ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01187</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO15</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Refugiados: obstáculos no caminho da sobrevivência</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Lúcia Rosa da Silva (Centro Universitário Ritter dos Reis); Matheus Felipe (Centro Universitário Ritter dos Reis)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Refugiados, Imigração, Reportagem, Rádio, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A série de reportagens  Refugiados: obstáculos no caminho do acolhimento foi desenvolvida como atividade prática para a disciplina de Laboratório de Rádio, no Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter. Com o objetivo de exercitar a redação voltada para grandes reportagens em rádio, o conteúdo experimental traz uma reflexão sobre temas que permeiam a imigração, segurança de estado e xenofobia. Um debate entre especialistas que se propõe a elucidar a complexidade do controle de fronteiras e a necessidade de que as nações sejam abertas ao acolhimento de refugiados e imigrantes econômicos, por motivos que vão muito além de promover os direitos humanos ou de impulsionar a economia. Sem abrir mão do compromisso social do Jornalismo, a proposta foi trazer temas de relevância social, conduzindo o ouvinte a uma reflexão humana e ética.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A disciplina de Laboratório de Rádio no Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter, em Porto Alegre tem como objetivos gerais apresentados no plano de ensino: -Promover o conhecimento das características do texto radiofônico; - Habilitar o aluno a elaborar produtos textuais para rádio; - Despertar o senso crítico em relação ao veículo e seus produtos; - Proporcionar o conhecimento técnico por meio da prática em laboratório. Partindo desses tópicos, a proposta da disciplina em 2017/1 foi a criação de grupos para elaboração de grandes reportagens em formato de rádio, pensadas e desenvolvidas por alunos com a supervisão docente no âmbito de graduação em Jornalismo. A equipe de trabalho contou com duas alunas desempenhando funções de produção, reportagem, redação, edição e finalização. O material contempla discussões entre especialistas em diversas áreas no que tocam os temas, migração, refúgio, fronteiras e xenofobia, além da história de quem viveu o conflito civil na Síria e hoje se refugia no Brasil. Sempre ressaltando a ética e a responsabilidade social no fazer-jornalístico, se propondo a retratar de forma acessível a qualquer ouvinte o debate complexo que envolve o assunto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O conteúdo se propõe contemplar o papel das grandes reportagens partindo do princípio de que a permanência desse gênero interpretativo depende da capacidade de tradução e aprofundamento dos fatos, ministrados na graduação. Acreditando em um contexto de aprimoramento do jornalismo brasileiro, o curso de Bacharelado em Jornalismo da UniRitter, investe no desenvolvimento dessas habilidades com o intuito de manter viva a prática de narrativas em profundidade nos veículos de comunicação. Um compromisso que supera a formação de profissionais aptos a ingressar no mercado de trabalho, mas que tenham a capacidade de questioná-lo. Através desse material se pretendeu exercitar o equilíbrio entre a concisão da linguagem radiofônica e a profundidade de narrativa de grandes reportagens além das práticas básicas do bom jornalismo. Ética, apuração objetiva e conceitos de elaboração de pautas, entrevistas e a montagem de roteiros de reportagem fizeram parte da rotina da equipe, a fim de simular com alguma fidelidade, as cobranças e responsabilidades do repórter enquanto profissional. Essa experiência permitiu ao grupo questionar produtos, veículos e, principalmente o modelo  industrial de produção de conteúdos utilizado na mídia tradicional brasileira.