|
INSCRIÇÃO: | 00165 |
|
CATEGORIA: | JO |
|
MODALIDADE: | JO16 |
|
TÍTULO: | Os sonhos da prostituição |
|
AUTORES: | ANDREZA SILVEIRA FERRAZ (CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS); Kizzy Morais de Abreu (Centro Universitário Ritter dos Reis); Brunna Lima de Oliveira (Centro Universitário Ritter dos Reis); Ana Paula Lima (Centro Universitário Ritter dos Reis); MATHEUS FELIPE (Centro Universitário Ritter dos Reis) |
|
PALAVRAS-CHAVE: | , , , , |
|
RESUMO |
A prostituição é considerada uma das profissões mais antigas no mundo, existente desde as primeiras civilizações da Mesopotâmia, em aproximadamente 2400 anos a.c. Desde então, a forma como o profissional do sexo era conhecido foi se moldando conforme os valores morais e sociais, meretrizes foram transformadas em deusas, e logo em seguida em meros objetos.
Hoje, a prostituição já é reconhecida pelo Ministério do Trabalho como uma ocupação profissional. No entanto, a regulamentação admite que, dentre as condições gerais de trabalho, há possibilidade destes profissionais sofrerem qualquer tipo de violência, correndo o risco de morte. Além disso, o órgão atenta que o profissional está sujeito a sofrer discriminação social, e a situações climáticas adversas.
Levando em considerando que grande parte dos os profissionais do sexo, sabem quiçá da existência de tal lei, e consequentemente acabam por não conhecer a forma como estão sendo assegurados, fazendo com que sua valia acabe se tornando nula. Ainda assim, quando necessário a contabilização da classe, os dados são extremamente escassos, já que a cada momento alguém pode entrar para o ramo de forma autônoma.
Atualmente, estes profissionais estão nos mais diversos lugares: ruas, boates e até mesmo em plataformas digitais. E foram nesses lugares que encontramos as protagonistas desta reportagem especial. Desde o princípio o nosso objetivo se deu a partir da a invisibilidade que os profissionais do sexo têm perante a sociedade, este material tem como objetivo quebrar tabus, e mostrar a realidade de quem vende o corpo em troca de dinheiro.
Marginalizadas e excluídas da sociedade, as prostitutas são classificadas como mulheres descartáveis, que visam apenas a satisfação do cliente. O tornando proprietário do produto adquirido temporariamente.
"Todo o homem sabe que a prostituta é a mulher mais barata do mundo. Mesmo que você pague R$ 3.000, você sabe exatamente o que está pagando e ela também sabe pelo o que você está pagando." – (PONDÉ, 2016)
Tal análise apenas reforça o atual e enraizado pensamento ainda existente, trazendo a tona e comprovando a árdua batalha enfrentada por estes profissionais. Acompanhar a rotina, entender os desafios enfrentados e principalmente conhecer os seus sonhos, garantindo então que suas histórias sejam ouvidas é o ponto chave dessa produção.
O produto audiovisual "Os Sonhos da Prostituição" nasce da necessidade de dar voz a quem precisa ser ouvido, de forma respeitosa e empática. A reportagem especial oferece espaço a três mulheres que atendem em pólos completamente opostos, sendo assim, possível observar o reflexo de suas realidades. |
|
INTRODUÇÃO |
Para a gravação da reportagem especial foram utilizadas câmeras profissionais e também celulares que são mais discretos, principalmente, para as gravações dentro do bordel. Antes de cada filmagem foram organizados os roteiros com perguntas, mas conforme acontecia à gravação, surgiam novas ideias.
Também realizamos uma pesquisa aprofundada de dados sobre a prostituição no Brasil, reportagens e informações que já tinham sido divulgadas. Tudo foi pensado para que as gurias se sentissem confortáveis com as gravações e pudessem compartilhar suas histórias.
Com o intuito de mostrar exatamente a realidade das meninas, as gravações aconteceram nos locais de trabalho das garotas de programa, exceto da Lia Helder que não possui um local fixo.
Na filmagem com a Natasha foi necessário usar uma iluminação melhor, pois foram realizadas à noite na avenida Bento Gonçalves em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. O microfone foi essencial para poder ouvir as conversas de Natasha com os clientes no carro.
Para que os clientes não vissem as câmeras e o grupo, foi necessário se esconder e fazer a filmagem dentro de uma casa localizada na avenida. O acompanhamento durante o atendimento, antes e depois, foi essencial para identificar como funciona o trabalho da travesti.
Com pesquisas na internet e nas redes sociais, encontramos Lia Helder em um site de programas e foi por lá que conseguimos o contato da moça. Na gravação com a Lia foram utilizados três locais. Com o formato de bate-papo, a primeira gravação aconteceu no estúdio da Uniritter FAPA.
A moça ficou de costas para câmera, enquanto as estudantes, Ana Paula Lima e Brunna Oliveira faziam as perguntas. O cinegrafista aproveitou o momento para captar detalhes da garota de programa, como cabelos, acessórios e o salto, tudo que foi essencial para a construção do trabalho.
O segundo local escolhido foi um apartamento, onde foi possível mostrar como a Lia se prepara para atender aos clientes, bem como os utensílios que ela utiliza e neste momento conseguimos também captar imagens mais sensuais da garota. Já o terceiro local, a Redenção de Porto Alegre, foi essencial para mostrar que a Lia não vive só do sexo e que por trás disso, ela é uma guria com muitos sonhos, que ama sair e curtir o final de semana.
