa", do diretor Robert Eggers. Num primeiro momento, a referência de angulação da câmera e da forma de captação de algumas imagens foi o recurso da câmera subjetiva usado no filme "Bruxas de Blair", do diretor Adam Wingard. No âmbito da fotografia, a inspiração veio do trabalho de dois fotógrafos. O primeiro deles foi Brassaï, uma referência mais forte quando a pretensão ainda era de trabalhar com fotos em preto e branco, mas que foi mantido devido ao registro da luz em algumas de suas fotografias, dando destaque às fontes luminosas em cenários relativamente escuros (LEITE, 2017). A outra inspiração veio da fotógrafa Alison Scarpulla, tanto pelo uso da técnica de Light Painting quanto pelos resultados obtidos pela revelação diferenciada das fotos e pelo trabalho de um de seus ensaios realizado na mata, explorando o imaginário em imagens fantasiosas e, de certa forma, sombrias (LUBITZ, 2012). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto consiste em um vídeo de 01:07 minutos com 12 fotos (aproximadamente 5 segundos para cada) e 5 sons ambiente encontrados na internet. As fotos foram resultantes de um ensaio de terror realizado inteiramente com a técnica de Light Painting, com quatro diferentes modelos, sendo três mulheres e um homem, na mata à noite. Apesar de não haver uma narrativa completa, com todos os elementos necessários para a construção de uma história para cada foto, existem elementos e propostas que conduzem o observador na construção de sua própria narrativa por meio do vídeo, fragmentado e dividido em cinco categorias temáticas: "um ritual"; "fantasma de criança"; "espíritos femininos"; "assassinos"; e "vítima de um crime", nessa ordem. Os sons ambiente foram distribuídos, respectivamente, para cada uma dessas categorias: frases e cantos rituais femininos; passos e risada de criança; sons religiosos e sussurros; folhas secas, galhos e gritos; e tiro, sugerindo situações não explícitas das imagens, mas cuja leitura auditiva pode conduzir a interpretações subjetivas das cenas. Segundo Carvalho (2009), "sons de objetos distantes podem provocar percepções e ações, mesmo que não se consiga ver suas imagens" (CARVALHO, 2009. p. 49-50). A primeira etapa do processo foi a elaboração e descrição das imagens, uma a uma, em um roteiro e durante esse processo constatei que não haveria uma narrativa para o ensaio como um todo, pois, dentro do mesmo tema, havia diferentes perspectivas a serem abordadas (as cinco categorias citadas). No entanto, mesmo que eu visualizasse as imagens, não havia uma história, uma narrativa, o que certamente faria falta para o espectador em contato com as imagens sequenciadas. Investigando os estudos a respeito de recepção por parte do espectador, foi possível descobrir que a liberdade de criar sua própria narrativa poderia representar uma experiência mais rica para os observadores, confrontando as fotos e sensações com seu próprio imaginário, tornando sua interação e conexão com a obra mais profunda ao aproximá-la de seu próprio universo perceptivo. Jacques Rancière (2012) explica, a respeito da percepção da obra de arte, que o espectador também age. "Ele observa, seleciona, compara, interpreta. Relaciona o que vê com muitas outras coisas que viu em outras cenas, em outros tipos de lugares. Compõe seu próprio poema com os elementos do poema que tem diante de si." (RANCIÈRE, 2012, p. 17). Para Rancière, o espectador emancipado participa da obra refazendo-a à sua maneira, transformando-a em pura imagem e associando essa pura imagem a uma história pessoal. Desta forma, este espectador se torna tanto observador distante quanto intérprete ativo do que lhes é proposto, e esse é, para ele, um ponto essencial: "os espectadores veem, sentem, e compreendem alguma coisa à medida que compõem seu próprio poema, como fazem, à sua maneira, atores ou dramaturgo, diretores, dançarinos ou performers." (RANCIÈRE, 2012, p. 18). Após