ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01068</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO12</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Visibilidade interior: um olhar ao movimento LGBTI+ de Chapecó</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;ANA CAROLINI FRAGOSO (Universidade Comunitária da Região de Chapecó); Angélica Lüersen (Universidade Comunitária da Região de Chapecó)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A cada 19 horas uma pessoa LGBTI+ é morta no Brasil que ocupa, segundo dados divulgados em novembro de 2017 pela Organização Não Governamental Transgender Europe, o posto de país que mais mata LGBTI+ no mundo. A pesquisa realizada há oito anos pela Transgender Europe contabiliza 2.265 mortes de transexuais e transgêneros em 68 países. Desse total, o Brasil soma 900 mortes, estando no topo da lista. De acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), no último ano o país bateu o próprio record, contabilizando 445 mortes na comunidade LGBTI+, sendo 387 assassinatos de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis e 58 suicídios. Deste número, que foi o maior em 38 anos de mapeamento de dados pelo GGB, 45 casos foram registrados na região Sul. Os dados coletados em 2017 pelo GGB revelaram que 30,8% dos assassinatos foram praticados com arma de fogo. Foi possível constatar também através do relatório de 2017 que 43,6% dos assassinados foram gays, contabilizando 194 mortes, seguidos por 191 casos de travestis e transexuais e 43 lésbicas. O boletim oficial do Grupo Gay da Bahia ainda mostra o dado mais alarmante: a maior parte das mortes, contabilizando 56%, ocorreram em vias públicas, seguidas de 37% ocorridas dentro da própria residência e 6% em estabelecimentos privados. Apesar da importância do levantamento, que é reconhecido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, os dados apenas fazem referência aos casos de homicídios por homofobia, não havendo dados que mapeiem os casos de violência e abuso sem mortos. Casos de intolerância e homofobia, sejam eles contabilizados ou não, contrastam com a imagem de um país tolerante e sexualmente aberto. O Brasil tem a maior Parada LGBTI+ do mundo, que ocorre anualmente na Avenida Paulista em São Paulo e reuniu no último ano cerca de 3 milhões de pessoas, mas ainda é o país que mais mata LGBTI+ no mundo. Nesse sentido, a introdução e fomento da luta de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis tem se mostrado mais do que resistência que aumenta gradualmente no país, ela parece ser uma necessidade na garantia de visibilidade e direitos desta comunidade. Através de intervenções, protestos e paradas, a comunidade LGBTI+ têm aumentado sua visibilidade, chamando a atenção da população ao estampar capas de jornais e sendo tema de pesquisas e trabalhos científicos. Neste cenário, surge a União Nacional LGBT Chapecó (UNA- Chapecó) em 2016, organização social que atua há três anos na cidade buscando a garantia de direitos e visibilidade. Apesar da recente organização LGBTI+, a cidade de Chapecó tem se mostrado polo de resistência e representatividade desta comunidade, sendo a primeira da região a possuir tal organização. Em um cenário LGBTI+ ainda crescente em Chapecó e região, o projeto se justifica não apenas pelo seu importante papel social jornalístico ao que diz respeito ao registro dos primeiros passos da luta LGBTI+ na cidade de Chapecó, mas sim pela importância da visibilidade desta comunidade através de relatos e vivências de personagens, reforçando suas causas e motivações na luta por respeito, segurança e direitos básicos. Se apropriando dessa ideia, o Projeto "Visibilidade Interior" expõe ao público, através de fotografias, recortes e registros obtidos durante a Terceira Parada LGBT de Chapecó e Região, realizada em 10 de junho de 2018. Visibilidade Interior é um projeto experimental realizado no ano de 2018, sob orientação da professora Angélica Lüersen. Para alcançar seus objetivos, o trabalho faz breve mapeamento histórico da luta dessa comunidade no Brasil, utilizando de dados e entrevistas como complemento à exposição através de textos legenda. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia no jornalismo existe como elemento que, simbolicamente, busca retratar a realidade social SOUSA em News values nas "fotos do ano" do World Press Photo: 1956-1996 (1997. Disponível em <http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-pedro-jorge-news-values.pdf>). Ainda em acordo com Sousa (1997), que utiliza de diversos estudos americanos realizados nas décadas de 80 e 90, grande parte das pesquisas em fotojornalismo são voltadas às aspectos de recepção das mensagens contidas nas imagens, e geralmente chegam à conclusão que as fotos são utilizadas como forma de agregar informação ao texto ou enunciado, por sua vez chamando mais atenção e preferência de leitura. Assim, em estudos efetuados, Woodburn, Miller e Blackwood (1947,1991,1975 apud SOUSA 1997), mostraram que a primeira impressão obtida por um leitor provém da fotografia, que lidera a leitura, principalmente em produções impressas. Neste ponto, podemos nos apropriar das colocações de Sousa (1997), que sugere que muito do texto não é absorvido pelo receptor da notícia. Com base em estudos de recepção, Sousa (1997) ainda acrescenta que o texto escrito tende a estar associado com a informação, factualidade e racionalidade, deixando para a fotografia a sensação de emoção. No jornalismo, a fotografia pode ilustrar determinada realidade social ou fato, muitas vezes contando com legenda como forma de agregar informações, trabalhando em conjunto com a foto. Adentrando a fotografia como registro do real, os estudos iniciais sobre o assunto tinham a fotografia, antes analógica, como "percepção imóvel da realidade sob o prisma do testemunho em recorte espaço-temporal" (AVANCINI, A imagem fotográfica no cotidiano: significado e informação no jornalismo. SBPJor, 2011,p.51), assim atuando