INSCRIÇÃO: 01020
 
CATEGORIA: JO
 
MODALIDADE: JO11
 
TÍTULO: Escolhe o teu destino no filho já nascido
 
AUTORES: Larissa Abrão Guimarães (Universidade Federal do Paraná); Myrian Regina Del Vecchio de Lima (Universidade Federal do Paraná)
 
PALAVRAS-CHAVE: , , , ,
 
RESUMO
O livro-reportagem "Escolhe teu destino no filho já nascido" trata como enfoque a adoção contemporânea, descrita como adoção monoparental - mãe ou pai solo - e por casais homoafetivos. O projeto foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ao longo de 2018 para a obtenção de título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Para retratar a adoção é preciso recapitular como o tema foi visto historicamente: uma herança cultural, na qual adotar significava "cuidar de uma criança abandonada ou necessitada". Muitas vezes a adoção é a opção para casais inférteis constituírem uma família. Tais conceitos formaram o mito da criança adotada ser o "filho de criação", um membro agregado à família. A prática também tem uma lógica única no Brasil: a "adoção à brasileira". Até os anos 1980, cerca de 90% das crianças adotadas eram registradas diretamente no cartório, sem passar pelos trâmites legais. Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, ocorreu a normalização das leis que abordam a adoção e a proibição da prática da "adoção à brasileira". Mesmo com o aparato legal, em 2008, a Associação dos Magistrados Brasileiros constatou em pesquisa que cerca de 66% dos participantes recorreriam a hospitais ou abrigos para adotar uma criança. De acordo com a lei, para adotar uma criança ou um adolescente, os adotantes precisam ter mais de 18 anos e a diferença mínima de 16 anos em relação à idade da criança. O pretendente pode ser solteiro(a), viúvo(a) ou manter união estável — casais homoafetivos ainda não estão incluídos diretamente na lei, mas podem adotar. O processo para habilitação obedece fases rígidas: reunião de documentos; petição para início do processo de inscrição; curso e avaliação; certificado de habilitação; e, aprovação no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Em 2016, 1.226 crianças e adolescentes encontraram um lar por meio desse processo. No ano seguinte houve um aumento, foram 1.716 adoções no Brasil. Durante as etapas, emerge a escolha do perfil da criança procurada pelos futuros pais. Especialistas observam que o perfil é idealizado: crianças brancas e menores de 4 anos. A conta do CNA não fecha. São 9.134 crianças e adolescentes para quase 45 mil interessados em adotar, segundo dados de outubro de 2018. Mesmo que os cálculos teoricamente sejam equilibrados, o perfil desejado pelos pais não é compatível com as crianças e adolescentes que esperam nos abrigos. A legislação da adoção acompanha as mudanças da sociedade, dentre elas, a formação de novas famílias por casais homoafetivos ou por monoparentais (só a mãe ou só o pai), ambas aqui tratadas como não-tradicionais ou contemporâneas. Fora do conceito convencional, da formação familiar com a figura do pai e da mãe juntos, estes novos núcleos familiares encontram na adoção uma forma de construir uma família, mesmo que sejam vistos com reservas pela sociedade ainda marcada pelo patriarcado. A relevância em discutir a adoção em um plano geral vem do desconhecimento do processo legal para adotar uma criança ou adolescente. A informação bem produzida em relação ao assunto é necessária para esclarecer tal trâmite, assim como a divulgação de um discurso que trabalhe pela desmistificação do filho adotado, por meio de especialistas que possam informar e refletir sobre a construção social desse novo integrante em uma família e suas implicações. O recorte específico aqui buscado, o da adoção no âmbito de famílias homoafetivas e monoparentais, evidencia a presença dessas famílias que não podem ser excluídas pela sociedade. É importante mostrar que existem famílias com duas mães, dois pais, com somente mãe ou somente pai; a sua existência não pode ser invisibilizada, muito menos a sua importância como núcleo familiar formado.
 
