ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00244</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Letrux - Flerte Revival em Libras</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;João Henrique Mattos dos Santos (Universidade Luterana do Brasil); Cíntia Canterel Carlin (Universidade Luterana do Brasil); Wesley Andriel Cabrera Loebens (Universidade Luterana do Brasil); Peterson da Rosa Costa (Universidade Luterana do Brasil); Gabriela Machado Ramos de Almeida (Universidade Luterana do Brasil)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção audiovisual é uma ferramenta importante para a criação de conteúdo acessível a todos os públicos. No caso de pessoas surdas ou que tenham alguma deficiência auditiva, o registro de imagem em movimento garante a documentação da Língua de Sinais, uma vez que essa língua se caracteriza como visuoespacial (QUADROS; KARNOPP, 2004). Existem, nas redes sociais, produções de vídeos relacionadas a temática de tradução de canções para a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Em sua maioria são produções caseiras feitas por intérpretes que traduzem o texto da canção, semelhante ao processo que acontece em uma tradução simultânea de um evento público realizada por intérpretes. A ideia de produzir o videoclipe Letrux - Flerte Revival em Libras surgiu na cadeira interdisciplinar de Libras I, no segundo semestre de 2018 na Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS. O exercício final da cadeira consistia na gravação de um videoclipe em que os alunos deveriam interpretar a letra de uma música para a Língua Brasileira de Sinais em vídeo. Com o intuito de possibilitar o acesso de pessoas surdas ao conteúdo musical e atrelar a elementos artísticos, foi que pensamos em traduzir a letra de "Flerte Revival", canção da cantora e compositora carioca Letícia Novaes. A música faz parte do primeiro álbum da artista sob o pseudônimo Letrux, chamado "Letrux Em Noite de Climão". O disco foi vencedor do prêmio Multishow 2017 na categoria Melhor Disco, e em 2019 a cantora teve sua performance elencada entre os cinco melhores shows brasileiros no Festival Lollapalooza Brasil, segundo a revista Rolling Stone. Letrux trabalha com diversos gêneros musicais, como pop, rock, MPB, indie e eletrônico. A relevância visual que muitos desses gêneros têm na cultura pop (JANOTTI JÚNIOR; SOARES, 2008) também foi um fator decisivo na escolha da música, já que em termos de imagem, o videoclipe da canção Flerte Revival é o que tem o maior apelo visual do álbum. O videoclipe original da música foi dirigido por Leandro Lima, e apresenta a cantora performando com gestos, caretas e danças, em um cenário que chama a atenção pelo colorido que remete a pinturas de obras de arte contemporânea. Entre os nossos objetivos estavam: (1) unir a necessidade do exercício da disciplina de Libras e a ideia de trabalhar com o formato videoclipe. (2) Transformar a música em conteúdo visual acessível às pessoas surdas dentro de uma perspectiva cultural, levando ao público surdo um tipo de conteúdo performático conectado com a cultura pop. (3) Desenvolver elementos visuais no videoclipe que permitissem ao público, tanto ouvinte, quanto surdo, fazer leituras da identidade original da artista, identificando elementos e associando estes à cantora. De modo geral, não existe um rigor estético na produção de videoclipes traduzidos em Língua de Sinais no Brasil, com exceção de casos como o de "Potyguara Bardo - Você Não Existe", em que o videoclipe original carrega essa proposta. Grosso modo, outras produções que levam em consideração a estética, são produções secundárias feitas por fãs ou canais de Libras no YouTube direcionados a linguagem alvo. Pensando nisso, foi que decidimos produzir um videoclipe que não somente vai de encontro a esse processo - já que é produzido por fãs e não pela indústria -, como também traz a tradução da música de uma artista independente, cenário pouco explorado em produções na Língua Brasileira de Sinais.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Embora o videoclipe tenha sido produzido em uma atividade interdisciplinar por alunos de cursos de comunicação, nosso produto também se enquadra na categoria de fanmade, uma produção feita por fãs a partir da apropriação de um produto original distribuído por artistas ou produtoras. Com o avanço da tecnologia e da internet, a circulação de informações não ocorre mais de forma limitada, e os consumidores passam a reivindicar também o papel de produtores (JENKINS, 2008). Paródias, fanfics, videoclipes, a mobilização de fãs em torno de artistas gera inúmeros novos produtos culturais, chamados por Henry Jenkins em seu livro "Cultura da Convergência" de produtos secundários - que têm chamado cada vez mais a atenção do mercado de entretenimento. As produções não só incentivam a criatividade cotidiana (CERTEAU, 1990) de cada indivíduo enquanto fã, como o insere em um espaço que questiona o seu papel enquanto consumidor em um sistema que visa o lucro. Redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube são espaços que reúnem grande parte das produções secundárias. Eles podem servir tanto como espaço para fãs obterem capital social e se tornarem autoridades (RECUERO, 2009) quanto para outras funcionalidades para além do pertencimento presente nas relações de fãs. Para a comunidade surda esse processo ocorre da mesma forma. Não só as políticas de acessibilidade garantem o acesso da comunidade aos mesmos conteúdos que