enquanto informação e registro de memória. Nos estudos do século XIX, a imagem fotográfica era vista como um retrato do real, possuindo legitimidade documental e histórica já que era um fragmento de determinado tempo e espaço (AVANCINI, 2011). Nos anos 30, Henri Cartier-Bresson, considerado o pai do fotojornalismo, surge como fotógrafo fazendo retratos de flagras do cotidiano. Utilizando prática de não se opor ao assunto ao qual fotografava, Cartier-Brasson compactuava com o relativismo de recorte, onde a imagem jamais registra o todo ao qual está vinculada (AVANCINI, 2011). Em seu livro de 1986, Cartier-Bresson cita o que intitula "momento decisivo", que é conceituado como uma decisão, primeira ação, motivada por algo invisível. Neste ponto, me aproprio do pensamento de Bresson ao fazer um registro da Terceira Parada LGBTI+ de Chapecó. Assim, os registros fotojornalísticos são um recorte de uma realidade, uma parcela de toda a experiência possibilitada pelo evento. Os recortes dizem respeito aos olhares da fotógrafa ao selecionar momentos e emoções transmitidas durante o evento pela comunidade LGBTI+. Avancini (2011) conceitua o fotojornalismo como a prática de contar histórias através de imagens que buscam não apenas ilustrar, mas conversar com o texto escrito, onde um elemento deve complementar o outro. Em acordo às constatações de Avancini (2011) , SOUSA ( em Uma história crítica do fotojornalismo ocidental, Letras Contemporâneas, 2000, p.79) ressalta a quebra da visão da fotografia como mera ilustração, atribuindo a ela um novo papel "determinante na informação, na interpretação, na contextualização e na explicação dos assuntos" nas produções jornalísticas pós guerras mundiais. Desta forma, pode-se compreender a importância e o papel da fotografia como uma forma de linguagem própria que pode utilizar de texto como complemento, bem como pode ilustrar e aparecer como complemento à reportagem textual. Apesar deste papel fundamental como complemento, é necessário compreender a imagem como expressão própria, já que utiliza técnicas específicas para gerar o impacto desejado no público receptor.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto surgiu como uma proposta de produção de reportagem multimidiática para web, que disporia de texto, foto e vídeo em plataforma interativa para web. No entanto, com o fomento de debates e a crescente abordagem sobre os mais variados temas relacionados ao mundo LGBTI+ na mídia e nas redes sociais, viu-se a necessidade de criação de um conteúdo que fosse diferente aos demais buscando o alcance de um público leigo ao tema. Adaptou-se o projeto para uma exposição fotográfica aberta ao público, inicialmente sendo realizada nos corredores da Unochapecó entre os dias 26 à 30 de Novembro de 2018. A exposição contou com 20 fotografias, sendo 11 em tamanho 20x30, 8 em tamanho 15x21 e 1 em tamanho 30x40. Do total, 9 registros foram realizados durante a Terceira Parada LGBTI+ de Chapecó e Região e 11 são fotografias de retrato registradas durante as entrevistas com os personagens. As fotografias foram dispostas em 3 painéis de tamanho 90x70, sendo subdivididas de acordo com temáticas centrais de cada painel e contaram com texto legenda para situar o observador e contextualizar as informações dispostas através das fotografias. Para a apresentação no evento, optamos por um recorte da totalidade do conteúdo produzido entendendo que, neste caso, a utilização de retratos sem o complemento dos textos legenda poderia limitar a experiência e construção de sentidos propostos na exposição. Assim delimitamos a apresentação à 9 fotografias registradas durante a Terceira Parada LGBTI+ de Chapecó e Região como recorte do trabalho experimental de conclusão de curso. Para alcançar os resultados finais, o primeiro passo para concretização do projeto foi a pesquisa bibliográfica, que buscou conceituar o papel da fotografia no jornalismo. Utilizando conceitos propostos pelos autores, o segundo passo foi a busca por informações sobre a história do movimento LGBTI+ no mundo e no Brasil. Desta forma foi possível construir base de conhecimentos e informações que serviram como norte para a realização das entrevistas. Após o embasamento teórico para a compreensão e coleta de informações, foram estabelecidas questões base para as entrevistas aos personagens. A ideia da entrevista foi baseada na necessidade de compreender e retratar o cotidiano de membros da comunidade LGBTI+ em cidade do interior, afim de aproximar o observador à história reais em contraste aos momentos de resistência captados durante a Parada LGBTI+. Os temas das perguntas que nortearam as entrevistas foram: história e envolvimento com o meio LGBTI+; relação e aceitação familiar; conhecimento e reconhecimento enquanto LGBTI+ (de forma interpessoal); relação com os amigos, trabalho e sociedade enquanto LGBTI+. Após as entrevistas, foram efetuados registros durante a Terceira Parada LGBTI+ de Chapecó e Região, organizado pela UNA LGBT de Chapecó. O evento ocorreu no dia 10 de junho de 2018 e contou com a participação de milhares de pessoas de toda a região Oeste de Santa Catarina. Para os registros da Parada, optou-se por fotografar detalhes e recortes de momentos sem interferência da fotógrafa buscando retratar emoções e desenvolvimento da mobilização. Como forma de retratar a resistência LGBTI+ durante a Parada, optou-se por técnicas de fotojornalismo, onde as fotografias são recortes da realidade ocorrida no evento, sem qualquer interferência da fotógrafa. Para tanto, foi utilizada câmera Canon T3, com lentes fixas 50mm e 24mm e com luz natural. Na pós-produção, foi efetuada seleção das fotografias, bem como edição para regulação de tonalidades e exposição através do Adobe Lightroom. Após a finalização do processo de edição, as fotos foram reveladas em papel fotográfico nos tamanhos 15x21, 20x25, 20x30 e 30x40 e dispostas em três painéis de tamanho 90x70.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>