Para entrar no bordel e fazer as gravações, foi necessário ter uma longa conversa com a dona. Após a autorização, começaram as gravações dentro da casa. Foi importante ser discreto para filmagens e não atrapalhar o trabalho das garotas. Gravando detalhe por detalhe, pode-se mostrar como funciona a organização da boate e também os locais onde as meninas se relacionam com os clientes.
Algumas cenas mais chocantes também foram possíveis captar. Após apurar todas as filmagens, começou a gravação das vozes contando a história de cada uma. As estudantes se dividiram em relação às falas para que todas pudessem contar um pouco sobre as meninas.
Todas as etapas para a produção da reportagem especial foram bem pensadas com o objetivo de mostrar a realidade do mundo da prostituição. Algumas técnicas importantes foram utilizadas para que tudo ocorresse como planejado. O grupo se dividiu para conseguir gravar todas as cenas necessárias, fazer a decupagem, montar o roteiro e realizar a edição do vídeo. Na edição foram realizados alguns toques especiais com músicas. Cada história foi relatada e percebe-se que todos os nichos da prostituição trabalham para o mesmo objetivo, mas de formas e dificuldades diferentes. |
|
OBJETIVO |
Uma mulher de aparentemente quarenta anos trabalhava em uma noite fria na Avenida Bento Gonçalves, zona leste de Porto Alegre. Em seu semblante de tristeza foi possível enxergar que ela não estava satisfeita com aquela esquina. Neste momento que surgiu a ideia de realizarmos um trabalho em 2018/1, na disciplina de Núcleos Especiais, com o objetivo de relatar, sem qualquer tipo de ficção ou romantismo o que elas, prostitutas, passam durante as suas horas de trabalho. ‘’Por que aquela mulher estava trabalhando em uma esquina mesmo parecendo infeliz? Por que ela está ali todos os dias?’’ Essas perguntas iniciais nortearam a reportagem. Um trabalho em vídeo poderia impactar a sociedade que ainda hoje trata esta profissão com preconceito e desgosto, quando a trata como invisível, oculta. A reportagem especial “Os Sonhos da Prostituição”, com 19 minutos e 59 segundos, conta a história de três mulheres - de diferentes idades, classes sociais e gêneros sexuais - que trabalham em distintos ramos da prostituição, mas com o mesmo propósito: ganhar dinheiro rápido. A produção da reportagem foi dividida em etapas. Antes de entrarmos em contato com as fontes, foi realizada uma pesquisa de dados e informações sobre a prostituição no Brasil. Através das redes sociais e sites, conhecemos a prostituta de luxo Lia Helder. Natasha Ambrósio trabalha, junto com suas colegas e amigas, nas esquinas do bairro Intercap, zona leste de Porto Alegre. Letícia Silva se desloca todos os dias para sua boate de trabalho, localizada na Avenida Azenha, também em Porto Alegre. Com todas as fontes que gravamos, foi de grande importância os diálogos que tivemos para firmar um nível de confiança e credibilidade, pois elas não haviam contado para ninguém, ainda, as suas particularidades. Iniciamos às intensas horas de gravações e surpresas. Nos primeiros dias na boate, que funciona em horário comercial, o sentimento, de nossa parte, era de insegurança e medo, porque os clientes do sexo masculino praticaram abordagens desrespeitosas conosco. Depois, somente na presença da câmera gerou desconfiança. Segundo a dona da boate, a maioria dos homens que frequentam a casa são casados ou estão em horário de serviço. Por isso, no processo de gravação e edição, foi analisado nos mínimos detalhes tudo que poderia comprometer a vida pessoal das meninas e clientes da casa. Todas as cenas foram gravadas sem mostrar o rosto delas. Com a travesti Natasha Ambrósio, o combinado era buscarmos ela em casa, no campo da Tuka, para acompanharmos por completo, mas não foi possível. Segundo ela, os traficantes do local possuem preconceito pelo seu gênero sexual, e a nossa presença por lá poderia se tornar uma ameaça futuramente. Então a pegamos de carro alguns quilômetros de distância do local combinado. Desde então a câmera estava ligada. Conversamos e deixamos ela dar início a mais uma noite de trabalho no seu ponto preferido. Natasha foi abusada aos oito anos pelo pai, e nunca foi aceita pela família. Nos seus relacionamentos sofre as consequências da violência. É vaidosa, portadora do vírus HIV e usuária de drogas. Drogas, essas, que lhe dão ‘’forças’’ para se manter em pé nas ruas quando o corpo e mente parecem não aguentar mais. Natasha é, apesar da vida que leva (e gosta de levar), extremamente positiva. Às vezes, pensa em desistir. Mas o mercado de trabalho não faz questão de abrir as portas para travesti de trinta e seis anos. Lia Helder iniciou na vida da prostituição quando ainda era menor de idade. Com 16 anos já atendia clientes, mas ela sempre deixava claro sobre sua idade e o riscos que eles teriam. Ao entrar nesse mundo ela viu a possibilidade de alcançar seus sonhos, conquistar seu próprio lar, viajar e estudar. A garota de programa conta que gosta muito do que faz e que o retorno financeiro é bem positivo. Porém, nem tudo é uma maravilha, ela já passou por vários desconfortos e nem todo atendimento é bom, aliás, ela nem sempre sabe que tipo de pessoa vai encontrar. 㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀
|