ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01204</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;TJ UFSC: a cobertura de tragédia em um telejornal universitário e diário</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Felipe Sales Cruz (Universidade Federal de Santa Catarina); Luiza Morfim (Universidade Federal de Santa Catarina); Antonio Claudio Brasil Gonçalves (Universidade Federal de Santa Catarina)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;TJ UFSC, cobertura, tragédia, morte, telejornal universitário</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho de reportagem em um contexto de tragédia é um dos mais desafiadores do jornalismo. A experiência de produzir uma dessas coberturas foi vivenciada por participantes do Telejornal Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. O presente trabalho mostra como foi a cobertura da prisão e posterior morte do reitor da UFSC feita pelos estudantes que integravam a equipe deste programa em 2017. O TJ UFSC é um telejornal diário produzido por estudantes do Curso de Graduação em Jornalismo e conta com a orientação dos professores Antonio Brasil e Cárlida Emerim. Neste trabalho estão inscritas suas edições do dia 14 de setembro, que trata da prisão do reitor da UFSC e dos dias 02 e 03 de outubro, que tratam de sua morte e enterro, respectivamente. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No dia 2 de outubro de 2017 os estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina foram surpreendidos com a notícia de que o reitor da universidade havia cometido suicídio. A morte, em si, já é um fato difícil de ser coberto. Quando se trata da figura de maior cargo em uma instituição pública da dimensão da UFSC, e da maneira como ocorreu o fato, o caso passa a ter ainda mais agravantes para ser coberto. Entre os cursos da Universidade, o de jornalismo foi um dos mais afetados com a notícia, afinal, é papel do jornalista estar atento aos acontecimentos e informar a população. Em 2017 o TJ UFSC, Telejornal Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, completou cinco anos de edições diárias. Desde 2012 alunos de diversas fases, orientados pelos professores e supervisionados por servidores-técnicos, produzem e executam diariamente o telejornal. Trata-se de um projeto interdisciplinar, que objetiva a prática intensiva de ao vivo e que envolve diferentes disciplinas como Redação para TV, Telejornalismo I e II, entre outras. No ano em que o projeto comemorou meia década de telejornalismo universitário e diário, os alunos vivenciaram a maior cobertura de tragédia desses anos de TJ. A morte do reitor da Universidade foi o ápice dentre tantos momentos que antecederam e sucederam o fato. A Operação Ouvidos Moucos, deflagrada pela Polícia Federal em setembro daquele ano, foi o estopim para uma série de ocorrências marcantes. A UFSC, a partir daquele momento, virou alvo de atenção do país inteiro. Todos queriam informações da denúncia feita pela Polícia Federal e respostas da instituição. O TJ UFSC tornou-se a principal fonte de informações para diversos jornalistas brasileiros e de diferentes mídias, proporcionando aos participantes uma experiência única de cobertura de tragédia em um fato tão singular no ambiente de estudo e experimentações. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo do TJ UFSC é ser um espaço de aprendizado para os estudantes de técnicas de produção telejornalística, de reportagem, edição e transmissão via internet. Em contrapartida, para os pesquisadores, é um importante objeto de estudo, pois oportuniza a experimentação no telejornalismo e indica novas perspectivas para o campo. Ao final da cadeia produtiva, o telejornal universitário dialoga também com empresas de comunicação que procuram por modelos de inovação que sejam testados e comprovados na academia. Assim, o programa permite que os estudantes se aproximem o máximo possível da realidade que será encontrada no mercado de trabalho. De segunda à sexta-feira os alunos que fazem parte da equipe dividem-se entre as funções de repórter, produtor, cinegrafista, operador da mesa de corte e som, editores de imagem e apresentadores. Deste modo, têm a oportunidade