INTRODUÇÃO
Para a execução do livro-reportagem "Escolhe teu destino no filho já nascido" foi elaborada uma pesquisa extensa sobre o tema adoção e sobre o suporte escolhido, o livro-reportagem. As psicólogas Lidia Weber e Leila Paiva foram as principais teóricas utilizadas, devido ao fato que a adoção é tratada com maior profundidade na área da psicologia. As pesquisas passaram pelo histórico, a teoria da constituição familiar, a adoção monoparental e a adoção homoafetiva. A utilização desses estudos é fundamental para comprovar a hipótese que parte todo o trabalho: a família é constituída por laços afetivos. Neste contexto, também foram utilizados artigos publicados com pesquisas de campo com famílias constituídas por meio da adoção, valendo ressaltar o Relatório de Evidência Científica Psicológica sobre Relações Familiares e Desenvolvimento Infantil nas Famílias Homoparentais (2016) da Ordem dos Psicólogos de Portugal, que rebate inúmeros preconceitos em relação à adoção por casais homoafetivos. O apoio da legislação brasileira acerca do tema, tendo como fontes oficiais a Constituição Federal e o Estatuto da Criança, foram objetos de apuração detalhada. No âmbito jornalístico, Edvaldo Pereira Lima e Eduardo Belo constam como os autores que ofereceram a base para a produção do livro. Para a produção de qualquer reportagem é necessário levar em consideração os preceitos básicos do jornalismo. Eduardo Belo, em Livro-Reportagem (2014), deixa claro que o planejamento é fundamental durante a elaboração do livro. A pauta, a apuração, o texto e a edição são etapas que o livro-reportagem compartilha com o jornalismo diário, além do código de ética, com a diferença do tempo disponível para a produção da matéria e a extensão do resultado final. Mesmo não sendo o enfoque principal, o jornalismo literário e o new journalism foram abordados pela sua relação próxima com o livro-reportagem, fornecendo material teórico que apoia a prática e exercício da profissão. Para produzir esse material de forma mais acessível, permitindo que as histórias dos personagens pudessem ser exploradas em profundidade, a opção do livro-reportagem foi a mais efetiva. Por meio de pesquisas e entrevistas, a forma jornalística de se contar uma história permite o equilíbrio entre a divulgação de informação, com base na legislação e nos aspectos sociais e culturais relacionados à adoção; e a busca pela empatia do leitor, por meio das narrações de histórias marcadas pela sensibilidade necessária de personagens que encontraram na adoção a forma de construir sua família. Os dados disponíveis no site do Conselho Nacional de Justiça, responsável por sistematizar o Cadastro Nacional de Adoção, complementam a pesquisa e o livro, expondo a quantidade de crianças e pretendentes vinculados ao cadastro, possibilitando comparações e análises que procuram entender melhor o sistema. O estudo da legislação, por outro lado, está diretamente ligado ao recorte escolhido para a produção: adoções fora do padrão. O reconhecimento da família formada por casais homoafetivos e por mães/pais solo é essencial para que os direitos dos adotantes à adoção sejam respeitados. Para finalizar, também foram procuradas reportagens que abordassem adoção e o recorte específico da adoção contemporânea, para se observar como o tema era retratado pela sociedade e como o livro-reportagem poderia complementar o que já foi produzido acerca do tema.
 
