ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01498</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Carcará</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;LUIZ SADAITI SANTOS TATEMOTO (UNIVERSIDADE POSITIVO); DJULIA PEREIRA DA CRUZ (UNIVERSIDADE POSITIVO); YASMIN FATUCH (UNIVERSIDADE POSITIVO); HILTON CASTELO (UNIVERSIDADE POSITIVO); ELOISE PROKOPOWISKI (UNIVERSIDADE POSITIVO)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Carcará, Curta-Metragem, Ditadura Militar, Show Opinião, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente curta-metragem foi um projeto para a disciplina Audiovisual Publicitário, durante o segundo ano letivo (em 2017) do curso Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo. A atividade proposta era escolher uma música brasileira qualquer e, a partir de seu universo singular, roteirizar e produzir um filme curta-metragem com a duração máxima de 4 minutos. A música escolhida foi "Carcará" de João do Vale, que fez sucesso em 1964 no "Show Opinião". O curta tem como principal objetivo demonstrar a confusão política atual em que os brasileiros estão inseridos, ao passo que estabelece um paralelo com o cenário sessentista sobre o qual pairava o enredo do "Show Opinião".</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Marcado pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela súbita ascensão de políticos de direita, 2017 foi um ano de polarização da sociedade. Isto somado à operação Lava-Jato, gerou um impasse entre esquerda e direita. Este conflito de paradigmas se acirrou com a prisão de Lula (líder nas pesquisas) (DATAFOLHA, 2018). Em segundo lugar na pesquisa segue Bolsonaro. Este apoia a ditadura militar, tendo inclusive, em seu voto no impeachment, homenageado o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Tendo isso em vista, escolhemos a canção "Carcará", de João do Vale, 1963, popularizada no Show Opinião na voz de Nara Leão, considerando a possibilidade de se estabelecer um paralelo entre o contexto político atual e o período inicial da ditadura militar. Naquela época o Teatro deixava de ser um instrumento alienante utilizado pela elite para se tornar um centro de representações do cotidiano de seu próprio público, o povo, ao passo que a execução e formação teatrais migravam para ambientes mais próximos ao povo afim de distribuir uma forma de poder e discussão social.. Instalava-se o  Teatro Engajado (termo proposto por Eric Bentley). A partir deste contexto, impulsionado pelos movimentos estudantis e pelos Centros Populares de Cultura, o Show Opinião foi concebido. O espetáculo apresentava três atores/músicos que revezavam suas atuações entre textos pessoais falados e canções executadas por eles mesmos.  O elenco ... estabelecia uma ponte de identificação entre o conteúdo da peça e o espectador, que visualizava em Nara Leão a classe média engajada e a bossa nova (que para muitos era música de elite), em Zé Kéti o carioca do morro e o samba de raiz e em João do Vale o nordestino retirante e o baião. (MENDES). Devido ao poder de censura por parte dos militares, o Opinião fazia críticas sutis às formas de repressão social naquela época instaladas, através de questionamentos embutidos quase que subliminarmente no processo de identificação e empatia entre público e atores.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo do projeto foi proporcionar, através da linguagem audiovisual, o mesmo tipo de processo reflexivo utilizado pelo Grupo Opinião na década de 60. A presença, no curta metragem, de uma protagonista de pele negra, estatura baixa, roupas cotidianas, bem como a sua reação confusa aos discursos políticas, culminando num grito desesperado e silencioso visa a geração de empatia para com o brasileiro cidadão comum inserido no confuso atual cenário político do país. Realizado este processo de identificação com a personagem, o objetivo final foi gerar uma reflexão que se estabelece na amarração entre o momento político presente e o início da ditadura militar.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Show Opinião não intencionava entrar nas discussões centrais da Ditadura Militar instalada no Brasil em 1964; visava, pois, direcionar o olhar dos espectadores justamente para as camadas sociais brasileiras menos lembradas; como ilustra Fernanda Paranhos Mendes:  a temática central do espetáculo é a discussão da realidade das classes populares subjugadas a viverem as dificuldades conseqüentes de uma sociedade capitalista, como a miséria, a fome, o êxodo e a marginalização. Na cena de Carcará, durante uma pausa do cante, Nara Leão narrava:  Em 1950 mais de dois milhões de nordestinos viviam fora dos seus estados natais. 10% da população do Ceará emigrou. 13% do Piauí! 15% da Bahia!! 