de desempenhar na prática as várias funções dentro do processo de produção de um telejornal, possibilitando aprimoramento e qualificação profissional ainda em ambiente universitário. O TJ UFSC busca ser um veículo produtor e transmissor de informação para a comunidade universitária, faz isso por meio de reportagens exibidas no telejornal, notícias em modelo de notas (cobertas e/ou peladas) e também de coberturas especiais. Este último caso pôde ser observado durante a cobertura da tragédia que envolveu a prisão e posterior morte do reitor Luiz Carlos Cancellier. O projeto foi ferramenta e espaço de aprendizado em que os alunos tiveram a experiência de cobertura de um fato trágico. Além disso, por ser um veículo inserido na instituição em que se deu a tragédia, o TJ UFSC trabalhou para que seu conteúdo explicasse de maneira clara todo o contexto e situação vivenciados na Universidade. Logo, suas produções foram acompanhadas pela comunidade universitária que, consequentemente, compartilhou e fez os programas romperem as fronteiras municipais e estaduais e alcançarem interessados no assunto em escala nacional.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao final de 2016, Brasil (2016, p. 14) divulgou sua Pesquisa Brasileira de Mídia. No primeiro resultado apresentado os dados apontam que 63% dos entrevistados usam a televisão como primeiro meio de comunicação para se informar sobre o que acontece no Brasil, colocando esta mídia em primeiro lugar dentre todas as possibilidades de resposta para esta pergunta. O que se observa é que a televisão ocupa um espaço de relevância e proeminência na rotina brasileira. Dentro do gênero jornalístico em televisão, a modalidade de programa mais usual é o telejornal (EMERIM; CAVENAGHI, 2012). É importante explicar o sentido atrelado ao termo telejornalismo. A primeira explicação a ser usada define o gênero como: (...)programas de formatos diferentes que informam e operam com a referência direta com o real, cujas temáticas são, fundamentalmente, a apresentação ou a repercussão dos fatos, acontecimentos e ações de pessoas que têm referência direta com o mundo real, (...), portanto, telejornalismo. (EMERIM, 2014, p.104). Telejornalismo vem da junção das palavras tela + jornalismo. Historicamente, estes conceitos estiveram ligados aos televisores tradicionais. Porém, diante da rápida ascensão das tecnologias digitais nos últimos anos, o conceito de telejornalismo precisou ser renovado, já que o suporte para este modelo de apresentação de notícias não é mais restrito a um aparelho de televisão. (...) a perspectiva de que estudar Telejornalismo é estudar um jornalismo para as TELAS, incluindo televisão, computador, smartphone, celular, tablets ou os demais dispositivos e suportes móveis que se utilizem de uma tela de visão ou de uma tela refletiva para exibir dados. (Emerim; Finger; Cavenaghi, 2015, p. 04) Dada essa disposição de telas, é imprescindível projetar um modelo de ensino telejornalístico que seja aplicado para a internet. Afinal,  a televisa&#771;o tambe&#769;m esta&#769; em tudo que tenha acesso a&#768; internet e essa inovac&#807;a&#771;o altera por completo a realidade do telejornalismo e principalmente a rotina dos jornalistas que atuam nele (MALKOWSKI, 2017, p.10). Além de um ensino de telejornalismo projetado para as diferentes telas, é de extrema importância que a academia possua uma escola prática de telejornalismo. Paulo Eduardo Lins Cajazeira e Thiago Malkowsky (2018) destacam que as alterações e inovações no mercado de trabalho surgem de modo tão veloz que a teoria não consegue acompanhar, mesmo havendo pesquisadores que se dediquem integralmente a esse estudo. Para Porcello (2017) a teoria e a prática são bases complementares ao se ensinar o Telejornalismo nas Universidades. Portanto, é impensável que um estudante saia deste ambiente sem o conhecimento prático das técnicas atreladas ao exercício do jornalismo de televisão. O TJ UFSC se configura como este espaço de aprendizado que mescla a teoria das salas de aula, com a prática do telejornalismo e do online. Além da justificativa relativa ao suporte, outro fato de proeminência é a amplitude da cobertura jornalística