6 de novembro de 2025

A Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA) foi a grande vencedora da categoria Instituição Paradigmática, do Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação 2025. Organizado pela Sociedade  Brasileira  de  Estudos  Interdisciplinares  da  Comunicação (Intercom), o troféu de “Instituição Paradigmática” se destina a cursos, departamentos, escolas, institutos, empresas, sindicatos, associações, ONGs ou órgãos públicos que tenham se notabilizado na pesquisa dos fenômenos comunicacionais.

Como instituição premiada e reconhecida na edição deste ano, o Jornal Intercom conversou com Norma Meireles, presidente da Rede. Confira a entrevista completa:

Jornal Intercom: Como é que surgiu a Rubra? Como houve a união de rádios universitárias e a consolidação como instituição de pesquisa?

Norma Meireles: A Rubra surge em 2017, no primeiro Fórum de Rádios e TV universitárias na Intercom, em Curitiba. E a partir disso, surge o manifesto pela criação da Rede de Rádios Universitárias do Brasil, encabeçado por Marcelo Kischinhevsky,  com a ideia de criação de redes que já vinham acontecendo na América do Sul, na Argentina e em outros países. Mas a Rubra se organiza, de fato, a partir de 4 de setembro do ano seguinte, 2018, no Intercom, no segundo Fórum de Rádios e TV universitárias. Houve uma adesão de pesquisadores(as), de emissoras e esse manifesto foi assinado com 35 emissoras, núcleo de produção e pesquisadores(as), formando uma comissão.  Ela tem uma diretoria, conselho, associados(as) e promove eventos gratuitos a partir da própria demanda das rádios, das instituições que fazem parte, dos(as) pesquisadores(as), diretores da rádio e coordenadores das rádios webs.

Jornal Intercom: Só participam da Rede as rádios universitárias ou vocês agregam outras rádios comunitárias também?

Norma Meireles: O foco são as rádios universitárias. Projetos de extensão ligados a rádio universitária e web rádios, por exemplo, fazem parte. São projetos que se associam a Rubra. E pesquisadores(as) também podem se associar, pesquisadores(as) ligados a essas emissoras, a esses projetos, eles também podem ser associados a rubra.

Jornal Intercom: Atualmente você está como presidente, em um mandato de dois anos, mas você participa da Rede praticamente desde o nascimento dela, certo?

Norma Meireles: Participei de outras gestões, fui diretora científica, diretora de comunicação, depois diretora de relações institucionais…Eu estava no doutorado ainda quando entrei na diretoria científica para substituir a professora Olga que estava se aposentando.

Jornal Intercom: Dentro de todas as ações da Rubra, você teria alguma para destacar na atuação hoje? Alguma atuação que tenha sido uma referência ou que tenha transformado a Rubra, que tenha consolidado-a como uma instituição, como uma rede tão forte?

Norma Meireles: A Rubra tem feito conexões não apenas internas com as rádios universitárias no Brasil, mas também com as demais redes como Argentina, Peru, de Portugal, com ações e diálogos fora do Brasil. Temos diálogos e ações com o GP Rádio e Mídia Sonora, com a Rádio França Internacional, com a Rede Nacional de Combate à Informação. É um trabalho coletivo, de Rede. A Rubra também está ligada à Rádio Universitária Internacional (RIU), somos membro-fundadora dela. E estamos participando da construção de uma agência internacional de notícia e comunicação ambiental. Anunciamos sua criação em maio, em um evento de emissoras públicas na USP. A ideia é ser um espaço de produção e circulação de notícias ambientais produzidas nas rádios universitárias e outros meios. Por isso, não diria que é uma única ação, mas várias. Um trabalho de formiguinha que vem acontecendo e que vai solidificando várias ações, vai solidificando nossas ações em encontros, nossas parcerias nas organizações. Tudo isso fortalece a Rubra com outras redes.

Jornal Intercom: Sobre parcerias, vocês nascem dentro de eventos da Intercom e permanecem ligados à entidade. Qual é a importância de receber um Prêmio como o Luiz Beltrão para Rubra?

Norma Meireles: Esse é um dos prêmios mais relevantes da Intercom. Para a Rubra, os encontros da Intercom foram uma grande oportunidade de junção de pessoas, de estarmos juntos para discutir radiodifusão pública, comunicação pública…No nosso primeiro fórum, que veio a partir do GP de Rádio e Mídia Sonora, tivemos a força da discussão, da necessidade de termos uma rede de rádios universitárias, a partir dos nossos debates conjuntos. Daí vem a importância. Hoje mudou, fazemos o nosso encontro fora dos congressos. Mas, esse reconhecimento que vem com o Prêmio é muito importante porque é um grande prêmio da área no país. A Rubra ganha uma dimensão em que se coloca para sociedade, para as emissoras universitárias, para o ensino superior, para a comunicação pública, para a comunicação universitária desde 2018. É uma rede jovem que com essa premiação se engrandece ainda mais, se potencializa como instituição.

Jornal Intercom: A Rubra tem membros, instituições associadas em todas as regiões do Brasil? Como é que acontece esse processo de entrada na Rubra?

Norma Meireles: Sim, nós temos em todas as regiões temos associados(as) e membros(as). Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste, todas as regiões do Brasil. Nosso último levantamento apontou que são 29 rádios AM/FM, 17 webrádios, 17 projetos e 51 pesquisadores(as). Para entrada nós temos um formulário para quem está interessado em se associar.

Jornal Intercom: Como vocês avaliam a Rubra? Como avaliam as transformações, tanto das universidades, das rádios universitárias, quanto do próprio meio?

Norma Meireles:  A Rubra tem ajudado a construir essas novas formas de conhecimento. A rede é um espaço universitário e a universidade é esse lugar de experimentação de pesquisa. Além de fazer conteúdos plurais e diversos, as rádios universitárias têm gestões diversas porque temos emissoras que são geridas pela administração da universidade e tem emissoras que são geridas pela coordenação de um projeto que tem mais ou menos liberdade editorial. Então, vamos vendo essas demandas diferentes. Assim, a Rubra discute essas temáticas em seus encontros, nos cursos, nas trocas com pesquisadores(as). E isso é constante porque as rádios universitárias enfrentam no seu cotidiano todas as mudanças tecnológicas e muitas dificuldades, principalmente as universidades públicas, por exemplo, com a contratação de servidores, com concurso para servidores ou com a contratação de servidores terceirizados para que se tenha emissoras que funcionem com servidores. Porque a realidade de algumas emissoras é que são mais alunos participando, seja como parte de uma disciplina ou como estágio. São dificuldades que as emissoras encontram e que, de certa forma, precisam superar isso no seu cotidiano, no seu dia-a-dia. A dinâmica é própria de uma rádio universitária que dialoga com o seu espaço de formação, sua função de laboratório, mas sem deixar de ser um veículo.

SOBRE A PREMIAÇÃO

A cerimônia de entrega do Prêmio Luiz Beltrão aconteceu em Vitória, Espírito Santo, durante o Congresso Nacional de 2025. Além da Rubra, outras três categorias premiaram pesquisadores(as) e/ou grupos.

Confira a lista completa dos premiados em 2025 aqui.

Nas próximas edições do Jornal da Intercom, você acompanhará uma série de entrevistas com os(as) premiados(as).

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