02 de outubro de 2025
O Prêmio Luiz Beltrão, organizado pela Intercom anualmente, em 2025 realizou a premiação dos vencedores durante o Congresso Nacional. Neste ano, Anderson David Gomes dos Santos foi o vencedor como Liderança Emergente.
Concedido anualmente para jovens doutores(as), que estejam em crescimento na projeção local e/ou regional pela seriedade do seu trabalho, pela capacidade de liderar projetos e pela busca por parcerias.
Anderson é atualmente docente da Unidade Educacional Santana do Ipanema/Campus Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Doutor em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e graduado em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Atualmente, é pesquisador e vice-líder do Grupo de Pesquisa Crítica da Economia Política da Comunicação (Cepcom/UFAL/CNPq).
A fim de conhecer mais sobre o professor e pesquisador, o Jornal da Intercom realizou uma entrevista especial, confira:
Jornal da Intercom: Como foi receber a notícia de que você tinha sido indicado como liderança emergente e, depois, como vencedor do Prêmio Luiz Beltrão?
Anderson dos Santos: Foi uma emoção muito grande, pois é uma das premiações mais antigas da pesquisa em comunicação e também pela relevância do prêmio. A gente tem um um histórico de pessoas bem atuantes na área que receberam esse prêmio antes, e aí no primeiro momento foi essa emoção. Depois é o orgulho da nossa trajetória, ainda que, no caso da liderança emergente, seja um processo de pessoas de faixas etárias um pouquinho mais mais novas, né, menos experientes.
Jornal da Intercom: Durante seu discurso na premiação, você relembrou muito dessa sua trajetória acadêmica. Há algum momento em que você considere como seu destaque ou seja marcante em sua vida?
Anderson dos Santos: Sou formado pela Universidade Federal de Alagoas, onde hoje dou aula na graduação e agora no mestrado. Fui para São Leopoldo, na Unisinos, que era um dos melhores do Brasil, e entrei no grupo de economia política da comunicação. Entrei em um grupo mais maduro, liderado pelo professor Valério Cruz Brittos, em uma área em que eu pude atuar diretamente até hoje.
Foi esse momento que me abriu várias portas, para conhecer as referências que eu usava pessoalmente. E essas referências diretas, a ponto de depois poder construir uma entidade de pesquisa, foram fundamentais para que eu também chegasse à presidência da Socicom hoje.
Mas reforço que o momento mais importante foi mesmo ao lado do professor Valério, porque ele apresentou um novo pesquisador ao subcampo e, a partir daquele movimento, com a condição adequada de estudo e pesquisa, dentro de um grupo de pesquisa organizado, consegui iniciar minha trajetória acadêmica, que me trouxe para esse momento de liderança emergente.
Jornal da Intercom: Muitas de suas pesquisas envolvem o futebol. Como enxerga a relação entre a comunicação e o esporte?
Anderson dos Santos: Sou um dos que foi cursar jornalismo porque gostava muito de futebol, mas eu nunca nem tentei, nem pensei em ser jogador, porque eu era muito realista desde criança quanto a isso (risos). No mestrado foi quando eu decidi estudar a questão de direito e transmissões esportivas, especialmente a relação da Globo com o Campeonato Brasileiro, e ali eu fiquei na dúvida até se eu ia estudar o que eu gosto tanto. Hoje eu costumo dizer que foi a melhor decisão, que é muito melhor a gente trabalhar com aquilo que a gente gosta, com o objeto que a gente gosta, porque ajuda inclusive em termos de memória, pois me lembro de coisas que aconteceram antes mesmo de eu ser pesquisador.
Desde os grandes eventos, como Olimpíadas e Copa, o Brasil vem aumentando suas pesquisas nessa área. No próprio grupo de comunicação e esporte da Intercom, vem recebendo bem mais trabalho nos últimos anos.
Hoje ainda temos muitos alunos como eu, que foram fazer comunicação por conta do jornalismo esportivo, e que depois seguem enquanto pesquisadoras e pesquisadores na área. Há agora mais opções do que eu tive lá atrás.
Jornal da Intercom: Sobre a sua participação em outras entidades, como avalia ainda a questão entre as entidades, reforçando o papel da comunicação e da pesquisa em comunicação em todo o país?
Anderson dos Santos: O Brasil é um país gigantesco, então o nosso Congresso da Intercom normalmente têm mais pessoas inscritas e mais pessoas reunidas. Pensando nessa imensidão do país, e na importância dessa articulação, vemos que precisamos muito em termos de pesquisa, de organização, como um todo. A Intercom particularmente tem esse papel, de formar primeiro os grupos de pesquisa, que depois viram associações de pesquisa para terem outros congressos e voz em outros espaços também.
Então essa articulação toda é importante porque conseguimos resolver primeiro dentro da casa da comunicação, para quando chegarmos nos espaços de disputa, a gente tenha mais poder de voz, e até mesmo de voto.
Jornal da Intercom: Como você também relaciona o prêmio com a sua atuação na Universidade Federal de Alagoas?
Anderson dos Santos: O prêmio Luiz Beltrão é relevante para o campo como um todo. Recebê-lo é muito marcante, justamente no semestre que a gente começa a nossa primeira turma do mestrado de comunicação. Serve, dessa forma, também como incentivo para quem está agora terminando a graduação, pensando no mestrado aqui, sem precisar viajar tanto como eu fiz.
Também é um estímulo para o campo se constituir da maneira adequada para que, com grupos de pesquisa bem organizados, com eventos, as pessoas possam, quando falarem da comunicação no Nordeste, lembrem que tem pessoas que trabalham, que pesquisam, que tem seus projetos aqui em Alagoas.
Jornal da Intercom: Acaba sendo um estímulo também para quem pesquisa no interior do país, correto?
Anderson dos Santos: Sim, rompemos duas fronteiras históricas. Uma de um docente da Ufal recebe o prêmio, e a outra é de ter um vencedor do Campus do Sertão. É relevante mostrar que a gente que tá no interior, geograficamente falando, é o campus mais afastado da capital, que a gente também tem poder de poder e capacidade de mobilização, de pesquisa, de extensão.
Mostramos que a pesquisa pode estar não só nas capitais. Eu também dou aula no mestrado de comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e também vejo muito isso. A gente do interior consegue fazer tudo direitinho, o ensino, pesquisa e extensão com com qualidade. Independente do lugar.
A cerimônia de entrega do Prêmio Luiz Beltrão aconteceu em Vitória, Espírito Santo, durante o Congresso Nacional de 2025. Além de Anderson, outras três categorias premiaram pesquisadores e/ou grupos. Nas próximas edições do Jornal da Intercom, você acompanhará uma série com entrevista com os/as premiados/premiadas.