aqui descrita. A cobertura de tragédias é uma das mais desafiadoras no exercício do jornalismo. Normalmente, com a urgência necessária na transmissão de fatos ao vivo, a produção do jornalista, sobretudo em tragédias, está muito atrelada à sua experiência e vivência profissional, fator que pesa quando se avalia uma cobertura feita por estudantes universitários que ainda não ingressaram no mercado de trabalho. Além disso, no caso da morte do reitor da UFSC, trata-se de uma cobertura que compreendia diversos fatores emotivos para os estudantes, visto que envolvia uma figura de poder muito próxima aos alunos e que passava por um momento de grande visibilidade no noticiário. Este é um trabalho que mostra a importância de uma boa orientação acadêmica na execução de uma cobertura desafiadora feita em um projeto (TJ UFSC) de ensino universitário de telejornalismo diário no Brasil.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O TJ UFSC é um telejornal laboratório no qual é permitido e incentivado a experimentação, mas as técnicas utilizadas nele são as mesmas dos telejornais tradicionais, base metodológica deste programa. No TJ UFSC os participantes desempenham funções diversas relacionadas a prática de telejornalismo e a execução desses postos é rotativa, podendo um mesmo aluno ser repórter em uma matéria, cinegrafista em outra, apresentador do telejornal do dia e ainda operador da mesa de vídeo em outro, por exemplo. Todos os participantes possuem a orientação dos professores do curso de Jornalismo, Antonio Brasil e Cárlida Emerim, que possuem seus estudos e pesquisas voltados ao telejornalismo; e a supervisão técnica do servidor do laboratório de telejornalismo. Além disso, anualmente dois estudantes são escolhidos para desempenhar a função de editores-chefes. Essa dupla, além de desempenhar todas as funções supracitadas, ainda é responsável por gerir a equipe, comandar as reuniões de pauta, fazer o espelho e planejamento de cada telejornal, revisar o script e dar suporte e orientação para os participantes em todos os processos de produção. Semanalmente, às sextas-feiras, são realizadas as reuniões de pauta com a participação de todos os integrantes do projeto. Nela, os estudantes levam sugestões para reportagens. São definidos os dias e a equipe de gravação de cada matéria e assim toda a equipe fica sabendo o que está sendo produzido e por quem. Após a reunião, os editores-chefes se reúnem para planejar a semana seguinte, definindo qual reportagem vai ser exibida em cada dia e quem serão os apresentadores do telejornal. Todas as informações da reunião de pauta e o planejamento semanal são postados em um grupo do Facebook para que os demais participantes tenham acesso e fiquem a par das decisões. O Laboratório de Telejornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina oferece aos alunos participantes do TJ UFSC câmeras Sony modelo NX5 para as gravações das reportagens, no entanto, muitos estudantes possuem câmeras DSLR ou até mesmo câmeras acopladas ao celular que também são utilizadas para gravação das matérias. Além das câmeras mais tradicionais, ainda são disponibilizadas pelo laboratório câmeras do modelo GoPro (com captura de 180º) e câmera 360º, ambas utilizadas eventualmente para matérias específicas e também para a experimentação de novos formatos no telejornalismo  o TJ UFSC durante o ano de 2017 fez o uso dessas câmeras para produzir um material de conteúdo diferenciado . Logo após a sugestão e aceitação da pauta em reunião, é feito o processo de apuração, a saída para captação de imagens e gravação de entrevista e passagem. Em seguida é escrito o off, com a revisão dos editores  e eventualmente em casos mais delicados pelos professores orientadores também  e gravado em uma sala isolada acusticamente para garantir a qualidade do material. Na sala destinada aos participantes do projeto em questão estão disponíveis dois computadores equipados com o software Adobe Premiere para a edição do material em vídeo. A edição se dá baseada nos critérios televisivos em que a imagem deve casar com o texto lido (PATERNOSTRO, 2006). Ao final da edição é feita uma revisão pelos editores antes de sua exibição no