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Classificada por autores como Ulisses Larochinski (2017) e Luíz Artur Ferraretto (2014) como o modelo jornalístico incluso no gênero interpretativo que extrapola a notícia, a grande reportagem assume o papel para além de transmitir informação, ela  conta os acontecimentos. Citando Santos (2008), Larochiski reforça a definição de que  reportagem é a narração de uma experiência vivida (Santos, 2008, p. 53, apud. Larochiski, 2017, p.182), o que significa que um dos princípios fundamentais da reportagem é a presença no local do fato. Ferraretto define o modelo da seguinte forma: Também conhecida como reportagem especial ou reportagem em profundidade, a grande reportagem constitui-se em um meio-termo entre a reportagem comum, aquela do dia a dia, e o documentário. Aparece como ampliação quantitativa e, muito mais profundamente, qualitativa do trabalho usual e cotidiano corporificado nos boletins dos repórteres de uma emissora de rádio. Não chegando a ter a abrangência de um documentário, adentra o terreno do jornalismo interpretativo. (Ferraretto, 2014, p.167). Inclusive, Milton Jung (2004) adverte:  cobertura jornalística custa dinheiro e, apesar da credibilidade que tem com o público, não é produto fácil de vender, principalmente no rádio. Se o propósito é oferecer informação de qualidade, o lugar do repórter é na rua . (Jung, 2004, p. 115) Com base nisso, a equipe de reportagem, formada por duas graduandas, após pesquisa preliminar sobre dificuldades no acolhimento de imigrantes e refugiados, assunto que pautou o conteúdo produzido, foram em busca de organizações que desenvolvessem projetos nesse sentido. O Centro Ítalo-brasileiro de Assistência e Instrução (CIBAE)  atua no terceiro setor ajudando refugiados e imigrantes econômicos a regularizar sua situação no Brasil. A partir dessa imersão, inicia-se a apuração que revelara o fio condutor da reportagem. Voltando a citar Jung, defende-se que  emoção e empatia são dois conceitos que integram qualquer receita de boa reportagem e, esses elementos são coletados através da vivência no local do fato. Nessa relação, sentimos a pulsação das pessoas, entendemos o que elas pensam. Assim, o repórter é capaz de encontrar bons personagens dando vida ao trabalho jornalístico. O cidadão costuma entender melhor os temas quando se reconhece neles. (Jung, 2004, p.115 ). Além disso, se utilizou de critérios de relevância social na escolha da pauta. Levando em consideração a crise mundial de refugiados, instaurada em consequência do conflito civil na Síria que já durava mas de seis anos; o fluxo migratório já elevado entre países vizinhos ao Brasil, como Venezuela e Colômbia  situação que tomara proporções ainda maiores no ano seguinte (2018) com alojamento massivo de imigrantes venezuelanos na praça central de Roraima  e, por fim, as ameaças de fechamento de fronteiras acompanhadas pela ascensão de governos protecionistas, o debate se mostrava, mais que atual: necessário. Depois de ouvir as fontes  especialistas, e personagens  o desafio foi selecionar e encaixar as informações mais importantes de forma linear e contínua. Vivenciou-se, então uma das situações mais comuns referentes ao processo de edição do conteúdo, segundo Cremilda Medina (2008): Protagonistas (e/ou antagonistas), ainda que através de uma esquemática informação, consagram o fato como real e presentificado. Nesse caso, o repórter realiza um pobre trabalho de campo, quase sempre se valendo do telefone, que é mais cômodo. Outras vezes, quando sente que deve investir na entrevista, traz um grande número de informações mas, depois, passa pela frustração de reduzir tudo a 20 ou 30 linhas. (Medina, 2008, p.48). No caso das reportagens em rádio, o problema era sintetizar as falas em inserções que variam entre 15 e 30 segundos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A elaboração de uma pauta para grande reportagem, ou reportagem especial, para rádio exige um planejamento muito maior do que o empregado no dia a dia de um repórter. Ferraretto (2014) elenca tópicos para organização de pauta para uma narrativa em profundidade que nortearam o processo de elaboração desta série. As sugestões aplicáveis ao produto analisado serão revisitadas à medida que se disseca a montagem do produto. Como anteriormente citado, a primeira etapa foi a pesquisa e levantamento preliminar de dados e informações oficiais sobre o tema, como sugere o autor.  