APÓS REUNIR 1,7 MIL EM JOÃO PESSOA, INTERCOM SEGUE PARA BELO HORIZONTE EM 2023

14 de setembro de 2022

Com a colaboração de Marcello Rollemberg, repórter do Jornal da USP

O 45o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom 2022) reuniu cerca de 1,7 mil pessoas entre os dias 5 e 9 de setembro em João Pessoa, marcando o retorno dos congressos nacionais da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) ao formato presencial. Organizado pelo Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) e pelo Departamento de Comunicação (Decom) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com coordenação de Norma Meireles, professora da UFPB e diretora Regional Nordeste da Intercom, o congresso também marcou o início das celebrações de 45 anos da Intercom, fundada em 12 de dezembro de 1977.

Os números desse encontro em João Pessoa foram substantivos: 965 artigos submetidos, sendo 748 para as 160 sessões dos 33 Grupos de Pesquisa (GPs) e 217 para o Intercom Júnior; 17 oficinas e 24 minicursos; 235 trabalhos experimentais nas 65 categorias do Expocom 2022; 16 eventos, entre colóquios, simpósios, encontros, ciclos e mesas temáticas; e 42 livros lançados no Publicom. Tudo isso guiado por um mesmo eixo temático: “Ciências da Comunicação contra a desinformação”.

"O clima do congresso foi de reatar laços, sobretudo afetivos. A situação de escassez de recursos, principalmente nas instituições públicas federais, foi superada com o empenho de professores, professoras e estudantes voluntários das instituições envolvidas na organização”, avalia Juliano Domingues (Unicap), vice-presidente da Intercom. “O que vimos foi um espírito de comunidade, com muita colaboração e a emoção de receber amigos e colegas após um período de tantas perdas: de vidas (e por isso fizemos, na solenidade de abertura, uma homenagem especial aos pesquisadores e professores que perdemos durante a pandemia), de renda e de emprego para muitas pessoas, mas também de qualidade de vida para todos nós.”

Para Norma Meireles (UFPB), diretora Regional Nordeste da Intercom e coordenadora da organização do congresso na UFPB, “resistência, ousadia e esperança sintetizam o Intercom 2022”. “O Intercom 2022 na UFPB foi histórico, com o retorno à modalidade presencial e por acontecer em uma universidade pública em um contexto tão adverso como o que estamos vivendo no país. Foram cinco dias intensos para congressistas, palestrantes e toda a equipe organizadora do congresso, que contou com docentes, técnicos-administrativos e a força criadora, criativa e potente dos nossos estudantes de graduação e pós-graduação. Enfrentamos diversos desafios ao longo do processo de organização e realização, mas tivemos uma semana de muita troca e aprendizado”, comemora.

Os(as) congressistas puderam matar as saudades e celebrar fazendo o que sabem fazer melhor: refletindo, trocando conhecimento, buscando explicações e também soluções. “Depois de dois anos apresentando trabalhos em modo virtual nos Grupos de Pesquisa e no Intercom Júnior, voltar ao presencial foi uma grande celebração acadêmica. Em meio aos reencontros e abraços apertados, foram apresentados quase mil artigos tanto pelos pesquisadores sêniores, quanto pelos iniciantes. As sessões de apresentação dos trabalhos produzidos pelos congressistas constituem um qualificado espaço científico de trocas, de aprendizado e de compartilhamento”, avalia Nair Prata (Ufop), diretora Científica da Intercom.

A diretora de Comunicação da entidade, Ivanise Hilbig de Andrade (UFBA), vai pelo mesmo caminho, ressaltando a importância do encontro entre pesquisadores(as) da Comunicação para discutir um tema que afeta a todos. “É importante pensar como os comunicadores podem atuar, não apenas tecnicamente, no dia a dia, mas também politicamente e nas inserções junto à sociedade civil e às universidades”, pondera. “Sabemos dos sacrifícios que todos fizeram para estar em João Pessoa. Completando 45 anos, o congresso da Intercom é o mais longevo de nosso campo, não só no Brasil, mas na América Latina. Então, comemorar os 45 anos do congresso presencialmente é um feito histórico. E, como bem frisou o professor Juliano em sua fala na abertura do evento, este foi o congresso do reencontro e da esperança.”

REFLEXÕES E HOMENAGENS

O clima de reencontro foi propício aos diversos momentos de homenagem no congresso. A primeira edição do evento “A Intercom e a Memória das Ciências da Comunicação”, realizada no dia 6, marcou os 45 anos da Intercom e celebrou pesquisadores(as) cuja história acadêmica e profissional está intimamente ligada à entidade. Cicília Peruzzo (Uerj/Ufes), ex-presidente da Intercom e membro do Conselho Curador da entidade, foi a grande homenageada da tarde, mas também foram ressaltados nomes como Margarida Kunsch (USP) e Anamaria Fadul, também ex-presidentes, integrantes do Conselho Curador e presentes no evento, e José Marques de Melo, um dos fundadores da Intercom, que faleceu em 2018.