telejornal. É também parte estruturante do Laboratório de Telejornalismo o estúdio onde as edições diárias do telejornal são gravadas. Para tal, são utilizadas duas  eventualmente três  câmeras dispostas em ângulos e lugares diferentes do estúdio. A troca de câmera é definida previamente pelo apresentador do dia em conjunto com os editores e o corte de uma para a outra é feito utilizando a mesa TriCaster, a qual é responsável também pela transmissão ao vivo do telejornal. Em conjunto com a mesa de corte TriCaster ainda são imprescindíveis para a exibição do telejornal a mesa de operação de áudio e o teleprompter. Todos esses mecanismos são operados por alunos participantes do projeto sob a supervisão técnica do servidor do laboratório. É preciso levar em consideração que os alunos participantes do TJ UFSC são voluntários e se dividem entre o projeto, as demais aulas e seus trabalhos avaliativos, e estágios. Ou seja, o tempo é um dos principais desafios dos estudantes que não medem esforços para diariamente se dedicarem a produzir e colocar um telejornal de qualidade no ar. Nos programas inscritos em questão, que retratam a prisão e posterior morte do reitor, foi um desafio em conjunto, afinal em sala de aula não existe uma preparação para esse tipo de situação. Como um fato atípico na rotina da Universidade, o dia da prisão do reitor foi, para os estudantes de jornalismo, um dia de muito trabalho. Muitos pediram dispensa das aulas neste dia para cobrir o acontecimento. Vale destacar a presença de alunos participantes do TJ UFSC na coletiva de imprensa realizada pela Polícia Federal na manhã em que ocorreu a prisão do reitor, sendo produzido diretamente do prédio da instituição um boletim informativo. No dia da morte do reitor da Universidade a situação foi um pouco diferente. O falecimento ocorreu em uma segunda-feira, primeiro dia da XVI Semana de Jornalismo da UFSC, evento para o qual os professores dispensaram os alunos das aulas para poderem participar de palestras e workshops. Na pauta do TJ UFSC estava apenas a cobertura deste evento, com entrevistas pré-agendadas com os profissionais participantes. No entanto, ao serem surpreendidos pela trágica notícia, o planejamento foi completamente desconsiderado e muitos estudantes optaram por participar e auxiliar na cobertura da morte. Vale ressaltar que a Universidade decretou luto oficial de três dias, suspendendo aulas e atividades, no entanto os participantes do TJ UFSC se dispuseram a não paralisar as atividades, tendo em vista a gravidade da situação e a necessidade de informar e cobrir o fato. Sempre com muito cuidado e supervisão assídua dos orientadores, o TJ UFSC produziu edições especiais de cobertura da morte do reitor. Até então o telejornal nunca havia acompanhado de perto uma cobertura de morte, muito menos de alguém tão próximo e importante para a comunidade universitária. Por este motivo, levando em consideração a falta de experiência e preparação dos estudantes, se fez muito importante a presença dos professores orientadores em todas as etapas de produção das edições sobre esse fato de tamanha relevância para a academia e para o ensino das práticas telejornalísticas. Uma das principais preocupações dos participantes do projeto era a dimensão que o ocorrido tomava na universidade e fora dela. Afinal, o tema morte no telejornalismo muitas vezes é visto como um espetáculo, um sensacionalismo, como aponta Michele Negrini: A espetacularização no jornalismo televisivo é uma das formas de atrair a atenção do telespectador, atuando na produção de sentidos. Com a propagação da informação de forma espetacularizada, nos encontramos frente a uma forma diferenciada de transmissões, a qual é atrativa e tem retrospecto entre o público. No caso da apresentação da morte no jornalismo de televisão, torná-la espetacular é deixá-la mais urgente e fascinante. (NEGRINI; Michele, 2008) Mais do que atrair audiência, o TJ UFSC tinha por objetivo fazer uma cobertura de qualidade, respeitando a figura do então reitor da Universidade e garantir à comunidade universitária edições informativas sem apelar para a espetacularização tão propagada pelas mídias mais tradicionais. Deste modo, os estudantes