ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01337</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Antônio Documentários - Minas de Camaquã: um paraíso escondido</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luíza Buzzacaro Barcellos (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Clarissa Pires Müller (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Emily Mallorca Wagner (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Isabela Rabelo Tomain (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Rafael Reggiani de Moraes (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Ângela Ravazzolo (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Minas do Camaquã, documentário, jornalismo de imersão, audiovisual, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho apresenta o documentário  Minas do Camaquã: um paraíso escondido , desenvolvido durante a disciplina de Projeto de Graduação em Jornalismo II (PGJ II), ministrada no último semestre do curso de Jornalismo da ESPM-Sul. O documentário, realizado por cinco alunos e com a orientação da professora Ângela Ravazzolo, conta a história de uma antiga região de exploração de cobre, localizada em Caçapava do Sul (RS), e dos moradores que insistiram em ali ficar, mesmo após o descaso das autoridades gaúchas com a população após o encerramento das explorações, em 1996.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para Traquina (2005), jornalismo nada mais é do que um conjunto de estórias e histórias, que podem ser contadas de diversas formas e em diferentes plataformas. Por ter um compromisso com a verdade, o jornalista deve contar histórias reais, baseadas em fatos. Assim como em reportagens e notícias, uma das formas de explorar essa realidade, jornalisticamente, é o documentário (NICHOLS, 2012). Foi unindo umas das atividades primordiais do jornalismo, a saber, o fato de contar histórias, com o tipo de narrativa proporcionada pelo documentário, que cinco alunos se propuseram a fazer um minidocumentário sobre Minas do Camaquã, um dos distritos do munícipio de Caçapava do Sul (RS), que possui diversos encantos: a beleza, a história, o turismo e os próprios moradores. O documentário  Minas do Camaquã: um paraíso escondido foi desenvolvido pelos estudantes no último semestre do curso de Jornalismo da ESPM-Sul, na disciplina de Projeto de Graduação em Jornalismo II (PGJ II). O documentário conta a história de uma região movida, durante anos, pela exploração das minas de cobre. Em 1996, quando se encerrou a exploração, a região foi abandonada, restando, atualmente, cerca de 450 habitantes. Buscando trazer um panorama sobre a região e propondo um jornalismo de imersão em vídeo, foram entrevistados pesquisador e guia turístico locais, assim como alguns moradores que, apesar de todos os problemas enfrentados devido à falta de infraestrutura no lugar, não querem morar em nenhuma outra região e nutrem um sentimento de paixão por Minas do Camaquã. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A disciplina de Projeto de Graduação em Jornalismo, módulos I e II, propõe para os estudantes de jornalismo da ESPM-Sul a criação e execução de uma empresa jornalística inovadora. No primeiro módulo, PGJ I, ministrada no sétimo semestre, os alunos devem criar uma empresa, elaborando os plano de negócio e plano de comunicação e marketing da mesma, proporcionando um aprendizado prático na área de empreendedorismo. Para tanto, conjuntamente com a disciplina de PGJ também são ministradas outras duas disciplinas integradas ao projeto final: Gestão, Inovação e Empreendedorismo e Planejamento de Marketing e Comunicação. Ainda neste primeiro módulo, em que os estudantes montam a sua própria empresa, é necessário que os produtos/serviços da empresa já estejam bem definidos para que no semestre posterior eles possam ser produzidos. O grupo, portanto, criou a Antônio Documentários, focada na produção de minidocumentários para veiculação em plataformas streaming. Desta forma, no oitavo semestre, durante a disciplina PGJ II, foram realizados três minidocumentários para compor o portfólio da Antônio Documentários:  Minas do Camaquã: um paraíso escondido ,  Intervenções urbanas em Porto Alegre e  A vida com deficiência visual . De forma mais específica, a produção do documentário  Minas do Camaquã: um paraíso escondido teve como objetivos: produzir um documentário embasado em uma pauta densa e aprofundada, trazendo um enfoque