ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00846</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Quando deixei ele entrar</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Matheus de Souza Zilio (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Isabela Beatriz Lemos de Souza (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Thiliane Leitoles (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Suyanne Tolentino de Souza (Pontifícia Universidade Católica do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A etapa de criação do roteiro foi pautada na pesquisa de estilos e metodologias relacionadas à prática jornalística e cinematográfica. O objetivo era escrever um curta metragem que buscasse unir a compreensão racional do mundo  sem deixar o conceito artístico do cinema  com o documentário  sem seguir o estilo tradicional de se produzir uma história de não ficção. O cineasta escocês John Grierson (1932), acreditava que o documentário tinha um potencial na maneira de ser produzido, para ele, o conteúdo captado do  material cru seria sempre mais real do que algo encenado. Com isso em mente, foi necessário encontrar um caminho que comprovasse que é possível realizar um curta de não ficção sem precisar ser uma entrevista, e longe de algo muito ficcional. Para isso foi combinado dois estilos e métodos, relativamente novos, em ambas as áreas. O escritor e jornalista, Wolfe (2005), acreditava que a grande estratégia do novo jornalismo era obter, no texto, a qualidade  absorvente da ficção, fazendo com que o leitor se sentisse realmente inserido na história, embora mantendo-se sempre fiel à verdade. De acordo com Wolfe, o método era baseado em quatro mecanismos essenciais: as histórias são contadas cena a cena, ou seja, sem resumir toda a história; registrar os diálogos completos dos personagens; emprego do ponto de vista da terceira pessoa; e a descrição como elemento central da narrativa, apresentando o comportamento das pessoas envolvidas na história. Além desse modelo, John Hollowell dizia que existia a característica que ele chamou de um  monólogo interior , ou fluxo de consciência, no qual a narrativa se baseia no que pensa ou sente o personagem. Fundindo e seguindo o que Wolfe conceituou com o que Hollowell defendia, decidimos escrever um monólogo  próximo a um relato  da experiência que a nossa personagem viveu. Para o teórico americano Bill Nichols (2005), existem diversos tipos de documentários, entre eles o que mais chamou a atenção, para o respectivo trabalho, foi o conhecido como documentário performático. Nichols determina essa categoria como  um desvio da ênfase que o documentário dá à representação realista do mundo histórico para licenças poéticas, estruturas narrativas menos convencionais e formas de representação mais subjetivas (Nichols, 2005: 170). Segundo ele, os documentários performáticos fazem com que as pessoas se identifiquem através de uma carga emocional, deixando os aspectos do mundo objetivo de lado. Ou seja, através de composições que busquem se relacionar com o mundo real através das sensações que as coisas causam nas pessoas. Esse conceito foi essencial no momento de adaptar o monólogo para um roteiro de cinema. A partir disso, tínhamos uma pesquisa embasada sobre o que e como iria começar a produção. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A violência de gênero aparece como um conjunto de ameaças, agressões, maus-tratos, danos associados à exclusão, subordinação, discriminação e exploração da mulher. Quando essa e todas as outras formas de violência social, econômica, cultural e política contra as mulheres são toleradas e promovidas, não só o Estado perde sua identidade, como os cidadãos deixam de agir com igualdade. A agravação da situação se desenvolve negativamente a partir do momento em que não é conceituada como um problema social, e sim naturalizada e normalizada, sendo considerada um evento ou série de eventos extraordinários e chocantes (FREGOSO, 2010). Ainda de acordo com Fregoso (2010), a violência contra as mulheres é inerente à opressão de gênero em todas as formas: discriminação, inferiorização, desvalorização, exclusão, segregação, exploração e marginalização, entre outras. É um mecanismo político de dominação - que é entendido como o controle e a supremacia natural dos homens e das instituições sobre as mulheres, e que implica subordinação, punição e, em casos extremos, morte. Nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofrerem tentativa de estrangulamento, e 22 milhões passaram por algum tipo de assédio no Brasil. Entre os casos de violência, 42% aconteceu dentro de casa, e em 52% dos casos não houve denúncia ou procura por ajuda. Esses dados divulgados em 2019 pelo Datafolha mostram como o silêncio de uma vítima de abuso sexual é praticamente inerente à sociedade atual. Muito se discute sobre como a sociedade é machista e que as mulheres precisam se proteger para não passarem por situações desagradáveis. Porém, em vez de ensinar as novas gerações, essas abordagens que escondem e mascaram uma realidade estão apenas implementando na mente das meninas como e por que devem agir de tal maneira. Sempre reprimindo o potencial feminino e nunca o expandido para o mundo. A jornalista Débora Prado (2017), em seu livro Feminicídio: #InvisibilidadeMata, explica como o papel da imprensa é muito