Cicilia Peruzzo









Entrevista com o professor Cicilia Peruzzo

Realizada em 19 de novembro de 2015

Pesquisa e roteiro: Alice Melo

Entrevistadores: Ana Paula Goulart e Cláudio Ornellas

Transcrição: Camila Rouças

Edição: Cláudio Ornellas






Pode nos dizer seu nome completo, local e data do seu nascimento?

Cicilia Maria Krohling Peruzzo. Nasci no Espírito Santo, num município chamado Domingos Martins, em 6 de junho de 1950.


Quais os nomes de seus pais e o que eles faziam?

Eles eram agricultores. Chamavam-se João Pedro Krohling e Maria Margarida Thomas Krohling.


Qual foi sua formação?

Começando da graduação, fiz o curso de Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas, na Universidade Anhembi Morumbi. Aqui em São Paulo. Morei muitos anos em Vitória, mas nessa época eu já estava trabalhando e estudando em São Paulo.


Por que você escolheu Relações Públicas? Como surgiu esse interesse?

Olha, sendo muito sincera, foi por eliminação, escolhi algo que não exigisse muita matemática no vestibular, sou dessas pessoas que fogem da matemática. Como eu já estava atuando profissionalmente em empresa que tinha um bom trabalho de comunicação, foi daí então a escolha.


Onde você trabalhava antes de ingressar na universidade?

Comecei na verdade como datilógrafa na Sade Sul Americana de Engenharia, fiquei alguns anos ali e depois fui trabalhar como secretária na Eli Lilly do Brasil, um grande laboratório farmacêutico, na área de gestão de produto, onde eu tive mais contato com relações públicas, marketing etc.


Conte sobre o tempo em que morava no Espírito Santo.

Eu nasci em Domingos Martins, morei lá durante alguns anos, depois fui morar no município de Guarapari, também na zona rural, e a partir da adolescência eu saí para estudar, fui estudar primeiro em colégios do próprio Espírito Santo, em Anchieta, por exemplo. Depois fui estudar no Rio Janeiro. Estudei no Méier, estudei no Encantando, em colégio de irmãs. Isso durante alguns anos, depois retornei para o Espírito Santo, foi quando eu passei a morar em Vitória, sempre devido ao estudo. Meus pais eram agricultores, mas sempre incentivaram muito o estudo dos filhos. Na verdade, não mediram esforços para que os filhos saíssem para estudar fora e foi por isso que a vida foi nos levando assim de um lugar para outro, buscando sempre a continuidade dos estudos.


Ao se formar, ingressou no mercado ou diretamente na vida acadêmica?

Depois da faculdade eu ingressei na vida acadêmica. Fiz a faculdade em São Paulo, mas voltei mais uma vez para o Espírito Santo para trabalhar como docente na Universidade Federal do Espírito Santos. A partir daí, a atuação foi sempre na área acadêmica.


Em que ano se formou?

Em 1977.


Depois da graduação, fez o mestrado na Metodista, não?

É interessante, porque de fato eu já era professora da Universidade Federal do Espírito Santos, no entanto sentia sempre essa necessidade de continuar estudando. Foi quando tentei então o mestrado, com licença da universidade, foi um período em que eu me licenciei para fazer o mestrado. Meu marido também trabalhava na Universidade Federal do Espírito Santo e pediu licença no mesmo período para fazer o doutorado, então foi uma opção mesmo do casal em termos de continuar o estudo em São Paulo como forma de aperfeiçoamento para depois nos dedicarmos melhor à vida acadêmica na própria universidade. A gente já tinha uma estabilidade, a pós-graduação então foi uma meta no sentido de melhorar todo o conhecimento e as condições de ensino e aprendizagem. Em seguida, eu saí também para fazer o doutorado, aí já na Universidade Federal de São Paulo, só que não mais me mudando pra São Paulo, neste momento eu continuei morando no Espírito Santo e me deslocava toda semana para São Paulo, para fazer as disciplinas e ter a orientação. Foi uma época em que a gente já tinha filhos pequenos, então não daria para mudar para São Paulo. Foi uma época bastante difícil, no entanto foi possível concluir o mestrado indo e voltando toda semana. E depois também concluindo a tese, sob a orientação na Anamaria Fadul. Na época, na universidade, não havia muito incentivo para que os professores saíssem para estudar, no entanto, havia essa possibilidade, eu fui liberada das atividades acadêmicas formais para me dedicar ao doutorado. Claro que isso é uma forma de incentivo muito grande, mas eu quis dizer que não havia muito clima para isso em relação aos colegas. Eu me lembro que havia colegas que diziam: “Como você vai sair, fazer um doutorado? Isso não vai representar nada na sua carreira, nem financeiramente”, “Ah, mas eu quero estudar”. Então, eu saí realmente com essa intenção de crescer um pouquinho do ponto de vista da pesquisa e do conhecimento.


Quais foram os temas de suas teses de mestrado e doutorado?

De mestrado foi sobre relações públicas, Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista, uma análise crítica das relações públicas, cujo último capítulo eu já procurei prestar atenção nas possibilidades das relações públicas formais poderem também sofrer uma apropriação por parte dos movimentos sociais, tema que eu continuei trabalhando mais tarde. E a tese de doutoramento tem como título A Participação na Comunicação Popular, que depois foi transformada em livro, Comunicação nos Movimentos Populares, a Participação na Construção da Cidadania, publicado pela Editora Vozes. Hoje ainda continua circulando, a edição esgotada mas está disponível na internet. A gente tem notícia de que o material ainda continua sendo usado.


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