diferente daquele dado pela mídia tradicional gaúcha, que normalmente aborda a região apenas como um ponto turístico; criar uma narrativa jornalística de imersão, que contasse a história sem a aparente presença de repórteres; veicular esse conteúdo audiovisual em plataformas streaming e outras mídias digitais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Alguns dos valores-notícia que norteiam a atividade jornalística são: o inusitado, a proximidade, a relevância e a novidade, conforme destaca Traquina (2008). Sem dúvida, todos estes valores-notícia estavam presentes na primeira pauta a qual o grupo se propôs a desenvolver: Minas do Camaquã. Minas do Camaquã é um local onde houve exploração de minério por muitos anos e que ficou abandonado após a finalização das explorações. A história e a beleza do local intrigou o grupo de alunos e mais pesquisas sobre o lugar começaram a ser feitas. Chegou-se, portanto, a algumas matérias feitas por Zero Hora, um dos principais veículos de comunicação da capital gaúcha, e também pelo G1 RS, que tratavam sobre a parte histórica (GAÚCHAZH, 2015), sobre a mineração (GAÚCHAZH, 2017) ou sobre turismo no lugar (G1, 2017). Mas o que mais chamava a atenção dos alunos não tinha sido pautado pela imprensa local: por que a exploração de minério acabou? Será que o lugar realmente tinha sido abandonado? Onde estavam os ex-mineiros e a população que vivia ali? Quem ainda morava no local e por quê? Foi então, atrás das respostas destas e de outras perguntas, que a pauta do minidocumentário foi definida e começou a ser produzida. Por meio das pesquisas, o grupo entendeu que Minas do Camaquã era um distrito do munícipio de Caçapava do Sul, não uma cidade (TURISMO CAÇAPAVA DO SUL, 2018). Além disso, descobriu-se que Minas do Camaquã foram as primeiras minas de exploração de cobre do Brasil, tendo o processo de exploração se iniciado em 1870 (RONCHI; LOBATO, 2000 apud NOGUEIRA, 2012). Deste então, a exploração de cobre no local passou por diversas fases: ingleses, alemães e belgas exploraram a região até que a Companhia Brasileira do Cobre (CBC) assumiu a mineração nas Minas, em 1942 (NOGUEIRA, 2012). Foi a CBC que idealizou o projeto de Minas do Camaquã, implementando um processo de mineração em escala industrial e montando um infraestrutura urbana ao redor das minas, para que, desta forma, a mão de obra para a mineração no local fosse facilitada (NOGUEIRA, 2012). Minas do Camaquã foi, por muitos anos, a grande potência econômica do munícipio de Caçapava do Sul, trazendo progresso para a região, mas, na década de 1970, a mineração entrou em declínio e, em 1975, foram paralisadas as atividades da CBC. Somente na década de 1980 a mineração voltou a ser realizada:  Com o projeto  Expansão Camaquã , houve uma revitalização na extração do cobre, com uma considerável melhora na mecanização, com o aumento das galerias e, consequentemente, um aumento na produção . (NOGUEIRA, 2012, p. 51). Foi também nessa época que inaugurou-se a mina a céu aberto, que trazia maior facilidade no acesso a extração. No entanto, o projeto não solucionou por completo os problemas, de ordem econômica e social, que a CBC estava enfrentando. Com a modernização e, consequentemente, mecanização na exploração de minério, uma série de desempregos foi gerada na região  e é nesse momento que a privatização das Minas começa a vir à tona. O governo federal decidiu fazer um leilão para vender a CBC, em 1988, mas o plano não deu certo (NOGUEIRA, 2012). Mesmo procurando formas de manter a exploração o esgotamento das jazidas e outros fatores acarretaram no fechamento da mesma e no encerramento da mineração, em 1996. Após o encerramento das atividades em Minas do Camaquã o local foi esvaziando-se, aos poucos, até que restasse muito pouco de toda a infraestrutura montada pela CBC. No auge da mineração o distrito chegou a ter 5 mil moradores, hoje a região conta com cerca de 450 habitantes. Levando em consideração a riqueza histórica e o potencial turístico da região, o grupo de alunos de jornalismo se propôs, portanto, ir até o local, que fica a 300 quilômetros de Porto Alegre, ter uma experiência etnográfica, ficando dois dias em Minas, para poder contar a história das pessoas que ainda moram lá e os encantos da região e os fazem ficar. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao longo das duas disciplinas de Projeto de Graduação em Jornalismo foi proposto aos alunos que desenvolvessem uma empresa jornalística com um produto inovador. Aliando os interesses pessoais e profissionais dos componentes do grupo que compunham o grupo e também o momento atual na comunicação, cada vez mais digital e visual, os cinco estudantes de jornalismo propuseram-se a desenvolver um formato ainda inexistente ou pouco utilizado no mercado: o minidocumentário. Para o grupo, o mini-documentário seria um formato audiovisual híbrido entre a reportagem e o documentário. Segundo Bistane e Bacellar (2010), o desafio de uma reportagem de TV é relatar os acontecimentos com precisão, no entanto, compreendendo o fato de forma que seja possível transmitir a relevância da informação em formato atraente e inteligível. Na televisão, é possível começar uma matéria de formas diferentes e inovadoras: imagens de impacto, recursos sonoros, declarações importantes ou inusitadas  tudo pode ser usado a favor da informação para que o telespectador entenda e assista à reportagem até o final (BISTANE; BACELLAR, 2010). As reportagens televisivas têm, predominantemente, um caráter mais factual e imparcial, ao passo em que o documentário permite o contrário (YORKE,1998). No entanto, sem abrir mão da realidade (NICHOLS, 2012). Para Yorke (1998), o documentário não tem um roteiro padrão preestabelecido, ou seja, forma, conteúdo e duração ficam abertos à interpretação individual. Já Ramos (2008, p. 22) diz que o documentário é  uma narrativa basicamente composta por imagens-câmera, acompanhada muitas vezes de animação, carregadas de ruídos, música e fala . De acordo com Nichols (2012), existem diversas formas de se fazer documentário: ele pode descrever um processo de maneira poética ou cronológica, apresentar um argumento sobre determinado assunto ou contar a história de algum tópico fazendo alusão aos significados mais amplos que esta história tem. Unindo as técnicas para desenvolver o minidocumentário, mesclando conceitos sobre reportagem e documentário, o grupo também se propôs a fazer jornalismo interpretativo e de imersão em formato audiovisual. Assis (2010) caracteriza o jornalismo interpretativo como uma forma de busca pela complementação dos fatos, por meio da apuração e pesquisa histórica, além da busca pelo personagem e pela história de um humano central no acontecimento. Ainda, para o autor, a principal forma de se fazer jornalismo interpretativo é por meio da reportagem, mas para que ela seja uma reportagem de imersão é, por vezes, necessário utilizar-se de métodos antropológicos, como a etnografia. A etnografia é, para Temer et al (2013), uma imersão na vida, rotina e rituais desenvolvidos dentro de grupos sociais. É, ainda, mergulhar no universo do outro e descrever os aspectos relevantes relacionados a cultura, sistema social, opiniões e experiências coletivas. No âmbito jornalístico, entretanto, a etnografia está mais ligada a apuração, se fazendo necessárias muitas entrevistas, pesquisa exaustiva em arquivos e investigação de fatos, além do levantamento de dados (TEMER et al., 2013). Esse método de apuração se dá no ambiente dos acontecimentos  para compreendê-los e, posteriormente, transformá-los em narrativas que ultrapassam relatos frios e objetivos tal como pressuposto pelo formato notícia (TEMER et al., 2013, p. 80). O objetivo do grupo era usar o dinamismo da reportagem aliado à profundidade de um documentário, fazendo, desta forma, vídeos que tratassem de temas contemporâneos, sociais e comportamentais de forma aprofundada, ou seja, um jornalismo de profundidade, só que em vídeos de curta duração. Os vídeos produzidos pelo grupo e denominados como minidocumentários, deveriam ter, em média, 10 minutos. O formato de vídeo mais curto também foi pensado pelo grupo levando em consideração diversos fatores sociais e culturais relacionados ao consumo de informações atualmente. O contexto em que a comunicação se insere nesta década é baseado na cultura digital, acarretando em mudanças nos modos de pensar, agir, produzir e consumir os produtos jornalísticos (MONTPETIT, 2009; GIOVAGNOLI, 2009). Há alguns anos, as informações e o conteúdo jornalístico eram distribuídos de forma unilateral, na qual o veículo de comunicação era o único emissor e o espectador um receptor passivo. Atualmente, no entanto, com a popularização e disseminação da internet e do conteúdo sob demanda, o público não precisa mais esperar por uma programação em horários específicos, ele assiste ao conteúdo que quiser e quando quiser (COOK, 