30 de novembro de 2022
Os 33 Grupos de Pesquisa (GPs) da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) abrangem as principais áreas investigadas no campo. E uma delas é a de divulgação científica, que ganhou ainda mais relevância nos últimos anos devido à pandemia de covid-19, à onda de negacionismo da ciência, ao fenômeno da desinformação e às mudanças climáticas.
Criado em 1991 como Grupo de Trabalho (GT) Pesquisa em Jornalismo Científico e coordenado por Manuel Carlos Chaparro (ECA-USP), o grupo recebeu diferentes denominações e ementas ao longo dos anos até que, em 2017, consolidou-se como GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente. Na reorganização dos GPs realizada pela Intercom em 2021, foi mantido dessa forma e, na gestão 2022-2024, é coordenado por Katarini Giroldo Miguel, professora no curso de Jornalismo e no Mestrado em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e Arquimedes Pessoni, professor aposentado da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), onde lecionava nos Programas de Mestrado Profissionais em Inovação na Comunicação de Interesse Público e Inovação no Ensino Superior em Saúde e nos cursos da Escola de Comunicação.
"Trabalhamos na interface da Comunicação com três eixos que ganharam total relevância desde a crise da covid-19: a própria saúde, a divulgação científica e o meio ambiente, que está diretamente relacionado às problemáticas atuais. Três áreas em evidência que sofreram diversas violações, inclusive institucionalizadas, e ressignificações que precisam ser debatidas sob a ótica da Comunicação", explica a professora Katarini. "Eu atuo especificamente com as estratégias de comunicação dos movimentos socioambientais e os diversos ativismos em rede que, ao mesmo tempo em que são intensos e emergentes, são atacados e precisam desenvolver diferentes linguagens para alcançar os públicos. No GP, conseguimos acompanhar essas transformações da comunicação, das mediações, das percepções teóricas e metodológicas para entender os fenômenos contemporâneos com as lentes da justiça social, por exemplo. Tanto que, em nossa última revisão de ementa, incorporamos os debates sobre gênero e raça na perspectiva decolonial. Não é possível falar em ciência, meio ambiente e saúde sem pensar nesses atravessamentos e no histórico de dominação dos corpos e pensamentos. A ruptura é um dever da academia."
O crescimento da área reflete-se nas chamadas dos congressos nacionais da Intercom: o número de trabalhos submetidos ao GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente tem crescido a cada ano, chegando a 43 em 2022. Desse total, 41 pesquisas foram apresentadas nas sessões 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom 2022), realizadas presencialmente nos dias 7 e 8 de setembro na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em João Pessoa. "Foi muito importante o retorno para o presencial depois de dois anos desgastantes de forma remota. Ainda que houvesse o receio do contato, das viagens, dos custos, estar presencialmente para encontrar colegas pesquisadores/as, alunos e alunas, parceiros/as de projetos e pesquisas é sempre muito gratificante. Nada substitui o debate face a face e a riqueza do compartilhamento presencial", afirma a coordenadora. "Em nosso GP, além da quantidade de trabalhos, temos uma variedade de abordagens temáticas e metodológicas bastante enriquecedora e que nos proporciona trocas e achados valiosos para nossas pesquisas. Ali, além de conhecer outras pesquisas, fazemos parcerias para bancas examinadoras, projetos interinstitucionais, publicações especializadas etc... E acompanhamos e ajudamos a formar pesquisadores que participam do grupo desde o início de suas titulações. Temos muitos pesquisadores/as que se formaram com a gente, apresentaram trabalhos de mestrado, doutorado e depois continuam e assumem posições como docentes efetivos de universidades – é o meu caso, inclusive: iniciei neste GP em 2007, quando cursava mestrado na Unesp em Bauru (SP), e sou docente na UFMS desde 2014."
Além das sessões regulares de apresentação de trabalhos no congresso deste ano, o GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente promoveu uma sessão especial na tarde do dia 6 de setembro. Na ocasião, Luisa Massarani, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), discutiu o contexto da desinformação para o público jovem na palestra "Os jovens, a ciência e a saúde". "Luisa é uma referência para nosso GP. Temos uma parceria com ela e, como a área da saúde ficou em evidência pela crise sanitária e isso, consequentemente, se refletiu nos trabalhos enviados e apresentados no GP, achamos por bem esta abertura. Além disso, ela tem uma pesquisa de longo prazo sobre a percepção que os jovens têm da ciência que é bastante pertinente para nosso grupo", comenta a professora Katarini.
Aproveitando o encontro em João Pessoa, a coordenação do GP coletou propostas de ações para o próximo ano, tais como a realização de um evento da área, a criação de um banco de pesquisadores(as) e de pesquisas do grupo e a organização de uma publicação, a exemplo da obra "Meio Ambiente, Saúde e Divulgação Científica: questões comunicacionais", organizada por Kátia Lerner (Fiocruz) e Arquimedes Pessoni em 2020.
É possível acompanhar as discussões e novidades do GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente no Instagram @gpcomsaudeambiente, no grupo fechado "GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente" no Facebook, no YouTube e no site do GP (que inclui a história do grupo, notícias e publicações). Além disso, a atual gestão do grupo busca utilizar seus canais para fazer divulgação científica. "Todos os participantes do GP são convidados a enviarem vídeos sobre suas pesquisas, que postamos no site e nas redes sociais", acrescenta a coordenadora.
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