Com base nos dados disponíveis, planeje-se elaborando um pequeno cronograma que vai depender da forma como você pretende abordar o tema. (Ferraretto, 2014, p. 170). Portais como o do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e Ministério da Cidadania e Justiça do Governo Federal elucidaram em números a situação de refugiados, imigrantes e, mais que isso, dos fluxos migratórios, primeiramente a nível mundial e, posteriormente nacional. A partir desse panoramas, foi possível partir para a próxima etapa. Reforçando o entendimento de Jung (2004) de que  o lugar de repórter é na rua (Jung, 2004, p.115) e, portanto, se faz necessário presenciar o trabalho de acolhimento de estrangeiros no contexto geográfico em que a reportagem se insere a equipe foi a campo. Somente depois de entender de forma também experimental o tema proposto, procurou-se especialistas nas áreas de política internacional e sociologia, ambos com especialização em soberania de Estado (para falar de fortalecimento de fronteiras e segurança nacional) e migração e refúgio (com o objetivo de elucidar a importância e a necessidade desse fluxo), respectivamente. O texto radiofônico tem características próprias descritas com fidelidade por Phil Newson (1940). O autor argumenta que a texto em rádio é  escrito para o ouvido, enquanto o dos jornais é escrito para os olhos . A afirmação faz completa diferença no momento de construção dos offs. Diferente do texto  escrito para os olhos , no rádio, a leitura deve fugir de armadilhas cacofônicas, rimas e palavras de difícil compreensão. Ferraretto (2014) estabelece três critérios que devem ser considerados ao  escrever para os ouvidos . O autor defende que a redação seja: 1) clara, permitindo a sua fácil assimilação por qualquer integrante da audiência; (2) precisa, ao retratar o objeto da notícia com exatidão, mas tendo consciência da impossibilidade de ser totalmente imparcial; e (3) concisa, dosando a quantidade de palavras utilizadas, com cada uma delas apresentando significado o mais completo possível para seu público. (Ferraretto, 2014, p. 99). Citado por Larochinski (2017), Cabello (1994) complementa afirmando que  sob sua aparente simplicidade, a construção do texto radiofônico é complexa. Escrever fácil não é fácil! Clareza e compreensão são resultados da interação ouvinte-texto (Cabello, 1994, apud. Larochinski, 2017 p.85). Deve-se, entretanto, lembrar que trata-se de uma narrativa em profundidade e não uma produção cotidiana, logo, atribui-se a redação, nesse caso, elementos interpretativos que caracterizam o  contar o acontecimento em detrimento de transmitir a informação. Sobre isso, Larochinski adverte: O repórter não deve se deixar mergulhar num mundo de emoções, de modo que possa perder o controle da percepção da realidade que se apresenta diante de seus olhos. A abordagem deve ser tão simples quando 'dois mais dois são quatro', e a opinião do repórter não tem cabimento numa reportagem. (Larochinski, 2017, p. 182-183). Com o objetivo de dar ritmo e climas distintos a determinados pontos da matéria, foram escolhidas trilhas sonoras instrumentais que auxiliam na condução do conteúdo. Esse recurso agrega a transmissão da mensagem, nunca podendo se sobrepor à voz. Produzir conteúdo para rádio é ousar de recursos sonoros que sejam utilizados de forma balanceada com o único objetivo de ajudar na compreensão da mensagem segundo aconselha Ferraretto (2014)  instrumentais auxiliam na pontuação e criam climas, enquanto a letra em si pode acrescentar informação. Mesmo assim, na narrativa, predomina a palavra do repórter (Ferraretto, 2014, p. 169). Vale ressaltar que no caso analisado, evita-se utilizar trilhas durante as sonoras para não  poluir o depoimento dos entrevistados. Por fins meramente de exercício  já que o conteúdo seria disposto integralmente em plataforma online  e, pensando no critério de manter o público interessado, a equipe foi provocada a dividir o conteúdo. Quando se fala em reportagens especiais, que superam dez minutos de duração, é importante destacar a importância de manter o ouvinte cativado. Para isso, apresentam-se as seguintes opções: a) ampliação da abrangência do tema e a transformação da grande reportagem em documentário; ou, b) divisão do conteúdo em boletins, qualificando a matéria como  série de reportagens usando como pressuposto o que sustenta Ferraretto (2014): Para dar conta da contextualização pretendida, por vezes o assunto é dividido em vários boletins irradiados ao longo de uma sequência de dias ou de edições de determinado programa, podendo mesmo ter suas partes veiculadas em vários horários ao longo da programação. (Ferraretto, 2014, p. 167). A segunda opção se mostrou conveniente à proposta editorial apresentada pelo orientador, cujo objetivo era desenvolver a habilidade de sintetizar e serializar o conteúdo produzido a fim de simular a realidade encontrada nos veículos de comunicação. A captação de sonoras foi feita por meio dos celulares das repórteres em diferentes ambientes. A primeira fonte ouvida pela reportagem foi contatada durante evento intitulado como  Copa dos Refugiados