ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01209</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;HOMEM OU O QUÊ?: PROPOSTA DE REVISÃO DA REPRESENTATIVIDADE DA FIGURA MASCULINA NA PUBLICIDADE</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Paulo Otavio Siqueira (Universidade Federal do Paraná); Pedro Henrique Santos Curcel (Universidade Federal do Paraná); Jean Carlos Gemeli (Universidade Federal do Paraná); Luciana Batistela Moreira (Universidade Federal do Paraná); Fábio Hansen (Universidade Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Filme publicitário, Masculinidade, Publicidade inclusiva, Representatividade de gênero, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho faz referência ao desenvolvimento do filme publicitário inserido na campanha  Homem ou o quê? , criada para o trabalho Publicidade Inclusiva da disciplina de Redação Publicitária II, do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Paraná. A intenção do vídeo é a de atentar para a visão unidirecional do padrão de masculino sustentada pela publicidade tradicional, e desse modo propor uma nova forma, mais inclusiva, de representar os diversos perfis de homens da sociedade atual. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A publicidade é uma importante plataforma de comunicação e propagação de mensagens na sociedade, configurando-se como um discurso que pode ser considerado base para o interdiscurso - noção desenvolvida por Pêcheux que compreende um conjunto de informações e conhecimentos próprios ao discurso que inscrevem-se na memória do sujeito que recebe essa informação (apud HANSEN, 2011, p.143). Desta forma, é possível dizer que a publicidade espalha ideias, que refletem e são refletidas na sociedade que lhe serve de espaço. É nesse contexto que as peças publicitárias, sobretudo audiovisuais, são marcadas pela padronização estereotipada de seres, modos e gêneros. A partir dessa reflexão do cenário publicitário contemporâneo, durante as aulas da disciplina de Redação Publicitária II - ministrada pelo professor doutor Fábio Hansen, no quarto período do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda - os alunos foram convidados a praticar o exercício de aproximação da produção criativa acadêmica a causas sociais. Para essa experiência de crítica e proposições, a temática trabalhada poderia ser definida pelos grupos, valorizando a bagagem sociocultural e o poder de fala de cada estudantes dentro do aspecto dos valores sociais pautados pelas produções. Este trabalho, portanto, busca atentar para a fração do problema da construção iconográfica e conceitual dos papéis de gêneros pela publicidade, avançando de forma mais específica sobre a representação do gênero masculino. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">De modo geral, teve-se como objetivo a criação de um produto comunicacional que levanta a discussão que permeia a representatividade masculina na publicidade e propõe uma revisão crítica desses estereótipos. Apoiando o discurso à produção publicitária audiovisual, tem-se uma narrativa imagética que complementa a narração. Assim como Mariana Negri afirma,  a narração é um discurso figurativo, porém, de natureza dinâmica, evolutiva, o qual prevê em sua base formadora a ocorrência de um fato, denominado conflito, gerador de uma instabilidade ou quebra na rotina de um contexto pré estabelecido (2011, p. 85). Nesse contexto conflitante proposto pelo filme publicitário, o desenvolvimento deste trabalho torna público, através da narrativa, o quanto a masculinidade é tratada de forma padronizada e pouco fiel à realidade no meio audiovisual publicitário. Num segundo momento, a intenção é a de conscientizar e questionar esse modelo tradicional de representação, buscando como fim último a reconstrução do estereótipo de homem, primeiramente pelas marcas, e posteriormente pelos consumidores dessas empresas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho justifica-se ao passo que colabora com a discussão e a busca por uma sociedade menos excludente e mais representativa, principalmente no contexto do gênero. A publicidade é suporte de diversos posicionamentos, reforçando ideias que nem sempre pertencem a quem as produz, mas são reproduções do que se coloca no plano do interdiscurso, onde as ideias reverberam outras, prévias, que estão ligadas ao tempo histórico e à sociedade da época em que os sujeitos vivem (HANSEN, 2011). Aspectos sexistas pautam a criação de personagens nas campanhas publicitárias, observando-se modelos padronizados de homem e de masculinidade, através de características como a virilidade, força, brutalidade, riqueza e heteronormatividade. Dessa forma, os anúncios reforçam o estereótipo de masculinidade e geram um impacto negativo na sociedade, validando o sexismo. Além disso, há um mal-estar masculino na sociedade contemporânea, na qual o sujeito homem não mais se reconhece em um único modelo hegemônico, e nem mesmo nas representações históricas do imaginário do que é ser homem. É nesse contexto que se deve pensar na ideia de construir a masculinidade contemporânea (SANTOS, 2012, p.41). Por isso, a proposta de uma publicidade que se afasta dos estereótipos corrobora para uma visão e interpretação de discurso mais inclusiva e, consequentemente, para uma sociedade mais inclusiva. A escolha temática se justifica pelo fato de que poucas reflexões são feitas a respeito, já que a masculinidade, como generalização da figura privilegiada e opressora da sociedade patriarcal, não recebe muita atenção perto de aspectos equivalentes aos estudos feministas. Porém, esse movimento de revisão crítica das campanhas publicitárias levanta uma discussão que beneficia a todos os envolvidos no processo comunicativo, sendo representados pelos espectadores e os produtores da publicidade, promovendo um questionamento que pode - e deve - levar a reconfiguração do conteúdo sobre a masculinidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir da proposta do exercício em sala