2014). O âmbito jornalístico como um todo precisou se reinventar, portanto, com as novas formatações de consumo  e o mesmo acontece com o jornalismo audiovisual. Além dos avanços tecnológicos, umas das mudanças significativas nos hábitos de consumo jornalístico, que está diminuindo a audiência das emissoras de televisão, é o surgimentos de novas gerações (NIELSEN; SAMBROOK, 2016). Há uma tendência, segundo os autores, nestas novas gerações: ela está cada vez mais indiferente às notícias televisivas e mais atenta às novas formas de vídeos jornalísticos online. Levando todas essas mudanças em consideração, seja na forma de se fazer jornalismo, seja no modo como os conteúdos jornalísticos são consumidos, o grupo de alunos optou por divulgar os minidocumentários em mídias digitais, essencialmente no Youtube e Facebook, que possibilita que o público tenha acesso ao conteúdo de forma ampla e gratuita, atendendo a todas as mudanças sociais, culturais e comunicacionais citadas anteriormente. No dia 2 de abril de 2018, o filme  Minas do Camaquã: um paraíso escondido , que pode ser acessado através do link https://www.youtube.com/watch?v=KfebgmHzTD8, já contava com mais de 600 visualizações no Youtube. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Depois da definição da pauta, do formato e do tipo de narrativa que o minidocumentário teria, era necessário iniciar o processo de produção e a montagem de um cronograma de filmagem, pós-produção e edição do documentário para que fosse possível entregá-lo dentro do prazo estabelecido, ao final do semestre. Os alunos possuíam cerca de quatro meses para concluir todo o processo de produção e finalização do filme, mas, levando em consideração que outros dois minidocumentários, além do  Minas de Camaquã: um paraíso escondido , também deveriam ser produzidos, o tempo de produção e edição para cada documentário se limitou a um mês e meio. Como pré-produção, o primeiro passo foi pesquisar mais sobre Minas de Camaquã, pois nosso objetivo era fazer a viagem até o distrito com o contato de algumas fontes. Como o grupo não encontrou nenhuma possível fonte pela internet, resolveu-se, então, passar um final de semana no local, para conhecer o lugar e também fazer algumas entrevistas. O grupo marcou para participar uma atividade turística proporcionada pela empresa Minas Outdoor Sports durante o sábado pela manhã e também reservou uma diária para o grupo na pousada Bellamina. Antes da viagem, mais pesquisas foram feitas sobre o local, listando alguns pontos turísticos e históricos importantes para visitar, assim como uma lista de telefones que poderiam ser uteis durante a produção e busca por entrevistados no distrito. Também foi elaborado um roteiro para a viagem, com horários, endereços e outros aspectos essenciais para que o minidocumentário fosse produzido durante os dois dias em que o grupo ficaria no local: sábado e domingo. Algumas perguntas prévias foram incluídas no roteiro, separadas em três tópicos: a) gerais, que eram as perguntas que poderiam ser feitas a todos os entrevistados, tratando sobre aspectos da história da própria cidade e sobre as motivações pessoais para se manter em Minas; b) moradores, questões que deveriam ser feitas especificamente para os moradores, como, por exemplo, os benefícios e dificuldades de viver no lugar; c) comerciantes, perguntas mais ligadas ao comércio e economia da região. Organizada toda a pré-produção, quatro dos cinco alunos saíram ainda na madrugada da sexta-feira rumo a Minas do Camaquã. Foram quatro horas de viagem, quando, finalmente, o grupo avistou a estrada de chão batido e em condições precárias que os levaria até Minas. Encontrando o guia turístico no horário marcado, ele levou os alunos até o local onde ficam as minas e, no caminho, já foi contando toda a história do local. A primeira mina visitada foi a subterrânea, um local úmido, frio e com o acesso limitado. Depois, o guia levou o grupo para conhecer a entrada da mina que levava a um elevador subterrâneo e, por fim, ele apresentou a mina a céu aberto  esta, surpreendeu o grupo pela beleza e tamanho e foi neste momento que os estudantes entenderam por que alguns consideravam o local como um paraíso perdido.  