ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00160</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT12</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Revista Entrelaços - Um jeito singular de ver o mundo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Thaline Cardoso (Instituto Superior e Centro Educacional Luterano Bom Jesus / IELUSC); Thaline Cardoso ( Instituto Superior e Centro Educacional Luterano Bom Jesus / IELUSC)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> A revista Entrelaços: um jeito singular de ver o mundo foi desenvolvida como projeto experimental para obtenção parcial do diploma do curso de Jornalismo da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC, no primeiro semestre de 2018. O projeto foi executado na Apae de Rio Negrinho. Com 41.380 habitantes, Rio Negrinho possui apenas um jornal impresso e duas rádios que atendem à demanda noticiosa do local. Nem todas as atividades desenvolvidas pela Apae recebem visibilidade ou tratamento aprofundado nos meios de comunicação locais. A Apae de Rio Negrinho atua desde 1978 e, atualmente, atende a 96 pessoas com deficiência, com idade de um a 65 anos. Entre as deficiências estão: atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência mental e múltipla, autismo e transtorno invasivo do desenvolvimento. Mas a falta de visibilidade para temas relacionados a pessoas com deficiência não se restringe apenas aos veículos rio-negrinhenses. Conforme a ANDI (Agência de Notícias do Direito das Crianças), (no artigo Mídia e Deficiência: Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2003, ANDI), a deficiência não é considerada uma questão de todos os brasileiros, no máximo, um problema de alguns núcleos familiares. O jornalismo tem importante papel a desenvolver na sociedade, a fim de revelar esse cenário, porém peca ao adotar uma abordagem simplista. "A mídia vem reproduzindo com eficiência o pensamento de que é possível evitar discussões que envolvem a deficiência. Esta postura se traduz na não-valorização do assunto como utilidade e de interesse público". A mídia do município de Rio Negrinho produz, esporadicamente, matérias sobre as atividades desenvolvidas na Apae, geralmente baseadas nos critérios de noticiabilidade (amplitude, clareza, objetividade, frequência, entre outros). Mas esses conteúdos veiculados não são suficientes para mostrar a realidade dessas pessoas ou para fazer o leitor entender que a deficiência não é uma barreira. As notícias são curtas, com assuntos pontuais, com relatos de duas ou três fontes. Em fevereiro de 2018, o Jornal Perfil, publicou uma notícia sobre as cestas artesanais produzidas pelos membros da Apae para o período de Páscoa. Apesar do tema proporcionar uma abordagem aprofundada, o espaço cedido para a comunidade foi pequeno e não há uma articulação forte, no texto, com um especialista para tratar dos benefícios dessa atividade. Desenvolver a revista na Apae de Rio Negrinho proporcionou uma forma de fortalecer e divulgar essas vozes, atendendo não somente às premissas do jornalismo comunitário como também as de educomunicação e inclusão, pois as pessoas, em maior ou menor grau, são capazes de compreender a importância de fazer escolhas, expressar seus sentimentos e, acima de tudo, promover a defesa de seus direitos. Articular a inserção desta revista com os Autodefensores, grupo cujos integrantes participaram do projeto, denota a importância de instigar no indivíduo com deficiência o sentimento de ser parte ativa no processo de divulgação dos ideais da comunidade. Optou-se por uma revista impressa, pois ela torna-se capaz de atingir públicos variados, com forte apelo visual, desde as cores que foram escolhidas até a forma de escrita mais solta e respeitando as peculiaridades de linguagem dos participantes. <span style="font-size:12pt;font-family:'Times New Roman';color:#000000;background-color:transparent;font-weight:400;font-style:normal;font-variant:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;white-space:pre;white-space:pre-wrap;">A revista Entrelaços possibilitou, por meio das histórias contadas aos repórteres, a valorização de, causas, personagens e locais como a Apae, normalmente invisibilizados pelo preconceito. A proposta do trabalho foi dar um passo, ainda que pequeno, para propiciar o protagonismo das pessoas com deficiência na prática do jornalismo comunitário.