ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00273</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;A rua é minha casa</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Carolina Oliveira Pinheiro (Centro Universitário Ritter dos Reis); Mariana Corsetti Oselame (Centro Universitário Ritter dos Reis)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem "A rua é a minha casa" visa, através do uso de técnicas de jornalismo literário, contar a história de alguns moradores de rua da cidade de Porto Alegre e desvendar o porquê cada vez mais essa população tem buscado construir barracos como forma de residência. A matéria foi publicada na 5ª edição da revista Universus, revista-laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter. Produzida no primeiro semestre de 2018, a revista tem por objetivo contar histórias de pessoas e lugares de Porto Alegre que normalmente não têm protagonismo na mídia tradicional. O título escolhido para a edição foi a palavra "Horizontes", e para a chamada da capa a frase "Porto Alegre invisível", justamente por ter como objetivo revelar o olhar dos repórteres sobre histórias que passam despercebidas no dia a dia da cidade. Durante a reunião de pauta, um dos assuntos levantados foi a constatação do crescimento, a olho nu, do número de moradores de rua e uma possível mudança no perfil dessa população: se antes o mais comum era observarmos moradores de rua andarilhos, agora grandes barracos, que lembram a estrutura de casas, têm preenchido marquises, parques e calçadas. Buscando confirmar esse crescimento e identificar quais fatores levaram à busca pela construção dos barracos, a produção ouviu moradores de rua, pesquisou dados em fontes oficiais, acompanhou uma audiência pública, entrevistou uma defensora pública e membro da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS), visitou a primeira ocupação de moradores de rua do país e conversou com agentes ligados ao jornal Boca de Rua, única publicação feita exclusivamente por moradores de rua no Brasil. Segundo estudo censitário da população de rua realizado em 2016 pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2115 pessoas moravam nas ruas de Porto Alegre. O número representa um crescimento de 57% em relação ao estudo anterior, de 2011. Esse dado confirmou a observação feita na reunião de pauta. Foi durante a entrevista com Ana Beatriz, case que abre a reportagem, que a repórter ouviu falar pela primeira vez em milícias especializadas na violência contra moradores de rua e na queima de barracos, fatores que tem levado a população de rua a buscar novas formas de abrigo e proteção. Alguns dias depois, outro barraco monitorado pela reportagem amanheceu queimado. A suspeita de que esses dois pontos não representavam casos isolados foi confirmada na entrevista com Rosina Duarte, idealizadora do jornal Boca de Rua. Os relatos da violência que os moradores de rua têm sofrido serviram como força motriz para que essa reportagem se propusesse não só a traçar esse novo perfil da população de rua, mas também a denunciar os riscos a que eles estão expostos. Tais depoimentos fizeram com que a repórter optasse por não divulgar o sobrenome nem fotos em que fosse possível identificar o rosto dos moradores de rua ouvidos. Na foto de abertura, por exemplo, Ana Beatriz aparece de costas, com uma vassoura na mão, se preparando para varrer a calçada logo após encerrar a entrevista. Ao final do texto, há uma apresentação do mapa colaborativo, projeto que surgiu a partir das fotos de barracos tiradas pela repórter com o telefone celular. Através das redes sociais, foi lançada uma campanha que convidou pessoas para que enviassem fotos de barracos e a respectiva localização, para que fossem inseridas no mapa, cujo link consta na reportagem impressa. Em dois meses, foram mapeados mais de 60 pontos, não só na região central como em bairros mais afastados. O mapa colaborativo tem caráter inédito, pois retrata endereços que não constam em nenhum outro mapa - mas existem. Portanto, "A rua é a minha casa" é um texto que se propõe a reportar a realidade dos moradores de rua e os riscos que vem junto com não ter uma casa para morar.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O processo de apuração da reportagem  A rua é a minha casa levou cerca de 3 meses, e partiu da constatação do crescimento da população de rua e do aumento do número de barracos em Porto Alegre. Para checar, a repórter recorreu a dados oficiais. Segundo estudo censitário da população de rua feito em 2016 pela Fasc e pela UFRGS, houve um crescimento de 57% dessa população em 5 anos. Após essa etapa, a repórter passou a monitorar os barracos em Porto Alegre e a observar possíveis fontes. Por ser uma reportagem que objetiva traçar as mudanças no perfil dos moradores de rua em Porto Alegre e entender quais fatores têm levado à construção dos barracos, a repórter recorreu a técnica da entrevista. Segundo Medina, no texto Entrevista: o diálogo possível (editora Ática, 1990),  ao contrário da espetacularização, a entrevista com finalidade de traçar um perfil humano não provoca gratuitamente, apenas para acentuar o grotesco, para  condenar a pessoa (que estaria pré-condenada) ou para glamorizá-la sensacionalisticamente. Esta é uma entrevista aberta que mergulha no outro para compreender seus conceitos, valores, comportamentos, histórico de vida . A reportagem ouviu dois moradores de rua, Ana Beatriz e Fábio, que têm perfis e histórias completamente diferentes: enquanto Ana mora nas ruas há apenas um ano, em um barraco solitário em uma grande avenida, Fábio vive nas ruas há 12 anos, e faz parte ocupação Aldeia Zumbi dos Palmares, única feita exclusivamente por moradores de rua no Brasil. A forte presença do jornal Boca de Rua em ambos relatos levou à necessidade de a repórter conversar com Rosina Duarte, jornalista fundadora da publicação. Além de Rosina, a reportagem ouviu a educadora social Veridiana Machado, a defensora pública e membro da Comissão dos Direitos Humanos da ALRS, Mariana Py Cappellari, e o doutorando em Geografia Leonardo Palombini. A repórter acompanhou, ainda, uma