Nélia Bianco - Fotos: Geraldo Magela/Agência Senado
No dia 15 de fevereiro, o GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom, representado por Nélia Del Bianco (professora da UnB, pesquisadora e ex-coordenadora do GP), foi um dos expositores convidados para o debate sobre a migração das rádios de AM para FM, promovido pelo Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Participaram também do encontro Roberto Martins, secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações; Miguel Ângelo Cançado, presidente do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional; Rodrigo Zerbone, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações; e Luis Roberto Antonik, presidente Executivo da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.
Na entrevista a seguir, Nélia Bianco fala sobre o encontro:
Qual foi o teor de sua participação?
Mostrei a importância social do rádio desde o seu surgimento como rádio AM. Mudou mentalidades provincianas. Ligou vilas e cidades, antes isoladas, ao que ocorria no mundo. Criou vínculo entre as pessoas em sua comunidade. Ajudou a forjar as formas de pensar na modernidade. Divulgou a cultura popular e a música em todas as suas formas. Promoveu o entretenimento em diferentes formatos. Criou as bases para a cultura audiovisual. Foi importante na disseminação de costumes, ideias e ideais políticos e democráticos. Mostrei que ao longo de quase cem anos o meio passou por sucessivas transformações tecnológicas mas provou ser resiliente, capaz de se modificar e se moldar ao tempo presente.
A migração para o FM faz parte desse processo de adaptação tecnológica às mudanças. A frequência AM está decadente devido à perda de qualidade de som provocada pelo excesso de ruídos na atmosfera. Com isso, as rádios AM perderam ouvintes e poderiam desaparecer sem essa renovação. O GP de Rádio entende que a migração foi um caminho viável no momento para garantir o sentido de permanência de rádios tradicionais, importantes e que têm longa história, algumas delas com mais de 70 anos em funcionamento.
O grupo sempre defendeu a digitalização do sistema de transmissão, acompanhou essa discussão ao integrar o Conselho Consultivo do Rádio Digital. No entanto, entende que neste momento nenhuma das tecnologias disponíveis, HD Rádio e DRM, mostrou ter robustez em testes realizados no Brasil entre 2012 e 2013. O sinal do digital não consegue manter a mesma área de abrangência atual das emissoras. Novos testes foram marcados pelo Ministério das Comunicações, mas não foram realizados.
O rádio AM não podia mais esperar por este tipo de solução que está em debate no Brasil há mais de 10 anos. Mostrei que uma pesquisa realizada na UnB com emissoras AM descobriu que uma parte das grandes emissoras em capitais já está experimentando a transmissão simultânea em FM. Além disso, algumas delas estão preocupadas em renovar a plasticidade da rádio e trocar alguns locutores para produzir uma sonoridade mais leve e dinâmica.
Apontei os desafios que a migração traz para o rádio:
•Reconquistar a audiência perdida provocada, em parte, pela perda de qualidade de som.
•Superar o atraso no investimento para a renovação do AM por conta da longa espera por mudanças tecnológicas.
•Investir em programação num ambiente de incertezas econômicas.
•Universalizar o acesso a celulares que tenham FM embutido, independentemente de preço.
•Popularizar o acesso à banda larga para que seja possível utilizar aplicativos de emissoras de rádio.
•Disponibilizar no mercado receptores tradicionais baratos, com faixa estendida.
•Emissoras menores poderão ter dificuldades para arcar com os custos da migração.
•O prazo de migração vai ser no máximo de dois anos para rádios do interior, e de cinco anos para o espectro estendido, em capitais.
Como avalia a receptividade do Congresso às ideias defendidas pelo GP?
Os conselheiros entenderam que a academia tem muito a contribuir com os debates. Foi sugerido que pesquisadores e professores sejam convidados mais vezes para esse tipo de discussão. Em relação à migração, os conselheiros mostraram que vão acompanhar eventuais dificuldades que essa mudança irá provocar junto a emissoras menores.
Algum desdobramento está previsto?
Agora o Ministério das Comunicações está na fase de qualificação de 2/3 das emissoras que já declararam que desejam migrar. Algo em torno de 950 emissoras pode completar esse processo até o final do ano. Uma parte delas, cerca de 370 emissoras, vai ter que aguardar o desligamento do sinal analógico da TV para que o espectro possa acomodar as novas emissoras em FM.
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