de jornalismo tiveram a oportunidade de aprender na prática como se dá a cobertura de um caso extremo que só é analisado e debatido eventualmente em sala de aula. Com o auxílio dos professores orientadores e constante troca de experiências entre os estudantes, o aprendizado obtido através destes episódios foi de extrema importância para a formação profissional e até pessoal dos alunos que participaram, preparando-se assim para acontecimentos similares que acontecem com muito mais frequência no mercado de trabalho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O TJ UFSC é um telejornal diário exibido ao vivo via Youtube e desde o dia 25 de outubro de 2017, é transmitido também ao vivo pelo Facebook. Essas plataformas possuem uma gramática particular e um timing diferenciado das emissoras de televisão. A existência desses novos espaços de produção de conteúdo implicou, inclusive, em mudanças nas próprias emissoras, visto que  hoje (a televisão) se reconfigura, tentando entender que público é este que a acessa sob estas novas bases (EMERIM; CAVENAGHI, 2012). Com essas novas bases, o TJ UFSC se configura como um telejornal universitário para internet. Ele é transmitido em bloco único, de segunda a sexta-feira e possui, em média, duração de 10 minutos. Eventualmente, em casos de coberturas especiais, o jornal chega a até 20 minutos. No entanto, por ser um telejornal, ainda que universitário, laboratorial e exibido via internet; segue a gramática própria e tradicional deste gênero jornalístico. Assim como recomenda Paternostro (2006), o texto no TJ UFSC é escrito para ser falado, com frases curtas, objetivas, linguagem coloquial e sempre casado às imagens. Em setembro de 2017, o TJ UFSC venceu pela primeira vez um prêmio na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom). Foi na Categoria Jornalismo, modalidade JO06, com um trabalho relativo às produções executadas em 2016, com uma outra equipe de gestão. O TJ UFSC, embora venha de uma trajetória recente de premiações acadêmicas, nunca havia tido essa conquista. Ao voltar para a universidade, a intenção da equipe vigente era celebrá-la com o público durante toda a semana. Na segunda-feira após a vitória (11 de setembro), foi exibido uma edição do jornal mostrando a participação do curso de Jornalismo da UFSC no 40º Congresso Brasileiro De Ciências Da Comunicação (Intercom). Na quinta-feira da mesma semana (14 de setembro), toda a equipe foi surpreendida por uma notícia. A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União deflagrou na UFSC a Operação Ouvidos Moucos. Estavam sendo investigados contratos em programas de Educação a Distância do Governo Federal. A investigação partiu da Corregedoria-Geral da Universidade que, ao receber uma denúncia de uma professora, encaminhou-a para a Polícia Federal. A operação foi deflagrada por volta das 6h30min da manhã. Um pouco depois, havia a confirmação de que o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier havia sido preso sob alegação de obstruir as investigações da Corregedoria-Geral da UFSC. A prisão do reitor foi uma das sete autorizadas pela PF, além de outras cinco pessoas que tiveram que se apresentar em caráter de condução coercitiva. Durante este dia, o TJ UFSC exibiu seis programas de plantão que somaram 8102 visualizações no Facebook e no Youtube. Ao final da tarde, foi ao ar uma edição do jornal que somou 4300 visualizações tanto no Facebook, quanto no Youtube, com um alcance orgânico. Assim, começava a experiência dos estudantes que compõe a equipe do TJ UFSC na cobertura de tragédias. É importante estabelecer o que definimos neste trabalho como conceito de tragédia. Para Torres (2003) é o conjunto das transmissões de algum evento inesperado, improvável, que provoca uma alteração na ordem. A morte violenta de uma celebridade política é tida como um exemplo de um caso de tragédia. Mota e Rublescki (2013) explicam que uma tragédia, acaba se associando mais a crimes passionais ou mesmo acontecimentos em que o número de vítimas é elevado. Em uma situação de tragédia (...) o cenário costuma ser de caos absoluto, principalmente nas primeiras horas. Em casos assim, a grande dificuldade do jornalista