ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01119</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Tela Preta: biografia e subjetividade no jornalismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Carolina de Melo (Escola Superior de Propaganda e Marketing Sul); Alfredo Soares de Barros (Escola Superior de Propaganda e Marketing Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Biografia, Documentário, Videojornalismo, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Tela Preta é um documentário de curta duração, produzido para a disciplina de Produção Audiovisual da Escola Superior de Propaganda e Marketing Sul, no semestre 2017/2, que retrata a experiência de um jornalista gaúcho com a depressão sob perspectiva de uma estudante de jornalismo que também enfrenta a doença. A proposta para o trabalho foi articular elementos de jornalismo, documentário e cinema, em uma narrativa com aspectos biográficos e ênfase na subjetividade. Os estudantes puderam utilizar o celular para a gravação, com auxílio de outros equipamentos, e editar o material durante as aulas, sob supervisão do professor Alfredo Barros. A partir dessa experiência, foi possível estudar conceitos e técnicas dos campos mencionados e, ao mesmo tempo, explorar e compartilhar assuntos delicados e relevante aos estudantes.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção de biografias no jornalismo é tema que ainda vem sendo estudado e questionado a partir de suas intersecções com outros campos, sobretudo devido ao aparente conflito entre a subjetividade utilizada nesses tipos de produção e a objetividade tradicionalmente utilizada no jornalismo (VIEIRA, 2011). No âmbito audiovisual, destacam-se os documentários, que, segundo Melo (2002, p. 25), se aproximam do cinema de ficção por meio dos recursos e procedimentos utilizados, mas se diferem pela imprevisibilidade da produção e por procurarem  manter uma relação de grande proximidade com a realidade, respeitando um determinado conjunto de convenções . No entanto, esse retrato da realidade é mais subjetivo do que no jornalismo, devido a um aspecto autoral mais explícito (MELO; GOMES; MORAIS, 2001). A partir desses conceitos, a proposta da disciplina Produção Audiovisual, do sexto semestre do curso de Jornalismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing Sul (ESPM-Sul), foi unir as noções do jornalismo já estudadas pelos estudantes a elementos de outros campos por meio da criação de um documentário de curta duração. O principal diferencial da produção seria seu caráter biográfico e subjetivo, explorando a relação do aluno, enquanto autor, com a personagem. Também foi limitado o uso de apenas uma cena de entrevista com vídeo e áudio sincronizados, a fim de incentivar os estudantes a buscarem outros recursos narrativos. Com base nesses critérios, Tela Preta aborda a experiência do jornalista gaúcho Marcelo Monteiro com a depressão sob a perspectiva de uma estudante de jornalismo que também enfrenta a doença.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A disciplina na qual foi desenvolvido o trabalho é a terceira, na grade curricular da universidade, relacionada à produção audiovisual, dando continuidade a Produção e Edição de TV I e II. Na primeira destas, foi abordado o telejornalismo mais tradicional, com ênfase em reportagens voltadas à televisão, enquanto a segunda teve como foco as grandes reportagens. O objetivo em Produção Audiovisual, portanto, foi acrescentar elementos de outros gêneros, sobretudo documentário e cinema, a fim de articulá-los junto aos formatos mais tradicionais de jornalismo. Além disso, a proposta também buscou trabalhar o aspecto pessoal a partir de temas caros aos estudantes, exercitando sua subjetividade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2018), mais de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão no mundo inteiro, e, apesar dos avanços na conscientização acerca da doença, sua abordagem na mídia ainda enfrenta desafios. Diante desse contexto, Tela Preta busca contribuir ao debate, porém sem a intenção de retratar a depressão como um todo, mas sim, vivências particulares subjetivas, uma vez que as manifestações da doença se diferem em cada caso. Além disso, no que tange o aspecto pessoal, o trabalho se justifica a partir da experiência da estudante, de sua identificação com o entrevistado e de sua expressão por meio do documentário. Ademais, a experiência também tem bases acadêmicas e profissionais ao proporcionar aos alunos contatos com diferentes formatos de produção audiovisual, além dos mais tradicionais presentes no jornalismo. Destaca-se, também, a possibilidade, proposta na disciplina, de realizar as gravações por meio do celular, medida que facilitou a logística da produção, além de acostumar os alunos a um recurso bastante utilizado em veículos profissionais.