GP COMUNICAÇÃO ANTIRRACISTA E PENSAMENTO AFRODIASPÓRICO LANÇA CHAMADA PARA DOSSIÊ

29 de novembro de 2023

Na última terça-feira (28/11), o Grupo de Pesquisa (GP) Comunicação Antirracista e Pensamento Afrodiaspórico da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) lançou a chamada de trabalhos para o dossiê temático "Metodologias e epistemologias afrodiaspóricas e contra-coloniais na comunicação", que será publicado em 2024 na ComSertões – Revista de Comunicação e Cultura no Semiárido, periódico do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA) do Departamento de Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Organizado porMárcia Guena (Uneb/Interecom), Zilda Martins (UFRJ), Ceres Santos (Uneb), Carla Feliz (UFF) e Marcus Vinicius Pereira (UnB), o dossiê é uma parceria do GP Comunicação Antirracista e Pensamento Afrodiaspórico com o Grupo de Pesquisa Rhecados – Hierarquizações Raciais, Comunicação e Direitos Humanos e com o GEMS – Grupo de Estudos Muniz Sodré sobre Relações Raciais. Pesquisadoras e pesquisadores podem artigos, resenhas e entrevistas, em português, inglês, francês ou espanhol, até o dia 31 de março de 2024. As normas da ComSertões podem ser consultadas no site da revista.

No evento de lançamento, transmitido pelo canal do GP no Youtube, Márcia Guena (Uneb), coordenadora do grupo e diretora Cultural da Intercom, mediou um bate-papo com Ceres Santos (Uneb), Zilda Martins (UFRJ) e Ana Flávia Magalhães Pinto (UnB/Arquivo Nacional) sobre o tema do dossiê, de forma a dar visibilidade ao tema e a esclarecer e instigar os(as) pesquisadores(as) interessados(as) em submeter artigos. As convidadas responderam inicialmente ao questionamento apresentado pela professora Márcia: “No percurso da pesquisa de vocês, em que momento houve uma proposição distante da construção epistemológica eurocentrada? Foi um processo difícil? Que autoras e autores as ajudaram a trilhar esse caminho na investigação de cada uma de vocês?”.

“Sendo ao mesmo tempo de dentro e de fora desse campo, eu gostaria de dizer que a gente vive um momento hoje em que estão sendo afirmados processos de virada de chave que se manifestam, por exemplo, na maneira como esse dossiê está sendo proposto”, afirmou Ana Flávia Magalhães Pinto, para, então, contar sobre o desafio de “afirmação dessa presença negra por meio de temáticas” quando iniciou sua vida acadêmica. “Essa virada de chave, que sai simplesmente do tema e do objeto e pensa teoria e metodologia, muito se deve a um acúmulo interdisciplinar, porque efetivamente nenhuma das disciplinas em si tem sido capaz de dar conta daquilo que tem nos mobilizado”, acrescentou.

“É bom a gente ouvir outras pessoas que estão em um caminho parecido com o da gente, para perceber o quanto as dificuldades ou as descobertas de quando se vai por esse outro caminho são importantes”, comentou a professora Céres Santos, que trouxe uma reflexão sobre o desafio de encontrar metodologias decoloniais para sua própria pesquisa. “Estamos em um momento muito fértil de produção de algo que vai contribuir para ampliação dos pensamentos afrodiaspóricos e também no processo de decolonialidade”, concluiu sobre a atualidade.

A professora Zilda Martins também contou sua experiência na pós-graduação, com orientação do professor Muniz Sodré (UFRJ). “Evidentemente não havia disciplina nenhuma voltada para as relações raciais. Muniz costumava dizer que ele era o único professor negro na ECO-UFRJ. Trabalhar com ele foi muito importante porque supriu uma lacuna da universidade e, mesmo assim, ainda há questões que a gente se colocava e continua se colocando”, lembrou, acrescentando que, em 2015, participou da criação do Grupo de Estudos Muniz Sodré sobre Relações Raciais, vinculado ao Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária (LECC/UFRJ), para explorar autoras e autores brasileiros e estrangeiros decoloniais. “A gente traz uma leitura crítica e é também uma escuta. A gente tenta ter uma relação dialógica com os autores com os quais trabalhamos”, completou.

Assista à discussão aqui.