17% de Alagoas!!! . A atriz/cantora referia-se ao êxodo de nordestinos que deixaram suas terras devido às dificuldades que sofriam, estas ilustradas na letra integral da canção:  Carcará!/Pega, mata e come/Carcará!/Num vai morrer de fome/Carcará!/Mais coragem do que homem/Carcará!/Pega, mata e come/Carcará! Lá no sertão.../É um bicho que avoa que nem avião/É um pássaro malvado/Tem o bico volteado que nem gavião Carcará..../Quando vê roça queimada/Sai voando, cantando Carcará.../Vai fazer sua caçada/Carcará.../Come inté cobra queimada Mas quando chega o tempo da invernada/No sertão não tem mais roça queimada/Carcará mesmo assim num passa fome/Os burrego que nasce na baixada ...Carcará é malvado, é valentão/É a águia de lá do meu sertão/Os burrego novinho num pode andá/Ele puxa no bico inté matá ...Pega, mata e come/Carcará!/Num vai morrer de fome/Carcará!/Mais coragem do que homem/Carcará!/Pega, mata e come!!! Através da analogia com o pássaro Carcará, a cena chamava atenção para os nordestinos retirantes que sobreviviam em condições econômicas e socioculturais precárias devido à seca e ao baixo desenvolvimento da região que habitavam. No curta-metragem relevante à presente defesa, procura-se apontar, assim como no espetáculo do Grupo Opinião, questões periféricas ao conturbado cenário político atual. Dito isto, faz-se notória a visão de Temer a despeito do gênero feminino no primeiro trecho dos discursos do filme:  Eu digo isso com a maior tranquilidade porque eu tenho a absoluta convicção, até por formação familiar, por estar ao lado da Marcela, o quanto a mulher faz pela casa; quanto faz pelo lar, o que faz pelos filhos; e portanto se a sociedade de alguma maneira vai bem ou os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada educação e formação nas suas casas e seguramente isto quem faz não é o homem, quem faz é a mulher&  Nota-se aqui que o papel que o presidente propõe que cabe apenas à mulher a função de educação dos filhos e que a contribuição que o gênero feminino deve prestar à sociedade se faz dentro de casa. Vale ressaltar também que, nesta época, sua esposa, Marcela Temer, ficou famosa através da internet com o slogan:  Bela, recatada e do lar , papel que ela mesma defendia como a condição ideal para a conduta feminina. Esta vertente também é apontada na fala, presente no filme, de Jair Bolsonaro em que homenageia o torturador da presidente impedida. Na última cena, em que a protagonista vira-se, literal e simbolicamente, para a direita e canta o refrão de Carcará, realiza-se a transmissão da carga simbólica do espetáculo sessentista para a atual conservadora direita que ascende na política brasileira, mantendo o mesmo tom de crítica sutil.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção do curta-metragem  Carcará foi executada com uma câmera Canon T5i, lente 18-135 F/3,5-65, dois set light e um tripé Manfrotto. A primeira cena a câmera está posicionada em um tripé, pegando a atriz em plano aberto,e conforme ela se movimenta em direção a câmera o enquadramento fica em plano médio. A iluminação da cena se dar por duas luzes artificiais colocadas dentros de dois cômodos a esquerda da cena, assim os cômodos ficam extremamente brilhantes o que dar um ar de  sonho a cena. A segunda cena do curta-metragem é mais escura, tem o auxílio de apenas uma luz artificial colocada atrás de uma porta com grades, o que dá o efeito de que a personagem está presa e sendo observada por fora, a câmera se movimenta de forma solta em volta da atriz, toda cena é gravada com a câmera em mãos de uma forma rápida, há desfoques na imagem que tentam representar toda a confusão que a personagem está passando. A terceira e última cena, é usado somente uma luz artificial em frente a atriz e a mesa em que ela está localizada, o que da o efeito de contraluz e deixa cena sombria e intimidadora, e a câmera está em um tripé atrás da cadeira onde a atriz principal está posicionada. O vídeo não possui nenhuma fala, e todos os sons que se ouvem foram incorporados na fase de edição. Quanto a trilha sonora, a partir da composição original, o líder da equipe adaptou a música para um novo arranjo construído em três melodias sobrepostas executadas no instrumento guitarra elétrica, que melhor representam o juventude desta era. Toda a edição audiovisual do curta-metragem foi executada no programa Adobe Premiere Pro. A ideia foi inicialmente passada por um Storyline, depois colocamos ela em um roteiro de cinema e por último criamos o Storyboard, onde descrevemos cada cena para facilitar na hora da filmagem. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Carcará é um curta metragem de 2min51s, composto por três cenas e está inserido no gênero drama. A primeira cena entra em corte seco e mostra um corredor com várias portas. Logo em seguida aparece uma mulher que entra e sai pelas portas de forma indecisa, perdida, sem um objetivo. A cena foi gravada com câmera estática e, nos momentos em que a personagem desaparece do quadro (quando entra em alguma porta), cortes imperceptíveis ao espectador são realizados, emendando um corte no outro. Assim, a atriz entra numa porta e reaparece em outra, gerando um movimento confuso e sem lógica. Este movimento é realizado aleatoriamente várias vezes durante 51s, tempo que compõe a totalidade da cena. Durante a mesma cena escuta-se um discurso político do presidente (resultante do impeachment) Michel Temer: Eu digo isso com a maior tranquilidade porque eu tenho a absoluta convicção, até por formação familiar, por estar ao lado da Marcela, o quanto a mulher faz pela casa; quanto faz pelo lar, o que faz pelos filhos; e portanto se a sociedade de alguma maneira vai bem ou os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada educação e formação nas suas casas e seguramente isto quem faz não é o homem, quem faz é a mulher& Sobrepondo-se a este discurso, outros discursos são ouvidos, embolando as vozes até ficarem quase indefiníveis. Dentro destes discursos nota-se a fala de Jair Bolsonaro em que realiza a homenagem ao torturador de Dilma Rousseff. Ouve-se também Temer, em outro discurso, defendendo-se de acusações oriundas de delação premiada e exclamando repetidamente que não renunciará à presidência. Por fim, as vozes conjuntas se silenciam subitamente e ouve-se apenas a exclamação  canalhas! (dita pelo deputado Jean Willis também na ocasião da votação do impeachment de 2017), encerrando assim completamente as vozes durante 13 segundos. Neste intervalo são ouvidos elementos percussivos e um zunido cacofônico, até que a voz de Temer é ouvida novamente:  Não renunciarei. Repito. Não renunciarei , marcando assim o fim da segunda cena. Ainda na primeira cena, a personagem acelera sua caminhada e, por fim, começa a correr. Antes da segunda cena há um corte de um segundo com uma transição de imagem preta em que só os discursos têm foco. Na segunda cena a mulher está numa sala e a câmera gira ao seu redor, exibindo detalhes do ambiente. Em alusão a bancada BBB (bíblia, bala e boi), uma pilastra com armas, uma mesa com com uma bíblia e a imagem de uma santa e outra mesa com um berrante compõem os objetos de cena. O movimento giratório da câmera em torno da mulher é intimidador. Em alguns momentos a mulher está focada e, em outros desfocada. Também nota-se movimentos bruscos de zoom em seu rosto. Há muitas sombras na cena, inclusive de quem segura a câmera. A personagem começa a expressar um certo desespero, uma interpretação que se amplifica pela confusão dos discursos políticos conflitantes. Na epifania da cena a mulher então se joga no chão e, conforme levanta, os discursos vão diminuindo e resta apenas a frase final de Michel Temer. A câmera se move e a cena termina numa transição que ocorre a partir do fechamento do quadro na roupa escura da mulher. A terceira e última cena se passa em uma sala de jantar. Um contra luz define a iluminação. A protagonista está na ponta da mesa, de costas para a câmera e há mais quatro pessoas, duas de cada lado, olhando fixamente para frente. Começa a ouvir o toque da música e então a mulher vai virando a cabeça lentamente para direita e começa a cantar o trecho da música Carcará,  Carcará! Pega, mata e come, Carcará! Num vai morrer de fome, Carcará! Mais coragem do que homem, Carcará! Pega, mata e come . </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O resultado final do projeto foi satisfatório para a equipe. O impacto causado nos espectadores foi acima do desejado. Porém, mais do que produzir um vídeo agradável aos olhos, entendemos que é de grande importância a rememoração de eventos marcantes na história para que erros do passado não sejam repetidos. Entretanto, para uma comunicação eficiente, há que se adequar a mensagem à uma linguagem que condiga com o público que se pretende atingir, no caso, comunicar uma mensagem da juventude sessentista na linguagem do jovem atual: informatizado, consumidor de tecnologias e plataformas virtuais, atento a mensagens curtas e objetivas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">FOLHA DE SÃO PAULO. Preso, Lula mantém liderança em disputa pela Presidência. Disponível em : http://datafolha.folha.uol.com.br/eleicoes/2018/04/1965039-preso-lula-mantem-lideranca-em-disputa-pela-presidencia.shtml. Acesso: 10 de abril de 2018.<br><br>MENDES, Fernanda Paranhos. Show Opinião: Teatro e Música de um Brasil Subjugado. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/view/8021. Acesso: 10 de abril de 2018.<br><br>MOSTAÇO, Edélcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta Ed., 1982, p. 26 Apud MENDES, Fernanda Paranhos. Show Opinião: Teatro e Música de um Brasil Subjugado. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/view/8021. Acesso: 10 de abril de 2018.<br><br> </td></tr></table></body></html>