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ainda que este trabalho aproveite elementos de cinema e de documentário, é importante ressaltar sua base no jornalismo, a partir dos conceitos e técnicas trabalhados pelos estudantes no decorrer do curso. Nesse sentido, uma das principais aproximações com o campo ocorre por meio da entrevista, que, nesse caso, pode ser caracterizada como  empática (REZENDE, 2010, p. 292), por ter foco, sobretudo, no entrevistado, e não em fatos específicos. Por outro lado, o trabalho se distancia do jornalismo ao dar ênfase à subjetividade. Isto é, embora se reconheça que a objetividade na profissão é inatingível e que o relato depende de uma interpretação (SOUSA, 2002), o distanciamento do jornalista ainda é uma noção bastante valorizada, à qual esta produção vai de encontro ao utilizar a relação entre entrevistador e entrevistado como um dos pontos centrais. Esta técnica, no entanto, se aproxima das características da biografia, conforme descritas por Arfuch (2010, p. 129), na qual existem diferentes perspectivas a respeito de um mesmo indivíduo, e não apenas   uma história do sujeito, tampouco uma posição essencial, originária ou mais  verdadeira  . Essa noção é reconhecida e explorada no projeto, uma vez que se buscou retratar um aspecto específico do entrevistado &#8210; no caso de Tela Preta, sua experiência com a depressão &#8210;, e não sua vida como um todo. Também foram utilizados recursos narrativos próprios do documentário, sobretudo o caráter autoral, destacado por Melo, Gomes e Morais (2001) como uma das características definidoras desse gênero jornalístico. Ainda que essa abordagem seja oposta à noção tradicional de imparcialidade do jornalismo, as autoras defendem que ela não prejudica sua credibilidade:  Afirmar que o documentário é marcado pela subjetividade do diretor não significa dizer que ele seja por natureza monofônico (MELO; GOMES; MORAIS, 2001, p. 6). Outra estratégia utilizada no trabalho foi o uso de reconstituições e simulações de cenas devido à falta de registro, o que, conforme as pesquisadoras, também reforça o aspecto autoral. Além disso, houve, também, o acompanhamento das personagens em tempo real, com ênfase em suas ações e sentimentos (GUZMÁN, 2009?), o que dificulta o processo de planejamento, se comparado ao do cinema de ficção (MELO, 2002). Ainda, uma proposta da disciplina foi que o documentário deveria conter apenas uma cena em que o áudio e o vídeo do entrevistado estariam sincronizados. A aparente limitação, na verdade, incentivou os estudantes a serem criativos no uso de elementos visuais, utilizando recursos pouco buscados no telejornalismo tradicional. Vale destacar, ainda, a possibilidade de utilizar os próprios celulares para gravação, com auxílio de microfones fornecidos pelo professor. Dessa forma, ainda que estivessem disponíveis os equipamentos profissionais da universidade, foram minimizadas possíveis limitações técnicas e logísticas dos estudantes, facilitando a produção.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O primeiro desafio no processo de produção de documentário surgiu logo na primeira aula da disciplina, no início de agosto, a partir da apresentação da proposta do projeto, que levantou dois principais questionamentos: quem seria a personagem escolhida e de que forma explorar a relação com ela. Enquanto alguns estudantes logo optaram por tratar de sua família próxima, outros buscaram pessoas que representassem temas mais abrangentes, como no caso de Tela Preta. A ideia de fazer o projeto com Marcelo Monteiro veio da identificação da estudante com uma reportagem de grande repercussão escrita para o jornal Zero Hora (MONTEIRO, 2016), na qual o jornalista abordou sua experiência com a depressão. O contato foi feito via e-mail, e Marcelo respondeu no mesmo dia, aceitando prontamente o pedido para marcar a entrevista. A entrevista foi feita em uma quinta-feira, 10 de agosto, na redação do jornal Zero Hora, com a ajuda de um colega de aula para captação das imagens. O início da conversa foi sobre a própria reportagem, a fim de gerar aproximação com o entrevistado por meio de um assunto com o qual ele estaria mais acostumado a falar. No total, a entrevista durou cerca de 40 minutos, nos quais foi possível cobrir todos os tópicos previstos: a produção da reportagem, sua repercussão, a experiência do jornalista com a depressão e a conscientização sobre a doença na sociedade. No mesmo dia, a estudante gravou um vídeo para registrar a experiência, descrevendo-a como semelhante a uma sessão de terapia. Isso porque a entrevista foi bastante desafiadora, não pela técnica jornalística, uma vez que tudo ocorreu como planejado, mas pelo aspecto pessoal, pois ambas as histórias, da entrevistadora e do entrevistado, compartilham várias similaridades. Na semana seguinte, todos os alunos apresentaram seus projetos na aula, e Tela Preta já estava bastante adiantado, embora ainda sem o título final. No entanto, a questão pessoal foi novamente um desafio, ao revelar o diagnóstico aos colegas. Apesar disso, a experiência da apresentação foi positiva, uma vez que vários projetos também tratavam de temas mais delicados e