13 de novembro de 2025
O próximo número da Revista Insólita já possui um tema definido. O dossiê tratará das “Narrativas do insólito, distopia e utopia: invenções estéticas, política do imaginário e futuros em disputa”, e será organizado pela professora Ellen Vasconcellos, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), junto com o professor Fábio Fernandes, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Conforme a chamada publicada, pesquisadores(as), artistas, professores(as) e estudantes podem submeter contribuições para o dossiê. O objetivo é mapear e problematizar como produções culturais e artísticas latino-americanas e ibero-americanas — em literatura, cinema, séries, games, artes visuais, performance, música, quadrinhos e práticas intermediais — articulam o incomum, o fantástico e o especulativo com sentidos políticos, estéticos e éticos.
Parte-se da hipótese de que o “insólito” (o estranho, o não habitual, o weird) opera hoje em estreita tensão com formas utópicas e distópicas: enquanto a distopia denuncia e antecipa colapsos sociais e ecológicos (como em inúmeras obras do realismo gótico andino e da ficção científica latino-americana contemporânea), a utopia (e suas variantes pós-utópicas, afrofuturistas, realismos especulativos indigenistas etc.) funciona como laboratório de invenção para futuros insurgentes.
Nesse movimento, a criação estética não é apenas refúgio, mas dispositivo crítico que redesenha temporalidades, reorganiza laços comunitários e redefine a relação entre humano e não-humano — implicando, assim, questões de sobrevivência, desigualdade, memória e agência política. A chamada aberta acolhe investigações que combinem análise formal, reflexão teórica e atenção às práticas midiáticas e interativas.
São esperados trabalhos que examinem tanto as estratégias estéticas (fragmentação, hibridismo, transmidialidade, interatividade, experimentações poéticas e narrativas literárias) quanto as consequências políticas e éticas dessas estéticas: como o insólito atua como crítica ao presente ou como projeto de futuro? Que modelos de comunidade e de cuidado emergem nas ficções do colapso? Como jogos, séries e obras audiovisuais reconfiguram empatia, agência e responsabilidade em contextos de crise?
São eixos temáticos da edição:
- Insólito, estranhamento e pós-natureza: novas poéticas da “não-natureza”;
- Utopias, distopias e pós-utopias: invenção de futuros e ruínas do presente;
- Catástrofe, colapso e sobrevivência: narrativas da perda e laboratórios de reinvenção;
- Políticas do imaginário: ideologias, reações conservadoras e resistências criativas;
- Temporalidades do Antropoceno: memória, lentidão, “violência lenta” e ritmo narrativo;
- Experiências transmidiáticas e interativas: videogames, plataformas seriadas, instalações digitais e práticas performativas que inventam enredos do impossível;
- Estéticas de ruína e recuperação: paisagens, extração, e representações da Terra em crise.
Artigos teóricos e analíticos, ensaios críticos, análises comparativas, estudos de caso (incluindo games/filmes/séries), resenhas críticas de práticas artísticas e propostas de pesquisa-ensaio que problematizem a relação entre estética e política são aceitos. Incentivam-se abordagens interdisciplinares que articulem teoria literária, ecocrítica, estudos de mídia, estudos de jogos, filosofia política, antropologia cultural e estudos de performance.
Podem ser enviados estudos em português, inglês e espanhol, seguindo normas da revista e ABNT. Trabalhos que tratem diretamente de obras audiovisuais, jogos ou projetos artísticos deverão incluir informações técnicas (plataforma, data, duração/versões) e, quando possível, imagens/frames ou links para material de apoio. As instruções para submissão estão disponíveis aqui.