OBJETIVO
Adoção monoparental e homoafetiva são temas pouco explorados, em específico em reportagens do jornalismo diário. No cotidiano, como foi observado em um conjunto de reportagens lidas e analisadas, o tema adoção por famílias monoparentais e homoafetivas até são abordados, mas nunca isoladamente, sempre fazem parte de um contexto maior. O suporte físico do livro-reportagem ainda vem como importante forma de veiculação da produção, mesmo com o crescimento das plataformas digitais, e dos e-books, o livro impresso segue vivo. ਀伀 爀攀猀甀氀琀愀搀漀  漀 氀椀瘀爀漀 ᰀ䔠猀挀漀氀栀攀 琀攀甀 搀攀猀琀椀渀漀 渀漀 昀椀氀栀漀 樀 渀愀猀挀椀搀漀ᴀ†挀漀洀 ㄀㄀㌀ 瀀最椀渀愀猀 椀洀瀀爀攀猀猀愀猀 挀漀洀 漀 椀渀琀攀爀椀漀爀 攀洀 瀀愀瀀攀氀 匀甀氀昀椀琀攀⼀伀昀昀猀攀琀 ㄀㈀ 最 攀 挀愀瀀愀 攀洀 瀀愀瀀攀氀 挀漀甀挀栀 ㈀㔀 最 挀漀洀 挀漀戀攀爀琀甀爀愀 昀漀猀挀愀⸀ 䄀 攀猀挀漀氀栀愀 搀漀猀 琀漀渀猀 愀稀甀氀 攀 搀攀琀愀氀栀攀猀 攀洀 氀愀爀愀渀樀愀 猀攀 搀攀甀 瀀攀氀愀 猀甀愀瘀椀搀愀搀攀 攀 猀攀渀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀 焀甀攀 漀 琀攀洀愀 渀攀挀攀猀猀椀琀愀Ⰰ 愀氀洀 搀漀 搀椀氀漀最漀 焀甀攀 愀猀 挀漀爀攀猀 攀猀琀愀戀攀氀攀挀攀洀⸀ 䄀 瀀爀漀瀀漀猀琀愀 瀀愀爀愀 愀 瀀爀漀搀甀漀 搀漀 氀椀瘀爀漀  愀 昀氀甀椀搀攀稀 搀愀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀Ⰰ 挀漀洀 愀 氀椀最愀漀 攀渀琀爀攀 攀猀瀀攀挀椀愀氀椀猀琀愀猀 攀 瀀攀爀猀漀渀愀最攀渀猀Ⰰ 挀漀渀琀愀渀搀漀 愀 栀椀猀琀爀椀愀 搀攀 愀挀漀爀搀漀 挀漀洀 愀 氀椀渀栀愀 挀爀漀渀漀氀最椀挀愀 搀攀 甀洀愀 愀搀漀漀㨀 漀 搀攀猀攀樀漀 椀渀椀挀椀愀氀 搀愀 愀搀漀漀㬀 漀 椀渀挀椀漀 搀漀 瀀爀漀挀攀猀猀漀㬀 漀 攀渀挀漀渀琀爀漀 攀渀琀爀攀 瀀愀椀猀⼀洀攀猀 攀 昀椀氀栀漀猀㬀 愀 昀漀爀洀愀氀椀稀愀漀 搀愀 愀搀漀漀㬀 攀Ⰰ 愀 挀漀渀猀琀爀甀漀 搀攀 甀洀愀 昀愀洀氀椀愀Ⰰ 焀甀攀 愀瀀攀猀愀爀 搀愀 猀甀愀 昀漀爀洀愀漀 搀椀昀攀爀攀渀琀攀 ጀ†挀漀洀 搀漀椀猀 瀀愀椀猀Ⰰ 搀甀愀猀 洀攀猀Ⰰ 漀甀 甀洀愀 洀攀 漀甀 甀洀 瀀愀椀 ⴀ  甀渀椀搀愀 瀀攀氀漀 愀洀漀爀Ⰰ 瀀攀氀愀 爀攀氀愀漀 猀愀甀搀瘀攀氀 攀 愀昀攀琀甀漀猀愀 攀渀琀爀攀 猀攀甀猀 洀攀洀戀爀漀猀⸀  O livro-reportagem foi estruturado em quatro capítulos e subsequentes subcapítulos, seguindo quatro histórias de adoção. A obra também conta com a breve introdução dos personagens, em “Adotados - Quem são eles e elas?”; e, especialistas, em “Referências na adoção”, feitas logo no início do livro. A reportagem em si conta com quatro capítulos: “Um