é conseguir apurar as informações em um momento em que as fontes oficiais (...) as quais, em tese, têm as informações confiáveis, trabalham para socorrer vítimas e isolar a área; não sabendo, ainda, ao certo o que ocorreu. (MOTTA; RUBLESCKI, 2013) Observando esta definição, infere-se que a prisão de um reitor de uma universidade não é necessariamente uma tragédia. Porém, as consequências diretas dessa prisão específica implicaram em uma tragédia. Cancellier foi preso na quinta-feira e solto na sexta, informação divulgada com exclusividade e em primeira mão pelo TJ UFSC. Após isso, foi proibido de entrar na Universidade enquanto o inquérito não fosse finalizado. Dezoito dias após sua prisão, no dia 02 de outubro de 2017, o então reitor afastado da UFSC cometeu suicídio ao saltar do último andar de um shopping na região central de Florianópolis. Em reportagem publicada no dia 10 de novembro de 2017, pela revista Veja, foram entrevistados familiares de Cancellier confirmando que, após a prisão, ele tinha medo de sair de casa e ser reconhecido. Segundo a reportagem, ele não lia mais as notícias e não acessava mais as redes sociais. Na mesma reportagem, é mostrado o laudo de uma psicóloga que avaliou Cancellier após sua prisão alegando que o então ex-reitor possuía  sintomas de stress pós-traumático desencadeado por impactante fator estressor no âmbito profissional e um  quadro de intensa sensação de angústia, de opressão no peito e taquicardia . Após sua morte, peritos encontraram em seu bolso um bilhete escrito  Minha morte foi decretada no dia em que fui banido da Universidade . Fatos que, somados, relacionam o suicídio de Cancellier e sua prisão. Para Emerim e Brasil (2011), a cobertura jornalística de televisão é um trabalho de reportagem feito no local de acontecimento do fato, havendo dois tipos: a prospectiva (quando há um planejamento prévio antes do fato acontecer) e a retrospectiva (quando o fato acontece e a cobertura começa em seguida). Após a relação entre a prisão e o suicídio, a cobertura feita pelo TJ UFSC configura-se como uma cobertura retrospectiva de tragédia, dentro deste conceito proposto pelos autores. No dia 02 de outubro foram ao ar seis programas em caráter de plantão, que somaram 8752 visualizações no Facebook e no Youtube. Neste mesmo dia o telejornal obteve 9715 visualizações orgânicas. No dia da morte havia repórteres do TJ UFSC em vários pontos estratégicos; na reitoria, local para onde o corpo foi levado ao final do dia para início do velório; no shopping onde ocorreu a morte e no Instituto Geral de Perícias (IGP) onde foi feito o reconhecimento e perícia do corpo. Na edição do dia do jornal foram exibidos três VTs. Um sobre a morte, outro apresentando a biografia de Cancellier e o último mostrando a repercussão do caso na imprensa. Além disso, foram realizados dois links ao vivo diretos da reitoria com informações sobre o velório e as homenagens previstas para o dia seguinte. No dia 03 de outubro, dia do enterro de Cancellier, foram produzidos cinco programas em caráter de plantão, sendo quatro destes entradas ao vivo por meio de live no Facebook. Os plantões somaram 2624 visualizações no Facebook. Ao final da tarde, foi exibida a edição do jornal que somou 2986 visualizações no Facebook e no Youtube. Nesta edição havia três VTs. O primeiro mostrava uma homenagem feita por estudantes, professores e técnicos do Centro de Ciências Jurídicas, onde Cancellier lecionou e foi diretor. O segundo mostrou a sessão solene que o Conselho Universitário fez no auditório principal da Universidade recebendo figuras como o Prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro; e o Governador do Estado em exercício, Eduardo Pinho Moreira. O último VT mostrava a comitiva que saiu da UFSC a caminho do cemitério e o enterro. Durante os dois meses da cobertura, os estudantes vivenciaram uma experiência precisa da prática de cobertura de tragédia. Situação intensificada por envolver diretamente uma figura conhecida por todos os participantes do TJ UFSC. Durante esses dias, os professores orientadores do projeto se alocaram na redação do telejornal na maior parte do tempo e orientaram a produção de cada texto e a