pessoais, tornando a aula um momento de compartilhamento entre a turma. As semanas seguintes foram dedicadas à transcrição da entrevista, à edição de algumas cenas que já haviam sido gravadas e à pesquisa de materiais de arquivo do entrevistado. Entre as aulas, também foi possível gravar algumas cenas em casa. Devido às férias de Marcelo, só foi possível voltar a contatá-lo e marcar novo encontro na segunda quinzena de setembro. Em outubro, foram feitas as gravações na casa do jornalista, para ilustrar seu relato. Marcelo se mostrou bastante disposto a ajudar, inclusive sugerindo cenas para serem gravadas, e a experiência possibilitou maior contato com o entrevistado. Depois disso, as últimas aulas foram dedicadas à edição do material. Novamente, a maior dificuldade durante esse processo não foi técnica ou criativa, mas emocional, devido à identificação com as falas do jornalista. Além disso, ainda faltava a inserção da própria estudante nesse relato, um dos requisitos da disciplina. O desafio nessa etapa se deve ao fato de ambas as personagens ainda estarem no processo de tratamento, bem como à dificuldade da estudante em se expressar acerca do assunto, o que foi explicitado no próprio filme e utilizado para enfatizar a subjetividade da produção. O título do documentário foi uma das últimas decisões acerca do trabalho e remete ao reflexo no computador durante a edição, simbolizando a identificação da estudante com o jornalista. Além disso, pontua-se a relação entre o relato de Marcelo, em sua matéria, sobre sua dificuldade de concentração devido à doença   a tela branca do computador à espera do meu texto parecia transformar-se em um monstro (MONTEIRO, 2016)  e a experiência semelhante da aluna durante o documentário, mas com a tela preta do software de edição. Tela Preta foi finalizado em novembro, contabilizando sete minutos e três segundos de duração. A produção, a gravação, a reportagem e a edição foram de Ana Carolina de Melo, com auxílio para gravações dos colegas Lucas Ferreira e Bruno Pedrotti e supervisão do professor Alfredo Barros. O documentário foi exibido na mostra de conclusão da disciplina, no início de dezembro, para colegas, familiares, professores e banca composta por profissionais da área.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">De forma geral, a experiência foi bastante proveitosa  pessoal, acadêmica e profissionalmente. O aspecto pessoal, como já foi colocado, se deve à possibilidade de expressão dos estudantes sobre assuntos dos quais poderiam não tratar de outra forma, como, no caso de Tela Preta, a depressão. Além disso, o trabalho possibilitou explorar diferentes aspectos do audiovisual, aprimorando as técnicas e estudando conceitos diferentes dos tradicionalmente relacionados ao jornalismo. Por fim, é válido reforçar a importância da conscientização a respeito da depressão e da saúde mental como um todo, que, mesmo não sendo definida como um objetivo inicial, esteve presente durante a elaboração do projeto e pode ser expandida a partir de divulgações futuras do documentário.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ARFUCH, Leonor. O Espaço Biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010. 370p. Disponível em: <https://bibliotecaonlinedahisfj.files.wordpress.com/2015/02/arfuch-leonor-o-espac3a7o-biogrc3a1fico.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.<br><br>GUZMÁN, Patricio. O roteiro no cinema documentário. 2009?. Disponível em: <http://brasil.indymedia.org/media/2009/06//448249.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2018.<br><br>MELO, Cristina Teixeira Vieira de. O documentário como gênero audiovisual. Comun. Inf., v. 5, n. 1/2, p. 25-40, jan./dez., 2002.<br><br>MELO, Cristina Teixeira Vieira de; GOMES, Isaltina Mello; MORAIS, Wilma. O documentário jornalístico: gênero essencialmente autoral. INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação. Anais, Campo Grande /MS  setembro 2001.<br><br>MONTEIRO, Marcelo. Eu enfrento a depressão: repórter da ZH relata como é a doença vista de dentro. GaúchaZH, Porto Alegre, 19 ago. 2016. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2016/08/eu-enfrento-a-depressao-reporter-de-zh-relata-como-e-a-doenca-vista-de-dentro-7299198.html>. Acesso em: 28 mar. 2018.<br><br>REZENDE, Guilherme Jorge de. Gêneros no Telejornalismo. In: MELO, José Marques de. Gêneros jornalísticos no Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2010, p. 291-313.<br><br>SOUSA, A. de. A retórica da verdade jornalística. In: I Congresso LusoGalego de Estudos Jornalísticos. 2002, Santiago de Compostela. Anais... Universidade da Beira Interior: Universidade da Beira Interior, 2002.<br><br>VIEIRA, Karine Moura. O desafio de narrar uma vida: a crítica genética no estudo da biografia como gênero jornalístico. 2011. 134p. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.<br><br>WHO. Depression: Fact sheet, 2018. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs369/en/>. Acesso em: 26 mar. 2018.<br><br> </td></tr></table></body></html>