primeiro olhar para a adoção”, “O sonho”, “O longo processo” e “A vida depois da adoção”. O livro conta com cinco especialistas, duas psicólogas - sendo uma delas da Vara da Infância e da Juventude, que coordena o processo, duas líderes de grupos de apoio à adoção e uma advogada. Para retratar histórias de adoção, foram contatadas quatro famílias, duas formadas por mães solo e duas formadas por casais homoafetivos. ਀䄀猀 昀漀琀漀最爀愀昀椀愀猀 昀漀爀愀洀 琀爀愀琀愀搀愀猀 攀洀 瀀爀攀琀漀 攀 戀爀愀渀挀漀㬀 攀 椀渀猀攀爀椀搀愀猀 攀渀琀爀攀 漀猀 挀愀瀀琀甀氀漀猀 搀漀猀 氀椀瘀爀漀猀Ⰰ 攀猀挀漀氀栀愀 樀甀猀琀椀昀椀挀愀搀愀 瀀攀氀漀 椀洀瀀愀挀琀漀 搀愀猀 昀漀琀漀最爀愀昀椀愀猀 攀 挀漀洀瀀愀琀椀戀椀氀椀搀愀搀攀 挀漀洀 愀 搀椀愀最爀愀洀愀漀 搀漀 氀椀瘀爀漀ⴀ爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀⸀ 伀 瀀爀漀搀甀琀漀  昀椀渀愀氀椀稀愀搀漀 挀漀洀 甀洀 最氀漀猀猀爀椀漀 搀攀 琀攀爀洀漀猀 甀琀椀氀椀稀愀搀漀猀 瀀愀爀愀 昀愀挀椀氀椀琀愀爀 漀 攀渀琀攀渀搀椀洀攀渀琀漀 搀漀 氀攀椀琀漀爀 渀漀 搀攀挀漀爀爀攀爀 搀漀 氀椀瘀爀漀⸀ 伀 愀爀琀椀昀挀椀漀  樀甀猀琀椀昀椀挀愀搀漀 瀀攀氀愀 渀攀挀攀猀猀椀搀愀搀攀 搀攀 椀渀昀漀爀洀愀爀 攀 搀攀戀愀琀攀爀 搀攀琀攀爀洀椀渀愀搀漀猀 琀攀爀洀漀猀 愀洀瀀氀愀洀攀渀琀攀 甀猀愀搀漀猀 猀攀洀 愀 渀攀挀攀猀猀椀搀愀搀攀 搀攀  椀渀琀攀爀爀漀洀瀀攀爀 愀 氀椀渀栀愀 渀愀爀爀愀琀椀瘀愀 搀漀 氀椀瘀爀漀ⴀ爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀⸀ 䌀漀洀漀 攀砀攀洀瀀氀漀Ⰰ 愀 猀甀最攀猀琀漀 搀攀 猀甀戀猀琀椀琀甀椀爀 漀 琀攀爀洀漀 ᰀ愠搀漀漀 琀愀爀搀椀愀ᴀ†瀀漀爀 ᰀ愠搀漀漀 搀攀 挀爀椀愀渀愀猀 洀愀椀漀爀攀猀 漀甀 愀搀漀氀攀猀挀攀渀琀攀猀ᴀ⸠  Pressupõe-se que a imagem da adoção apenas como atitude altruísta revela a desinformação sobre o tema; e que as novas famílias formadas por mães solo e casais homoafetivos estão sendo construídas, inclusive por meio da adoção, acompanhadas dos preconceitos pela divergência do núcleo familiar tradicional. Diante disso, aparece uma dupla problemática do filho adotivo dentro de uma família considerada não tradicional, vista sob um olhar julgador da sociedade. No livro foram reunidas histórias de famílias monoparentais e de casais homoafetivos sobre essa relação de amor, escolha e gratidão.਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