ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #d62a08"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01673</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO12</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Curitibanos: Um registro fotográfico de que vive as margens da sociedade curitibana</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Janio Bernardino (Centro Universitário Internacional Uninter)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #d62a08"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;fotojornalismo, preconceito, visibilidade, fotografia humanista, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este paper apresenta o ensaio fotográfico À margem, o qual foi produzido na disciplina de fotojornalismo do curso de Jornalismo do Centro Universitário UNINTER. O objetivo é apresentar um ensaio fotojornalístico sobre pessoas que vivem em situação de risco e vulnerabilidade nas ruas da capital paranaense. Além das fotos, o material traz entrevista e depoimento dos retratados, dando voz e visibilidade àqueles que vivem à margem do ideal social da  cidade modelo , como é conhecida Curitiba.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Segundo Jorge Pedro Souza (2002, p.9), o fotojornalismo recorre à conciliação de fotografias e textos em que as fotografias precisam ser ancoradas com o texto para produzir o seu significado. De todo modo, o texto também ancorado pela fotografia, produz uma representação significativa quanto a ilustrar o fato, ela possui força noticiosa, causa maior impacto visual ao seu significado, produz assim, uma impressão de realidade a uma impressão de verdade, (Souza, 2002, p. 10). Neste sentido, busca-se neste ensaio mostrar o cotidiano de algumas pessoas que vivem em situação de risco e vulnerabilidade nas ruas de Curitiba e, assim, ilustrar a reportagem mostrando um pouco das barreiras, do comportamento e as situações que o dia a dia impõe sobre cada um deles e a sua forma de viver. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O principal objetivo deste trabalho é registrar por meio das objetivas da câmera fotográfica, o cotidiano destas pessoas que vivem nas ruas em situação de risco, buscando assim, retratar o perfil de cada entrevistado e os enfrentamentos do dia a dia nas ruas. Neste sentido, busca-se neste ensaio mostrar o cotidiano de algumas pessoas que vivem em situação de risco e vulnerabilidade nas ruas de Curitiba e, assim, ilustrar a reportagem mostrando um pouco das barreiras, do comportamento e as situações que o dia a dia impõe sobre cada um deles e a sua forma de viver..</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016, houve uma grande repercussão envolvendo a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) e a Associação Comercial do Paraná (ACP), que  exigiam providências contra os moradores de rua de Curitiba. A Abrabar com um discurso bem radical em seu perfil no Facebook pedia a remoção à força destas pessoas. É inegável o fato de que houve um aumento populacional considerável destas pessoas em praças e ruas do centro de Curitiba depois do segundo semestre de 2015. Há uma estimativa apontada pelo Movimento População de Rua de Curitiba que em maio de 2015, aproximadamente 5Mil pessoas já vivem em situação de rua na capital e região metropolitana. Diante desta repercussão, surge como proposta uma reportagem fotográfica, a fim de identificar o perfil destas pessoas que estão em situação de rua, suas histórias, o que teria levado elas a buscar a rua como sendo seu lar, e o porquê de ainda permanecerem ainda nestas condições, uma vez que, na cidade existem instituições que fazem esse papel de reintegração do convívio social para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade. Para que isto fosse possível, foi feito contato direto com moradores de rua, e com a FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba), com o intuito de mostrar na reportagem, como vivem e quem são essas pessoas, como é o acolhimento delas pela instituição e como são feitas as tratativas de reinserção destas pessoas no convívio social. Contudo, depois de uma semana de trocas de e-mail junto à assessoria de imprensa do FAS, a assessoria informou que não seria possível nenhum agendamento ou acompanhamento em nenhuma das unidades da instituição, alegando desde o primeiro contato que, estavam