ouvintes, como também há incentivo para que haja produções independentes que se dirijam diretamente a esse público através da Língua de Sinais. Para Quadros e Segala (2015) "A filmagem dos textos traduzidos para a Libras oral é a forma de registro mais usada entre os tradutores, uma vez que a tecnologia favorece os registros em vídeo e os surdos preferem assistir aos vídeos [...]". Dessa forma a tecnologia não só reforça a relevância da produção de vídeos em Língua de Sinais, como também potencializa a circulação entre a comunidade surda. REFERÊNCIAS CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira - Estudos Lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2006. QUADROS, Ronice Muller de; SEGALA, Rimar Ramalho. Tradução intermodal, intersemiótica e interlinguística de textos escritos em português para a Libras oral: Cadernos de Tradução, n. 02, p 354-386, 2015.Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/41152; Acesso em: 28 de abril de 2019. JANOTTI JÚNIOR, Jeder; SOARES, Thiago. O videoclipe como extensão da canção: apontamentos para análise: Revista Galáxia, n. 15, p. 91-108, 2008. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/galaxia/article/view/1497; Acesso em: 29 de abril de 2019. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008. JENKINS, Henry. Cultura da conexão. São Paulo: Aleph, 2015. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Editora Meridional, 2014.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Alguns fatores definiram a escolha da canção Flerte Revival: a relação de fã, motivada pelo sentimento de afeto do grupo para com a artista e seus produtos; a "simplicidade da letra" e o ritmo lento da interpretação da cantora - que são aspectos facilitadores para a tradução em Libras; e a possibilidade de explorar visualmente os gêneros musicais da canção. O primeiro passo da produção foi traduzir a canção para Libras. Neste caso, foi utilizado, além da orientação do professor e intérprete Peterson Costa, o aplicativo Hand Talk, que tem um espaço para busca em texto que gera o resultado em Libras através de um boneco animado em 3D. Embora a Libras tenha expressões que variam de região para região do país, optamos por manter os resultados do aplicativo, que seguem um padrão facilmente reconhecido em todo território nacional. Produzir conteúdos em Libras permite ao tradutor uma liberdade maior em relação à tradução de outros idiomas. Palavras em inglês como revival e look, presentes na letra da música, foram substituídas por "lembrança" e "roupa", respectivamente. Algumas frases e expressões precisaram ser reformuladas, por exemplo: "eu fico na pista o set inteiro dançando como se seu corpo estivesse junto do meu, marinheiro" foi adaptada para "eu fico dançando a noite inteira pensando em seu corpo junto do meu, marinheiro". Assim, não somente o sentido do enunciado foi mantido como também evitamos de traduzir um termo que poderia gerar estranhamento ao receptor. O videoclipe foi realizado no Núcleo de Produção Audiovisual. O NPA disponibiliza espaços, aparatos técnicos e funcionários que auxiliam nas produções audiovisuais dos alunos. Utilizamos o espaço do estúdio de TV e os equipamentos de câmera e tripé para a captação do vídeo. As técnicas utilizadas no videoclipe foram baseadas na identidade visual do álbum "Letrux Em Noite de Climão". A capa tem o fundo em cor vermelha absoluta, o título em tipografia preta e uma imagem em preto e branco recortada da cantora com maquiagem preta delineada nos olhos. A partir da imagem da capa, decidimos reproduzir a maquiagem na gravação, e nos vestir de preto para não chamar a atenção à roupa, mas aos sinais. Gravamos separadamente cada intérprete em plano médio (da cintura até a cabeça) performando a canção no espaço do chroma-key, técnica de pós-produção audiovisual em que se substitui o fundo da cena, gravada em estúdio com fundo em cor absoluta. Para inserir nos momentos de pausa e "respiro" da canção, gravamos planos de diferentes escalas dos intérpretes dançando ou se movimentando no ritmo da melodia. Na edição, também realizada no NPA, seguimos a lógica de colagem presente na identidade visual da capa do álbum. Juntamos nossas performances, cada verso intercalado por um intérprete e substituímos o fundo do estúdio por vermelho absoluto, colocando filtro preto-e-branco nas imagens dos intérpretes. Criamos também efeitos visuais a partir do recorte do chroma-key, mantendo as cores vermelho e preto. Os planos de "inserts" serviram para preencher o fundo do videoclipe em alguns momentos e estabelecer um ritmo visual. Por fim, para atingir públicos de nicho, publicamos o vídeo no Facebook e no YouTube. No Facebook a ideia foi atingir comunidades em grupos fechados relacionadas às artes visuais. No YouTube, compartilhamos com o público em geral, possibilitando a circulação em qualquer site de rede social. Assim que o vídeo foi publicado, a cantora Letrux compartilhou em seu Twitter o link do vídeo, e impulsionou a audiência entre fãs e público em geral. Para além da produção e da repercussão, alcançamos o objetivo de trabalhar com o formato videoclipe, adquirindo experiência com esse produto audiovisual e criando conteúdo relevante para a comunicação de surdos. Através do engajamento, percebemos que existe uma carência desse público em consumir videoclipes em Língua de Sinais, formato que é poucas vezes explorado por artistas e criadores de conteúdo na cultura pop.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>