INSCRIÇÃO: | 01201 |
CATEGORIA: | PP |
MODALIDADE: | PP04 |
TÍTULO: | O consumo de cerveja por mulheres feministas que residem no Rio Grande do匀甀氀 |
AUTORES: | Lorenzo Boaventura Luzardo (Universidade Federal do Pampa); Fernanda Sagrilo Andres (Universidade Federal do Pampa); Hallana da Rosa Vitória (Universidade Federal do Pampa); Larissa Fabiane Thomas (Universidade Federal do Pampa); Marco Antônio da Luz Biage (Universidade Federal do Pampa); Tanara Gauna Cargnelutti (Universidade Federal do Pampa) |
PALAVRAS-CHAVE: | Pesquisa, Consumo, Feminismo, Cerveja, |
RESUMO | |
O presente trabalho tem como intuito apresentar uma pesquisa desenvolvida acerca do consumo de cerveja do público de mulheres feministas que residem no estado do Rio Grande do Sul. A fim de compreender a mudança de posicionamento de marcas deste segmento, que até pouco tempo atrás utilizavam peças publicitárias misóginas, e verificar se atualmente elas representam a luta desse grupo. Para isso, foi realizada a pesquisa motivacional, com a abordagem de grupo focal e a pesquisa de imagem do anunciante, com abordagem de questionário semiaberto, via web, a qual visou reunir repostas de todo o estado do Rio Grande do Sul. | |
INTRODUÇÃO | |
A necessidade de analisar o consumo de cervejas pelo público de mulheres feministas que residem no estado do Rio Grande do Sul dá-se pela reinvenção das marcas de cerveja e seus posicionamentos, que, até então, usavam modelos femininas para estampar peças publicitárias misóginas e que perpetuavam estereótipos de gênero a fim de vender o produto. O consumo do produto, sobretudo, está cada vez mais ligado às mulheres - que passaram, em poucos anos, de objetificadas em peças publicitárias, para o próprio público-alvo de diversas marcas que perceberam a necessidade de mudança de seus posicionamentos. Nesse sentido, este paper visa apresentar os processos que constituíram uma pesquisa realizada com o público feminino, que tem por tema “O consumo de cerveja por mulheres feministas que residem no Rio Grande do Sul”. O público da pesquisa foi encontrado em alguns grupos feministas de Facebook do estado do Rio Grande do Sul, bem como no Campus São Borja da UNIPAMPA. Um dos motivos para a escolha do tema foram as propagandas que ainda apontam a mulher como o sexo frágil, como fez a marca de cerveja “Proibida”, ao criar uma cerveja destinada a mulheres. Na descrição do produto, a cerveja é definida como “delicada e perfumada” - adjetivos que indicam uma rotulação do gosto feminino. Outra razão foi a relação que se tem das opiniões machistas relacionadas ao consumo feminino de álcool. Como foi abordado em uma reportagem feita pelo site Alegrete Tudo, em janeiro de 2017, a qual causou polêmica na cidade de Alegrete e no Brasil, por afirmar, sem embasamento, uma preocupação com o alto consumo de bebidas alcoólicas por mulheres na cidade. Definiram-se, então, o problema de pesquisa, as hipóteses e a explicação da importância de tal pesquisa. Na sequência, foram apresentados o referencial teórico, apresentando as teorias analisadas e as metodologias utilizadas para a composição do trabalho. Após a parte teórica, foram apresentadas as partes práticas da pesquisa. | |
OBJETIVO | |
O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de produção, realização e posterior análise de dados de uma pesquisa realizada sobre o consumo de cerveja por parte de mulheres feministas do Rio Grande do Sul. Apresentam-se pontos técnicos dos processos, como a contextualização das motivações que levaram o grupo ao tema central da pesquisa, compreender quais são as características que as mulheres feministas que residem no Rio Grande do Sul levam em consideração no momento de consumir as cervejas das marcas Itaipava, Devassa, Skol, Brahma e Proibida, bem como os métodos utilizados e conclusões acerca dos dados obtidos. | |
JUSTIFICATIVA | |