sediada na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, com o objetivo de dar visibilidade a causa e prestar assistência à migrantes de todas as classificações. Foram ouvidos mais dois cases durante visita ao CIBAI. Essas sonoras foram gravadas com o auxílio de um gravador de voz. No mesmo local, o responsável pelo projeto em Porto Alegre concedeu entrevista à equipe. A fala de especialistas foi coletada por telefone, através de uma híbrida em estúdio próprio para esse fim. As estudantes de graduação estiveram responsáveis por todas as etapas da produção do conteúdo, inclusive pelas técnicas de redação, edição, gravação e finalização, sob a supervisão docente do orientador no âmbito de graduação em Jornalismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O gênero interpretativo se diferencia da notícia pelo poder de tradução da realidade. Responsável por ir além do simplesmente declaratório, a reportagem investiga, busca e esclarece. Larochinski (2017) amplia a definição ao discorrer sobre as competências do profissional ressaltando que  o bom repórter precisa ter poder de observação e capacidade de compreender o que está diante de seus olhos, pois só assim conseguirá 'contar o que viu e vê. Deve desvendar as causas de um evento e prever suas consequências. (Larochinski, 2017, p.181) Diferentemente da notícia, esse gênero dá ao autor a liberdade de ressaltar aspectos que julga relevantes  utilizando-se de critérios jornalísticos  em detrimento de outros. No caso do material em análise, trata-se de um debate entre intelectuais, mas não deixa de lado o forte apelo humano, extremamente presente no assunto apresentado. A equipe entendeu que a melhor forma de aproximar o ouvinte da realidade desumana em que se encontram os refugiados no mundo, seria dar voz a eles e provocar uma identificação entre quem relata e quem escuta. A série de reportagens  Refugiados: obstáculos no caminho do acolhimento apresenta em 12 minutos e 21 segundos as histórias de Abdulbaset Jarour, refugiado sírio no Brasil, Roosvens Marc, imigrante haitiano e Ablaye Sougou, imigrante senegalês. Os depoimentos são plano de fundo para o debate entre os especialistas Thales Speroni, Sociólogo especialista em migração e Ângela Tsatlogianis, especialista em direito internacional. A escolha de quais depoimentos comporiam o material foi pautada pelo critério principal de novidade  no caso de especialistas  e impacto  no caso dos cases. A seleção de falas vem em conformidade com a proposta do conteúdo que, desde o início, objetivava a reflexão por parte do ouvinte sobre a questão elevando o debate intelectual ao nível humano e ético. Elencando dois pontos que exemplificam com clareza a intenção; (1) o momento em que o sociólogo afirma que o fortalecimento de fronteiras, por si só, produz a ilegalidade imigrante, o que permite que estes se tornem mão de obra barata; (2) Abdulbaset, o sírio, contando o dilema da irmã que estava impossibilitada de andar, na intenção de salvar os filhos. Foi adotada a estratégia de personificar a reportagem no intuito de sensibilizar o ouvinte. Uma das técnicas mais antigas na literatura é a de personificar uma situação por meio de um personagem específico. Essa técnica é provavelmente utilizada de modo excessivo no jornalismo, mas ela permanece válida, tanto para os expectadores quanto para os repórteres que estão procurando encontrar uma fundação emocional para a história. Mostrar uma vítima ao expectador pode ser uma poderosa maneira de se chegar rapidamente ao sentido de uma história. (HUNTER, 2013, p.70). O primeiro depoimento revela um entendimento novo sobre a questão de fortalecimento de fronteiras e, portanto, foi selecionado pelo critério de novidade. O segundo, claramente pelo impacto, pela sensibilidade com que retrata a história. O contato com as fontes gera um sistema que se retro-alimenta. Uma fonte indica a outra e a reportagem começa a ficar mais rica de depoimentos e relatos. Até mesmo o senso crítico do jornalista aumenta ao conhecer os vários caminhos da história em conformidade com o que sustenta Neto (2008)  O uso das fontes deve seguir um caminho duplo: é preciso ouvir as fontes autorizadas sobre o assunto em pauta, mas é necessário estar sempre atento a outras opiniões, a pessoas que tenham algo novo a dizer. (NETO, 2008, p. 32). A proposta de aula, que resultou na elaboração do material em análise, criou o ambiente para que os discentes administrassem as informações com responsabilidade ética e sensibilidade. Usando