importante na formação de opinião, e também para colocar pressão nas políticas públicas, contextualizando e aprofundando o debate sobre violência contra mulher. Mas, de acordo com ela, infelizmente, as análises mostram que com frequência as coberturas das mídias reforçam estereótipos e culpam as vítimas, abordando as histórias de maneira sensacionalista e desrespeitosa. Esse ambiente inóspito e inseguro silencia vítimas que precisam começar a se abrir, mas como buscar ajuda se ninguém te escuta quando você tenta falar? A alternativa, na maioria das vezes, é seguir a vida sem estar completamente viva, sempre carregando aquele peso do que aconteceu, e nunca podendo dividir a dor com alguém. E é sobre isso que "Quando deixei ele entrar" conta, o impacto na vida de uma mulher. As mudanças devido a um trauma que, por consequência da sociedade, foi preciso ser engolido e ignorado. E através dessas pesquisas realizadas sobre o tema, foi possível encontrar um estilo narrativo para o nosso storytelling, de maneira que o assunto não perdesse a sua essência, nem se tornasse apenas mais um produto midiático sem nenhum valor humano. Baseamos toda a pesquisa na busca por um jornalismo mais humanizado. Cremilda Medina (2003, p.40) dizia que "é preciso abandonar o conforto das fórmulas engessadas nos manuais jornalísticos e ir ao mundo para viver o presente, as situações sociais e o protagonismo humano , esse pensamento foi o ponto de partida que encontramos. Permitir que a história que seria contasse tivesse o protagonismo em seus fatos, sem interferências externas. Ela também afirmou que  Histórias de vida que dão sentidos aos contextos sociais ficam à deriva perante a pirotecnia visual e gráfica (MEDINA, 1999, p.32), essa é a necessidade básica no storytelling hoje, deixar o subjetivo e focar em algo aprofundado e submersivo. As pessoas precisam identificar-se e aprender algo com o que seria contado. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia tem estado cada dia mais presente no cotidiano social, desde o seu surgimento no século XIX. Sua utilidade em diversas esferas e áreas da vida dos indivíduos fez da fotografia um instrumento de exposição dos sentimentos, e também uma maneira de registrar a cultura dos povos através dos tempos (FRANZON, 2012). Por isso, na construção do curta metragem, foi extremamente importante pensar nas imagens de maneira que elas atuassem como uma matéria ambígua ao que estava escrito, ou seja, que através da fotografia pudesse ser transferido o mesmo sentimento vivenciado ao ler o relato da personagem, mais especificamente, que transmitisse o que ela sentiu ao viver aquela história. Seguindo o modelo descrito por Bill Nichols, documentário performático, criamos uma ambientação semelhante à descrita pela personagem. E trabalhamos com uma atriz que pudesse expressar a situação da maneira mais próxima possível da realidade. Na questão técnica das filmagens, buscamos dramatizar o ambiente, trabalhando a luz de forma que ela ficasse  expressiva, retórica: dramatizada, psicologizada, metaforizada e eletiva. Que participe de um sentimento e de um sentido pleno e transparente (óbvio), ao contrário do mundo... Luz conotada, codificada (D ALLONNES, 1991, p. 7). Ou seja, através da luz, buscar exprimir as sensações para o espectador. A produção foi relativamente corrida, porque a equipe tinha um prazo muito curto, e pouco tempo para filmar. Por isso optamos em gravar em apenas uma diária. Estávamos em apenas três pessoas na parte técnica, e uma estava atuando. Tivemos problema com o equipamento de som, que estava apresentando um chiado no fundo, e de última hora foi preciso improvisar. Então enquanto algumas cenas gravamos com o boom, outras optamos em usar o próprio gravador do celular. Além disso, a estética tinha que seguir uma iluminação natural, porque não queríamos dar um aspecto muito cinematográfico para o curta. Por isso não fizemos uso de fresnel ou algum tipo de luz reproduzida. Outro grande problema, foi que conforme o tempo passava, foi ficando mais escura a luz natural que estávamos utilizando, e isso prejudicou em algumas das cenas, mas conseguimos amenizá-las com a edição. E por fim, o dia estava muito chuvoso, e no final da tarde o som da chuva atrapalhou as filmagens, mas conseguimos remover o barulho nas edições, sem problemas maiores. A escolha de fazer em uma diária foi a melhor, e como tínhamos um shooting board bem definido, e as plantas baixas bem feitas, o trabalho fluiu super bem. A expectativa da equipe estava alta, porque mesmo sabendo que o número de integrantes era apenas três, e que daria muito trabalho, nós sabíamos que estávamos alcançando nossa meta, porque tínhamos feito uma pesquisa prévia muito bem embasada. E apesar do cansaço no final do dia, a captação das imagens superaram as nossas expectativas. Na etapa de pós produção, optamos por não trabalhar muito a colorização das imagens, justamente pela necessidade de manter o produto o mais natural possível. Porém, pensamos que com cortes mais secos, na montagem, poderíamos trazer o sentimento que as cenas e a história buscavam transmitir. Também decidimos colocar um alerta - trigger warning - no início do vídeo, por apresentar cenas muito fortes para algumas pessoas, pensamos que seria necessário avisá-las que o conteúdo era pesado. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>