As propagandas de cerveja com mulheres geralmente causam certo desconforto entre esse público - que, aliás, raramente, ao longo dos tempos, foi reconhecido como público - uma vez que por décadas, e até hoje, os comerciais e anúncios publicitários deste segmento utilizam a mulher como objeto/produto (VEJA, 2011). Atualmente, marcas como a Skol vêm mudando este cenário e colocam a mulher como igual. Entretanto, em um passado não distante, a mesma marca colocava o corpo feminino em lugar de apropriação do homem. Desse modo, entende-se que o primeiro motivo de justificativa do presente trabalho é causar reflexão sobre o tema, que ainda é presente, mesmo com a luta feminista. A amostragem - constituída por um público de mulheres que se consideram feministas - justifica-se por possibilitar a obtenção de resultados de pesquisa que contenham argumentos de indivíduos que se preocupam com a sua representatividade. A delimitação para o estado do Rio Grande do Sul justifica-se pelo fato de que é o estado em que o grupo de pesquisa reside e trabalha. Por fim, a importância do trabalho também se justifica pela dificuldade de encontrar pesquisas relacionadas ao consumo feminino de cervejas. | |
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS | |
Para este trabalho, são utilizados os métodos de pesquisa exploratória, pesquisa quantitativa de imagem do anunciante, dados secundários, pesquisa qualitativa motivacional e pesquisa bibliográfica. A pesquisa exploratória “é o primeiro contato que o pesquisador tem com o tema a ser estudado” (SANTAELLA, 2010, p. 93). Através dela são levantados dados e informações para analisar possíveis abordagens, possibilitando que a pesquisa posterior seja realizada com maior compreensão (SANTAELLA, 2010, p. 93). Outro método de pesquisa aplicado pelo grupo é o de Imagem do Anunciante. De acordo com Cotrim (1988), as pesquisas de imagem do anunciante têm por objetivo averiguar como determinada marca está sendo percebida, como as marcas concorrentes estão sendo percebidas, qual marca está mais próxima em questão de identificação e reconhecimento pelo público pesquisado e determinar a existência de brechas no mercado que permitam um reposicionamento de marcas. A abordagem utilizada se deu através de um questionário semiaberto - também chamado de semiestruturado - que tem por grande vantagem a versatilidade, pois permite a obtenção de resultados aprofundados junto à obtenção de respostas objetivas. Ainda nesse sentido, as entrevistas semiestruturadas podem ser utilizadas para verificar a opinião das pessoas sobre certo produto (INSTITUTO PHD, 2011). Os dados secundários utilizados na pesquisa foram realizados e disponibilizados por terceiros. Esses dados são abertos e disponíveis para qualquer pessoa. Geralmente os centros de pesquisas que disponibilizam os dados secundários são governamentais, como o IBGE. Porém, também é possível obter dados secundários de pesquisas particulares, como as realizadas pelo IBOPE, entre outros. Encontra-se confiança nos dados disponibilizados pelos institutos - que são, geralmente, especializados e altamente profissionais (JOTA, 2018). Para atingir o objetivo da pesquisa, é realizada a pesquisa motivacional, visto que “à medida que se conheça o comportamento de traços motivacionais de uma pessoa, seu comportamento será mais facilmente compreendido e será possível reconhecer com maior margem de aceno o porquê de determinados comportamentos aparentes” (BERGAMINI, 1993, p. 70). A abordagem metodológica utilizada é o grupo focal, que, segundo Costa (apud Duarte; Barros, 2009, p. 183) “é altamente recomendável quando se quer ouvir as pessoas, explorar temas de interesse em que a troca de impressões enriquece o produto esperado, quando se quer aprofundar o conhecimento de um tema”. Então, percebe-se, através do autor, que, quando se quer entender melhor o público, é necessário ouvi-lo, pois nem sempre dados quantitativos darão as respostas procuradas sobre um determinado produto ou situação. Também é utilizada a pesquisa bibliográfica, um tipo de pesquisa “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2008, p. 44). A fim de conceituar sobre o feminismo, para que haja máxima compreensão sobre o público estudado, a bibliografia utilizada é dos autores Gilles Lipovetsky - proporcionando uma noção aprofundada sobre o assunto - e Célia Regina Jardim - que estuda o feminismo a partir de suas contribuições para o Brasil. | |