de parcimônia na seleção de informações para que o ouvinte se identifique com a realidade retratada e, ao mesmo tempo, reflita a respeito dela. Esse equilíbrio permite aproximar uma realidade completamente distinta de quem está sendo informado o que se entende como a função da reportagem como definido por Jung (2004). É na reportagem que o jornalismo se diferencia, levanta a notícia, investiga fatos, encontra novidades, gera polêmica e esclarece o ouvinte. Fora dela, sobra pouco do ponto de vista da criação, quase tudo se resume à cópia. O repórter é a síntese do jornalismo, nele se personifica o profissional que vive em busca da informação. Função que não é exercida apenas por aquele que está na rua, microfone em punho, a caça de histórias interessantes para serem contatadas. (Jung, 2004, p.114). Desta forma, a atividade que deu origem ao material em análise permitiu às alunas desenvolver conhecimento técnico de construção de grandes reportagens, do bom jornalismo, dos artifícios do rádio e a análise crítica a respeito da constante manutenção do fazer-jornalístico. Essa estrutura  presente, passado, futuro  atende as três perguntas centrais que qualquer expectador(a) quer ver respondidas por um(a) repórter: Por que eu deveria me importar com esta história? Como é a história deste terrível ou maravilhoso evento? Ele terá fim? Como? Os fatos de que essa é a estrutura narrativa mais comumente utilizada no jornalismo de longa extensão, e de que ela é bem efetiva na maioria das situações, ainda assim não lhe obriga de forma alguma a utilizá-la a verdade, o princípio cronológico é tão poderoso que, quando utilizado apropriadamente, ele pode ser reconfigurado de qualquer modo que você escolher. (HUNTER, 2013, p.67). Além de todos esses aspectos imprescindíveis para o exercício profissional, conquistou-se um conteúdo que cumpre com a função social de traduzir a realidade com profundidade revelando um debate cada vez mais necessário. Enquanto produto que, embora exercite aspectos de veículo radiofônico, foi feito para ser disponibilizado na internet, é de suma importância que seu visual também seja atraente. A imagem que ilustra a matéria foi feita em campo, durante externa no CIBAI, com a intenção de representar que a temática deve ser debate recorrente no âmbito mundial, reforçando a fala usada na reportagem de que o refúgio precisa ser possível.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A série desenvolvida pela Graduação em Jornalismo da UniRitter contribui para a formação profissional dos alunos, à medida que exercita conhecimentos técnicos inerentes à produção de conteúdos para rádio; para o jornalismo enquanto produto que ressalta a importância de que o gênero interpretativo permaneça fazendo parte do que se entende como competência do profissional de imprensa e para a sociedade enquanto material de esclarecimento, debate e reflexão sobre temática relevante, atual e social. A experiência adquirida pelas alunas permitiu o desenvolvimento de noções básicas sobre a plataforma radiofônica, os desafios da reportagem e a construção do aprendizado através da prática e contestar modelos reproduzidos pela imprensa. A vivência de dilemas corriqueiros na rotina das redações resulta em um preparo maior para enfrentar com destreza, problemáticas da profissão. Os tensionamentos proporcionados em aula, levaram a reflexão sobre o papel do jornalismo e sua responsabilidade quanto ao sensacionalismo, o apelativo e a realidade a ser exposta. Finalmente, acreditamos que o papel da academia concerne em formar profissionais hábeis a promover a manutenção do jornalismo enquanto função social e trabalhos como esses renovam essa convicção.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">FERRARETO, Luíz Artur. Rádio  teoria e prática. São Paulo: ed. Summus, 2014.<br><br>HUNTER, Max Lee. Um Manual (Unesco) para Jornalistas Investigativos. A Investigação a partir de Histórias. 2013. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002264/226456POR.pdf>. Acesso em: 07 de abril de 2017.<br><br>JUNG, Milton. Jornalismo de Rádio. São Paulo: ed. Contexto, 2004.<br><br>LAROCHINSKI, Ulisses. Escrevendo para falar no rádio. Curitiba: ed. InterSaberes, 2017<br><br>MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista  o diálogo possível. São Paulo: ed. Ática, 2008<br><br>NETO, João Elias da Cruz. Reportagem de Televisão: como produzir, executar e editar. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.<br><br> </td></tr></table></body></html>