Confira a chamada completa:

CHAMADA DE ARTIGOS PARA O DOSSIÊ TEMÁTICO “METODOLOGIAS PARA ESTUDOS DAS VOZES AFRODIASPÓRICAS E CONTRA-COLONIAIS NA COMUNICAÇÃO”, A SER PUBLICADO NA REVISTA COMSERTÕES NO ANO DE 2024

Estudos das vozes contra-colonias, das relações étnico-raciais e dos movimentos negros têm historicamente denunciado o racismo, o silenciamento e o apagamento do corpo negro e do corpo indígena A materizalização de tais ações aparece nas evidências de assimetrias claros e escuros, nos discursos e representações midiáticas, nos algoritmos racistas, assim como em estatísticas que, segundo Mbembe (2018), apontam quem deve viver e quem pode morrer. Contudo, na última década, como resultado das políticas públicas de ações afirmativas, um novo cenário de demandas e estudos de jovens pesquisadores.as emerge no país. A ampliação do olhar encontra uma cultura de saberes ancestrais, de experiências de vidas, tecnologias e criatividade.

O dossiê “Metodologias para estudos das vozes afrodiaspóricas e contra-coloniais na comunicação” convida pesquisadores e pesquisadoras a enviarem artigos, resenhas e entrevistas que versem sobre novas investigações, fundamentadas cientificamente para além da normatividade técnica eurocentrada no campo da comunicação. Serão bem-vindos olhares cruzados entre a velha, a nova e a novíssima hermenêutica que têm como foco a ontologia humana, o ser sujeito/a afro-indígena no mundo da vida, numa relação do comum. Assim, o dossiê reunirá trabalhos que versem sobre escrevivência, autobiografia, taypis – imaginários racistas, fabulação crítica, imagens de controle, pesquisa ativista, sistematização de experiências, pesquisa-ação e epistemologia compreensiva, dentre outras metodologias e epistemologias que permitam pensar a comunicação.

A proposta do dossiê é provocar novas leituras críticas da realidade real e simbólica, um desafio à reflexão e ao diálogo, criativo e transformador. O dossiê “Metodologias para estudos das vozes afrodiaspóricas e contra-coloniais na comunicação” é uma oportunidade para construir nova realidade acadêmica, um ethos de fato mais universal na sociedade.

SOBRE A REVISTA COMSERTÕES

A ComSertões tem como principal objetivo difundir a diversidade da produção comunicacional semiárida, já que a região é carente de centros de estudos de pós-graduação em comunicação, e necessita, portanto, de espaços que possibilitem construir referenciais teóricos e práticos mais contextualizados, os quais aproximam os conceitos dos problemas concretos vivenciados em terras sertanejas.

Mais informações sobre a revisra: https://revistas.uneb.br/index.php/comsertoes/about

Edições anteriores: https://revistas.uneb.br/index.php/comsertoes/issue/archive

SUBMISSÕES

A primeira etapa para a submissão é o cadastro no sistema, que é onde será feito o envio do trabalho e o acompanhamento do processo editorial em curso: Acesso em uma conta existente ou para Registrar uma nova conta.

Para Condições de submissão, diretrizes para autores, sistema de avaliação dos trabalhos, instruções e autoria, conferir em: https://revistas.uneb.br/index.php/comsertoes/about/submissions.

Pedimos que leiam atentamente as instruções e quaisquer dúvidas façam contato por gpcapaintercom@gmail.com.

As submissões de artigos, resenhas e entrevistas devem ser previamente revisados e encaminhados diretamente para o site da revista, seguindo as regras de publicação ali descritas: https://revistas.uneb.br/index.php/comsertoes/information/authors.

Dossiê: “Metodologias para estudos das vozes Afrodiaspóricas e contra-coloniais na comunicação”
Prazo de submissão: até 31/03/2024
Estimativa de publicação: novembro de 2024
Editores: Márcia Guena (Uneb), Zilda Martins (UFRJ), Ceres Santos (Uneb), Carla Feliz (UFF) e Marcus Vinicius Pereira (UnB).
Organização: Grupo de Pesquisa Comunicação Antirracista e Pensamento Afrodiaspórico da Intercom; Grupo de Pesquisa Rhecados - Hierarquizaçãoes Raciais, Comunicação e Direitos Humanos; Grupo de Estudos Muniz Sodré sobre Relações Raciais - GEMS.

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