Ada Dencker



Entrevista com a professora Ada Dencker
Realizada em: 10 de maio de 2017
Pesquisa e roteiro: Alice Melo
Entrevistadores: Ana Paula Goulart e Cláudio Ornellas
Transcrição: Helio Cantimiro
Edição: Cláudio Ornellas

Diga seu nome completo, o local e a data de nascimento, por favor.

Meu nome é Ada de Freitas Maneti Dencker. Eu nasci em Caçapava (SP), em 22 de junho de 1944.

E qual é o nome dos seus pais e a formação deles?

Meu pai, Aldo Maneti, estudou Medicina, mas não trabalhou como médico, trabalhou como economista. Minha mãe era Hilda Freitas Maneti, dona de casa. Essa era a formação deles.

Qual foi a sua formação: o que e onde você estudou?

A minha formação foi feita com vários intervalos. Primeiro, eu fiz, como curso base, a Escola Normal. Em seguida, eu entrei no curso de Ciências Sociais da PUC e me formei exatamente em 1965. Eu era monitora, instrutora da cadeira. Eu nem tinha como continuar estudando, porque a maioria dos professores tinha sido caçada ou mandada embora. Estava uma confusão danada naquela época. Eu fiz tudo na carreira acadêmica: eu fui monitora, instrutora, professora auxiliar... Então, comecei dali a trabalhar como professora, como docente e como pesquisadora. Eu era chefe do Setor de Pesquisa e Documentação da Federação das Indústrias do Estado São Paulo [Fiesp]. Fiquei até 1971. Eu me desliguei, pedi uma licença da universidade, fui para a Alemanha. A situação não era legal. Meu marido teve uma proposta. E eu não falava uma palavra de alemão.

Pelo sobrenome, achamos que poderia...

Hoje, eu falo alemão, mas eu não falava nada de alemão, não tinha filhos, e fui embora. Na Alemanha, eu virei dona de casa, mãe e aprendi alemão. Aí que eu fui aprender. E, gente, foi muito difícil. Apesar de eu ter adorado morar na Alemanha. Mas era uma época em que a Alemanha não era o que é hoje. Naquela época, a Alemanha era muito machucada ainda. Ainda havia muitos resquícios... Eu morava na fronteira com a Holanda, e tinha um mercado ótimo do lado da Holanda. Eu pegava, atravessava a fronteira e ia comprar. Os alemães não iam, eles não passavam para o outro lado. Eles tinham medo ainda de hostilidade, e a gente notava muita gente em cadeira de rodas, sabe? Tinha uma marca muito grande.

Ainda da guerra?

Da guerra. A Alemanha era ocupada pelos americanos quando eu estava lá. No clube de tiro que eles tinham na Alemanha o pessoal era proibido de portar armas. Então, quando eles faziam festas populares, eles iam com um galho de árvore no ombro, em vez de levar espingarda. As coisas não eram tão fáceis para eles como a gente pensa que eram. A gente vê a Alemanha hoje, é outro mundo. Era uma Alemanha dividida. Era bem diferente a situação. Depois, eu tive meu filho lá, tive a minha filha, voltei ao Brasil. No começo, não voltei a estudar. Fiz uma pausa. Em 1985, eu fui fazer mestrado na ECA [Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo]. Aí eu encontrei uma pessoa maravilhosa, a professora doutora Sara Da Viá, que era professora de metodologia da pesquisa, bem a minha área. Eu sempre tinha trabalhado com pesquisa. E apresentei um projeto, na época ainda influenciada pelos índices que eu tinha construído na Fiesp para o projeto... O primeiro projeto que eu tinha feito tinha sido aquele de nível de emprego industrial – na década ainda de 1960 – e que, quando caía, a gente era proibido de dar o dado, apesar de ser Fiesp. Não pensem que não tinha censura até mesmo para órgãos como a Fiesp. Tinha. A gente chegou a ser chamado em comissão parlamentar de inquérito – por causa do índice do nível de emprego que nós fazíamos – quando caía o emprego.

Já quando o índice era positivo...

É, tinha que esperar subir. Aí você dizia que subiu zero vírgula não sei quanto por cento. Naquela época, trabalhava também na Fiesp o Pastore, o Delfim Netto era do Departamento de Economia. Então, aquele povo todo acabou pegando os nossos indicadores, que nós fazíamos no Departamento de Documentação, Estatística, Cadastro e Informações Industriais, e levando para a FGV [Fundação Getulio Vargas]. E, durante um tempo, a gente só coletava material. Por isso também que não senti muito de largar tudo e ir embora para a Alemanha. E aí eu resolvi virar a mesa, larguei e fui fazer Comunicação. Entrei com um projeto, fui aceita pela doutora Sara, e ela não tentou me direcionar para nada específico. Ela me deu total liberdade. Aí eu fui fazer o curso com a Anamaria Fadul e me dei superbem com ela. Ela viu que eu tinha uma boa prática de pesquisa. O professor José Marques de Melo tinha feito um inventário da pesquisa em Comunicação no Brasil – cem anos, 1883-1983. Não tinha ordem nenhuma – nem ordem alfabética –, não tinha índice, não tinha classificação, não tinha nada. Estavam publicados todos os resumos de tudo que tinha sido achado sobre Comunicação, em diferentes áreas. E aí fui convencida a transformar no meu objeto de estudo esses quase 2 mil resumos. Eu fiz a leitura, classifiquei e criei a primeira classificação.

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