ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #c7181a"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01358</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Caximba, presente!</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Gustavo Schmid Queiroz (Universidade Federal do Paraná); José Carlos Fernandes (Universidade Federal do Paraná)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #c7181a"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A constituição do espaço urbano no Brasil é, historicamente, segregadora. A experiência de Curitiba-Pr mostra que a instalação de planos norteadores do crescimento urbano não impediu o aumento de áreas de ocupação irregular na periferia. Uma comunidade que se desenvolveu ao sul do município - as vilas que formam a  Ocupação 29 de Outubro  é um exemplo dessa situação. A proximidade com os rios Iguaçu e Barigui e com o antigo aterro sanitário de Curitiba, somada à baixa renda dos moradores e à falta de serviços básicos, geram informalidade habitacional, risco ambiental e situações precárias de infraestrutura. No centro deste processo, a juventude que ali mora tem dificuldade de viver circuitos juvenis próprios, ainda que encontre respostas criativas às necessidades diárias. No território se desenvolvem os problemas urbanos que, a rigor, afetam a juventude, quais sejam, a insegurança, a difícil mobilidade, a falta de opções de lazer, o desemprego, o tráfico. Com o objetivo de criar um perfil deste local, a partir dos desafios e conquistas que a realidade apresenta, o projeto  Caximba, Presente! , desenvolveu uma série de reportagens para a web inspiradas a partir de oficinas de educomunicação desenvolvidas com os moradores da comunidade. Em uma experiência de imersão que estabeleceu um diálogo entre Comunicação, Educação e Antropologia, a prática do projeto está vinculada à proposta de jornalismo cívico, ou cidadão: a agenda local é a centralidade da notícia e a própria comunidade participa do processo de produção midiática, numa perspectiva  desde dentro . As oficinas de educomunicação foram facilitadas pelo autor do projeto, e incluíram o Núcleo de Comunicação e Educação Popular da Universidade Federal do Paraná e o Ministério Público do Paraná na realização. O objetivo das oficinas foi o de criar caminhos para a crítica de mídia, definição de pautas para a comunidade, reconhecimento de espaços de participação e, por fim, a identificação de personagens e situações importantes à produção da reportagem. A série de produtos multimídia compreende três grandes reportagens em texto, vídeo, foto, foto em 360º, mapa interativo, infográficos, linha do tempo interativa e gif, além de dois perfis sobre os moradores, duas entrevistas com especialistas e galeria. Alguns materiais utilizados são decorrentes da oficina, como um mapa afetivo desenvolvido pelos adolescentes. O Projeto  Caximba, Presente foi desenvolvido no âmbito da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade Federal do Paraná. O nome, recorrente no movimento social e significativo durante o ano de 2018, foi escolhido em virtude da invisibilização do bairro, afastado 27 quilômetros do centro urbano, em uma cidade cujo modelo de planejamento deixa de ser sinônimo de boas práticas. O objetivo foi desenvolver um produto jornalístico capaz de engajar a comunidade, mapear as relações no território, reconhecer as lideranças, desvelar o contraditório mapa habitacional e a legislação definida para o local e, finalmente, elencar as pautas definitivas dos moradores - a fim de, na outra ponta, qualificar as políticas públicas e promover ações no território. A prefeitura do município tem projeto desenvolvido para o local, e pretende alocar ao menos mil famílias que vivem na beira do rio, mas a população reclama da morosidade do processo e da falta de consulta popular. A ocupação, tal qual é hoje, surge após o congelamento do déficit habitacional em Curitiba, pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o que mostra que o município não previu o crescimento da  29 . Este descompasso entre uma política de governo e o ininterrupto déficit habitacional da cidade, a existência de subhabitação e a presença da maior ocupação do estado dentro do território de uma capital dita modelo em planejamento merecem ser objeto de estudo e reportagem. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir do início dos anos 2000, a Caximba esteve entre os cincos bairros de Curitiba com maior taxa de crescimento de moradores em assentamentos irregulares e loteamentos clandestinos. No local, incidem uma série de legislações que criam um imbróglio jurídico e habitacional. Neste cenário, quando lembrada pela mídia, a mensagem costuma focar na pobreza e a violência reveladas na ocupação. Por isso, esta série de reportagens se fundamenta nas propostas de jornalismo cívico, ou cidadão, ao entender que a primeira lealdade do jornalismo é com os cidadãos. É o que afirmam Kovach e Rosentiel (2003, p. 83) na produção  O que os jornalistas devem saber e o público exigir . O compromisso com os cidadãos é mais do que egoísmo profissional, o jornalista tem um compromisso social. A proposta ideal desta aproximação é de que o olhar do jornalista e o olhar do antropólogo, conjunto ao  de perto e de dentro (MAGNANI, 2007), formem um único contínuo em uma experiência de reportagem de imersão. Isso proporciona o desenho de um novo perfil de jornalista-participante e permite um alargamento da democracia participativa e uma nova aproximação com os leitores. Em regiões de periferia, nas quais a presença do poder público é fraca, é possível observar como as pessoas buscam  fazer a cidade . Isto é o que Michel Agier (2011), na obra  Antropologia da Cidade , chama de  antropologia da cidade relacional . A relação do homem com a cidade surge a partir da habitação, parentesco, abastecimento, trabalho, consumo, lazer, vizinhança e mobilidade. Todas as formas de interação promulgadas pelos atores, superficiais ou profundas, mais ou menos