de aula de elaboração de uma campanha comunicacional alinhada a aspectos sociais contemporâneos, o recorte norteador do planejamento deste trabalho se deu a partir de discussões e reflexões sobre as características dos alunos integrantes do grupo de trabalho e o valor da bagagem sociocultural de cada um para a temática. Nesse movimento, ao olhar para as características subjetivas de cada um, aspectos congruentes de posicionamentos políticos e culturais entre os estudantes se mostraram presentes, trilhando um caminho viável para o desenvolvimento do trabalho. Em uma segunda etapa, após a consolidação do recorte temático, o planejamento comunicacional da campanha partiu de um processo de descrição detalhada do cenário atual em que as representações masculinas se inserem na publicidade, apoiada na metodologia teórica que se relaciona diretamente com o conteúdo posto em foco de análise, e a revisão extensiva de campanhas já veiculadas, para o levantamento de dados empíricos que respaldassem a futura criação. A escolha do formato de vídeo, através dos recortes de filmes já veiculados na televisão, é sobretudo pautada pelo caráter deste meio de uma forma de relacionamento social, isto é,  uma forma de trocar, falar, de ver e de governar a sociedade contemporânea  definida pela produção monopolista marcada pela extrema concentração financeira, demográfica, sígnica. (...) A forma televisiva é o índice da consolidação da cultura que separa socialmente cada vez mais radicalmente os termos polares nos circuitos da troca: produtor/consumidor, homem/mulher, falante/ouvinte etc. (BERTOMEU, 2008, p. 31). A produção do filme publicitário se mostrou válida para suprir a necessidade comunicacional de divulgação dos ideais da campanha, alinhando imagem, som e texto no produto final de 48 segundos - processados através do programa de edição Adobe Premiere CC - que se sustenta principalmente na crítica da própria postura das peças deste mesmo formato audiovisual por meio dos recortes e trechos. No que diz respeito a sonorização musical, a escolha partiu da proposta reflexiva dos recortes visuais, que acompanhados do tom de voz grave da narração amarraram o conceito do roteiro. A música selecionada para cumprir esse papel foi Divorce Papers retirada da trilha sonora oficial do filme Her de 2013, composta e arranjada pela banda canadense Arcade Fire, com a sonoridade instrumental de piano que evoca a tensão pretendida. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O filme inicia com um questionamento acerca do que é ser homem. Então, se seguem trechos de filmes publicitários de marcas de renome veiculados na televisão, tanto nacional quanto internacionalmente. A maioria dos recortes trata dos estereótipos mais comuns retratados pela mídia - homens fortes, altos, magros e que possuem bens materiais como grandes carros esportivos ou relógios cromados. A primeira quebra é na parte final dos recortes no meio do vídeo, em que selecionou-se 2 trechos fundamentais no desenvolvimento da campanha, que representam padrões não-lineares de homem na publicidade. Nos dois casos, no entanto, a construção estereotipada se mantém: quando os homens retratados não pertencem ao padrão - isto é, são esguios, ou afeminados -, eles são mostrados de forma escrachada e humorística, apelando para uma visão machista e normativa dos homens que não seguem o padrão. O trecho final do produto apresenta uma sequência de retratos de homens pelo mundo, que mostram o caráter altamente diverso do que se conhece e se enxerga como homem. A provocação final vem com a imagem de um criança, e a frase "Você é um homem ou o quê?" - um dito popular muito comum para sustentar preconceitos, como se existisse alguma forma de agir que fosse genuinamente "de homem" e outra não. O olhar fixo do garoto questiona a cerca de qual é a forma com que se deve criar um homem desde sua infância, já que a sua educação se constrói em parte com as mensagens que vem da mídia televisiva e também da publicidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O caminho percorrido para a produção do filme demonstra grande importância, pois oportunizou aos envolvidos o exercício de pesquisa metodológica, revisão crítica sobre os materiais - teóricos e publicitários - e, por fim, proposição de mudança do cenário analisado. Em suma, a campanha  Homem ou o quê? potencializou a discussão sobre a construção da representação masculina na publicidade, não só para a sala de aula em que o grupo de trabalho estava inserido, mas serviu como material intermediário para gerar reflexão aos seus espectadores, que por sua vez, ressignificam o conteúdo do vídeo, e são estimulados a contribuir para o debate, questionamento e reconstrução de algumas representações imagéticas tradicionais. Dessa forma, o vídeo produzido cumpre o objetivo de gerar um mal estar, e age diretamente no cerne do problema, pois ao trazer recortes reais de filmes publicitários recentes que foram transmitidos na televisão e internet, a crítica se prova fundamentada e o questionamento final fica como mensagem, tanto para os produtores quanto para os receptores desse tipo de publicidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BERTOMEU, JVC. Filmes publicitários: o processo de criação e as buscas do mercado global. Tese de Doutorado. Tese de doutorado em comunicação e semiótica. PUC. São Paulo, 2008.<br><br>HANSEN, Fábio. O ressoar de vozes no processo criativo do discurso publicitário: uma análise interdiscursiva. Signo. Santa Cruz do Sul, v. 36 n.61, p. 139-159, jul.-dez., 2011. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/article/view/2120. Acesso em: 18 de abril de 2018.<br><br>NEGRI, Marina Aparecida Espinosa. Contribuições da língua portuguesa para a redação publicitária.São Paulo: Cengage Learning, 2011.<br><br>SANTOS, Filipe Bordinhão dos. Masculinidade em anúncio(s): recepção publicitária e identidade de gênero. Dissertação (Mestrado em Comunicação). UFSM. Santa Maria, 2012.<br><br> </td></tr></table></body></html>