</span> </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Para entender a abordagem adotada pelo jornalismo sobre a deficiência, é preciso introduzir-se na história desse grupo dentro da sociedade.&nbsp; Em decorrência da falta de políticas públicas voltadas a pessoas com deficiência, em 1954,&nbsp; familiares e simpatizantes da causa uniram-se para fundar a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). A organização busca desenvolver a inclusão social das pessoas com deficiência, trabalhando aspectos como comunicação, educação e noções básicas de autonomia, como alimentação e higienização. Por conta do trabalho desenvolvido pelas Apaes,&nbsp; políticas públicas foram criadas com o objetivo de tornar o cenário social mais igualitário, como a elaboração, em 2008, da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, pela qual o deficiente teria direito de frequentar aulas no ensino regular. Apesar da produção do jornalista envolver múltiplos fatores que podem contribuir para esse cenário, situações como o enxugamento das redações e a necessidade do profissional assumir múltiplas funções vem atrapalhando essa contribuição. Além disso, organizações e especialistas entrevistados pela mídia têm mostrado aparente desatualização sobre o tema. Isso atinge diretamente o leitor, que recebe abordagens antigas ou descontextualizadas. Conforme Maria Teresa Eglér Mantoan, doutora em Educação Especial, (no livro Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?: São Paulo, 2015, Summus) a saída para tornar a sociedade mais inclusiva em aspectos comunicacionais seria uma nova abordagem de atuação da educação, pois só assim haveria indivíduos críticos sobre os assuntos veiculados pela mídia."[...] para que eles cresçam e se desenvolvam como seres éticos, justos, pessoas que terão de reverter uma situação que não conseguimos resolver inteiramente: mudar o mundo e torná-lo mais humano". Foi nesse âmbito, que&nbsp; os preceitos do jornalismo comunitário mostraram-se fundamentais para dar a pessoas com deficiência um lugar de protagonistas na comunicação. Em sua história, além de apoiador da voz popular, o jornalismo comunitário atua como incentivador em novas pesquisas tecnológicas e uma importante fonte de educação. Não se trata de desprezar os conteúdos da grande mídia, mas de discutir com a comunidade a importância de inserir práticas jornalísticas para o bem comum, objetivando, por fim, o equilíbrio local/global. Do mesmo modo, os estudos de educomunicação fundamentaram as oficinas ministradas aos alunos da Apae de Rio Negrinho. A aproximação entre jornalismo e educação já vem de anos. Jornalistas rotineiramente buscam ambientar o leitor a diferentes olhares sobre assuntos com os quais ele poderia não ter contato. Conforme Ismar Soares, citado por Cicilia Peruzzo (no artigo Rádio Comunitária, Educomunicação e Desenvolvimento Local, São Bernardo do Campo-SP: Unescom Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, 2006, Anais), a educomunicação define-se como ações destinadas a "integrar às práticas educativas o estudo sistemático dos sistemas de comunicação [...], criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos [...]; e melhorar o coeficiente expressivo e comunicativo das ações educativas [...]", como o uso de recursos de comunicação no processo de aprendizagem. Em âmbitos comunitários, o estudo é colocado em prática por meio de reuniões, oficinas e produções de roteiros e reportagens. Segundo Cicilia Peruzzo, (no artigo Rádio Comunitária, Educomunicação e Desenvolvimento Local, São Bernardo do Campo-SP: Unescom Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, 2006, Anais) é nesse momento que a comunidade pode compreender a realidade que a cerca. "[...] De posse desse conhecimento, formulam espírito crítico capaz de compreender melhor a lógica da grande mídia. A melhor forma de entender a mídia é fazer mídia." <br> </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com duração de três meses com duas visitas por semana, de março a junho de 2018, o projeto foi realizado uma imersão na Apae, através de conversas com a direção e observação da rotina. O objetivo era encontrar 10 alunos com perfis diferentes de deficiência para representar a associação, pois a Apae do município possui, atualmente, 96 alunos. A escolha dos participantes da oficina deu-se de maneira democrática, por meio de votação entre os 21 estudantes interessados. Por fim, foram selecionados 11 alunos, com idade de 23 a 55 anos, que possuem o grau de deficiência intelectual moderada. Todos os participantes integram o grupo de Autodefensores da Apae. No mesmo dia desta seleção, realizou-se uma dinâmica para compreender o grau de relação que eles tinham com o jornalismo e também para sondar como seria a aceitação a uma pessoa estranha em seu ambiente. Em uma ficha, ainda foram registrados o acompanhamento do processo de aprendizagem. Apenas três alunos possuíam alfabetização completa, por isso as oficinas privilegiaram a comunicação oral. O conteúdo foi elaborado em uma apostila, usada pela autora e entregue para a professora da turma envolvida, com três módulos: o trabalho realizado pelo jornalista, produções textuais e, ao final, uma oficina de fotografia. O segundo encontro contou com uma entrevista coletiva sobre o conto infantil  Chapeuzinho Vermelho , que serviu para analisar o nível de compreensão da última aula. Para isso a turma foi dividida em repórteres e personagens com a caracterização de crachá e blocos de anotações. Na aula seguinte foi realizada as atividades básicas de fotografias, com uma câmera Canon T5i, disponibilizada pela Faculdade Ielusc. No terceiro módulo, houve a divisão de funções, nomes e ideias gráficas. A evolução dos alunos também foi percebida nesse momento, pois eles definiram, em comum acordo, quem assumiria cada função. Dessa forma, aqueles que escolheram ser repórteres receberam auxílio maior, tanto na apuração como na escrita das matérias. Aqueles que apresentaram mais dificuldade assumiram a função de fotógrafos. Para editores foram escolhidos os que estavam há mais tempo na comunidade. As produções textuais tiveram melhores resultados quando eram feitas de modo coletivo. Motivados pelos colegas, os repórteres sentiam-se mais à vontade ao reproduzir as perguntas. A diagramação do produto ficou sob responsabilidade da autora a complexidade dos programas. Portanto, foram priorizados o design minimalista e a escolha de uma paleta de cores complementar inspirada na Pantone. A revista foi impressa em 210 g/m², com papel fosco. A capa é composta por elementos que apresentam a narrativa do produto e isso ocorre com uma fotografia, onde Erick Rubens Ottomeyer, que possui Síndrome de Down, estampa a capa. Na parte superior está o título   Entrelaços , produzido em letra cursiva e pássaros que remetem à natureza. Nas páginas seguintes, o leitor é direcionado ao sumário, expediente e editorial do projeto. Nas oito editorias, os assuntos abordados chamam a atenção do leitor para ações desempenhadas na Apae: a) Artesanato:  Entre retalhos, ritmos e cores ; b) Autodefensoria:  Nossa voz ; c) Esporte:  Foi dada a largada ; d) Educação:  A educação por trás do amor ; e) Especial:  A arte de florescer ; f) Família:  Sabores e Histórias ; g) Depoimento:  A inclusão no dia a dia ; h) Memórias:  Meu lugar é aqui ; i) A associação:  40 anos instruindo pra vida e j) A associação:  Profissão: orientadora educacional . Ao iniciar o projeto percebeu-se que seria necessário o auxílio de patrocinadores para impressão de 170 unidades, entregues para comunidade. Após pesquisa de preços nas gráficas da região, chegou-se ao custo de R$ 2.460, sendo assim a última página da revista recebeu as logomarcas das empresas apoiadoras, além da prestação de contas e entrega das revistas. Para a Apae, a entrega ocorreu na semana de aniversário, em Agosto de 2018, com presença de toda a comunidade, alunos e familiares.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>