edição de cada material para que fosse levado ao ar conteúdos controlados e pré-visualizados com ética e responsabilidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Um projeto como o TJ UFSC é uma oportunidade diferenciada para os estudantes que há seis anos aplicam os conhecimentos teóricos aprendidos em sala em uma simulação de rotina prática intensiva. Sempre atentos ao que acontece dentro e fora da Universidade, durante os anos, as experiências de cobertura foram as mais variadas: eleições, olimpíadas, copa do mundo, protestos, entre outras. No entanto a cobertura de tragédia jamais havia sido feita com tamanha intensidade. O fato de o reitor da Universidade sede do projeto ter sido preso e depois suicidar-se, coloca a cobertura realizada pelos estudantes em um patamar diferenciado de eventos já registrados pelo TJ UFSC. Destaca-se a grandeza que a cobertura do TJ UFSC tomou, fazendo o projeto crescer e ganhar visibilidade jamais alcançada entre outros telejornais universitários e também comerciais. Isto pôde ser comprovado ao constatar que imagens produzidas por alunos participantes do projeto foram cedidas à imprensa nacional, como por exemplo a TV Gazeta de São Paulo (JORNAL, 2017) e (PRESO, 2017). Observou-se que tal ocorrência despertou nos alunos maior cuidado com as produções ao saberem do impacto que poderiam causar na comunidade universitária e também externa à ela. Além de um espaço de experimentação e prática intensiva de ao vivo, o TJ UFSC contribuiu no crescimento pessoal para aprender a lidar com tragédias, e profissional de como cobrir um evento tão importante no meio acadêmico. Deste modo, notou-se também um desenvolvimento ainda mais intenso das habilidades cognitivas como de autocontrole, empatia e gerenciamento de crises, exercitadas durante o período da cobertura da tragédia. Emocionalmente, foi um desafio ainda maior por se tratar de uma pessoa próxima dos estudantes, e que foi diversas vezes entrevistado pelos integrantes do projeto desde a sua candidatura a reitor da Universidade em 2015.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de telejornalismo: os segredos da notícia na TV. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. <br><br>BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Pesquisa Brasileira de Mídia - 2016. Brasília, 2016. Disponível em: http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016.pdf/view Acesso em 17 de abril de 2018.<br><br>BRASIL, Antonio; EMERIM, Cárlida; NEGRINI, Michele. A perspectiva do risco de morte ou da morte iminente no discurso do telejornal: reflexões a partir das Manifestações Populares de 2013. (27 - 44). In: PORCELLO, Flávio; VIZEU, Alfredo; COUTINHO, Iluska (orgs). #telejornalismo: nas ruas e nas telas. Coleção Jornalismo Audiovisual. V.2. Florianópolis: Insular, 2013.<br><br>CAJAZEIRA, Paulo Eduardo Lins; MALKOWSKY, Thiago. COMO É POSSÍVEL AS UNIVERSIDADES ACOMPANHAREM AS INOVAÇÕES NO TELEJORNALISMO BRASILEIRO? Revista Observatório. Palmas, v. 4, n. 2, p. 692-711, abr-jun. 2018.<br><br>EMERIM, Cárlida. 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In: V Seminário Internacional de Pesquisa em Comunicação, 2013, Santa Maria. Anais, Santa Maria: Sipecom, 2013.<br><br>NEGRINI, Michele. A morte em destaque: reflexões sobre o telejornalismo. In: http://bocc.ubi.pt/pag/negrini-michele-a-morte-em-destaque.pdf Acesso em 24 de março de 2018.<br><br>OLIVEIRA, Juliana Motta de. Cobertura ao Vivo em Televisão: o Improviso e o Testemunho em Situações de Tragédia. Santa Maria, 2016. 168. p. Tese (Mestrado em Comunicação Midiática). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.<br><br>PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: manual de telejornalismo. 2. ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2006.<br><br>PORCELLO, Flávio. A teoria em prática no ensino do Telejornalismo. (117 - 130). In: EMERIM, Cárlida; FINGER, Cristiane; PORCELLO, Flávio (orgs). Desafios do Telejornalismo: ensino, pesquisa e extensão. Coleção Jornalismo Audiovisual. V.6. Florianópolis: Insular, 2017.<br><br>PRESO reitor da Univ. Fed. de SC. TV GAZETA. 2017, 54 seg, son., color. 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