Sonia Virgínia Moreira nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 1954. Seu pai, Antônio Moreira, um imigrante português, era dono de um depósito de plantas que ficava ao lado das oficinas do jornal O Matogrossense, onde Sonia, quando criança, gostava de ver a montagem das páginas. Antônio Moreira também ensinou a filha a ler, lhe apresentando autores portugueses, e a deixava abrir sua caixa postal, endereço em que recebia publicações de outros estados, como a revista O Cruzeiro e jornais cariocas e paulistas.
Essa vivência teve, acredita Sonia, influência no resultado de seu teste vocacional, que indicou jornalismo ou artes cênicas como opções, e peso em sua decisão de se mudar para o Rio de Janeiro, na década de 1970, para estudar Comunicação Social na Universidade da Gama Filho. Na cidade, deu início a sua carreira profissional, na Rádio Jornal do Brasil. E do rádio jamais se separou.
Sonia Virgínia logo aproveitou uma oportunidade, anunciada por um colega da Rádio JB, para concorrer a uma bolsa de mestrado em Jornalismo pela Universidade do Colorado nos Estados Unidos. Ganhou a bolsa, concluiu o mestrado em 1981 e, na volta dos Estados Unidos, escreveu, com Luiz Carlos Saroldi, o livro Rádio Nacional: o Brasil em Sintonia, a partir de um concurso da Funarte vencido pelos dois, com os codinomes Neguinho e Juraci.
O livro, por sua vez, levou ao convite da Gama Filho para uma apresentação sobre a Rádio Nacional aos alunos de graduação. E a palestra gerou um novo convite, o início da trajetória como professora, na própria Gama Filho. Três anos depois, em 1986, Sonia começou a dar aulas na Uerj. “Foi uma época muito legal. A gente não tinha dinheiro. Vivia-se muito dentro da universidade, vivia-se dentro da sala do departamento de jornalismo. Eu estava lá praticamente todos os dias. Ficava tarde e noite”, conta.
O doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade de São Paulo, foi feito na década de 1990, por insistência da orientadora, Anamaria Fadul, e coincidiu com o período em que Sonia Virgínia foi novamente para os Estados Unidos, trabalhar na Voz da América. A experiência a ajudou em sua tese, uma pesquisa sobre a evolução das leis e das tecnologias para o rádio, em um estudo comparado entre os Estados Unidos e o Brasil.
Um pouco antes disso, Sonia Virgínia Moreira começou a ter contato com a Intercom. O primeiro congresso da entidade em que apresentou trabalho foi em Viçosa (MG), em 1988. Dois anos depois, ela participava da organização do congresso nacional que aconteceu na Uerj, no Rio de Janeiro, quando passou “a entender a lógica da instituição por dentro”. A partir de então, fez parte do grupo de rádio, editou a Revista Intercom e foi diretora de Relações Internacionais, até tomar posse, em 2002, como presidente da entidade. Em sua gestão, o processo de inscrição para os congressos foi informatizado e foi criado o Intercom Júnior, que permitiu uma maior participação dos alunos de graduação nos eventos. Nessa época, acumulava a presidência com as funções acadêmicas e o cargo de assessora-chefe da comunicação social da Controladoria-Geral da Prefeitura do Rio, onde ficou até 2008.
Sonia Virgínia Moreira voltou a ser diretora de Relações Internacionais na gestão seguinte, presidida pelo professor José Marques de Melo. Hoje faz parte do Conselho Curador da Intercom e segue ativa em entidades representativas da área. É vice-presidente da SBPJor - Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo; membro titular da Câmara de Linguagens e Artes do Conselho Superior da Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul; pesquisadora sênior de duas redes internacionais de investigação científica: o Worlds of Journalism Study (Universidade de Munique ) e o International Media Concentration Research Project (Universidade de Columbia); lidera o Grupo de Pesquisa Geografias da Comunicação (CNPq); e é diretora de Relações Internacionais da Socicom - Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação.
Entre os livros que escreveu, estão: Rádio em Transição: Tecnologias e Leis nos Estados Unidos e no Brasil (fruto da tese de doutorado), O Rádio no Brasil e Rádio Palanque: Fazendo Política no Ar. Sua produção inclui também a organização de obras como Rádio no Brasil, Tendências e Perspectivas e Desafios do Rádio do Século XXI (ambos em parceria com a professora Nélia Del Bianco); Rádio Educativo Brasileiro – Fragmentos Históricos; Comunicação, Ensino e Pesquisa (com João Pedro Dias Vieira); e, entre outros, a edição bilíngue de Pensamento Comunicacional Brasileiro (com Maria Immacolata Vassalo de Lopes, José Marques de Melo e Aníbal Bragança).
Em 17/07/2015