conscientes, compreendem o ser cidadão. A rigor, o jornalismo também permite a experiência desta relação. A própria responsabilidade social do jornalista é promulgada pela recorrência ao interesse público. Com este objetivo, o projeto desenvolveu uma série de oficinas de educomunicação, conceito de Ismar Soares, com moradores jovens da Caximba, como oportunidade de aproximação e percepção da realidade. Na prática, a educomunicação deseja  educar para a mídia ;  educar por meio da mídia e  educar com a mídia (VIEIRA et al, 2011, p. 20, Projeto Nossa Mídia UFPR). Na prática, o interlocutor é provocado a pensar a própria vida, o território, a comunidade: temas importantes para um especial de reportagem. A partir daí, analisa e desenvolve um olhar crítico sobre os materiais disponíveis na mídia referentes à determinado tema e, por fim, produz conteúdo midiático, a partir de um olhar  de dentro e com as ferramentas que tem em mãos. A capacidade de estabelecer uma relação com o receptor é um aspecto caro à produção jornalística. Segundo Muarrek (2006,  Comunicação de Interesse Público ), a participação ativa dos cidadãos na constituição do interesse público legitima as ações de comunicação sobre determinado objeto. Ao considerar a esfera pública como pressuposto à democracia, a internet é colocada como uma forma contemporânea de elaboração deste espaço, dada a possibilidade de interação entre diferentes públicos e de impulsão da participação política. A tecnologia não elimina as restrições geográficas, mas é certo que o ambiente da rede online cria novas formas de sociabilidade, formação identitária e linguagens de distribuição de conteúdo, por meio, por exemplo, da hipertextualidade, a multimidialidade e a interatividade, próprias do discurso digital (LONGHI, 2010,  Estudos em Comunicação ). Reportagens para a web que trabalham com elementos de mídia integrados, como o som, o texto e a imagem têm este potencial inclusivo. Este tipo de produto permite aprofundar temas complexos, além de facilitar e impulsionar acesso às pautas comunitárias. Em linhas gerais,  Caximba, Presente! , compõe este tipo de produção em jornalismo digital, fundamentada no jornalismo cidadão, com o objetivo de desvelar o bairro da Caximba no imaginário urbano de Curitiba. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #c7181a"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Conforme apresentado anteriormente,  Caximba, Presente! foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolvendo uma série de reportagens multimídia publicadas no endereço www.caximbapresente.org. Diante da necessidade de aproximação com a comunidade e de promover um jornalismo  verdadeiramente cidadão , capaz de informar e também formar, o trabalho optou pela aplicação de uma oficina de educomunicação na comunidade, como meio para a obtenção do produto final. Uma vez que um dos focos da reportagem é a relação da juventude com o território, a oficina se apresentou como um espaço privilegiado para discussão dos temas propostos na reportagem e abertura para discussão de temas importantes à esfera pública, tal qual proposto pelo jornalismo cidadão. Esta metodologia, de escuta das vontades individuais e adaptação do escopo de atividades faz parte da proposta de educomunicação. A Oficina Comunicação e Juventude aconteceu no Colégio Estadual Maria Gai, com alunos de 14 a 18 anos, alunos ou não da escola. Realizou-se formações iniciais com os membros do projeto de extensão Núcleo de Comunicação e Educação Popular (NCEP) da UFPR, a fim de permitir que a proposta educomunicativa se mantivesse no território após a finalização do TCC. Também funcionários do Ministério Público do Paraná contribuíram com a definição de temas e aproximação com a comunidade. Ao final de cinco encontros, os participantes desenvolveram vídeos, textos e imagens, que fundamentaram o projeto - alguns materiais inclusos e creditados no produto final. Após o encerramento da primeira etapa, os membros do NCEP continuaram com o projeto e, junto aos participantes iniciais, desenvolveram outros dois módulos para demais interessados da comunidade, culminando em um jornal impresso -  A Voz da Caximba -, ações no território com outros projetos de extensão e, por fim, a exibição do vídeo produzido pelo autor do projeto para a reportagem no mobiliário urbano do centro da cidade de Curitiba, com a presença de moradores da Caximba e população em geral. Além das oficinas, ao menos 20 momentos de imersão no bairro foram necessários para a identificação de fontes, mapeamento do território, explicação do projeto, acompanhamento de reuniões de moradores, fotografia, vídeo e demais ações necessárias à produção do projeto - um total de cerca de 1200 km percorridos no espaço urbano. Para a produção dos materiais multimídia, foram utilizados softwares gratuitos como o Infogram, ferramenta do KnightLab (linha do tempo e foto 360), Google Maps (mapa interativo), e softwares básicos de produção de gifs, auxiliado por colegas e professores da universidade. Os vídeos procuraram expressar a proposta de jornalismo participante, com a câmera sempre na mão e com o objetivo de perpassar todos os temas importantes à comunidade. O site foi desenvolvido na plataforma Wix, gratuita, uma vez que o foco maior é a produção da reportagem e o software permite a inserção de materiais em html. Além das já citadas, outras organizações foram envolvidas no processo de produção, como a ONG TETO e o Núcleo de Antropologia Urbana da USP, por meio do pesquisador José Magnani. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba também foram consultados. Em síntese, o projeto procurou caminhar pelos vários temas que incidem no território, percebendo,o inclusive, as ações necessárias ao poder público para o encaminhamento das pautas da comunidade. Ao envolver vários atores, permitiu um resultado perene, constantemente atualizado, tendo materiais derivados apresentados e desenvolvidos em outros projetos e pesquisas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>