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO | |
O processo teve início com uma proposta de pesquisa sobre o consumo do universo feminino, pelo componente curricular de Estudos sobre Consumo, no decorrer do 5º semestre de 2017, ministrado pela docente Prof. Dra. Fernanda Sagrilo na Universidade Federal do Pampa, campus São Borja. A partir disso, o grupo pesquisador, através de reuniões, elencou, como objeto de pesquisa, o consumo de cerveja, delimitando o público para mulheres feministas que residem no Rio Grande do Sul, como já justificado. A primeira etapa da pesquisa consistiu em realizar um levantamento de informações para compreender os universos feminino e feminista, além do consumo de cerveja por mulheres, para enfim culminar em sua temática definitiva: o consumo de cerveja por mulheres feministas. Essa etapa se deu através de pesquisas bibliográficas. Levantaram-se também duas hipóteses acerca do comportamento de consumo de cerveja por mulheres feministas: a primeira tinha o intuito de confirmar que a marca “Proíbida” possuía baixo índice de aprovação pelo público pesquisado, enquanto a segunda buscava comprovar que, conforme a identificação com sua convicção, as mulheres feministas possuiam tendência a consumir uma determinada marca a partir de seu posicionamento. Em segundo momento, aconteceu a definição dos métodos de pesquisa, para a obtenção de resultados mais satisfatórios. Para isso, optou-se pela pesquisa quantitativa, que foi realizada através de um questionário semiaberto criado no Google Formulários. Após a criação do questionário, este foi divulgado em 13 grupos feministas do estado do Rio Grande do Sul via a aplicação web Facebook, tais quais: Bazar Feminista POA (1.209 membros); Coletivo Feminista Guapas - São Gabriel (517 membros); Coletivo Feminista Vale do Sinos/Região- RS (46 membros); Coletivo Feminista "Vênus Maria" (202 membros); Construção do coletivo feminista da Unipampa. (25 membros); Feminismo - Alegrete RS (575 membros); Feminismo Litoral Norte RS (102 membros); GEF-SB (Grupo de Estudos Feminista de SB) (360 membros); MARCHA DAS VADIAS POA (7.795 membros); Nerdices Feministas RS (80 membros); Núcleo Feminista Feevale (277 membros); Porto Alegre Feminista (280 membros); Projetos feministas - Porto Alegre e região. (905 membros). A discente Hallana Vitória criou publicações nesses grupos, apresentando a pesquisa e seus objetivos, convidando as integrantes do grupo que fazem consumo de cerveja a responderem o questionário. A pesquisa ficou no ar, disponível para ser respondida, a partir da terça-feira, dia 27/06/2017 até a quinta-feira, dia 29/06/2017. O objetivo foi averiguar a relação entre o consumo de determinadas marcas populares de cerveja por parte de mulheres feministas e o posicionamento destas mesmas marcas, o questionário obteve 440 respostas no período em que ficou disponível. O segundo levantamento de dados, que condiz com a pesquisa qualitativa de técnica Grupo Focal, realizou-se no dia 28/06/2017, na sala 2304 na Universidade Federal do Pampa no campus São Borja - RS. Foi ministrado pelas discentes Hallana Vitória e Larissa Thomas e transcrito pela discente Tanara Cargnelutti. Optou-se também pela gravação audiovisual, para análise posterior - ação assinada pelas participantes através de autorização impressa. O grupo focal teve duração de 40 minutos, e foram convidadas estudantes feministas da Universidade Federal do Pampa e mulheres feministas que residem em São Borja-RS. O convite e solicitação de confirmação foi realizado pelo chat do Facebook. Compareceram, no dia, 9 mulheres. O objetivo central da pesquisa foi compreender quais marcas populares brasileiras de cerveja são mais consumidas entre elas e quais os motivos decisivos do consumo. A partir disso, foram selecionados 4 eixos norteadores: preferência, frequência, ocasião e propaganda. Para cada um dos eixos, foi selecionada uma questão chave, que daria início à discussão. Assim, as questões chaves eram: eixo 1 “O que faz com que você consuma cerveja?”; eixo 2 “Com que frequência você costuma tomar cerveja?”; eixo 3 “Em que ocasião você mais consome cerveja?”; eixo 4 “Com base nos VT’s assistidos como você se sente em relação às marcas e a seus posicionamentos antes e depois?”