definidas as referências e elaboradas as imagens, a inspiração para a caracterização dos modelos, que consistia em elementos expressivos e exagerados como a maquiagem carregada e os figurinos esdrúxulos, foi o gênero de cinema Trash e o Expressionismo Alemão. O estilo Trash, que nas palavras de Emanuel Victor (2017), é um filme tecnicamente mal feito, propositadamente ou não, realizado com baixo orçamento, atores amadores ou decadentes em péssima atuação, pós-produção (edição, dublagem, efeitos especiais) ruim; erros técnicos propositais ou evidentes; furos de continuidade nas cenas, entre outras características, pode ser verificado no ensaio fotográfico no que tange as caracterizações exageradas e o baixo orçamento, considerando ainda certo amadorismo na realização do trabalho. A estética cinematográfica trash pode ser usada em qualquer gênero, mas é mais frequentemente associada ao terror. Costuma-se considerar trash todo filme de terror com roteiro surreal, sem continuidade, muito sangue, mortes cruéis e ferimentos graves (VICTOR, 2017). A composição das cenas, cuja locação, iluminação, figurinos e enquadramento consistiam num quadro preciso e expressivo, apresentava ainda características do Expressionismo Alemão, tomando por base a descrição da Luiz Nazário: "Os filmes feitos depois de Caligari apresentavam uma junção única de diferentes aspectos ligados à mise-en-scène (luz, decoração, arquitetura, distribuição das figuras e sua organização em cena), que resultava numa ênfase na composição, reforçada por maquiagem e figurino estilizados." (NAZÁRIO apud CÁNEPA, 2006, p. 70). Nesses filmes, personagens e objetos eram transformados em símbolos de um drama eminentemente plástico, causando o efeito, conhecido como caligarismo, de uma pintura expressionista que adquire vida e começa a se mover. O ensaio fotográfico foi realizado em uma chácara, por volta das sete horas da noite, com duração de quatro horas, aproximadamente, entre preparação do set, trocas de figurino, maquiagem e realização das fotografias. Ao todo foram usados quatro modelos e onze caracterizações de personagens: três mulheres (Bruna Aquerman, Amanda Garcia e Giovana Gaio) com três caracterizações cada e um homem (Diego Caversan) com duas caracterizações diferentes. Para a realização das fotos foi necessária a ajuda de uma auxiliar de iluminação (Nadia Luciani) e um de produção (Diego Caversan). O tratamento das fotos foi feito no Photoshop, sem necessidade de muita alteração das imagens, pois a técnica de Light Painting permitiu alcançar os resultados esperados já na realização das fotos. O tratamento consistiu, portanto, apenas no trabalho das cores e contrastes. Mesmo que tenha sido dada ao espectador a liberdade de criar sua própria narrativa para as fotos, as cinco categorias elaboradas para a produção das imagens não deveriam se perder. Era necessário, então, defini-las de maneira que a imaginação do observador permanecesse livre e ativa, mas guiada de forma a identificar a conexão entre as imagens pertencentes à mesma categoria. Nesse momento surgiu o elemento sonoro, acrescentado à produção na edição do ensaio em um vídeo utilizando as imagens estáticas e as trilhas sonoras para ambientar cada uma das categorias, dando origem ao produto final aqui descrito. O audiovisual não fazia parte da concepção inicial do ensaio fotográfico, que consistia, apenas, na apresentação das fotos avulsas. No entanto, ao notar que era necessário indicar para o espectador elementos que ajudassem na percepção das cinco categorias pensadas sem uma narrativa explicita, surgiu a escolha pelo uso do áudio como ambientação das cenas. Esse elemento se tornou, então, crucial para a proposta que se pretendia com a apresentação do ensaio para os espectadores. Apesar de uma edição simples, cujo trabalho resultou apenas na organização das imagens de acordo com a ordem estabelecida e a associação dos sons à elas, foi importante pensar em cada efeito utilizado de maneira que se relacionasse com a ideia de cada categoria, mas que não limitasse a possibilidade de o espectador imaginar sua própria narrativa e que causasse a sensação de amedrontamento desejada. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A fotografia é uma linguagem artística estritamente visual desde o seu surgimento, mas com o advento das novas tecnologias e do universo digital, a experiência do admirador dessa arte pode ser transformado, tornando-se diferenciada e mais envolvente e imersiva. A intenção não é afirmar que o aspecto visual da fotografia não é suficiente para sua efetividade e reconhecimento artístico, mas a questão levantada é que existem novas formas e estratégias para proporcionar experiências artísticas diferenciadas aos espectadores e que tais formas, como a mescla do áudio e do visual, podem e devem ser exploradas para recriar a maneira que vemos e consumimos formas tradicionais de arte como a fotografia. A realização do ensaio proposto aumentou o interesse em continuar explorando o gênero do terror na produção de imagens fotográficas trabalhando diferentes propostas. O resultado dessa produção audiovisual revelou um especial interesse em trabalhar, em outros projetos ou produções, a perspectiva da fragmentação do todo, onde um elemento não precisa ser complementar ao outro, mesmo que pertençam a um mesmo conjunto, considerando principalmente o novo entendimento, em diferentes campos da arte, a respeito da emancipação do espectador como co-criador da narrativa proposta por Rancière. Esse panorama permite vislumbrar uma possibilidade interativa muito maior a ser estabelecida na relação entre o observador e a fotografia, propondo o compartilhamento de suas próprias referências e experiências, utilizando-as como recursos de leitura e interação com a obra, revelando ainda o valor do elemento sonoro como elemento de ambientação deste tipo de concepção artística fragmentada. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BISCAIA FILHO, Paulo. Palcos de Sangue. Belo Horizonte: Estrondo, 2012. <br><br>CÁNEPA, Laura Loguercio. Expressionismo Alemão in MASCARELLO, Fernando (Org.). História do Cinema Mundial. Campinas: Papirus, 2006. <br><br>CARVALHO, Anderson. A Percepção Sonora no Cinema: ver com os ouvidos, ouvir com outros sentidos. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação) - Universidade Federal Fluminense. Área de concentração: Análise da imagem e do som. Niterói, 2009. <br><br>FERREIRA, Felipe José Mendonça. O puro ícone fotográfico: a técnica de light painting e seus desdobramentos na revelação de uma realidade fotográfica. Revista digital Intersemiose. Ano II, Nº 3. Janeiro-Junho de 2013. Disponível em http://www.neliufpe.com.br/wp-content/uploads/2014/03/07.pdf consultado em 11 de abril de 2018. <br><br>GAIO, Giulia Luciani. Apresentação do ensaio fotográfico Mistérios. Youtube, 17 de abril de 2018. Disponível em https://youtu.be/tS_WUDNEZ5k consultado em 18 de abril de 2018.<br><br>LEITE, Amanda M. P. Luz na Escuridão: as estonteantes fotografias de Brassaï. Março de 2017. Disponível em https://fhox.com.br/blogs/luz-na-escuridao-as-estonteantes-fotografias-de-brassai/ consultado em 24 de março de 2018. <br><br>LUBITZ, Ana Claudia. O Universo de Alison Scarpulla. 18 de outubro de 2012. Disponível em https://umbigodascoisas.com/2012/10/18/o-universo-de-alison-scarpulla/ consultado em 24 de março de 2018. <br><br>RANCIÈRE, Jacques. O Espectador Emancipado. São Paulo: Martins Fontes, 2012. <br><br>TRAGTENBERG, Lívio. Música de Cena. São Paulo: Perspectiva, 2008.<br><br>VICTOR, Emmanuel. Cinema: A diferença de um B Movie para um Filme Trash. 25 de março de 2017. Disponível em http://nerdgeekfeelings.com/cinema-a-diferenca-de-um-b-movie-para-um-filme-trash/ consultado em 11 de abril de 2018. <br><br> </td></tr></table></body></html>