todos envolvidos em uma demanda interna e que ficariam impossibilitados de fazer o acompanhamento deste projeto. Mas ainda havia o outro lado. Foi necessário ir até as ruas da capital paranaense para ouvir e registrar suas histórias, sem mediadores, sem impedimentos, atuando então no papel de observador, para poder acompanhar de perto um pouco a maneira de como vivem e quem são essas pessoas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Foi utilizado as técnicas de retrato para a produção das imagens, fazendo uso de uma câmera Canon 60D, com lente Tamrom 17-50 mm, 2.8, com velocidades entre 1/125s e aberturas variáveis entre f.4 e f.4,5 de acordo com a exposição da luminosidade no trajeto percorrido. As fotos foram capturadas todas em format RAW da Canon e posteriormente foram editadas no software de edição de imagens Adobe Lightroom 5.6, convertidas para preto e branco, tendo pequenas correções de brilho e ajuste de contraste.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho proposto na disciplina de Fotojornalismo era produzir uma reportagem fotográfica com tema de livre escolha. A escolha do tema se deu justamente por ter relevância e impacto social - uma vez que o tema estava em pauta naquele momento, fazia-se nescessário uma identificação de quem e como eram esses indivíduos. O processo de produção foi desenvolvido ao longo de um dia, com acompanhamento e identificação das pessoas nas ruas. Obviamente algumas delas não quiseram prestar o seu depoimento ou serem fotografadas, temendo algum tipo de retaliação. Outras concordaram em falar sem serem identificadas. Conversamos com Evelyn e Luciano, que na reportagem são identificadas como  O casal na laje .  Laje é a gíria com a qual eles chamam a rua, derivada da experiência de dormirem debaixo das marquises dos prédios e lojas espalhados pela cidade. Evelyn tem 19 anos, diz que o motivo por ter ido para as ruas foi familiar:  ...meu padrasto estuprou a minha irmã e tentou abusar de mim, dai eu comecei a vir pra rua, vir pra rua (sic) e não sai mais, dai comecei a usar droga, ai não sai mais da rua... . Em outro trecho da conversa, Evelyn diz:  Não tem como a gente ficar do lado de uma pessoa que abusou da nossa irmã e tentou abuso com você . Luciano, por sua vez, tem 32 anos, quatro deles morando nas ruas, dormindo embaixo de marquises e pontos de ônibus. O uso desenfreado do crack acabou com um casamento de oito anos, a dependência da droga foi maior, deixou tudo para trás, para viver livre a euforia provocada pelo uso constante da pedra da morte. Os dois se conheceram nas ruas e carregam juntos uma marca para toda a vida. O casal teve um filho, um menino, que está hoje com dois anos, mas foi retirado deles e levado por alguma instituição que não souberam responder com exatidão;  ...Perdimo (sic) um piazinho, tomaram ele de nós...e le tá com dois anos agora...não temo o contato com ele...a justiça levou ele de nós...por causa que nós é da rua né...  relata Luciano com olhar triste ao falar do filho. À medida que a entrevista acontecia, ganhou-se a confiança dos entrevistados, e percebeu-se em todos uma necessidade de falar, de colocar para fora o que é reprimido, que eles vêem ali uma oportunidade que no cotidiano não existe: é a vez de eles trazerem à tona, de dar voz ao que acontece sob uma perspectiva de quem vive nas ruas. Em seguida, foi percebido um grupo de rapazes mais jovens falamos do projeto, mas ninguém quis gravar entrevista ou ser fotografado. Até que um deles se prontifica a falar, mas pede para ser fotografado uma única vez, usando a camiseta no rosto para não ser reconhecido. Seu nome é Rodrigo da Conceição ou  Digão como prefere ser chamado, 21 anos, há 14 nas ruas, fez questão de primeiro agradecer ao pessoal das igrejas que vão até à Praça todas as noites levar um lanche.  Digão conta que volta e meia sofre algum tipo de repressão por parte de  autoridades , não quis entrar em detalhes a respeito de quem seriam estas autoridades, e conta também que já foi convidado a deixar as ruas, mas que está em um momento do vício que é mais forte do que ele   ...falá procê memo mano, fala a verdade de coração procê, eu tô numa droga que.... eu quero larga duma vez memo mas...  ...quando era de menor fui pra um abrigo, fiquei bastante tempo, agora de maior tô na rua... Rodrigo conta que foi parar na rua ainda quando criança, depois que perdeu o pai, morava com a avó doente, e começou a frequentar a rua como forma de refúgio de toda aquela situação;  ...quando eu perdi meu pai, eu fui mora com a minha vó, ai minha vó era doente e eu comecei a cai pra rua, cai pra rua, ai o conselho me pegô e eu fui parar num albergue...  ...fiquei uns tempos no albergue mais eu comecei a cai pra rua, ai comecei a conhece o tiner maconha certo, ai comecei a gosta, ai foi que eu me apeguei e fiquei aqui entendeu?... Rodrigo tem um filho de dois anos que foi fruto de um relacionamento com uma ex-moradora de rua que conseguiu sair desta condição de rua e hoje está bem com o filho. Caminhando mais um pouco pelas ruas do centro de Curitiba, próximo à Câmara dos Vereadores, surge mais uma pessoa que aceitou contar um pouco da sua vivência nas ruas da capital. Identificou-se apenas como Sérgio, 59 anos, curitibano como todos os outros, 41 anos morando na rua. Sérgio contou que tem um pequeno espaço onde consegue deixar o carrinho que usa para recolher material reciclado próximo a Vila Torres, mas que foram mais de 20 anos dormindo debaixo de marquises pelo centro de Curitiba. Durante boa parte destes 41 anos morando na rua, Sergio se alimentava das doações de outras pessoas, que contribuíam com dinheiro ou mesmo com comida. Perguntado se ele, nestes anos todos, nunca quis procurar alguma instituição ou albergue para sair das ruas ele me responde:  ...já cheguei a posar no FAS, mas só que lá se chama de  Faz de conta porque não fazem nada, quer dizer fazem, mas fazem bem pouca coisa...  ...fiquei uns dois três dias, uma semana no máximo, preferi voltar na rua...  ...na rua eu passo bem melhor do que lá dentro, me alimento melhor do que lá dentro... A entrevista acontece no meio da rua. Perguntado se o senhor, agora com 51 anos, sofreu ou se envolveu em alguma desavença com outros moradores, Sergio responde que não, que a maior repressão sofrida por quem mora nas ruas vem das  autoridades e de seguranças de empresa privada patrimonial. Sérgio então diz que está com um pouco de pressa, pois precisa continuar fazendo o seu trabalho sob o sol forte de uma quinta-feira atípica de outono na capital, dividindo o espaço com os ônibus biarticulado de Curitiba, o personagem segue, e continua parte do caminho falando um pouco mais da sua história. Em uma parada, desta vez Sergio pega em um restaurante um pouco de comida em uma sacola plástica, o que parecer ser alguns pedaços de carne e bolinhos, que divide com sua cadela  Soraia que leva junto em seu carrinho junto com mais um filhote sem nome ainda.  este aqui está doente, tô tentando cuidar dele, mas não sei, tomara que vingue  comenta sobre o estado do filhote que vai à frente do carrinho no meio das caixas de papelão. Depois de alimentar-se rapidamente, Sérgio retoma o seu caminho, se despede e segue. Percebe-se ele conversando com a Soraia, e pensando nas inúmeras histórias que tenha para contar dentro destes 41 anos estando nas ruas. Quantas outras tantas historias existem espelhadas por Curitiba e região metropolitana, quantos outros Sergios, Lucianos e Rodrigos estão por ai, esperando alguém se aproximar para que eles possam compartilhar suas experiências, desabafar, chorar ou até mesmo rir um pouco? Ás vezes, ser ouvido é tudo o que estas pessoas precisam.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Segundo Souza (2002, p. 5), o fotojornalismo é uma atividade singular que usa a fotografia como um veículo de observação, de informação, de análise e de opinião sobre a vida humana. Com base neste conceito, este trabalho atingiu seus objetivos ao propor em retratar a forma como vivem estas pessoas e o porquê de muitas ainda permanecerem nestas condições, um pequeno recorte por meio do fotojornalismo daqueles que são vivem hoje a margem do ideal social na capital. Aqui, pode-se apresentar em forma de imagens fotográficas e texto uma reflexão de como é o cotidiano destas pessoas na rua e seus enfrentamentos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #d62a08"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">SOUZA, Jorge Pedro, Uma introdução a historia, as técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa, 2002. > Disponível em >http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-fotojornalismo.pdf acesso em 10/04/2018 <br><br> </td></tr></table></body></html>