E, depois de dois dias com uma intensa programação de colóquios, fóruns, mesas e encontros promovidos pela Intercom e por entidades parceiras, Eugênio Bucci (ECA-USP) abriu o 45° Ciclo de Estudos Interdisciplinares da Comunicação na manhã do dia 7 com uma conferência sobre o tema central. "Acredito que o momento que vivemos, de fato, é da maior gravidade e a Intercom tem um momento luminoso ao eleger isso [a desinformação], que para nós é de extrema gravidade, como objeto dos nossos estudos e atenções. O tema não poderia ser mais apropriado, e a mobilização do nosso campo para entender o que se passa pode ajudar de forma substancial a democracia brasileira”, afirmou Bucci em entrevista a Laís Karoline Gueiros Guedes, estudante da UFPB e integrante da equipe de cobertura jornalística do congresso.

Saiba mais sobre o Ciclo de Estudos nesta reportagem.

“A desinformação permanece atuando mesmo quando combatida. E combater não significa eliminar. A desinformação sempre ultrapassa limites”, afirmou Elizabeth Saad (USP) na primeira mesa do Ciclo de Estudos. “É nossa função dar esclarecimentos, promover a cultura do debate, não ficar confortável com a mentira. Devemos ter um treinamento do olhar, do entendimento. Nossa função é desvelar, por mais que seja difícil”, afirmou, referindo-se ao papel das Ciências da Comunicação no combate à desinformação.

E foi justamente isso que, durante cinco dias, pesquisadores(as), estudantes, docentes e profissionais da Comunicação fizeram no Intercom 2022: refletir, apontar caminhos e criar pontes de diálogo entre a academia e a sociedade civil para vencer um vírus tão perverso quanto o da covid-19, que tem afetado as relações humanas e que também pode ser letal – o da desinformação.

INTERCOM 2023

A Intercom agradece imensamente a todos e todas que fizeram deste um congresso histórico. E, como a luta está longe de terminar, já deixa o convite para o Intercom 2023: o 46º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação será realizado em setembro em Belo Horizonte, Minas Gerais, com organização da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). O tema central, eleito pela Diretoria da Intercom a partir de propostas feitas pelos Grupos de Pesquisa da entidade, será "Comunicação e políticas científicas: desmonte e reconstrução”.

“Em sua conferência, Eugênio Bucci falou que está em curso um projeto político que não nos inclui – pesquisadores, pesquisadoras, docentes e estudantes, em especial do campo da Comunicação –, sinalizando a necessidade de reforçar a mobilização política de nosso campo para a reconstrução de políticas de tecnologia, ciência, inovação e educação”, lembra Juliano Domingues. “Os temas dos congressos da Intercom buscam sempre refletir o espírito do tempo, como uma sinalização da sociedade científica sobre o que deve ser prioridade para a comunidade acadêmica. E o tema central do Intercom 2023 vai no sentido da mobilização defendida por Bucci: fazer um balanço do desmonte que vem ocorrendo nos últimos anos, refletir sobre o passado e o presente com a perspectiva de reconstrução.”

COBERTURA COMPLETA DO INTERCOM 2022
Neste ano, a cobertura do congresso nacional foi quase inteiramente realizada pela equipe de estudantes voluntários(as) da UFPB, coordenada por Rodrigo Martins Aragão, professor do Decom-UFPB.

“A experiência foi muito rica. Tivemos uma grande equipe, com mais de 20 estudantes de diversos cursos trabalhando na cobertura. Acredito que essa cobertura teve duas grandes contribuições para os discentes e as discentes. A primeira delas está diretamente ligada à experiência formativa prática de cobertura de um evento do porte do Intercom, com uma pauta intensa e que exigiu organização, compromisso, criatividade e trabalho em equipe. A segunda é para a formação acadêmica: participar do evento já é uma grande oportunidade para os estudantes conhecerem e se familiarizarem com o ambiente acadêmico e estarem em contato com pesquisadores que conhecem por textos lidos e discutidos em sala de aula; o envolvimento na cobertura adiciona uma nova camada, que os impulsiona a assumir um papel mais ativo, de não apenas acompanhar, mas tentar compreender as discussões e refletir sobre elas para poder repassar essas informações”, conta o professor Rodrigo.

Nesta e nas próximas edições, o JORNAL INTERCOM veicula as reportagens produzidas pela equipe. Acompanhe!

Confira também:

Fotos no site oficial do Intercom 2022

Fotos e vídeos no Instagram do congresso

Stories da TV Sala 221, da UFPB, no Instagram

Programa Mói de Notícias, do podcast Espaço Experimental da UFPB

Programa Minuto Intercom, produção da disciplina Oficina da Radio II do Curso de Radialismo da UFPB (professora Norma Meireles), na rádio Porto do Capim

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