. Correspondente ao eixo 4, foram mostrados 10 VT’s publicitários, das respectivas marcas analisadas na pesquisa: Itaipava, Devassa, Brahma, Proibida e Skol. Sendo 5 VT’s antigos de cada marca e 5 VT’s atuais, para analisar o quanto é levado em consideração o posicionamento da marca na hora da compra. Após essa etapa, realizou-se a análise dos dados das pesquisas, a fim de compor o relatório final. | |
CONSIDERAÇÕES | |
Ao final da pesquisa, identificou-se que, das cinco cervejas abordadas, nenhuma delas está entre as mais consumidas, visto que a cerveja que ganha destaque, tanto no questionário web quanto no grupo focal, é a cerveja Polar. Desse modo, percebe-se a influência cultural presente no consumo de cerveja das mulheres feministas gaúchas, devido ao fato da marca Polar ser exclusiva na região do Rio Grande do Sul. Já a cerveja menos consumida por esses dois grupos de mulheres é a cerveja Proibida, que, não por acaso, é uma marca que segmenta as bebidas por gênero. A relação do consumo das mulheres feministas atrelado à cerveja artesanal foi um aspecto que chamou a atenção, visto que muitas delas citaram que esse consumo faz parte do seu cotidiano. Assim, o número de mulheres que têm esse hábito aponta o início de uma mudança de comportamento atrelada a esse nicho. Outro fator importante a ser ressaltado é o fato de que, dentre as cervejas questionadas, a segunda mais consumida pelas feministas do recorte, - a cerveja “Brahma” -, na questão que aborda o sentimento de representatividade em relação aos comerciais de cerveja, foi marcada por apenas 3,6% das respondentes. Ou seja, pode-se concluir, desse dado, que o posicionamento da marca com convicções relacionadas ao feminismo não é preponderante a ponto de ocasionar seu consumo por parte das participantes - visto que essa cerveja - uma das mais consumidas - é, em contrapartida, detentora de propagandas em que as consumidoras pouco sentem-se representadas. Com relação às respostas da questão aberta, há bastante divergência, mesmo que a pesquisa tenha sido feita com adeptas das mesmas convicções - o feminismo. Nesse sentido, pode-se depreender que, embora a existência e influência da ideologia feminista, suas opiniões acerca do consumo de cerveja também são influenciadas por fatores pessoais - como econômicos e sociais. | |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS | |
BERGAMINI, Cecília. Motivação. 3. ed. São Paulo. Atlas. 1993㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䌀伀匀吀䄀Ⰰ 䴀愀爀椀愀 䔀甀最渀椀愀 䈀攀氀挀稀愀欀⸀ 䜀爀甀瀀漀 䘀漀挀愀氀⸀ 䤀渀㨀 䐀唀䄀刀吀䔀Ⰰ 䨀漀爀最攀㬀 䈀䄀刀刀伀匀Ⰰ 䄀渀琀渀椀漀 ⠀伀爀最⸀⤀⸀ 䴀琀漀搀漀猀 攀 吀挀渀椀挀愀猀 搀攀 倀攀猀焀甀椀猀愀 攀洀 䌀漀洀甀渀椀挀愀漀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䄀琀氀愀猀Ⰰ ㈀ 㤀⸀
COTRIM, Sérgio P. de Queiroz. Contato imediato com pesquisa de propaganda. São Paulo: Global, 1988.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䜀䤀䰀Ⰰ 䄀渀琀漀渀椀漀 䌀愀爀氀漀猀⸀ 䌀漀洀漀 攀氀愀戀漀爀愀爀 瀀爀漀樀攀琀漀猀 搀攀 瀀攀猀焀甀椀猀愀⸀ 㐀⸀ 攀搀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䄀琀氀愀猀Ⰰ ㈀ 㠀⸀ JOTA. Disponível em: LIPOVETSKY, Gilles. A terceira mulher. Permanência e revolução do feminino. São Paulo. Companhia das Letras. 2000. PINTO, Célia Regina Jardim. Feminismo, História e Poder. Revista de Sociologia e Política v. 18, n 36: p. 15-23, jun. 2010.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀吀唀䐀伀Ⰰ 䄀氀攀最爀攀琀攀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀愀氀攀最爀攀琀攀琀甀搀漀⸀挀漀洀⸀戀爀⼀挀漀渀猀甀洀漀ⴀ搀攀ⴀ愀氀挀漀漀氀ⴀ攀渀琀爀攀ⴀ洀甀氀栀攀爀攀猀ⴀ攀ⴀ瀀爀攀漀挀甀瀀愀渀琀攀ⴀ攀洀ⴀ愀氀攀最爀攀琀攀⼀㸀 䄀挀攀猀猀漀 攀洀㨀 ㈀㘀 搀攀 樀甀渀栀漀 搀攀 ㈀ 㜀⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀 |