ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00500</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT01</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp; Gota d'água : Livro infantil e a discussão de gênero e sexualidade na infância</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Heloísa Ferrira Gentil (Universidade Estadual de Maringá); Tiago Franklin Rodrigues Lucena (Universidade Estadual de Maringá)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em nossa sociedade ocidental, destacamos a forma com que os corpos são constantemente vigiados. Não diferente com as crianças, o discurso verbal e não verbal está presente enquadrando os indivíduos desde seu nascimento. Para Butler (2003, p. 59) "O gênero é a estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de ser.". Construção cultural, o gênero não é fixo, ele é fluido. Compreende-se como na sociedade ocidental o heterossexual é visto como a norma, tudo que foge da estrutura homem masculino e mulher feminina passa a ser combatido. Um exemplo, pode ser verificado na ansiedade dos pais pelo exame que sinaliza se a criança possui pênis ou vagina. Após os pais terem conhecimento do órgão genital, toda uma conjuntura da construção de sexo e gênero passa a ser instituída, se possuir vagina será menina e usará rosa, se possuir pênis será menino e usará azul. Para além das cores, a escolha pelo nome, as roupas, o comportamento, tudo passa a ser escolhido e vigiado. A diferença de gênero é constantemente reforçada, meninas brincam com meninas meninos brincam com meninos. Esse apagamento do corpo da criança não está somente no cotidiano, está tecida em toda a sociedade e também na linguagem. Os livros perpetuam a norma heterossexual, há pouca literatura infantil para as crianças que estão fora do limite do normativo.  Gota d água foi pensado e produzido no ano de 2018 pela aluna de graduação Heloísa Ferreira Gentil, no seu quarto ano de comunicação e Multimeios na Universidade Estadual de Maringá. O objetivo principal, foi o de produzir um livro infantil ilustrado que levantasse a discussão de gênero e sexualidade na infância. O título atribuído, faz referência a relação entre personagem Jojo, personagem principal, com a personagem Gota, que é representada como a figura que promove a problematização de gênero. O enredo da história apresenta a circunstância de que Jojo é impedida de brincar por outras crianças julgarem ser  coisa de menino . Com a situação, lágrimas surgem em seus olhos, e uma pequena gota cai. Essa gota, no entanto, surge como uma personagem que dialoga com Jojo acerca de gênero e sexualidade, proporcionando uma grande conversa sobre autoconhecimento. A escolha pela representação da personagem problematizadora ser uma gota, se deu pelo fato de que uma gota é fluida e maleável, o que se assemelha a concepção de gênero. Possibilitando a criança a problematização dos discursos normativos, a personagem Gota com metáforas propõe de maneira sutil compreender as infinitas possibilidades de interpretações de gênero, para além do azul e o rosa, uma infinita possibilidade de cores e tons. Diante de todo o conceito de gênero e sua fluidez, todas as ilustrações do livro foram feitas em parceria com uma aluna também da Universidade Estadual de Maringá do curso de Artes Visuais, sob a técnica de aquarela. Além das ilustrações, o livro foi pensado de maneira com que a criança tivesse a liberdade e a possibilidade de interação. Pensando nisso, utilizou-se de páginas duplas, brincando com conceitos normativos de horizontalidade e verticalidade, bem como, espaços para o leitor mirim ler, desenhar, pintar e escrever. Tornando dessa forma, o leitor coadjuvante da história. Na contemporaneidade sob a luz de um mundo de práticas discursivas e não discursivas, somos formados pelo o que escutamos e o que lemos. Não diferente na constituição da infância, as crianças estão crescendo e se constituindo em uma sociedade de discursos normativos.  Gota d água por meio da construção de uma narrativa a crianças de 8 à 10 anos, buscou vislumbrar caminhos para tensionar os discursos vigentes. Desta forma, procurou-se não somente um livro que promova a discussão, mas que auxilie crianças que não se enquadram nas caixas dos padrões heteronormativos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os processos metodológicos fazem referência aos procedimentos técnicos e teóricos seguidos pela pesquisadora, para a construção e desenvolvimento de um livro infantil. Dentro deste aspecto, destaca-se que o projeto tem caráter qualitativo, com métodos mistos (exploratório-experimental). Desta forma, a utilização dos referenciais bibliográficos e a análise desses dados foram pontos chave para a problematização central e a escolha pelo produto impresso destinado ao público de 8 à 10 anos. A pesquisa exploratória foi empreendida para se buscar sobre o tema  gênero . Considera-se também que um livro requer aproximação com as metodologias e etapas de criação próprias do design gráfico, que consideram a diagramação, disposição dos elementos na página, tipo de impressão e cores. Para tal, utiliza-se a  Psicodinâmica das cores de Farina (2006) e  Gestalt do Objeto de João Gomes Filho (2008). No processo de produção do livro, houve um levantamento bibliográfico a respeito dos estudos de gênero, com os autores: Guacira Lopes Louro (1977, 2000, 2001, 2013), Michel Foucault (1977, 1988) e Judith Butler (1990, 2003). Parte-se do pressuposto de Butler (1990, p. 200) que  O gênero não deve ser construído como uma identidade estável ou um locus de ação do qual decorrem vários atos; em vez disso, o gênero é uma identidade tenuemente constituída no tempo. . A partir desta consideração, o projeto buscou confeccionar um livro infantil que discute gênero, como uma forma de  pensar o livro para a infância enquanto possibilidade para repensar as normas que pretendem limitar e fixar rótulos para as crianças. (TAVARES, 2015, p. 28) Desta forma, optou-se por uma história simples, com metáforas e figuras de linguagem que abordassem a desconstrução de gênero com eventuais apoios de ilustração. As ilustrações em aquarela foram todas confeccionadas pela estudante de Artes Visuais, também aluna da Universidade Estadual de Maringá, Bianca Marçal. Para Bonnemasou (1995, p. 3) a aquarela  Graças ao seu veículo, a água, a aquarela possui na fluidez a sua principal qualidade, caracterizando-se o seu processo de realização pela espontaneidade. Sendo assim, a espontaneidade e a fluidez da tinta com a água sob o papel ilustram não somente esteticamente como ideologicamente a história. Busca-se através do produto tensionar e reconhecer um potencial de resistência com a narrativa da literatura infantil. Coelho (2000, p.15) demonstra como a literatura infantil é um agente de formação no processo de construção cultural da criança, para a autora, ao contrário do que o senso comum costuma reforçar, a palavra escrita é substancial no que diz respeito a ler a humanidade. Ao encontro de Coelho (2000, p.15) destaca-se a importância do livro enquanto meio de comunicação que não se esgota na modernidade. Com a convergência dos meios, o presente produto visa não constituir somente uma narrativa linear com discussões de gênero e sexualidade, mas através de mecanismos de dobras, de colorir desenhos, de brincar com a horizontalidade e a verticalidade proporcionar uma interação entre a criança e o livro. Dentro da conjuntura nacional de 2018, ano de eleições presidenciais, evidencia-se os discursos preconceituosos e as notícias falsas que se propagaram e termos como  ideologia de gênero encabeçaram discursos recheados de preconceitos que feriam o Código de Direitos Humanos. O  kit gay como eles denominaram pejorativamente, foi a notícia falsa que mais teve repercussão. O termo que eles utilizaram com preconceito, dizia respeito ao projeto  Escola sem homofobia , que foi desenvolvido para que professores compreendessem as diferenças de gênero e sexualidade na sala de aula. De maneira subversiva, o livro propõe com a personagem Jojo simbolizar crianças que estejam fora das fronteiras estabelecidas pela prescrição normativa do gênero e sexualidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O livro foi produzido com as medidas de 27 centímetros de altura por 21 centímetros de largura, para que a criança tivesse espaço suficiente para ler e colorir. A tipografia da fonte do título é a fonte  Pale Blue Eyes , a fonte possui traços que remetem a liquidez de uma escrita em aquarela. Disponibilizada gratuitamente e de domínio público, a fonte foi baixada pelo site Dafont.com. Para toda a história no miolo do livro, optou-se pela fonte  Gill Sans , também disponibilizada no Dafont.com no tamanho 16 para que as crianças pudessem ler com maior facilidade. Lourenço (2011, p. 102) ao investigar os tipos ideais de tipografias para livros infantis, percebeu como  No geral, Gill foi a tipografia favorita pelas crianças, mas não porque leram melhor, e sim pela qualidade visual que é importante. Com 24 páginas de miolo, o livro contém 7 pranchetas para impressão. Optou-se pelo formato catálogo para a gráfica pela qualidade das cores, também o papel da capa Off set Chambril FSC 240 g/m2 e o papel do miolo Off set Chambril FSC 240 g/m2. A escolha por um papel poroso se deu pela possibilidade das crianças aquarelarem fazendo com que a tinta se deposite no papel. A fim de propor interação com as crianças, algumas ilustrações feitas pela ilustardora foram confeccionadas para que as crianças tivessem a possibilidade de colorir. Também, pensou-se em um modo de interagir com espacialidade e corpo da criança, para isso, o livro contém três páginas duplas, as quais transformam-se em uma espécie de poster, com uma ilustração dupla e dois momentos de interação, um com a brincadeira do espelho para que a criança desenhe ela mesma com as cores que ama e outra com a brincadeira de misturar as cores primárias, para além das tonalidades azul e rosa. Pensou-se nas interações na vertical, para que assim o pequeno leitor possa perceber que existem outras possibilidades de ler o livro, propondo mais uma vez o respeito a pluralidade de possibilidades. Evidencia-se dessa forma a pluralidade de maneiras com que a criança pode ler o livro. O ritmo é garantido pelo leitor, as pinturas, as anotações e interpretações fazem do leitor mirim um coadjuvante da história.  Gota d água surge como a possibilidade de uma experiência que envolva novos olhares sobre as questões de gênero e sexualidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>