audiência pública realizada na ALRS, que tinha como foco dar voz às denúncias da população de rua sobre as violências sofridas. Os relatos colhidos nas entrevistas e na audiência pública foram costurados com dados do estudo censitário sobre a população de rua de 2016, do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com trechos da edição número 63 do Boca de Rua. Desde o planejamento, a reportagem se propôs a usar técnicas do jornalismo literário para narrar as histórias vividas pelos moradores de rua. Segundo Réche, em sua dissertação Narrativas da vida real: alternativa ao jornalismo tradicional? (Universidade Federal de Juiz de Fora, 2009),  a narrativas da vida real podem ser inseridas no chamado Jornalismo Literário, uma prática de reportagem que se utiliza de recursos de observação e redação tomados de empréstimo da literatura: narradores em primeira pessoa; recriação de cenas a partir do relato dos protagonistas; utilização de um texto mais livre, que recorre a metáforas e outras figuras de linguagem; imersão do repórter na realidade (uma das principais características da etnografia) e humanização . Ainda segundo a autora, as técnicas de teoria literária, quando aplicadas ao jornalismo na construção de uma narrativa da vida real, proporcionam ao leitor uma imersão em uma realidade que não é sua:  O jornalismo literário aplica a prática da narrativa a temas reais, relatando as ocorrências da vida em sociedade em um espaço-temporal ampliado, buscando contribuir para uma prática de conscientização da sociedade na tentativa de transformação da realidade. Nele, o fato frio é alinhado à participação pessoal dos leitores. Dessa forma, esses passam a observar a vida de indivíduos em contextos diferentes dos seus, o que pode mobilizar uma leitura interpretativa mais atenta e próxima à realidade em que vivem . Isso faz com que o jornalismo literário e as narrativas da vida real sejam o formato mais indicado para abordar histórias de vida e aproximar personagens e leitores, como é o caso da reportagem  A rua é a minha casa .</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A revista  Horizontes é o produto da disciplina Produção de Revista, que buscou contar, em 13 reportagens, histórias de Porto Alegre que costumam passar despercebidas no dia a dia da cidade. A reportagem  A rua é a minha casa ocupa 4 páginas e meia, da 19 a 23, sendo a mais longa da publicação. Seguindo o padrão de diagramação da revista, tem como abertura uma foto ocupando pouco menos de meia página. A foto escolhida mostra o barraco de Ana Beatriz, que imita a estrutura de uma casa: roupas estendidas em um varal, cadeiras, vasos de flor. Na fotografia aparece também Ana Beatriz, de costas, com uma vassoura na mão. Após encerrar a entrevista, ela se despediu da repórter e prontamente se pôs a varrer a calçada. A foto foi escolhida por exemplificar as construções de barracos similares a casas e também por revelar a preocupação de Ana Beatriz em manter o seu entorno sempre limpo. Por segurança das fontes, a repórter escolheu não identificar rostos nem sobrenomes dos moradores de rua ouvidos. A reportagem conta com um olho, que revela de antemão que a construção dos barracos é um reflexo da violência urbana, tese que será construída ao longo da matéria. O texto começa com a descrição da rotina de Ana Beatriz, e depois amplia essa realidade para os milhares de moradores de rua da Capital gaúcha. A matéria apresenta 8 intertítulos, que cumprem a função de mudar o foco narrativo e arejar o bloco textual, além de garantir uma pausa para o leitor recuperar o fôlego da leitura. Além da foto de abertura, a reportagem conta ainda com outras 10 imagens, todas coloridas. Há ainda dois boxes explicativos: o primeiro contextualiza o jornal Boca de Rua e a sua importância para a população de rua de Porto Alegre; já o segundo apresenta a ocupação Aldeia Zumbi dos Palmares. Os boxes ficam localizados próximos ao texto a que fazem referência, possibilitando que o leitor encontre informações complementares sem se perder na leitura. No fundo, para destacar, foi usada a cor cinza, por lembrar a cor das ruas e calçadas. Como a reportagem divide o espaço de sua última página com uma pequena matéria de outro repórter, para demarcar o espaço entre ela e o outro texto, também foi usado o cinza. Por isso, no fundo de toda a página 22, bem como na metade da página 23, estende-se a cor cinza, deixando clara a delimitação do espaço. Ao longo da apuração, a preocupação da repórter em registrar através da fotografia de celular diversos barracos resultou no projeto de um mapa colaborativo. Quando a reportagem conversou com Ana Beatriz, seu local de moradia era o mesmo há um ano, porém ela nunca havia recebido uma carta, não possuía CEP nem endereço certo. Pensando nisso, a repórter convidou, através das redes sociais, que pessoas enviassem fotografias de barracos, junto com a respectiva localização. As fotos, devidamente creditadas, foram inseridas no mapa colaborativo. Foram mais de 60 pontos registrados. Apesar de não constarem em nenhum mapa, tais endereços existem e fazem parte do cenário e da atual arquitetura de Porto Alegre, podendo ser encontrados em toda a cidade. Como o movimento dos moradores de rua pela cidade, o mapa não é fixo, e sim um retrato do movimento da população de rua em 2018. As informações sobre o mapa colaborativo ocupam o espaço da meia página final. Além de um texto que explica o projeto, está disponível o link onde o mapa pode ser encontrado, uma imagem dele e três fotos enviadas por colaboradores. A reportagem  A rua é a minha casa é uma publicação feita dentro da universidade, o que possibilitou com que fosse apurada e trabalhada com o tempo necessário para contar, com o devido tratamento, a realidade de alguns moradores de rua de Porto Alegre. Essa imersão proporcionou à repórter uma nova vivência e compreensão de mundo. Vivência que ela buscou compartilhar com todos os leitores, para que eles também pudessem experimentar a rotina vivida por quem que têm de fazer das ruas a sua casa.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>