ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01074</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;A criança do porta-retrato</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Maria Fernanda Mileski de Paula (Universidade Federal do Paraná); José Carlos Fernandes (Universidade Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A série de reportagens A criança do porta-retrato foi apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso da graduação em Jornalismo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A publicação aborda a busca da identidade e o reconhecimento de crianças e adolescentes transgêneros. No país que lidera o ranking de assassinatos de transexuais no mundo, segundo dados da ONG Transgender Europe, de 2018, a crescente abertura social sobre o tema torna compreensível a ascensão da discussão sobre a transgeneridade. Um exemplo é a personagem  Ivana , da novela A força do querer (2017), de Gloria Perez. Na emissora global, a atriz Carol Duarte interpretou cenas tocantes sobre o processo de reconhecimento e transição para o gênero masculino. Foi a primeira vez que uma novela brasileira fez abordagem contundente sobre a transgeneridade. No campo do Jornalismo, um mapeamento realizado para este Trabalho de Conclusão de Curso apurou que, entre janeiro de 2017 a novembro de 2018, foram publicadas cerca de 45 reportagens sobre a temática de identidade de gênero na edição impressa do jornal Folha de S. Paulo. Ainda assim, a falta de conhecimento é um dos fatores que geram a discriminação. Uma associação que desencadeia inúmeros preconceitos é a confusão sobre os termos sexo, identidade de gênero e orientação sexual. É preciso esclarecer as diferenças: gênero se refere a como a pessoa se identifica; sexo se refere ao órgão genital com o qual um indivíduo nasce; e orientação sexual se refere à preferência afetiva. Quando a pessoa se identifica com seu sexo biológico, ela é denominada cisgênero. Quando não há identificação, é transgênero.O termo transgênero significa o sentimento intenso de não pertencimento ao sexo anatômico, o que pode acontecer já na infância, segundo Márcia Arán em A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero (Ágora, 2006). Já Letícia Lanz, em seu livro O corpo da roupa (Transgente, 2015), vai mais a fundo na definição. Para a psicanalista, a pessoa transgênera diverge entre sua expressão de gênero e as normas socialmente aceitas pela categoria de gênero que recebeu ao nascer. As normas a que Lanz se refere revelam estereótipos e padrões de comportamento que são apresentados às pessoas como naturais. Por exemplo, que meninos devem vestir azul e meninas rosa, ou que homens não devem se maquiar e mulheres não devem deixar seus pelos crescerem. Desde muito cedo, a questão de gênero assume um caráter altamente opressivo na vida das pessoas transgêneras. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou, em 2018, o Mapa de Assassinatos de Travestis e Transexuais, que apresentou a estimativa de uma morte a cada 48 horas dessa população no Brasil. A produção de verdades e de um discurso que ignora a comunidade trans provoca a exclusão. Não há no Brasil maneiras de quantificar a população transgênera. Mesmo em uma busca no Google, não se encontra tal informação. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também não inclui a opção transgênero em seus levantamentos. Esse vazio de números apresenta para a pessoa transgênera uma opção: a vulnerabilidade e a falta de serviços sociais destinados a essa população. A infância e a adolescência de pessoas transgêneras também são fases difíceis e abusivas pela represália sofrida a partir de algumas famílias, por colegas da escola e pela sociedade em geral. O Mapa de Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil revelou, ainda, mais um importante dado: 13 anos é a idade média em que transexuais e travestis são expulsos de casa pelos pais. Parte da ausência de dados, quando o foco são crianças transgêneras as informações se mostram ainda mais escassas e difusas. A transição começa com a aceitação, tanto pela pessoa, quanto pelas famílias (isso porque, a família é um agente importante no caso das crianças e adolescentes). Dessa forma, a série de reportagens se insere nesse cenário, e tem o objetivo de contribuir socialmente como base de informação.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O levantamento de dados foi uma constante que norteou toda a produção da série A criança do porta-retrato. Obter informações sobre o tema, antes mesmo de partir para as entrevistas em campo, contribuiu para a obtenção de maior segurança e eliminação de certas imprecisões no período de escrita das reportagens. Para Luiz Costa Pereira Júnior, em A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa (Vozes, 2006), o texto vem da apuração, que quanto maior for, melhor tornará a reportagem. Portanto, a pesquisa foi primordial na investigação e na elaboração do material. A leitura sobre o tema aconteceu com obras jornalísticas e não jornalísticas. O objetivo foi colher informações da transgeneridade a partir de vários vieses: da abordagem clínica, psicológica, social ou no campo da educação. Livros como: Longe da árvore, de Andrew Solomon; O corpo da Roupa, de Letícia Lanz; Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade, de Judith Butler; entre outros, foram o mote para o mergulho no tema do TCC. No campo das produções jornalísticas O nascimento de Joicy, da jornalista Fabiana Moraes, foi a primeira leitura. O livro-reportagem retrata a história da ex-agricultora Joicy, que procura o serviço público de saúde para realizar a cirurgia de redesignação sexual. A obra é