Quando ela [a mina a céu aberto] foi desativada, como as galerias atingem os lençóis, a água começou a subir e em questão até do cobre, que é um pouco verde o cobre oxidado, e aí na profundidade reflete com o céu e fica essa coloração azul , diz Lucas Trindade, guia turístico e morador de Minas, explicando sobre a coloração da água da mina a céu aberto, que mais parece uma lagoa. A manhã do sábado, portanto, foi dedicada a fazer filmagens do local e também gravar uma entrevista com o guia turístico e morador de Minas do Camaquã, Lucas Trindade. Contudo, as imagens feitas pelo grupo ainda não eram suficientes, por isso, com uma autorização, os alunos voltaram ao local sozinhos para registrarem mais. Depois de realizar a captação de todas essas imagens, que serviriam como cobertura na posterior edição, o grupo precisou ir, ainda no sábado, atrás de fontes que se dispusessem a falar. Como a comunicação por telefone e internet na região era difícil, os futuros jornalistas tiveram que bater de porta em porta nas casas em busca dos personagens que nos contariam aquela história. O distrito possui poucos moradores, então todos se conheciam, e mesmo sendo simpáticos e receptivos, muitos não se dispunham a falar  tinham medo, pois, em outros momentos, pessoas distorceram e difamaram a história de Minas, colocando o local como uma  cidade fantasma . Entretanto, foi desta forma, batendo de porta em porta e no comércio da região que encontramos os personagens que faziam parte da história que queríamos contar. Uma das primeiras fontes que se dispuseram a falar foi o senhor Ernani Souza, ex-mineiro aposentado. Seu Ernani trabalhou por 19 anos nas Minas, como mineiro e também com segurança do trabalho. Mesmo depois de aposentado, não pretende sair de Minas:  Minha ideia não é ir embora daqui, nunca, nunca , refletiu Ernani. Outra moradora do local que conversou com a equipe foi Áurea Guterres, farmacêutica, que nutre um sentimento de gratidão por Minas e diz que apesar de todas as dificuldades em relação ao acesso a saúde, por exemplo, adora o lugar:  Se eu moro num pedacinho do paraíso eu não posso me queixar . Mesmo assim, Áurea admite o sentimento de tristeza após o fechamento das minas, vendo todas as pessoas indo embora, e a população que contou com 5 mil moradores se reduzindo a apenas 450.  Foi triste, foi batendo o desespero , diz. Um casal de entrevistados, no entanto, assim como Áurea, não desistiu do lugar mesmo após todo o abandono. Guacira Pavão e Luis Paulo Pavão, ambos ex-funcionários da CBC, prevendo o encerramento de atividades nas minas, idealizaram, em 1993, um projeto turístico para a região.  Por isso a gente adquiriu a parte mais antiga da vila, o começo do começo, pra desenvolvermos todo um projeto, acreditando nesse turismo , ressalta Guacira. Ela e o marido hoje são donos da pousada Bellamina, na qual o grupo ficou hospedado. Ambos os personagens foram importantes para a narrativa do minidocumentário, pois representam o passado da região, por terem trabalhado na CBC, mas também o futuro, já que investiram no turismo. Um personagem que também foi muito importante para a narrativa do documentário foi o pesquisador José Deni, que, juntamente com Lucas Trindade, ajudou o grupo a entender e retratar pontos históricos importantes de Minas do Camaquã. Como o grupo entendeu que a história do local passou por diversas mudanças e que seria difícil entendê-las somente com as sonoras das fontes, utilizou-se alguns recursos visuais, seja usando apenas imagens de cobertura e fotos de arquivo, que mostravam como eram as minas e a vila na época, ou utilizando alguns infográficos com mapas e tópicos relevantes. Em relação aos enquadramentos durante as entrevistas dos personagens, optou-se por utilizar planos médios, que focassem mais no rosto e nas expressões dos entrevistados, de forma que suas emoções ficassem visíveis para os espectadores. No entanto, as imagens da região em si foram feitas em diferentes planos: geral, médio e detalhe, para que o filme pudesse passar toda a dimensão do local. Todas as imagens foram gravadas com as câmeras Canon 70D e Nikon D3400, utilizadas, em algumas vezes, como auxílio de tripés e monopés. Além disso, também foram utilizados microfones lapela e direcional durante as entrevistas. Após a realização de todas as gravações e a volta do grupo de alunos para Porto Alegre, as entrevistas foram decupadas para que o roteiro do minidocumentário pudesse ser feito. A edição e a finalização do filme foram realizadas por meio da ferramenta Adobe Premiere. Como trilha sonora, o grupo escolheu utilizar trilhas gratuitas disponíveis no Youtube Audio Library. Depois de finalizado, o minidocumentário  Minas do Camaquã: um paraíso escondido foi disponibilizado no Youtube, no link https://www.youtube.com/watch?v=KfebgmHzTD8&t=367s, e também divulgado em redes sociais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Com o desenvolvimento do minidocumentário, todos os objetivos do grupo puderam ser cumpridos, pois além de conseguir contar a história de Minas do Camaquã de forma aprofundada e por um novo viés, também foi possível deixar a narrativa dinâmica e curta para posterior veiculação em mídias digitais. Durante as duas disciplinas, PGJ I e II, os alunos do curso de jornalismo da ESPM-Sul puderam vivenciar a prática jornalística em duas frentes: o desafio de empreender e gerir uma empresa e o desafio da prática cotidiana do jornalismo. Da pré- produção até a edição e finalização do minidocumentário, os alunos experimentaram diversas atividades da prática jornalística e puderam evoluir profissionalmente. No entanto, além de aprendizados profissionais,  Minas do Camaquã: um paraíso perdido proporcionou aos alunos um crescimento pessoal, já que foi necessária a prática da empatia, colocando-se no lugar dos entrevistados, vivenciando e entendendo as emoções deles durante as gravações. O exercício da empatia é um grande mérito para os futuros jornalistas, possíveis agentes de transformação social, já que a profissão visa a informar a sociedade acerca de diversos temas, tendo um grande poder de influência na população. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ASSIS, Francisco de. Fundamentos para a compreensão dos gêneros jornalísticos. ALCEU - v. 11 - n. 21 - p. 16 a 33 - jul./dez. 2010.<br><br>BISTANE, Luciana, BACELLAR, Luciane. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2010.<br><br>COOK, Camila Isabel. Netflix: A Stepping Stone in the Evolution of Television. University of South Florida St. Petersburg: 2014. Disponível em: <http://dspace.nelson.usf.edu/xmlui/bitstream/handle/10806/11681/Cook_ARP.pdf?sequence=1>. Acesso em: 17 de abril de 2017.<br><br>G1. Partiu RS: conheça Minas do Camaquã, no centro do RS. 2017. Acesso em: 4 de abril de 2018. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-almoco/videos/v/partiurs-conheca-minas-do-camaqua-no-centro-do-rs/5577623/>. <br><br>GAÚCHA ZH. Construído por playboy italiano, distrito de Minas do Camaquã tenta reviver tempos de glória. 2015. Acesso em: 2 de abril de 2018. Acesso em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2015/11/construido-por-playboy-italiano-distrito-de-minas-do-camaqua-tenta-reviver-tempos-de-gloria-4896951.html>.<br><br>GAÚCHA ZH. Retomada da mineração em Minas do Camaquã provoca polêmica sobre impacto na região. 2017. Acesos em: 2 de abril de 2018. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2017/05/retomada-da-mineracao-em-minas-do-camaqua-provoca-polemica-sobre-impacto-na-regiao-9787199.html>. <br><br>GIOVAGNOLI, Max. Cross-media: Le nuove narrazione. Milano: Apogeo, 2009.<br><br>MONTPETIT, Marie-José. Your content, your networks, your devices: Social networks meet your TV Experience. ACM Comput. Entertainment Environments archive, Volume 7, Issue 3, Article 34, September, 2009.<br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2012.<br><br>NIELSEN, Rasmus Kleis; SAMBROOK, Richard. What Is Happening To Television News?. Reuters Institute, 2016. Disponível em: <https://goo.gl/boqKNK>. Acesso em: 13 de junho de 2017.<br><br>NOGUEIRA, Jader Escobar. Mineiros e engenheiros: memória, identidade e trabalho nas Minas do Camaquã entre 1970 e 1996. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul. 2012. <br><br>RAMOS, Fernão. Mas Afinal& O que é mesmo documentário?. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. <br><br>TEMER, Ana Carolina Rocha Pessôa; ASSIS, Francisco de; SANTOS, Marli dos. Mulheres jornalistas e a prática do jornalismo de imersão: um olhar sem preconceito. Rennes, França, 2013.<br><br>TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo, porque as notícias são como são. Vol. 1. Florianópolis: Insular, 2005.<br><br>TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. A tribo jornalística  uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2 ed., 2008.<br><br>TURISMO Caçapava do Sul. Minas do Camaquã. Acesso em: 02 de abril de 2018. Disponível em: <http://turismocacapavadosul.com.br/atracoes-turisticas/minas-do-camaqua/>.<br><br>YORKE, Ivor. Jornalismo diante das Câmeras. São Paulo: Sue Summus Editorial, 1998<br><br> </td></tr></table></body></html>