um retrato, também, sobre a relação entre repórter e personagem. Outras produções usadas como pesquisa foram: Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch, e O olho da rua, de Eliane Brum. A leitura destes livros se justifica, principalmente, pela análise e conhecimento de obras do jornalismo literário. A produção da série foi precedida por pesquisas sobre a abordagem jornalística da reportagem. Foram consultados livros como: Jornalismo e literatura: a sedução da palavra, organizado por Gustavo de Castro e Alex Galeno; Jornalismo Literário, de Felipe Pena; e Páginas ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura, de Edvaldo Pereira Lima. No entanto, não foram somente de publicações em papel que a pesquisa foi realizada. A apuração também contou com a análise de documentos, acontecimentos sobre o tema e pesquisas na internet. No ano de 2018, episódios como: o reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, do direito de alteração de nome e gênero no documento de registro civil, independente da cirurgia de redesignação sexual; a morte de João W. Nery, primeiro homem transexual a fazer uma cirurgia de redesignação no Brasil; e a eleição de Erica Malunguinho da Silva, primeira trans a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, colocaram o tema deste trabalho na esfera pública. A maior aplicação da transgeneridade em pautas da imprensa nacional era uma hipótese. Essa investigação se deu de forma mais específica por meio de um mapeamento de reportagens que envolvem gênero e transgeneridade na edição impressa do jornal Folha de S. Paulo, entre janeiro de 2017 e novembro de 2018. Esta etapa colaborou no conhecimento da maneira com que a transgeneridade vem sendo retratada pelos veículos de comunicação do país e, também, auxiliou na análise da produção em jornalismo literário a partir do tema. Das reportagens coletadas, quatro publicações diziam respeito à infância e a família; três sobre o reconhecimento das identidades de gênero não binárias na educação; e quatro eram depoimentos  presentes no jornalismo diário, assim como na série de reportagens A criança do porta-retrato. A etapa de pesquisa e apuração também contou com uma listagem de filmes e séries que são bases de informação, fontes de histórias e inspirações. Alguns deles: Meu nome é Ray (2015); Crescendo como Coy (2016); Laerte-se (2017); entre outros. Na construção da série de reportagens, a apuração e a checagem estiveram presentes em todo o processo de produção, também em concomitância com as entrevistas das famílias e especialistas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ideia inicial do Trabalho de Conclusão de curso e da série de reportagens, A criança do porta-retrato era escrever capítulos que identificassem temas cruciais para uma criança transgênera. Intercalados entre esses capítulos estariam os perfis das famílias entrevistadas. O projeto inicial passou por mudanças. Por meio das entrevistas, tanto com personagens quanto com especialistas, o trabalho tomou uma nova forma. Ao fim da produção, o resultado foi uma série de quatro reportagens. A primeira delas é um depoimento de Daniel, pai de Ana Carolina, de 9 anos (os nomes foram modificados para preservar a identidade da família). As três seguintes são reportagens intercaladas com depoimentos menores  de Brenda Ferrari, Claudete Maria Boehm e Noah (o nome foi modificado para preservar a identidade da pessoa). Inspirado no livro Vozes de Tchernóbil, da jornalista bielorrussa e Nobel de Literatura de 2015, Svetlana Aleksiévitch, a série inicia com um depoimento. Trocar o perfil pelo recurso do depoimento foi uma decisão tomada diante da força das entrevistas, que seriam preservadas neste tipo de texto jornalístico. Para Monica Martinez, em Jornada do herói: a estrutura narrativa mítica na construção de histórias de vida em jornalismo (Annablume, 2008), o depoimento deixa de ser um elemento parafraseado pelo jornalista, nas vezes que há a identificação da força da história e a decisão em não tirá-la da voz de quem contou, dando-lhe existência própria. Os três depoimentos seguintes giram em torno da temática de cada reportagem. A organização dos textos seguiu a proposta inicial da série, que era retratar episódios cruciais e comuns na vida de uma criança ou adolescente transgênero, principalmente em torno dos espaços sociais que frequentam, como grupos familiares e a escola. A escolha dos títulos:  Transparecer ,  Transbordar e  Transformar seguiu uma lógica de acompanhar o processo de reconhecimento e transição de pessoas transgêneras, por isso a opção por palavras que iniciam com a sílaba  trans . O texto foi escrito e editado com a finalidade em desenvolver características do jornalismo literário na reportagem, principalmente na descrição das fontes e dos ambientes. Cada uma das reportagens foi revisada pelo orientador do TCC. O título  A criança do porta-retrato é uma provocação, e busca representar a relação respeitosa da família com a transição da criança ou do adolescente para o gênero que se identifica. Isso porque, as imagens nos álbuns de fotografia imprimem uma criança diferente do que são no presente. A proposta deste Trabalho de Conclusão de Curso foi quebrar a lógica e resistência social sobre as informações da infância e adolescência transgênera, e representá-las com humanidade e livre de preconceitos, principalmente porque o Brasil se destaca em relação a outros países na discriminação e violência contra a população trans. Sendo assim, é um material que retrata, além da infância e adolescência, a história de famílias que apoiam as escolhas de seus filhos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>